sexta-feira, 24 de abril de 2009

durante o feriado de Páscoa, em abril de 2011

Era muito cedo, e já que eu não dormi, eu estava na biblioteca, anotando algumas coisas, quando percebi que a porta se abriu devagarzinho e era Julian.
- Posso entrar?
- Claro, filho. Onde estão os outros?
- Estão dormindo, eu perdi o sono.
- Já tomou o café da manhã?
- Ainda não, queria falar com você antes. - acenei a varinha e os papéis foram ordenadamente para a gaveta e olhei para ele, esperando. Ele tomou fôlego e perguntou baixo:
- Porque você não ficou com a gente?
No fundo ele queria saber porque eu não fiquei com ele. Ele me olhava intensamente, pronto a analisar cada uma de minhas palavras, com certeza ele questionaria a mãe depois, então optei que ela contasse a ele a pior parte. Não queria ser acusado de o colocar contra ela.
- Eu não sabia que sua mãe estava grávida quando nos separamos Julian. Se eu soubesse as coisas teriam sido diferentes.
- Porque se separaram? Vocês não se gostavam mais?
Não podia mentir, mas também o quanto da verdade eu poderia contar a ele, sem deixá-lo magoado com ela ou mesmo comigo?
- Naquela época ocorreram algumas coisas, que fizeram com que cada um de nós optasse por caminhos diferentes, e quando ocorre a quebra de confiança, entre namorados, magoa e gera um afastamento, éramos orgulhosos e nenhum de nós iria ceder. Na época eu vi meu pai ser morto, e isso mexeu muito comigo, me fez ter raiva de tudo por um tempo sabe? Quando isso passou, já era tarde para voltarmos a ficar junto, então cada um seguiu o seu caminho.
- Você tem raiva dela, por não te procurar antes?- perguntou apreensivo.
- Eu estaria mentindo se dissesse que não, mas isso não quer dizer que vou tratá-la mal, sei que ela deve ter tido seus motivos, mas eu vou querer saber quais foram. Eu acho que você não deveria ficar zangado com ela sabe? Mãe é mulher antes de tudo e nem sempre é fácil entendê-las. Até hoje eu sofro com a minha, mas elas sempre procuram fazer o melhor pelos filhos, ok? - rimos e fomos tomar café da manhã, no caminho ouvi uma batida na porta e como ainda era cedo, fui atender, para minha surpresa, eram Gabriel, Miyako, Henri, tio Sergei, tia Yulli e os gêmeos Kika e Hiro, tia Louise e tio Remo:
- O que fazem aqui?- perguntei enquanto os abraçava.
- Não achou que depois de nos contar do Julian, iríamos ficar esperando o Natal para conhecê-lo não é? Tio Kegan, fez uma chave para meus pais depois que liguei para eles, e eles me pegaram no caminho. Tio Kegan mandou os parabéns. Sou seu tio Gabriel. - disse Lobão, enquanto apertava a mão do Julian.
- E eu depois de contar a todos em casa, senti um desejo incontrolável de conhecer meu novo sobrinho, e não se nega nada a uma grávida, foi o que Sergei disse a Henri. Cadê o moleque??- perguntou Miyako alisando a barriga e quando Gabriel soltou Julian, ela se apossou dele:
- Sou a tia Miyako, tenho o melhor gancho de direita da turma, e vou te ensinar. - disse arrancando risadas de todos.
Não demorou muito para o restante da família se reunir conosco, e aquilo estava se tornando uma festa. Não estranharei nada, se daqui algumas horas, os Chronos aparecerem aqui também.

o-o-o-o-o-o-

Como estava fazendo calor, Haley logo tratou de puxar os amigos para nadar no rio, como estariam supervisionados pelos adultos, fiquei esperando pela chegada da Rory. Não demorou e ela chegou. Vinha acompanhada por um homem alto de pele morena, e um ar imponente, cheguei a pensar que ele fosse o tal do ‘tio Brian’, e isso me irritou um pouco, mas o jeito dele de sorrir me cumprimentando, me lembrou Justin e relaxei.
- Olá, senhor McGregor. Sou Blade Silverhorn, acho que um dos fujões é o meu. Espero que não tenha incomodado muito.
- Com certeza um deles, é o seu, e Justin é um garoto excelente, nunca incomodaria, me chame de Ty.
- Blade. - enquanto apertávamos as mãos, olhei para Rory e vi que ela estava tensa, parecia ter odiado o clima camarada entre eu e o acompanhante dela. Virei-me para ela:
- Olá Rory, quanto tempo.
- Olá Ty. Eu gostaria de ver o Julian.
- Ele não está aqui.
- Você sabia que eu vinha buscar meu filho, não quero saber de joguinhos Ty, aonde o escondeu. - ela disse e até Blade, a olhou espantado. Conte até 10... Conte até 10...
- Meu filho e os amigos estão nadando no rio. Acho que antes de levá-lo embora, nós devemos conversar e acertar algumas coisas. - nesta hora Ethan, entrou pela porta.
- Hey, mano, diga que ainda tem algum café nesta casa?? Bom dia. - saudou as pessoas com sua voz arrastada, e eu o apresentei:
- Este é Blade, pai do Justin e esta é Rory, mãe do Julian. Este é meu irmão ogro Ethan.- e após ele acenar para o homem e olhar sério para Rory, eu disse:
- Antes de entrar em coma no seu quarto, pode levar o pai do Justin até o rio onde as crianças estão? Eu e a Rory, teremos uma conversa. - e Ethan disse:
- Tudo bem, se importa de passarmos na cozinha para eu pegar um café Blade? Doze horas de plantão, depois de uma festa está cobrando o seu preço. - e eles se foram conversando. Abri a porta da biblioteca e esperei que Rory passasse. Com a mão indiquei uma poltrona e ela se recusou a se sentar e se virou para mim, mas antes que ela abrisse a boca, eu perguntei:
- Porque escondeu meu filho de mim?
- Estávamos separados, e eu não queria obrigar você a aturar a minha presença. E vamos ser francos, você não falaria comigo naquela época. E ele é meu filho, não tinha que dar satisfações a você. - comecei a perder a calma.
- Quer dizer ao Julian, que eu não sou o pai dele?Eu o trago aqui agora e você diz na cara dele, que se enganou e que o pai dele ainda está por ai. - disse ríspido e ela empinou o queixo me encarando:
- Abaixe o tom, você não está falando com seus amigos do time. Tudo o que fiz foi para proteger o Julian. Sua família tem muitos inimigos, e eu temia fazer dele um alvo, e você sabe que seria assim. - passei a mão pelos cabelos, e disse mais calmo.
- Tem idéia do que foi abrir a porta e o garoto dizer que é meu filho? Ou quando ele me perguntou hoje mais cedo porque eu não o quis? Mas agora eu vou corrigir isso, vou pedir a guarda dele. - e ela se assustou:
- Você não ousaria roubar o filho de uma mãe, Ty. Seria baixo demais, mesmo me odiando.
- Você o roubou de mim por 11 anos. Não pude estar ao lado dele nos primeiros passos como garoto, quero estar ao lado dele como homem. E isso eu vou ver, custe o que custar Rory.
- É uma ameaça? Uma vingança?
- Não! É um fato e trate de se acostumar com ele. As coisas vão mudar...
- Eu vou lutar contra você, Ty. Não me importa o poder que seu dinheiro lhe traga, mas eu não sou mais aquela garota medrosa, tenho meus direitos e eles serão respeitados. Sou uma jornalista conhecida, e crio meu filho honestamente, dificilmente a custódia seria dada a você.
- Julian, já tem 12 anos e pode me escolher. - ela ficou pálida e vacilou, continuei:
- Vou ajudar na educação do meu filho e se você quiser participar ativamente, tenho a solução. Podemos nos casar. - e ela riu:
- Os balaços que você levou no último jogo, afetaram sua sanidade mental.
- Quer dizer que você acompanha meus jogos??- e ela disse empertigada:
- Julian, acompanha tudo a seu respeito e me conta, mesmo que eu não queira saber.
- Não estou maluco e você como uma pessoa bem informada, sabe que as leis bruxas são claras: para que ele seja meu herdeiro universal, teremos que ter um casamento de pelo menos um ano, e no caso de minha morte sem o nosso casamento, ele vai herdar somente o que eu deixar em testamento. - eu disse sério.
- Ty, nós mudamos muito, sequer estamos atraídos um pelo outro. Nossa vida, juntos seria ruim...Julian ficaria magoado quando percebesse que não nos amamos, e ele não precisa do seu dinheiro, basta a sua presença. - ela disse séria.
- Ele tem direito a ter a sua família por perto e ele quer isso. E quando as pessoas souberem que ele é meu filho, ele vai sofrer assédio dos meus fãs, quem me garante que no meio deles não vai estar um inimigo? Case-se comigo, Rory, nem que seja por um ano. - falei devagar, olhando-a nos olhos, e só ai ela percebeu o quanto estávamos muito próximos, e notei que ela deu um passo atrás, e disse teimosa:
- Não, não posso. E além do mais você não está pensando em sua filha, Olívia.
- O que tem Liv? Nunca achei que fosse rejeitar uma criança que ainda nem conhece.
- Claro que não a estou rejeitando, Ty, mas ela precisa aprovar o casamento do pai não?
- Pode não parecer, mas eu estou pensando nela também, embora minha família me ajude em tudo, desde que a mãe dela morreu há dois anos, quero que Olívia, conviva com o irmão, e com uma mulher que possa, tratá-la com carinho e ser um bom exemplo, e eu sei que você embora não goste de mim, não maltrataria minha filha.
Nesta hora a porta se abriu e Olívia entrou correndo, gritando:
- Papai... Papai... Tio Gabriel vai fazer brigadeiro, e vai me dar um montão, você quer dividir comigo??- ela veio correndo e pulou do sofá para o meu colo dando risada, pois sabia que eu a apanharia:
- Olívia, não pula no sofá da vovó, e eu tenho visita agora, não posso ir. - minha filha voltou os olhos para Rory, pulou do meu colo e se aproximou dela:
- Sou Olívia McGregor e sou uma princesa. Quem é você?
- Olá sua alteza, sou Rory Montpellier e sou uma jornalista. - e ela fez uma pequena mesura que deixou minha filha satisfeita, até que eu disse:
- Ela é a mãe do Julian, seu irmão. - e Olívia, ficou séria e disse antes de sair correndo:
- Vou guardar brigadeiro só para você papai. - olhei para Rory e ela disse:
- Ela tem tanta energia, e acho que ela não gostou de mim...- eu sorri, mas voltei a perguntar:
- Sabe que minha filha não vai dar muitos problemas, e então? Vai casar comigo?
- As coisas não são tão simples...- comecei a ficar impaciente:
- Qual o problema afinal de contas? Há! Já sei... Está com medo de que você comece a gostar de mim novamente. - e ela reagiu irritada:
- Você é muito egocêntrico mesmo Ty. Não vou me apaixonar por você, tenha certeza disso. Não costumo cometer o mesmo erro duas vezes. Mas casamento para mim implica em vários compromissos, especialmente o de fidelidade, e pelo que andei lendo a seu respeito você, tem uma vida muito...Ativa, para ser fiel.
- Muita coisa que você leu é mentira. Durante meu casamento com Jolie, fui fiel e ela sempre confiou em mim, mesmo com fofocas contrárias, quando dou minha palavra eu a sustento, e embora os jornais digam o contrário eu não estou namorando ninguém, e você?
- Não lhe interessa a minha vida pessoal. - olhei-a cínico:
- Pelo que Julian, me falou, até achei que estivesse firme com o tal Ryan, mas pelo que vejo não está...
- Porque acha que não?- ela desafiou:
- Porque você está com os ombros muito tensos e tem um jeito de andar duro, e você parece cansada, e não satisfeita. - e ela estreitou os olhos:
- É Brian, e ele é um amigo muito querido, e importante na vida do Julian. Eles se adoram e ele me ama. - disse presunçosa e eu e eu insisti:
- Ryan, Brian, tanto faz...Se ele ama tanto a você e ao Julian, não se importará de esperar um ano certo? Façamos assim, eles devem estar voltando do rio e com fome. Pense em minha proposta e depois me responda.
Como se eu tivesse cronometrado, ouvimos barulho e logo a porta da biblioteca se abria novamente. (Porque não lacrei esta porta??)
- Papai você não vai acreditar no que eu achei no rio...- notei que Rory ficou estranha ao ouvir a forma que Julian me chamou e ele parou de falar ao ver a mãe.
- Oi mãe! - ficaram se encarando por um tempo e quando ela abriu os braços ele correu para ela, e se abraçaram. Ela o beijava e resmungava:
- Nunca mais faça isso Julian Thomas. Quase me botou louca, de tanta preocupação, só depois que seu...Ty ligou, eu voltei a respirar de forma normal. Vai ficar de castigo, com certeza. Senti sua falta...- disse agitando o cabelo dele.
- Também senti a sua, mas quanto ao castigo, me dá um desconto mãe. Tecnicamente a culpa pela minha fuga é sua. Eu queria saber do meu pai, e você sempre mudava de assunto. Então quando soube quem era, eu vim atrás dele, SE você tivesse dito antes, eu não teria fugi..., Quer dizer, tomado a iniciativa de procurá-lo sozinho. - e eu abafei o riso, fingindo tossir e perguntei:
- E ai? O que achou no rio??- e ele se soltou dela, e veio para o meu lado:
- Mergulhei e vi um brilho no fundo, ai nadei até lá e achei esta moeda antiga. Deve valer uma fortuna.
- Deve mesmo, é uma moeda trouxa bem antiga. Se quiser depois conversa com Caleb, pai do Edward, ele é o expert em historia antiga aqui e pode te ajudar a limpar a moeda sem estragar. - ele nos olhou sério e perguntou para a mãe:
- Está tudo bem? Tipo eu vou poder falar com o meu pai quando eu quiser??
- Sim, você vai poder falar com o seu pai quando quiser, desculpe não haver contado antes. - ela disse e ele sorriu contente.
- Hey, Julian, sabe, andei conversando com a sua mãe, e perguntei se ela não gostaria de casar comigo, o que você acha?? - e notei o olhar zangado da Rory.
- Ty... - Ela começou, mas a alegria de Julian a interrompeu:
- Sério? E a gente seria uma família?? Porque você ainda gosta dele não é mãe? Nunca quis casar com ninguém, e se não gostasse não estava conversando na boa com ele...- e ela disse vermelha ao ver meu sorriso debochado.
-Somos pessoas adultas, temos que conversar com educação, você sabe disso. E casamento é uma coisa séria, nós teríamos que mudar, provavelmente para a Europa, e você não veria mais o Justin com tanta freqüência. - e notei que Julian começou a pensar e depois de olhar para mim e para ela, ele disse rápido, sem parar para respirar:
- Mas eu já estudo na Europa, e já vejo o Justin pouco, e ele entenderia, afinal eu estaria com meu pai e minha mãe, uma irmã...e ele teria mais lugares legais para passar as férias. Mas se não der, tudo bem, eu agora conheço o papai e sei que ele gosta de mim, até me convidou para morar com ele. Sabia que vovó vai montar um quarto aqui para mim? Mãe, ela foi campeã de quadribol, interescolar no tempo dela, junto com a tia Louise e a tia Yulli, mãe da Kika, já te falei dela, e ela disse que a bisavó McGregor está vindo me conhecer... - ela o abraçou de forma desesperada, tinha os olhos fechados e quando os abriu, havia determinação:
- Julian, eu gostaria de conversar com seu pai só mais um pouco ok? Não se preocupe, não vou brigar. - ele saiu da biblioteca e ela disse:
- Você jogou sujo contanto para ele, Ty...
- Não agüenta a pressão Rory?
- Se eu...Se eu me casar com você, saiba que será apenas no papel. Não pense que vai usar isso como desculpa para me jogar na sua cama.
- Não se superestime, Rory. Nosso casamento será como você quer, e aviso que eu vou ser fiel às promessas que fizer a você, e se eu posso você também. Não quero nenhum ‘amigo’ botando as mãos em cima de você e se você não agüentar ficar sem alguém, sugiro que faça trabalho manual. - Ela arregalou os olhos e eu disse com um sorriso sacana nos lábios.
- Estava me referindo a plantar um jardim, limpar janelas, coisas que nos façam suar, mas este outro tipo também serve.
- Como você é grosseiro. Eu te odeio Ty.
- Posso viver com isso. E então vai casar comigo e impedir que Julian seja chamado de bastardo??- pressionei mais um pouco e pude ver as lágrimas de raiva brilhando nos olhos dela.
- Que Merlim, me ajude, mas eu vou me casar com você por um ano, e saiba que posso fazer da sua vida um inferno. - ela respondeu ríspida.
- Já conheço o inferno Rory e pelo meu filho, eu posso agüentar o que vier. Só tome cuidado para isso não afetar o Julian ou a Olívia, porque ai sim, você vai descobrir o quanto eu mudei. - estiquei a mão para ela e ela me olhou de forma gélida.
- Temos um acordo?- perguntei e ela depois de relutar uns segundos a pegou de volta. Sua mão tremia:
- Sim, nós temos um acordo.
Tive uma sensação estranha ao ver que a mão dela ainda se encaixa perfeitamente na minha, enquanto olhávamos um nos olhos do outro, mas tratei de afastá-la. Aquilo nada mais era, que um acordo e não havia lugar para emoções.
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