Estávamos na sala de reuniões da Spartacus, cedida por Ivan Chambers, o presidente da republica, para que pudéssemos discutir os planos para a manifestação contra a repressão do Ministério da Magia. A sala estava lotada, com representantes de todas as repúblicas, e todo mundo tentava falar ao mesmo tempo, transformando aquela reunião num bloco de carnaval. Micah levantou a mão depressa e dei a vez para ele falar.
- Como o professor Lênin disse na aula, não adianta recrutar 50 alunos, precisamos de muita gente – ele falou e concordei com a cabeça – Então acho que devemos começar pensando como mobilizar cerca de 1000 estudantes ao mesmo tempo.
-Wade tem razão, como faremos isso? – o presidente da Osíris falou, de pé no fundo da sala.
- Foi por isso que pedi que os representantes de cada república viessem aqui hoje – expliquei – Vocês serão os porta-vozes das suas casas. O que decidirmos aqui, será repassado aos alunos através de vocês.
- E você acha que todos irão topar participar disso? – Erik, o presidente da Chronos, perguntou com os braços cruzados.
- Basta saber que, o que quer que façamos, será no horário de aula e todos participam sem questionar – Seth falou e todos riram, mas concordaram.
- Se todos irão topar ou não, vai depender do poder de persuasão de vocês – falei interrompendo os risos e eles assentiram com a cabeça – Agora que temos isso claro, vamos ao ponto principal: como iremos manifestar nosso descontentamento com isso tudo?
- Cartazes? – Milla sugeriu e alguns apoiaram – Fazer como uma passeata, cercar o Ministro, sabe?
Agora todos falavam ao mesmo tempo outra vez. A maioria se animou com a idéia de cercar o Ministro da Magia pelos corredores da escola, agitando cartazes e com os rostos pintados, pedindo por justiça e pelo fim da ditadura, mas isso sem duvida causaria confusão. Seria impossível controlar quase 1000 alunos dessa forma.
- Que tal uma greve? – sugeri em meio ao falatório, mas todos me ouviram e se calaram.
- Greve? – Miyako perguntou interessada – Tipo de parar as aulas e cruzar os braços?
- Não só cruzar os braços, mas sair de sala também – falei, sorrindo com a imagem que surgia na minha cabeça – As 10 horas em ponto saímos das salas e caminhamos para o campo de quadribol.
- Mas e depois? – Nina perguntou cautelosa – Como é que parados em um campo de quadribol iremos acabar com a repressão?
- Podemos avisar o Profeta Diário e as rádios bruxas – Miyako sugeriu e muitos se animaram, concordando – Podemos usar a mídia a nosso favor, eles com certeza virão cobrir a manifestação!
- Posso fazer isso, se quiserem – Evie se ofereceu – Com essa coisa toda do Berrador, temos alguns contatos na imprensa.
- Ótimo Evie, faça isso! – Ty falou animado – E ficamos sentados no gramado e ninguém sai de lá enquanto o Ministro não nos ouvir.
- É, ninguém pode levantar – Griffon ficou de pé e falava alto, para que os que estavam de pé no fundo da sala ouvissem direito – Vamos sentir frio, talvez até fome, mas para que isso funcione ninguém pode desistir.
- Isso mesmo, para isso dar certo todos têm que cooperar – também fiquei de pé e peguei o martelo – Quem concorda com a greve e quer repassar isso às republicas? – todos levantaram a mão a favor da greve e bati o martelo na mesa – Então está decidido. Segunda-feira, às 10 horas da manha, o Instituto Durmstrang vai parar por tempo indeterminado. Façam o que puderem para recrutar o máximo de alunos possíveis. Amanha vou de republica em república ver como estamos nos saindo. Reunião encerrada.
Aos poucos os alunos que não pertenciam a Spartacus foram voltando para seus lugares e reuni os alunos da casa para comunicar o que foi decidido na reunião. E todos os membros da Spartacus, sem exceção, concordaram em participar da nossa manifestação. Agora era torcer para que os representantes das outras repúblicas tenham o mesmo sucesso.
*****
Logo na manha seguinte a reunião, e véspera da manifestação, me certifiquei de passar em todas as repúblicas de Durmstrang para reforçar o objetivo daquilo tudo. Estava sempre acompanhado de Ty, Miyako, Griff e Seth, que iam me ajudando a passar o recado. Parecia que todos os alunos estavam concordando, ainda não havíamos topado com ninguém se manifestando contra a idéia de sair no meio da aula e enfrentar as autoridades. Pela hora do almoço, já tínhamos passado em todas as casas e contabilizávamos as assinaturas que Seth resolveu recolher, para que tivéssemos uma idéia de quantas pessoas nos apoiavam.
- 923, 924, 925... – Seth correu os olhos ligeiro pelo pergaminho e sorriu – 938 alunos assinaram!
- Tem isso tudo de gente aqui?? – Griff puxou o pergaminho para si e olhou espantado – Então até os alunos de Beauxbatons e Hogwarts vão participar.
- Claro, eles também estão presos aqui, sendo interrogados até por respirar mais forte fora de hora – Miyako disse azeda e rimos.
- Isso deve ser a maior manifestação já ocorrida em uma escola bruxa – Ty assobiou satisfeito – Se bem que nunca ouvi falar de nenhuma manifestação em escolas bruxas. Acho que vamos entrar pra história!
- Não faço questão de entrar pra história, basta poder ir e vir à hora que quiser sem ter 20 funcionários me vigiando, imaginando se estou tramando algum golpe de estado – falei impaciente e peguei o pergaminho da mão de Griff – As rádios bruxas e jornais foram avisados, não é?
- Sim, Evie e Georgia ficaram responsáveis por isso e agora pouco receberam corujas com as respostas, todos estarão aqui amanha às 10 horas – Miyako respondeu, imitando uma risada maléfica.
- Então é isso, está tudo pronto, só precisamos aguardar a hora certa! – Seth concluiu.
Sorrimos todos muito satisfeitos com a sensação de trabalho bem feito, mas a sombra de no mínimo 10 pessoas chamou nossa atenção. Olhei para o lado a procura dos donos e dei de cara com o Ministro da Magia em pessoa, cercado por 9 seguranças de varinha em punho. Sentamos retos no banco e o encaramos, desafiadores.
- Sr. Lupin, me acompanhe, quero dar uma palavra com o senhor – o Ministro disse cheio de pompas, mas não me mexi.
- O que tiver para dizer, pode dizer na frente dos meus amigos – respondi, mesmo sem saber o que me motivou a encarar o homem com todos aqueles seguranças.
- É, fale na frente de testemunhas – Ty completou e os outros balançaram as cabeças concordando.
- Muito bem, que assim seja – ele deu uma risada sarcástica e troquei um olhar rápido com Ty, preocupado – Temo que a nossa escola não possa tolerar que estudantes estrangeiros, convidados a se hospedar aqui devido ao Torneio Tribruxo, encorajem os estudantes a violarem as regras da escola. Qualquer estudante que fizer greve em hora escolar estará sujeito à suspensão, e, será marcado na ficha permanente. Fui claro? Na ficha permanente. E no seu caso, será retirado do Torneio Tribruxo por ser o líder desse ato de rebeldia impensada.
- Não pode me tirar do Torneio, o Cálice de Fogo me escolheu e ter colocado meu nome nele foi um ato contratual mágico, sou obrigado a participar de todas as tarefas – respondi calmamente.
- Nem mesmo Dumbledore teve o poder de tirar Harry Potter do Torneio em 94, o que faz o senhor pensar que pode tirar o Gabriel? – Griffon falou debochado e Ty engasgou com a risada, levando uma cutucada de Miyako.
- Não me subestimem – ele disse seco e virou de costas, mas olhou para trás antes de sair – O aviso foi dado. Estão por sua contra e risco.
Ele saiu do salão principal com os seguranças o cercando e voltamos a sentar direito, nos encarando sem dizer nada. Acho que todos deviam estar pensando a mesma coisa: devíamos continuar com a manifestação ou acreditar que ele suspenderia todos aqueles alunos e sermos os responsáveis por isso? Miyako foi quem quebrou o silencio, alguns minutos depois.
- Essa é a primeira vez que podemos conseguir algo que queremos porque lutamos sozinhos, sem feitiços ou força bruta, apenas protestando. Não quero pegar suspensão, e muito menos que Gabriel seja eliminado do Torneio, mas acredito que essa luta vale qualquer punição que possa vir como conseqüência.
- Não há gloria sem sacrifício, certo? – falei rindo, lembrando de ter ouvido isso do meu padrinho uma vez – Não ligo se for eliminado, desde que esse cara esteja longe daqui.
- É assim que se fala, lobão! – Ty bateu nas minhas costas, empolgado – Vamos até o fim. Se formos expulsos, podemos reivindicar uma vaga nas Gemialidades Weasley, afinal, divulgamos bastante os produtos deles aqui... – e rimos
Seth e Griff também afirmaram que não voltariam atrás e levantamos da mesa, voltando para as repúblicas com o espírito renovado. Agora a guerra era pessoal e se ele achava que ia nos intimidar com ameaças, então devia esperar para ver nossa resposta amanha, às 10 horas, no campo de quadribol. Se o Ministro queria medir forças com alunos revoltados, ia perder de lavada.