Abril de 2011
Do diário de Rory Montpellier
‘Querida Danielle, como vão as coisas? Espero que tudo esteja bem com você e Went. Adorei saber das novidades, e pode contar conosco em seu casamento.
Com o feriado de Páscoa eu pedi uma licença do jornal, pois queria um tempo para mim e quero aproveitar estes dias em casa para conversar com Julian sobre o pai dele e também pensar sobre o mal estar que havia se instalado entre eu e Brian nos últimos dias.
Sim, amiga, o deus de ébano como você o chama está se sentindo chateado.
Tudo porque Brian quer se casar e adotar o Julian, e eu não quero um casamento. Para mim está bom, continuar namorando com ele e cada um vivendo em sua casa, e ele me acusou de não estar sendo justa.E quando ele me pressionou para que dissesse se eu o amava, eu não consegui dizer as palavras com todas as letras, então respondi que o adorava, já não é o bastante?? Muitas pessoas se casam tendo como base uma forte amizade, porque não poderia ser o nosso caso?
Gosto do Brian, até chego a me sentir atraída por ele, porque ele é um homem bonito, interessante, sempre me apoiou quando me mudei para cá, com o Julian..., mas daí a me casar com ele, não me sinto preparada, mesmo saindo com ele, há algum tempo. E sabe o que mais me irritou? No auge da ‘conversa’, ele disse que eu era uma pedra de gelo quando estávamos sozinhos, por isso não me permiti me apaixonar por ele, que eu não me solto totalmente com ele. Delírio total, ele queria o quê? Gritos selvagens??Apelidos sacanas? Poupe-me
Enfim, disse a ele que ele devia procurar alguém que o completasse, no final, acabamos concordando em nos ver após o feriado, como pessoas civilizadas.
Bem, antes do feriado acabar terei que me concentrar em contar ao Julian sobre o pai, e sei que Julian vai querer entrar em contato com o Ty, então acho que vou escrever uma carta e pedir uma visita, o que você acha?? E também terei que explicar que não vou me casar com o querido tio Brian, mas ele vai continuar nosso amigo. Espero que Julian não fique decepcionado com isso.
Curta muito a fase de preparação do casamento e se eu puder ajudar em algo, basta me escrever.
Beijos saudosos de sua amiga
Rory”
Julian havia convidado seu amigo de infância, Justin, a passar o feriado de Páscoa conosco, e como seu pai, era um amigo querido, aceitei a visita de bom grado. Claro, que lá no fundo, eu agradecia pela chance de adiar um pouco a hora da verdade, mas sabia que logo ela chegaria, porém eu queria que eles aproveitassem o feriado antes de se separarem novamente.
Os dois estavam na fase em que comida não era mastigada, era engolida, então eu os deixei em casa e fui ao mercado para reabastecer o estoque. Para mim, foi bom, pois iria me possibilitar pensar em como abordar o assunto sobre o pai dele. Estava escolhendo frutas, e ia reencontrando alguns vizinhos conhecidos e sempre parava para conversar um pouco, então demorei mais que o previsto. Quando cheguei em casa, não os encontrei, acreditei que estavam pelo bairro jogando bola, então fui guardar as coisas nos armários. Depois fui ao meu quarto, tomei um banho e comecei a estranhar a demora dos garotos em voltar para casa. Vesti-me e sai atrás deles nos lugares que costumavam brincar e não os encontrei. Fui ao quarto de Julian e a mochila dele, não estava no lugar de sempre e nem a de Justin.
Fiquei apreensiva, mas respirei fundo, não poderia ter um ataque de nervos antes de achar meu filho.
Pedi ajuda a meus irmãos, e como não tinha noticias dos garotos há mais de duas horas, entrei em contato com o pai de Justin, e ele estava voltando.
Já havia anoitecido e eu já não conseguia impedir que minhas lágrimas caíssem, imaginando todas as coisas ruins que poderiam estar acontecendo com eles, quando ouvi o telefone tocar. Saltei feito uma mola, e nada me preparou para a voz que estava do outro lado.
- Rory, sou eu, Ty . - senti meu coração falhar uma batida, mas eu tinha outras prioridades, e disse:
- Olá Ty! Sei que faz muito tempo, e gostaria de conversar com você em alguma outra hora, mas eu preciso do telefone livre, espero uma chamada importante, então...
- Julian, esta aqui na casa da minha mãe. - ele disse antes que eu desligasse, não contive um suspiro de alívio.
- Ele está bem? E o Justin?? Como chegaram ai?- disparei as perguntas, enquanto via Blade e meus irmãos se aproximarem, enquanto ouviam.
- Sim, estão inteiros. Chegaram aqui pegando carona. - soltei um palavrão em francês, e pensei ter ouvido um eco da risada do Ty, e com ela algumas lembranças começaram a voltar fortes em minha mente, mas as afastei:
- Quero falar com ele no telefone...
- Ele não pediu para falar com você, quando avisei que ia te telefonar, isso já deve lhe informar o humor dele. E no momento está lá fora conhecendo alguns membros da família com minha mãe...
- Diga a eles que fiquem onde estão, estou indo buscá-los.- eu disse após olhar para Blade e ele sinalizou que sim, mas Ty disse autoritário:
- Você virá amanhã, quando poderemos conversar sobre o nosso filho...
- Ele é meu filho, Ty. Meu! Posso te acusar de seqüestro...- blefei tensa.
- Não ouse, ou juro por Merlin, que você vai ter que enfrentar pelo menos 30 pessoas que vão acatar as minhas ordens sem questionar para manter o Julian aqui, se eu achar que assim deve ser, porque ele também é meu filho Rory. Vou cuidar bem dele, até amanhã.
E desligou. Fiquei olhando para o aparelho, enquanto Angelique resumia a minha história com Ty para Blade, e garantia que se os meninos estavam na casa dele, não devíamos nos preocupar, tudo não passava de uma aventura de garotos levados.
Eu sabia que teria que conversar com o Ty algum dia, mas esperava fazer isso em um terreno neutro, não no meio da familia dele.
“Nosso filho” fechei os olhos quando lembrei da voz dele dizendo estas palavras, como eu quis ouvi-las ao longo dos anos e agora que as ouço de verdade, não consigo deixar de ter medo.
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