segunda-feira, 27 de abril de 2009
Durante a única hora de aula dela, todos me olhavam, comentavam sobre a greve. E entre os cochichos, ouvia questionamentos: eu iria mesmo fazer isso? Eu iria comandar a greve? Ou iria acovardar e ceder à pressão do Ministério? Apenas ouvia os comentários sem dar importância, toda minha atenção pregada no relógio no alto da parede, bem acima da porta. 9:57. Olhei para a turma e todos se revezavam entre olhar para mim e para o relógio. 9:58. A professora parou de escrever no quadro para checar a hora. 9:59. Agora os poucos que ainda copiavam a matéria largaram as penas e se juntavam a tensão que pairava no ar.
10:00. Quando o ponteiro maior chegou ao 12, a professora e a turma inteira me encarava. E eu, simplesmente, levantei sai pela porta e parei no corredor. Ouvi mais algumas cadeiras se arrastando e Ty, Miyako, Griff e Seth estavam ao meu lado. Atrás deles, vi Micah, Evie, Chris, Shannon, Milla, Reno, Annia, Wes, Victor, Ricard, Vina, Dario e Georgia saindo. Comecei a caminhar pelo corredor com todos ao meu lado e enquanto íamos passando pelas portas das salas, elas iam abrindo uma a uma e cada vez mais estudantes saiam por elas. Alguns funcionários do Ministro ainda tentaram conter os alunos, mas éramos muitos contra poucos, então eles desistiam à medida que iam percebendo que aquilo estava além do alcance deles.
Aos poucos os alunos iam chegando ao campo de quadribol e se espalhando pelo gramado, se acomodando no chão. Não podia deixar de sorrir satisfeito vendo que a escola inteira estava aderindo e não demorou muito até que os professores aparecessem por lá, observando de longe e conversando entre si. Quando parecia não ter mais nenhum aluno faltando, o Ministro chegou enfurecido. Ele estava muito alterado, totalmente fora de controle por não ter impedido aquilo tudo, e começamos a rir. A risada acabou o irritando ainda mais. A filha dele, Inês, apareceu ao seu lado e ele esticou o braço para apoiar a mão em seu ombro, mas ela passou direto por ele.
- Inês! – ele exclamou surpreso e ela parou a 5 passos de onde eu estava, o encarando – Aonde pensa que vai? Volte já aqui!
- Desculpe papai, mas acho que já está na hora do senhor ir para casa – ela falou firme e ele ficou sem reação. Inês passou por Evie e as meninas da Avalon e elas a olharam surpresas também, mas não conseguiram evitar o sorriso de satisfação.
- Quanto tempo acham que vão ficar sentados ai? – ele perguntou alterado, já sem diplomacia e em um tom de voz de briga – Vão sentir frio e fome, precisarão ir ao banheiro, isso não dura nem 2 horas. Estão armando esse circo todo a troco de nada.
- Não vamos a lugar nenhum, senhor – respondi em nome de todos – Estamos preparados para tudo isso. Durmstrang tem um excelente diretor, que é perfeitamente capaz de comandar essa escola sem a interferência do Ministério. A época da ditadura já passou e não vamos mais aceitar a repressão que estamos sofrendo, portanto só vamos sair daqui quando o senhor for embora.
- Então se preparem para criar raiz nesse gramado, garoto – ele respondeu em tom de aviso, secando o suor da testa com um lenço.
- É o que vamos ver – respondi outra vez e ele balançou a cabeça, saindo do campo.
- Fiquem firme ai, pessoal – a professora Mira fez sinal de positivo com a mão e saiu do campo com o professor Lênin e a professora Mesic.
- Vou tentar um acordo. Ele vai ceder e sei que não vai demorar, vamos acabar com isso rápido – o diretor Ivanovich prestou apoio a nossa greve e também saiu, procurando pelo Ministro.
Mas a manifestação não chegou nem perto de acabar rápido. A imprensa não demorou a aparecer e entres idas e vindas do Ministro até o campo de quadribol, os representantes do Profeta Diário de toda a Europa se espalhavam entre os alunos, colhendo depoimentos. Perto das 16hs, Glenda Chittock, a locutora mais famosa da RRB, apareceu no castelo e veio me entrevistar. Todo mundo queria falar um pouco com ela, fazer algum comentário, e a manifestação acabou se transformando em um programa ao vivo na radio, que estava sendo transmitida pela primeira vez nos alto-falantes de Hogwarts.
A greve agora já durava cerca de 10 horas e o Ministro fazia aparições exaltadas a cada duas horas, tentando nos desencorajar, mas sem nenhum sucesso. Cada vez que ele saia, alguém soltava alguma piada que o deixava ainda mais irritado e ele se recolhia outra vez. A demora para se chegar a um acordo começou a preocupar os pais dos alunos e muitos deles resolveram aparecer na escola, incluindo minha mãe, tia Yulli e tia Alex. E quando pensei que elas iriam tentar nos fazer desistir, tive uma surpresa. As três estavam ali para nos apoiar, dizer que estavam orgulhosas por estarmos lutando pelo que achávamos certo e que era para agüentarmos o tempo que pudéssemos, pois tio Quim estava mobilizando Ministros da Magia de todo a Europa para se manifestarem a nosso favor. Era uma questão de tempo e um pouco de paciência, e tudo ia se resolver.
À medida que a madrugada ia passando, o frio e o cansaço aumentavam. Muitos alunos não resistiam ao sono e cochilavam escorados uns nos outros, numa tentativa de produzir um pouco de calor. Nossas mães haviam montado guarda nas arquibancadas do campo e não davam sinais de que iriam embora enquanto estivéssemos ali.
- Que horas são? – Gina perguntou encostada nas minhas costas, bocejando.
- Quase 4 horas da manha – consultei o relógio no meu pulso e me espantei com o tempo que aquilo estava durando.
- Biel, estou preocupada com essa gente toda aqui fora – Miyako falou baixo, os joelhos dobrados e apertados contra o corpo – Está muito frio!
- Também estou preocupado, mas ninguém está disposto a desistir – dei de ombros, sem ter o que fazer – Não posso levantar e mandar que entrem. Além de ser extremamente contraditório, ninguém me obedeceriam.
- É verdade, estão todos tão desesperados para que Viktor Molotov saia voando daqui que preferem congelar aqui fora a furar a greve – Griff comentou fazendo uma pequena chama sair da ponta da varinha e agitando no meio do circulo que formávamos.
- Estou mais preocupado com a Evie – Ty comentou olhando para o lado. Evie estava um pouco pálida e tremia de frio, enquanto Micah tentava aquece-la com os braços – Ela não parece nada bem.
- Ei, Evie? – chamei e ela olhou – Está se sentindo bem?
- Estou com um pouco de frio, mas nada que não vá sobreviver – respondeu sorrindo, mas seus lábios quase brancos diziam o contrario.
- Você não parece nada bem – Miyako insistiu e eles se aproximaram da nossa roda – Por que não vai até a enfermaria? Não tem problema, sério.
- Eu estou bem, pessoal. É sério – Evie sorriu outra vez, erguendo a mão com o punho fechado – Até o fim.
Micah trocou um olhar preocupado com Ty e eu e a abraçou apertado, enquanto ela encostava a cabeça em seu ombro e fechava os olhos. Percebi que minha mãe mantinha os olhos nela, como se esperasse algo acontecer, então relaxei um pouco. Se surgisse alguma emergência, ela iria socorrê-la. Gina e Miyako começaram a bater as mãos em uma brincadeira trouxa de criança e rimos delas, mas logo a maioria se ocupava com a brincadeira, que foi se espalhando pela roda e ficando cada vez mais longa. Era bobo, mas engraçado e uma forma de matar o tempo, que com todo aquele frio, demorava a passar.
O dia começava a clarear e nenhum aluno ou professor havia deixado o campo de quadribol. Seth já marcava quase 24 horas de greve quando o Ministro saiu novamente e, munido de um megafone, declarou que expulsaria todos que insistissem com o protesto. Ty perguntou se os professores dariam aula aos elfos quando todos os alunos de Durmstrang fossem mandados de volta pra casa e todo mundo caiu na gargalhada, até mesmo os professores, enfurecendo de vez o homem.
- Ótima idéia essa, Ty! Durmstrang vai se renovar, graduação de elfos domésticos! – Griff debochou, falando em alto e bom som.
- Só não os faça usar uniforme, ou vão entender que estão ganhando roupas e vão embora, a escola vai ficar vazia de novo! – Ty completou
- Ministro, isso precisa parar – ouvi o diretor falando perto do ouvido dele, tentando se fazer ouvir em meio a todas aquelas risadas – Os alunos não vão ceder, então ceda o senhor.
- Jamais! – ele respondeu furioso, o dedo em riste – Terão que me obrigar, Igor! Vão ter que me obrigar!
- Micah? – escutei a voz fraca de Evie logo atrás de mim e minha atenção se desviou do diretor – Eu acho que... – e sua voz morreu quando ela apagou.
- Evie? – Micah segurou seu rosto com firmeza e a sacudiu de leve – Evie?? Ela desmaiou, alguém me ajuda!
As meninas gritaram assustadas e minha mãe veio correndo na direção dela, pegando seu pulso depressa para medir os batimentos. Micah olhava da Evie para minha mãe com uma expressão de pânico no rosto, segurando uma Evie mole em seus braços. Mamãe mantinha os dedos no pulso dela e consultava o relógio. De longe via o diretor discutindo com o Ministro e o professor de Aritmancia chegar correndo, vindo até onde estávamos.
- O que está acontecendo? – o professor perguntou agitado – É minha neta, o que houve?
- Calma senhor, se afaste, por favor! – mamãe manteve a calma e afastou o professor Andrei com a mão – Micah, por favor, pegue-a no colo e venha comigo até a enfermaria. Os batimentos cardíacos dela estão normais, então temos que descobrir o que causou o desmaio.
- Mãe... – ameacei levantar vendo Micah ficar de pé e erguer Evie no colo, completamente desfalecida.
- Vai ficar tudo bem, fiquem onde estão, a ajuda está chegando – ela falou me encarando e me mantive sentado.
- Gabriel, eu tenho que ir, não posso deixar ela sozinha – Micah falou olhando para o nosso grupo.
- Não se preocupe cara, vai ficar com ela – Ty respondeu por todos nós – E se der à hora do almoço e ainda estivermos aqui, faça o favor de vir dar noticias dela!
- Pode deixar – ele riu mais aliviado e saiu atrás da minha mãe.
- Uma aluna desmaiou, Viktor! – o diretor esperou que eles passassem com Evie para dentro do castelo e agarrou a gola da camisa do Ministro. Rapidamente os seguranças os cercaram – O que mais falta acontecer para que você perceba que eles não vão desistir até conseguirem que saia? Que um aluno morra congelado sentado nessa grama?
Os seguranças afastaram o diretor do Ministro e houve um principio de confusão, mas os professores se envolveram e conseguiram acalmar os ânimos. Ele já se preparava para fazer outra retirada estratégica, mas uma coruja parda que voava muito depressa deixou cair um envelope em sua mão, o impedindo de continuar andando. Ele rasgou a carta e desenrolou um pergaminho, correndo os olhos por ele, mas antes mesmo que pudesse terminar, ouvimos um zumbido alto e em seguida 3 figuras apareceram no gramado. Tio Quim, tio Wayne e mais um homem que reconheci como o pai de Samuel, Igor Jacques Stardust, o Ministro da Magia da França. Tio Quim e tio Wayne olharam para o nosso grupo e piscaram rapidamente, retomando as expressões sérias ao caminharem até Viktor Molotov.
- Ministro – tio Quim estendeu a mão a ele, que apertou com desconfiança – Vejo que recebeu nosso comunicado. Podemos conversar em particular em sua sala, ou prefere que seja aqui fora mesmo?
- Vamos até meu escritório, por favor – ele respondeu manso, indicando o caminho até o castelo. Os três passaram sua frente e a comitiva entrou.
- O que está acontecendo? – Victor perguntou engatinhando até onde eu estava.
- Galera, vamos acordar, porque daqui a pouco vamos poder sair daqui! – Griff bateu palma para chamar a atenção dos outros e os que ainda cochilavam ergueram as cabeças, animados.
- Como você sabe que vamos poder sair? – Victor insistiu – Quem são eles?
- São 3 Ministros da Magia, sendo que dois deles são família e um é pai de um amigo – respondi sorrindo animado, e Chris concordou comigo.
- Sim, um deles é meu tio, pai do Shane – completou.
- São a ajuda que nossas mães falaram – Miyako concluiu esperançosa, se espreguiçando – E já era hora deles chegarem, estou ficando sem posição aqui!
- Vamos aguardar, é só uma questão de tempo agora... – Ty se agitou, deitando na grama gelada para tentar relaxar.
Relaxar era o que todos queriam depois de quase 24 horas sentados na grama fria de Durmstrang, mas também era algo impossível de acontece naquela altura do campeonato. Toda a tensão por não sabermos o que aconteceu com Evie e a chegada de 3 Ministros agitaram todos os alunos, e aguardávamos uma resposta ansiosos, todos os olhares concentrados na trilha que levava ao castelo. Esperamos por quase uma hora, mas finalmente vimos uma movimentação vindo daquela direção. Tia Alex e tia Yulli vinham puxando a comitiva e faziam sinal de positivo com as mãos, mas também pediam que continuássemos onde estávamos. Tio Quim vinha logo atrás dela conversando com o diretor Ivanovich, que tomou o megafone das mãos de um dos seguranças de Viktor Molotov e parou bem no centro do campo, na direção onde eu estava.
- Atenção! Tenho um comunicado a fazer – ele começou a falar e naquele momento, só sua voz podia ser ouvida, ninguém sequer respirava direito, com receio de perder alguma palavra – O Ministro Viktor Molotov, depois de 22 horas de resistência, decidiu aceitar os termos impostos pelos alunos, portanto, podem levantar daí, a greve acabou! – uma gritaria tomou conta do gramado, levantamos todos aos pulos e nos abraçávamos comemorando, mas o diretor pigarreou alto no megafone e paramos para ouvi-lo mais uma vez – Porem, também concordei com alguns termos impostos por ele. Não podemos deixar que as denúncias feitas pelo jornal, no começo do ano, se repitam. E para isso vou precisar que todos vocês colaborem. Posso contar com a ajuda de todos?
Todos responderam que sim ao mesmo tempo e o diretor sorriu satisfeito, se juntando aos professores para comemorarem a retirada da tropa do Ministério da escola. Voltamos a festejar nossa vitória e fui junto de Ty e Miyako abraçar tia Alex e tia Yulli. O diretor chamou todos os alunos para o salão principal, onde os elfos serviriam um banquete de café da manha e muito chocolate quente, mas apesar da fome, fui com os outros direto para a enfermaria. Apesar da vitória, precisava saber como estava a baixa que sofremos durante a batalha. Mas se minha mãe estava cuidando dela, então sabia que estava tudo bem.
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Vem, vamos embora, que esperar não é saber.
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.
Geraldo Vandré - Pra não dizer que não falei das flores
sábado, 25 de abril de 2009
Estávamos na sala de reuniões da Spartacus, cedida por Ivan Chambers, o presidente da republica, para que pudéssemos discutir os planos para a manifestação contra a repressão do Ministério da Magia. A sala estava lotada, com representantes de todas as repúblicas, e todo mundo tentava falar ao mesmo tempo, transformando aquela reunião num bloco de carnaval. Micah levantou a mão depressa e dei a vez para ele falar.
- Como o professor Lênin disse na aula, não adianta recrutar 50 alunos, precisamos de muita gente – ele falou e concordei com a cabeça – Então acho que devemos começar pensando como mobilizar cerca de 1000 estudantes ao mesmo tempo.
-Wade tem razão, como faremos isso? – o presidente da Osíris falou, de pé no fundo da sala.
- Foi por isso que pedi que os representantes de cada república viessem aqui hoje – expliquei – Vocês serão os porta-vozes das suas casas. O que decidirmos aqui, será repassado aos alunos através de vocês.
- E você acha que todos irão topar participar disso? – Erik, o presidente da Chronos, perguntou com os braços cruzados.
- Basta saber que, o que quer que façamos, será no horário de aula e todos participam sem questionar – Seth falou e todos riram, mas concordaram.
- Se todos irão topar ou não, vai depender do poder de persuasão de vocês – falei interrompendo os risos e eles assentiram com a cabeça – Agora que temos isso claro, vamos ao ponto principal: como iremos manifestar nosso descontentamento com isso tudo?
- Cartazes? – Milla sugeriu e alguns apoiaram – Fazer como uma passeata, cercar o Ministro, sabe?
Agora todos falavam ao mesmo tempo outra vez. A maioria se animou com a idéia de cercar o Ministro da Magia pelos corredores da escola, agitando cartazes e com os rostos pintados, pedindo por justiça e pelo fim da ditadura, mas isso sem duvida causaria confusão. Seria impossível controlar quase 1000 alunos dessa forma.
- Que tal uma greve? – sugeri em meio ao falatório, mas todos me ouviram e se calaram.
- Greve? – Miyako perguntou interessada – Tipo de parar as aulas e cruzar os braços?
- Não só cruzar os braços, mas sair de sala também – falei, sorrindo com a imagem que surgia na minha cabeça – As 10 horas em ponto saímos das salas e caminhamos para o campo de quadribol.
- Mas e depois? – Nina perguntou cautelosa – Como é que parados em um campo de quadribol iremos acabar com a repressão?
- Podemos avisar o Profeta Diário e as rádios bruxas – Miyako sugeriu e muitos se animaram, concordando – Podemos usar a mídia a nosso favor, eles com certeza virão cobrir a manifestação!
- Posso fazer isso, se quiserem – Evie se ofereceu – Com essa coisa toda do Berrador, temos alguns contatos na imprensa.
- Ótimo Evie, faça isso! – Ty falou animado – E ficamos sentados no gramado e ninguém sai de lá enquanto o Ministro não nos ouvir.
- É, ninguém pode levantar – Griffon ficou de pé e falava alto, para que os que estavam de pé no fundo da sala ouvissem direito – Vamos sentir frio, talvez até fome, mas para que isso funcione ninguém pode desistir.
- Isso mesmo, para isso dar certo todos têm que cooperar – também fiquei de pé e peguei o martelo – Quem concorda com a greve e quer repassar isso às republicas? – todos levantaram a mão a favor da greve e bati o martelo na mesa – Então está decidido. Segunda-feira, às 10 horas da manha, o Instituto Durmstrang vai parar por tempo indeterminado. Façam o que puderem para recrutar o máximo de alunos possíveis. Amanha vou de republica em república ver como estamos nos saindo. Reunião encerrada.
Aos poucos os alunos que não pertenciam a Spartacus foram voltando para seus lugares e reuni os alunos da casa para comunicar o que foi decidido na reunião. E todos os membros da Spartacus, sem exceção, concordaram em participar da nossa manifestação. Agora era torcer para que os representantes das outras repúblicas tenham o mesmo sucesso.
Logo na manha seguinte a reunião, e véspera da manifestação, me certifiquei de passar em todas as repúblicas de Durmstrang para reforçar o objetivo daquilo tudo. Estava sempre acompanhado de Ty, Miyako, Griff e Seth, que iam me ajudando a passar o recado. Parecia que todos os alunos estavam concordando, ainda não havíamos topado com ninguém se manifestando contra a idéia de sair no meio da aula e enfrentar as autoridades. Pela hora do almoço, já tínhamos passado em todas as casas e contabilizávamos as assinaturas que Seth resolveu recolher, para que tivéssemos uma idéia de quantas pessoas nos apoiavam.
- 923, 924, 925... – Seth correu os olhos ligeiro pelo pergaminho e sorriu – 938 alunos assinaram!
- Tem isso tudo de gente aqui?? – Griff puxou o pergaminho para si e olhou espantado – Então até os alunos de Beauxbatons e Hogwarts vão participar.
- Claro, eles também estão presos aqui, sendo interrogados até por respirar mais forte fora de hora – Miyako disse azeda e rimos.
- Isso deve ser a maior manifestação já ocorrida em uma escola bruxa – Ty assobiou satisfeito – Se bem que nunca ouvi falar de nenhuma manifestação em escolas bruxas. Acho que vamos entrar pra história!
- Não faço questão de entrar pra história, basta poder ir e vir à hora que quiser sem ter 20 funcionários me vigiando, imaginando se estou tramando algum golpe de estado – falei impaciente e peguei o pergaminho da mão de Griff – As rádios bruxas e jornais foram avisados, não é?
- Sim, Evie e Georgia ficaram responsáveis por isso e agora pouco receberam corujas com as respostas, todos estarão aqui amanha às 10 horas – Miyako respondeu, imitando uma risada maléfica.
- Então é isso, está tudo pronto, só precisamos aguardar a hora certa! – Seth concluiu.
Sorrimos todos muito satisfeitos com a sensação de trabalho bem feito, mas a sombra de no mínimo 10 pessoas chamou nossa atenção. Olhei para o lado a procura dos donos e dei de cara com o Ministro da Magia em pessoa, cercado por 9 seguranças de varinha em punho. Sentamos retos no banco e o encaramos, desafiadores.
- Sr. Lupin, me acompanhe, quero dar uma palavra com o senhor – o Ministro disse cheio de pompas, mas não me mexi.
- O que tiver para dizer, pode dizer na frente dos meus amigos – respondi, mesmo sem saber o que me motivou a encarar o homem com todos aqueles seguranças.
- É, fale na frente de testemunhas – Ty completou e os outros balançaram as cabeças concordando.
- Muito bem, que assim seja – ele deu uma risada sarcástica e troquei um olhar rápido com Ty, preocupado – Temo que a nossa escola não possa tolerar que estudantes estrangeiros, convidados a se hospedar aqui devido ao Torneio Tribruxo, encorajem os estudantes a violarem as regras da escola. Qualquer estudante que fizer greve em hora escolar estará sujeito à suspensão, e, será marcado na ficha permanente. Fui claro? Na ficha permanente. E no seu caso, será retirado do Torneio Tribruxo por ser o líder desse ato de rebeldia impensada.
- Não pode me tirar do Torneio, o Cálice de Fogo me escolheu e ter colocado meu nome nele foi um ato contratual mágico, sou obrigado a participar de todas as tarefas – respondi calmamente.
- Nem mesmo Dumbledore teve o poder de tirar Harry Potter do Torneio em 94, o que faz o senhor pensar que pode tirar o Gabriel? – Griffon falou debochado e Ty engasgou com a risada, levando uma cutucada de Miyako.
- Não me subestimem – ele disse seco e virou de costas, mas olhou para trás antes de sair – O aviso foi dado. Estão por sua contra e risco.
Ele saiu do salão principal com os seguranças o cercando e voltamos a sentar direito, nos encarando sem dizer nada. Acho que todos deviam estar pensando a mesma coisa: devíamos continuar com a manifestação ou acreditar que ele suspenderia todos aqueles alunos e sermos os responsáveis por isso? Miyako foi quem quebrou o silencio, alguns minutos depois.
- Essa é a primeira vez que podemos conseguir algo que queremos porque lutamos sozinhos, sem feitiços ou força bruta, apenas protestando. Não quero pegar suspensão, e muito menos que Gabriel seja eliminado do Torneio, mas acredito que essa luta vale qualquer punição que possa vir como conseqüência.
- Não há gloria sem sacrifício, certo? – falei rindo, lembrando de ter ouvido isso do meu padrinho uma vez – Não ligo se for eliminado, desde que esse cara esteja longe daqui.
- É assim que se fala, lobão! – Ty bateu nas minhas costas, empolgado – Vamos até o fim. Se formos expulsos, podemos reivindicar uma vaga nas Gemialidades Weasley, afinal, divulgamos bastante os produtos deles aqui... – e rimos
Seth e Griff também afirmaram que não voltariam atrás e levantamos da mesa, voltando para as repúblicas com o espírito renovado. Agora a guerra era pessoal e se ele achava que ia nos intimidar com ameaças, então devia esperar para ver nossa resposta amanha, às 10 horas, no campo de quadribol. Se o Ministro queria medir forças com alunos revoltados, ia perder de lavada.
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Era muito cedo, e já que eu não dormi, eu estava na biblioteca, anotando algumas coisas, quando percebi que a porta se abriu devagarzinho e era Julian.
- Posso entrar?
- Claro, filho. Onde estão os outros?
- Estão dormindo, eu perdi o sono.
- Já tomou o café da manhã?
- Ainda não, queria falar com você antes. - acenei a varinha e os papéis foram ordenadamente para a gaveta e olhei para ele, esperando. Ele tomou fôlego e perguntou baixo:
- Porque você não ficou com a gente?
No fundo ele queria saber porque eu não fiquei com ele. Ele me olhava intensamente, pronto a analisar cada uma de minhas palavras, com certeza ele questionaria a mãe depois, então optei que ela contasse a ele a pior parte. Não queria ser acusado de o colocar contra ela.
- Eu não sabia que sua mãe estava grávida quando nos separamos Julian. Se eu soubesse as coisas teriam sido diferentes.
- Porque se separaram? Vocês não se gostavam mais?
Não podia mentir, mas também o quanto da verdade eu poderia contar a ele, sem deixá-lo magoado com ela ou mesmo comigo?
- Naquela época ocorreram algumas coisas, que fizeram com que cada um de nós optasse por caminhos diferentes, e quando ocorre a quebra de confiança, entre namorados, magoa e gera um afastamento, éramos orgulhosos e nenhum de nós iria ceder. Na época eu vi meu pai ser morto, e isso mexeu muito comigo, me fez ter raiva de tudo por um tempo sabe? Quando isso passou, já era tarde para voltarmos a ficar junto, então cada um seguiu o seu caminho.
- Você tem raiva dela, por não te procurar antes?- perguntou apreensivo.
- Eu estaria mentindo se dissesse que não, mas isso não quer dizer que vou tratá-la mal, sei que ela deve ter tido seus motivos, mas eu vou querer saber quais foram. Eu acho que você não deveria ficar zangado com ela sabe? Mãe é mulher antes de tudo e nem sempre é fácil entendê-las. Até hoje eu sofro com a minha, mas elas sempre procuram fazer o melhor pelos filhos, ok? - rimos e fomos tomar café da manhã, no caminho ouvi uma batida na porta e como ainda era cedo, fui atender, para minha surpresa, eram Gabriel, Miyako, Henri, tio Sergei, tia Yulli e os gêmeos Kika e Hiro, tia Louise e tio Remo:
- O que fazem aqui?- perguntei enquanto os abraçava.
- Não achou que depois de nos contar do Julian, iríamos ficar esperando o Natal para conhecê-lo não é? Tio Kegan, fez uma chave para meus pais depois que liguei para eles, e eles me pegaram no caminho. Tio Kegan mandou os parabéns. Sou seu tio Gabriel. - disse Lobão, enquanto apertava a mão do Julian.
- E eu depois de contar a todos em casa, senti um desejo incontrolável de conhecer meu novo sobrinho, e não se nega nada a uma grávida, foi o que Sergei disse a Henri. Cadê o moleque??- perguntou Miyako alisando a barriga e quando Gabriel soltou Julian, ela se apossou dele:
- Sou a tia Miyako, tenho o melhor gancho de direita da turma, e vou te ensinar. - disse arrancando risadas de todos.
Não demorou muito para o restante da família se reunir conosco, e aquilo estava se tornando uma festa. Não estranharei nada, se daqui algumas horas, os Chronos aparecerem aqui também.
o-o-o-o-o-o-
Como estava fazendo calor, Haley logo tratou de puxar os amigos para nadar no rio, como estariam supervisionados pelos adultos, fiquei esperando pela chegada da Rory. Não demorou e ela chegou. Vinha acompanhada por um homem alto de pele morena, e um ar imponente, cheguei a pensar que ele fosse o tal do ‘tio Brian’, e isso me irritou um pouco, mas o jeito dele de sorrir me cumprimentando, me lembrou Justin e relaxei.
- Olá, senhor McGregor. Sou Blade Silverhorn, acho que um dos fujões é o meu. Espero que não tenha incomodado muito.
- Com certeza um deles, é o seu, e Justin é um garoto excelente, nunca incomodaria, me chame de Ty.
- Blade. - enquanto apertávamos as mãos, olhei para Rory e vi que ela estava tensa, parecia ter odiado o clima camarada entre eu e o acompanhante dela. Virei-me para ela:
- Olá Rory, quanto tempo.
- Olá Ty. Eu gostaria de ver o Julian.
- Ele não está aqui.
- Você sabia que eu vinha buscar meu filho, não quero saber de joguinhos Ty, aonde o escondeu. - ela disse e até Blade, a olhou espantado. Conte até 10... Conte até 10...
- Meu filho e os amigos estão nadando no rio. Acho que antes de levá-lo embora, nós devemos conversar e acertar algumas coisas. - nesta hora Ethan, entrou pela porta.
- Hey, mano, diga que ainda tem algum café nesta casa?? Bom dia. - saudou as pessoas com sua voz arrastada, e eu o apresentei:
- Este é Blade, pai do Justin e esta é Rory, mãe do Julian. Este é meu irmão ogro Ethan.- e após ele acenar para o homem e olhar sério para Rory, eu disse:
- Antes de entrar em coma no seu quarto, pode levar o pai do Justin até o rio onde as crianças estão? Eu e a Rory, teremos uma conversa. - e Ethan disse:
- Tudo bem, se importa de passarmos na cozinha para eu pegar um café Blade? Doze horas de plantão, depois de uma festa está cobrando o seu preço. - e eles se foram conversando. Abri a porta da biblioteca e esperei que Rory passasse. Com a mão indiquei uma poltrona e ela se recusou a se sentar e se virou para mim, mas antes que ela abrisse a boca, eu perguntei:
- Porque escondeu meu filho de mim?
- Estávamos separados, e eu não queria obrigar você a aturar a minha presença. E vamos ser francos, você não falaria comigo naquela época. E ele é meu filho, não tinha que dar satisfações a você. - comecei a perder a calma.
- Quer dizer ao Julian, que eu não sou o pai dele?Eu o trago aqui agora e você diz na cara dele, que se enganou e que o pai dele ainda está por ai. - disse ríspido e ela empinou o queixo me encarando:
- Abaixe o tom, você não está falando com seus amigos do time. Tudo o que fiz foi para proteger o Julian. Sua família tem muitos inimigos, e eu temia fazer dele um alvo, e você sabe que seria assim. - passei a mão pelos cabelos, e disse mais calmo.
- Tem idéia do que foi abrir a porta e o garoto dizer que é meu filho? Ou quando ele me perguntou hoje mais cedo porque eu não o quis? Mas agora eu vou corrigir isso, vou pedir a guarda dele. - e ela se assustou:
- Você não ousaria roubar o filho de uma mãe, Ty. Seria baixo demais, mesmo me odiando.
- Você o roubou de mim por 11 anos. Não pude estar ao lado dele nos primeiros passos como garoto, quero estar ao lado dele como homem. E isso eu vou ver, custe o que custar Rory.
- É uma ameaça? Uma vingança?
- Não! É um fato e trate de se acostumar com ele. As coisas vão mudar...
- Eu vou lutar contra você, Ty. Não me importa o poder que seu dinheiro lhe traga, mas eu não sou mais aquela garota medrosa, tenho meus direitos e eles serão respeitados. Sou uma jornalista conhecida, e crio meu filho honestamente, dificilmente a custódia seria dada a você.
- Julian, já tem 12 anos e pode me escolher. - ela ficou pálida e vacilou, continuei:
- Vou ajudar na educação do meu filho e se você quiser participar ativamente, tenho a solução. Podemos nos casar. - e ela riu:
- Os balaços que você levou no último jogo, afetaram sua sanidade mental.
- Quer dizer que você acompanha meus jogos??- e ela disse empertigada:
- Julian, acompanha tudo a seu respeito e me conta, mesmo que eu não queira saber.
- Não estou maluco e você como uma pessoa bem informada, sabe que as leis bruxas são claras: para que ele seja meu herdeiro universal, teremos que ter um casamento de pelo menos um ano, e no caso de minha morte sem o nosso casamento, ele vai herdar somente o que eu deixar em testamento. - eu disse sério.
- Ty, nós mudamos muito, sequer estamos atraídos um pelo outro. Nossa vida, juntos seria ruim...Julian ficaria magoado quando percebesse que não nos amamos, e ele não precisa do seu dinheiro, basta a sua presença. - ela disse séria.
- Ele tem direito a ter a sua família por perto e ele quer isso. E quando as pessoas souberem que ele é meu filho, ele vai sofrer assédio dos meus fãs, quem me garante que no meio deles não vai estar um inimigo? Case-se comigo, Rory, nem que seja por um ano. - falei devagar, olhando-a nos olhos, e só ai ela percebeu o quanto estávamos muito próximos, e notei que ela deu um passo atrás, e disse teimosa:
- Não, não posso. E além do mais você não está pensando em sua filha, Olívia.
- O que tem Liv? Nunca achei que fosse rejeitar uma criança que ainda nem conhece.
- Claro que não a estou rejeitando, Ty, mas ela precisa aprovar o casamento do pai não?
- Pode não parecer, mas eu estou pensando nela também, embora minha família me ajude em tudo, desde que a mãe dela morreu há dois anos, quero que Olívia, conviva com o irmão, e com uma mulher que possa, tratá-la com carinho e ser um bom exemplo, e eu sei que você embora não goste de mim, não maltrataria minha filha.
Nesta hora a porta se abriu e Olívia entrou correndo, gritando:
- Papai... Papai... Tio Gabriel vai fazer brigadeiro, e vai me dar um montão, você quer dividir comigo??- ela veio correndo e pulou do sofá para o meu colo dando risada, pois sabia que eu a apanharia:
- Olívia, não pula no sofá da vovó, e eu tenho visita agora, não posso ir. - minha filha voltou os olhos para Rory, pulou do meu colo e se aproximou dela:
- Sou Olívia McGregor e sou uma princesa. Quem é você?
- Olá sua alteza, sou Rory Montpellier e sou uma jornalista. - e ela fez uma pequena mesura que deixou minha filha satisfeita, até que eu disse:
- Ela é a mãe do Julian, seu irmão. - e Olívia, ficou séria e disse antes de sair correndo:
- Vou guardar brigadeiro só para você papai. - olhei para Rory e ela disse:
- Ela tem tanta energia, e acho que ela não gostou de mim...- eu sorri, mas voltei a perguntar:
- Sabe que minha filha não vai dar muitos problemas, e então? Vai casar comigo?
- As coisas não são tão simples...- comecei a ficar impaciente:
- Qual o problema afinal de contas? Há! Já sei... Está com medo de que você comece a gostar de mim novamente. - e ela reagiu irritada:
- Você é muito egocêntrico mesmo Ty. Não vou me apaixonar por você, tenha certeza disso. Não costumo cometer o mesmo erro duas vezes. Mas casamento para mim implica em vários compromissos, especialmente o de fidelidade, e pelo que andei lendo a seu respeito você, tem uma vida muito...Ativa, para ser fiel.
- Muita coisa que você leu é mentira. Durante meu casamento com Jolie, fui fiel e ela sempre confiou em mim, mesmo com fofocas contrárias, quando dou minha palavra eu a sustento, e embora os jornais digam o contrário eu não estou namorando ninguém, e você?
- Não lhe interessa a minha vida pessoal. - olhei-a cínico:
- Pelo que Julian, me falou, até achei que estivesse firme com o tal Ryan, mas pelo que vejo não está...
- Porque acha que não?- ela desafiou:
- Porque você está com os ombros muito tensos e tem um jeito de andar duro, e você parece cansada, e não satisfeita. - e ela estreitou os olhos:
- É Brian, e ele é um amigo muito querido, e importante na vida do Julian. Eles se adoram e ele me ama. - disse presunçosa e eu e eu insisti:
- Ryan, Brian, tanto faz...Se ele ama tanto a você e ao Julian, não se importará de esperar um ano certo? Façamos assim, eles devem estar voltando do rio e com fome. Pense em minha proposta e depois me responda.
Como se eu tivesse cronometrado, ouvimos barulho e logo a porta da biblioteca se abria novamente. (Porque não lacrei esta porta??)
- Papai você não vai acreditar no que eu achei no rio...- notei que Rory ficou estranha ao ouvir a forma que Julian me chamou e ele parou de falar ao ver a mãe.
- Oi mãe! - ficaram se encarando por um tempo e quando ela abriu os braços ele correu para ela, e se abraçaram. Ela o beijava e resmungava:
- Nunca mais faça isso Julian Thomas. Quase me botou louca, de tanta preocupação, só depois que seu...Ty ligou, eu voltei a respirar de forma normal. Vai ficar de castigo, com certeza. Senti sua falta...- disse agitando o cabelo dele.
- Também senti a sua, mas quanto ao castigo, me dá um desconto mãe. Tecnicamente a culpa pela minha fuga é sua. Eu queria saber do meu pai, e você sempre mudava de assunto. Então quando soube quem era, eu vim atrás dele, SE você tivesse dito antes, eu não teria fugi..., Quer dizer, tomado a iniciativa de procurá-lo sozinho. - e eu abafei o riso, fingindo tossir e perguntei:
- E ai? O que achou no rio??- e ele se soltou dela, e veio para o meu lado:
- Mergulhei e vi um brilho no fundo, ai nadei até lá e achei esta moeda antiga. Deve valer uma fortuna.
- Deve mesmo, é uma moeda trouxa bem antiga. Se quiser depois conversa com Caleb, pai do Edward, ele é o expert em historia antiga aqui e pode te ajudar a limpar a moeda sem estragar. - ele nos olhou sério e perguntou para a mãe:
- Está tudo bem? Tipo eu vou poder falar com o meu pai quando eu quiser??
- Sim, você vai poder falar com o seu pai quando quiser, desculpe não haver contado antes. - ela disse e ele sorriu contente.
- Hey, Julian, sabe, andei conversando com a sua mãe, e perguntei se ela não gostaria de casar comigo, o que você acha?? - e notei o olhar zangado da Rory.
- Ty... - Ela começou, mas a alegria de Julian a interrompeu:
- Sério? E a gente seria uma família?? Porque você ainda gosta dele não é mãe? Nunca quis casar com ninguém, e se não gostasse não estava conversando na boa com ele...- e ela disse vermelha ao ver meu sorriso debochado.
-Somos pessoas adultas, temos que conversar com educação, você sabe disso. E casamento é uma coisa séria, nós teríamos que mudar, provavelmente para a Europa, e você não veria mais o Justin com tanta freqüência. - e notei que Julian começou a pensar e depois de olhar para mim e para ela, ele disse rápido, sem parar para respirar:
- Mas eu já estudo na Europa, e já vejo o Justin pouco, e ele entenderia, afinal eu estaria com meu pai e minha mãe, uma irmã...e ele teria mais lugares legais para passar as férias. Mas se não der, tudo bem, eu agora conheço o papai e sei que ele gosta de mim, até me convidou para morar com ele. Sabia que vovó vai montar um quarto aqui para mim? Mãe, ela foi campeã de quadribol, interescolar no tempo dela, junto com a tia Louise e a tia Yulli, mãe da Kika, já te falei dela, e ela disse que a bisavó McGregor está vindo me conhecer... - ela o abraçou de forma desesperada, tinha os olhos fechados e quando os abriu, havia determinação:
- Julian, eu gostaria de conversar com seu pai só mais um pouco ok? Não se preocupe, não vou brigar. - ele saiu da biblioteca e ela disse:
- Você jogou sujo contanto para ele, Ty...
- Não agüenta a pressão Rory?
- Se eu...Se eu me casar com você, saiba que será apenas no papel. Não pense que vai usar isso como desculpa para me jogar na sua cama.
- Não se superestime, Rory. Nosso casamento será como você quer, e aviso que eu vou ser fiel às promessas que fizer a você, e se eu posso você também. Não quero nenhum ‘amigo’ botando as mãos em cima de você e se você não agüentar ficar sem alguém, sugiro que faça trabalho manual. - Ela arregalou os olhos e eu disse com um sorriso sacana nos lábios.
- Estava me referindo a plantar um jardim, limpar janelas, coisas que nos façam suar, mas este outro tipo também serve.
- Como você é grosseiro. Eu te odeio Ty.
- Posso viver com isso. E então vai casar comigo e impedir que Julian seja chamado de bastardo??- pressionei mais um pouco e pude ver as lágrimas de raiva brilhando nos olhos dela.
- Que Merlim, me ajude, mas eu vou me casar com você por um ano, e saiba que posso fazer da sua vida um inferno. - ela respondeu ríspida.
- Já conheço o inferno Rory e pelo meu filho, eu posso agüentar o que vier. Só tome cuidado para isso não afetar o Julian ou a Olívia, porque ai sim, você vai descobrir o quanto eu mudei. - estiquei a mão para ela e ela me olhou de forma gélida.
- Temos um acordo?- perguntei e ela depois de relutar uns segundos a pegou de volta. Sua mão tremia:
- Sim, nós temos um acordo.
Tive uma sensação estranha ao ver que a mão dela ainda se encaixa perfeitamente na minha, enquanto olhávamos um nos olhos do outro, mas tratei de afastá-la. Aquilo nada mais era, que um acordo e não havia lugar para emoções.
quinta-feira, 23 de abril de 2009
William Shakespeare
O clima em Durmstrang estava mais pesado a cada dia que passava. Fazendo vista grossa, o Ministério não dava descanso e a impressão que tínhamos era de que o numero de aurores e outros funcionários circulando pela escola fiscalizando tudo aumentava da noite pro dia. Estava quase impossível lançar as edições do Berrador, mas trabalhávamos nas madrugadas dentro dos nossos quartos e conseguíamos colocar o jornal para circular. Logo que a primeira edição saiu, nosso grupo foi pego para interrogatório. Como éramos os únicos alunos que haviam enfrentado os funcionários encarregados de comandar o jornal, nos tornamos rapidamente os únicos suspeitos. Chegamos a ser ameaçados com veritasserum, mas o diretor conseguiu intervir a nosso favor e fomos liberados por falta de provas. Claro que depois disso passamos a ser vigiados mais de perto, mas com o tempo aprendemos a driblar aquela perseguição.
Apesar dos problemas e restrições impostas, o fato de estarmos lutando contra o poder do Ministério através do jornal e do teatro nos incentivava a encarar as aulas com bom humor. Mas a irreverência parecia que chegaria ao fim em uma aula de Feitiços, no meio da semana. Tudo corria bem, até que uma aluna da Mannaz entrou chorando na sala, muito nervosa. O professor Lênin interrompeu a explicação que dava para ampará-la e conjurou um copo com água, forçando-a a beber. A garota tremia descontrolada e a turma inteira assistia a cena assustada. Depois de um tempo, onde algumas meninas conseguiram faze-la parar de chorar, ela começou a explicar o que havia acontecido. Um dos funcionários do Ministro a parou no corredor e a levou para interrogatório, pois seu pai havia dado uma declaração no jornal criticando a posição do Ministério na escola. A menina havia sido alvo porque seu pai não concordava com o Ministro.
- Isso é um absurdo! – Ty socou a mesa, revoltado – Como podem fazer isso com ela?
- Agora quem for contra o Ministro vai ser preso ou o que? – Miyako balançava a cabeça indignada
- Não podemos mais ter opinião, é isso. Voltamos à época da ditadura – Conclui irritado e a turma começou a falar ao mesmo tempo, se acalmando apenas quando o professor sacudiu os braços.
- Vocês estão revoltados, eu entendo, todos nós estamos – o professor Lênin se levantou e encarou a turma – Mas o que pretendem fazer a respeito? Vão ficar reclamando dentro da sala de aula ou vão levar isso lá pra fora?
- O que está sugerindo, professor? – Griff perguntou intrigado
- Existe uma coisa chamada Desobediência Civil – ele explicou, e tinha um brilho estranho no olhar enquanto falava – É quando as pessoas não cumprem uma ordem como forma de protesto por algo declaradamente errado.
- Ele quer que a gente faça um protesto – Miyako sorriu ao entender a mensagem
- Vocês são jovens, são o futuro da nação, e se querem um futuro onde não exista ditadura e vocês tenham o direito de pensar por si próprios, precisam lutar para conseguir o que querem – ele concluiu e a agitação tomou conta da sala outra vez.
- Então o que estamos esperando? – Ty se empolgou e já ia até a porta – Vamos sair gritando!
- Calma, Sr. McGregor – o professor sacou a varinha e selou a porta antes que Ty a abrisse – É um movimento rebelde, mas nem por isso deve ser desorganizado. Vocês precisam de um líder.
- Georgia, é claro – Micah sugeriu, achando graça – Quem mais poderia ocupar essa posição? – e a maioria dos alunos se manifestou a favor.
- Eu não concordo – Georgia falou e a turma inteira olhou para ela com cara de espanto – Não que eu ache que não faria um bom trabalho, é claro que faria, mas acho que tem outra pessoa que pode fazer um excelente trabalho também – e como ninguém parecia entender, ela sorriu e apontou para mim – O Gabriel.
- Eu? – perguntei surpreso – Que história é essa, Georgia?
- Gabriel foi quem teve a idéia do jornal alternativo e se não tivesse nos incentivado a participar, talvez o Berrador não existisse. E foi dele também a matéria de capa sobre a ditadura em Hogwarts que gerou tantos comentários.
- Gina também ajudou a escrever aquela matéria – interrompi
- Mas a idéia foi sua, eu apenas fui com você até Londres para ajudar – Gina logo explicou e alguns alunos começavam a cochichar.
- Ele também é um dos campeões do Torneio Tribruxo, isso vai chamar a atenção. E seus pais e amigos lutaram na batalha de Hogwarts, fazem parte da história do mundo bruxo – Georgia continuou, ignorando o fato de que eu estava discordando – Tenho certeza que será um excelente líder. Ele tem boas idéias e é tão organizado quanto eu, e tem a vantagem de não gritar com as pessoas.
- Não, eu não acho que isso daria certo – balancei a cabeça recusando.
- Eu discordo, acho que você daria um bom líder – Miyako apoiou Georgia e a olhei incrédulo.
- Gente, é sério, isso não vai dar certo. Georgia falando parece tudo muito bom, mas não é tão simples assim!
- Está com medo, Lupin? – ouvi a voz de Arthur no fundo da sala – Pensei que para ser um campeão do Torneio era preciso coragem. Enfrentou aquelas criaturas na primeira tarefa e está com medo de encarar o Ministério?
- O chato lá atrás tem razão, lobão – Ty bateu com a mão no meu ombro, me encorajando.
- Eu não estou com medo! – respondi indignado e encarei o professor – Tudo bem, se acham que devo fazer isso, então eu faço.
- Excelente! – Lênin falou animado – Vocês já têm um líder e podem começar a se organizar. Mas para isso dar certo, não adianta mobilizarem apenas 50 alunos, é preciso muito mais que isso. Do contrario serão apenas 50 alunos em detenção. Quanto mais gente aderir, mais difícil fica pra se aplicar uma punição.
- Posso falar, professor? – levantei a mão, ficando de pé, e ele assentiu com a cabeça – Se vocês me escolheram para organizar o movimento, então vão ter que fazer o que eu mandar. Não quero que essa idéia saia dessa sala até que eu pense no que vamos fazer ok? – e todos concordaram – Aceito sugestões, se alguém tiver alguma boa, mas não façam alarde.
- Muito bem lembrado, Sr. Lupin – Lênin parou ao meu lado, falando com a turma – É um ato rebelde organizado, não podem sair por ai espalhando ou podem pôr tudo a perder. Mas agora todos de volta aos seus lugares, preciso terminar a minha aula!
Ele destrancou a porta e recolocou as ilustrações de feitiços no quadro, retomando a aula de revisão para os N.I.E.M.s, mas eu já não conseguia mais prestar atenção. A idéia de liderar um movimento revolucionário era excelente, mas ao mesmo tempo isso garantiria uma mancha permanente no meu histórico e poderia me prejudicar no torneio e não sabia o que fazer para administrar isso. Claro que concordava com a idéia de ir contra o Ministério, mas é muito fácil assumir uma posição a respeito de alguma coisa quando não há risco nenhum. É muito fácil tomar posição contra a guerra, desde que ninguém peça que você se sacrifique. E naquele caso, parecia que o único sacrificado seria eu...
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Do diário de Rory Montpellier
‘Querida Danielle, como vão as coisas? Espero que tudo esteja bem com você e Went. Adorei saber das novidades, e pode contar conosco em seu casamento.
Com o feriado de Páscoa eu pedi uma licença do jornal, pois queria um tempo para mim e quero aproveitar estes dias em casa para conversar com Julian sobre o pai dele e também pensar sobre o mal estar que havia se instalado entre eu e Brian nos últimos dias.
Sim, amiga, o deus de ébano como você o chama está se sentindo chateado.
Tudo porque Brian quer se casar e adotar o Julian, e eu não quero um casamento. Para mim está bom, continuar namorando com ele e cada um vivendo em sua casa, e ele me acusou de não estar sendo justa.E quando ele me pressionou para que dissesse se eu o amava, eu não consegui dizer as palavras com todas as letras, então respondi que o adorava, já não é o bastante?? Muitas pessoas se casam tendo como base uma forte amizade, porque não poderia ser o nosso caso?
Gosto do Brian, até chego a me sentir atraída por ele, porque ele é um homem bonito, interessante, sempre me apoiou quando me mudei para cá, com o Julian..., mas daí a me casar com ele, não me sinto preparada, mesmo saindo com ele, há algum tempo. E sabe o que mais me irritou? No auge da ‘conversa’, ele disse que eu era uma pedra de gelo quando estávamos sozinhos, por isso não me permiti me apaixonar por ele, que eu não me solto totalmente com ele. Delírio total, ele queria o quê? Gritos selvagens??Apelidos sacanas? Poupe-me
Enfim, disse a ele que ele devia procurar alguém que o completasse, no final, acabamos concordando em nos ver após o feriado, como pessoas civilizadas.
Bem, antes do feriado acabar terei que me concentrar em contar ao Julian sobre o pai, e sei que Julian vai querer entrar em contato com o Ty, então acho que vou escrever uma carta e pedir uma visita, o que você acha?? E também terei que explicar que não vou me casar com o querido tio Brian, mas ele vai continuar nosso amigo. Espero que Julian não fique decepcionado com isso.
Curta muito a fase de preparação do casamento e se eu puder ajudar em algo, basta me escrever.
Beijos saudosos de sua amiga
Rory”
Julian havia convidado seu amigo de infância, Justin, a passar o feriado de Páscoa conosco, e como seu pai, era um amigo querido, aceitei a visita de bom grado. Claro, que lá no fundo, eu agradecia pela chance de adiar um pouco a hora da verdade, mas sabia que logo ela chegaria, porém eu queria que eles aproveitassem o feriado antes de se separarem novamente.
Os dois estavam na fase em que comida não era mastigada, era engolida, então eu os deixei em casa e fui ao mercado para reabastecer o estoque. Para mim, foi bom, pois iria me possibilitar pensar em como abordar o assunto sobre o pai dele. Estava escolhendo frutas, e ia reencontrando alguns vizinhos conhecidos e sempre parava para conversar um pouco, então demorei mais que o previsto. Quando cheguei em casa, não os encontrei, acreditei que estavam pelo bairro jogando bola, então fui guardar as coisas nos armários. Depois fui ao meu quarto, tomei um banho e comecei a estranhar a demora dos garotos em voltar para casa. Vesti-me e sai atrás deles nos lugares que costumavam brincar e não os encontrei. Fui ao quarto de Julian e a mochila dele, não estava no lugar de sempre e nem a de Justin.
Fiquei apreensiva, mas respirei fundo, não poderia ter um ataque de nervos antes de achar meu filho.
Pedi ajuda a meus irmãos, e como não tinha noticias dos garotos há mais de duas horas, entrei em contato com o pai de Justin, e ele estava voltando.
Já havia anoitecido e eu já não conseguia impedir que minhas lágrimas caíssem, imaginando todas as coisas ruins que poderiam estar acontecendo com eles, quando ouvi o telefone tocar. Saltei feito uma mola, e nada me preparou para a voz que estava do outro lado.
- Rory, sou eu, Ty . - senti meu coração falhar uma batida, mas eu tinha outras prioridades, e disse:
- Olá Ty! Sei que faz muito tempo, e gostaria de conversar com você em alguma outra hora, mas eu preciso do telefone livre, espero uma chamada importante, então...
- Julian, esta aqui na casa da minha mãe. - ele disse antes que eu desligasse, não contive um suspiro de alívio.
- Ele está bem? E o Justin?? Como chegaram ai?- disparei as perguntas, enquanto via Blade e meus irmãos se aproximarem, enquanto ouviam.
- Sim, estão inteiros. Chegaram aqui pegando carona. - soltei um palavrão em francês, e pensei ter ouvido um eco da risada do Ty, e com ela algumas lembranças começaram a voltar fortes em minha mente, mas as afastei:
- Quero falar com ele no telefone...
- Ele não pediu para falar com você, quando avisei que ia te telefonar, isso já deve lhe informar o humor dele. E no momento está lá fora conhecendo alguns membros da família com minha mãe...
- Diga a eles que fiquem onde estão, estou indo buscá-los.- eu disse após olhar para Blade e ele sinalizou que sim, mas Ty disse autoritário:
- Você virá amanhã, quando poderemos conversar sobre o nosso filho...
- Ele é meu filho, Ty. Meu! Posso te acusar de seqüestro...- blefei tensa.
- Não ouse, ou juro por Merlin, que você vai ter que enfrentar pelo menos 30 pessoas que vão acatar as minhas ordens sem questionar para manter o Julian aqui, se eu achar que assim deve ser, porque ele também é meu filho Rory. Vou cuidar bem dele, até amanhã.
E desligou. Fiquei olhando para o aparelho, enquanto Angelique resumia a minha história com Ty para Blade, e garantia que se os meninos estavam na casa dele, não devíamos nos preocupar, tudo não passava de uma aventura de garotos levados.
Eu sabia que teria que conversar com o Ty algum dia, mas esperava fazer isso em um terreno neutro, não no meio da familia dele.
“Nosso filho” fechei os olhos quando lembrei da voz dele dizendo estas palavras, como eu quis ouvi-las ao longo dos anos e agora que as ouço de verdade, não consigo deixar de ter medo.
terça-feira, 21 de abril de 2009
- Você é meu pai! Minha mãe é Rory Montpellier...
Só de ouvir isso já seria um soco no estomago, cheguei a sentir um aperto no peito, ao me lembrar daqueles dias em Beauxbatons, mas quando Haley viu o fantasma do meu pai, dizendo a ela que Julian dizia a verdade, duas emoções se manifestaram fortes em mim: orgulho, por ver que eu tinha um filho, a outra e mais forte era raiva: pelo tempo que perdi em não conhecer o meu filho. Em outros tempos, eu deixaria a raiva me dominar e sairia brigando por respostas, mas agora eu sabia como controlar minhas emoções e usá-las a meu favor. Enquanto Julian, foi com minha mãe para os fundos da casa, eu respirei fundo e me controlei, peguei o telefone e liguei para a casa dela. Após o primeiro toque, uma voz de mulher atendeu ofegante:
- Julian, é você? Diga onde está que eu vou buscá-lo...
- Rory, sou eu, Ty . - e ouvi o som de surpresa do outro lado, mas ela disse:
- Olá Ty! Sei que faz muito tempo, e adoraria conversar com você em alguma outra hora, mas eu preciso do telefone livre, espero uma chamada importante, então...
- Julian, esta aqui na casa da minha mãe. - eu disse antes que ela desligasse, e a ouvi soltar um suspiro de alívio.
- Ele está bem? E o Justin?? Como chegaram ai?
- Sim, estão inteiros. Chegaram aqui pegando carona. - não pude evitar sorrir quando a ouvi soltar um palavrão em francês. Mas tornei a ficar sério, quando ela disse:
- Quero falar com ele no telefone...
- Ele não pediu para falar com você, quando avisei que ia te telefonar, isso já deve lhe informar o humor dele. E no momento está lá fora conhecendo alguns membros da família com minha mãe...
- Diga a eles que fiquem onde estão, estou indo buscá-los.- ela disse decidida ignorando o que eu falei e eu respondi no mesmo tom.
- Você virá amanhã, quando poderemos conversar sobre o nosso filho...
- Ele é meu filho, Ty. Meu! Posso te acusar de seqüestro...- ela disse tensa.
- Não ouse, ou juro por Merlin, que você vai ter que enfrentar pelo menos 30 pessoas que vão acatar as minhas ordens sem questionar para manter o Julian aqui, se eu achar que assim deve ser, porque ele também é meu filho Rory, não negue. - disse de uma forma dura, como ela ficou muda do outro lado do aparelho eu respirei fundo para me acalmar e disse:
- Vou cuidar bem dele, até amanhã. - e desliguei o telefone e liguei para Olivier Viera, em Paris. Sabia que iria tirá-lo da cama, mas se tinha alguém que conseguiria me informar sobre como obter a guarda do meu filho, da forma mais rápida possível seria ele.
o-o-o-o-o-o
- Miyako?? Gabriel?? Preciso falar com vocês, é importante. - chamei cada um por um espelho, de duas vias.
- Ty, sabe que horas são? Vai dormir, como uma pessoa normal. - resmungou Miyako sonolenta e Gabriel disse:
- Isso é hora de chamar? Ainda bem que acabei de chegar, ou ia ‘desligar’ na sua cara Ty. O que houve para você nos chamar para uma conferencia?
- Mi, o Henry está ai por perto ou tio Sergei??
- Estão sim, porque? O que aconteceu Ty??- disse ela mais desperta.
- Não fica nervosa, olha o meu sobrinho...
- Já estou nervosa, fala logo o que está havendo...
- Hoje um amigo da Haley apareceu aqui, Julian...
- O corvo apareceu ai??- perguntou Miyako.
- Você o conhece??- perguntei.
- Nunca o vi, mas sei que nossos irmãos têm um amigo chamado Julian que tem o apelido de corvo e é seu fã. Keiko o acha uma gracinha. Você não nos chamaria para falar de um fã não é? Tem aos montes. Diz logo qual o problema, não estou ficando mais jovem.
- Ele é meu filho! - soltei de uma vez, e ela ficou pálida e de repente abaixou a cabeça, fazendo barulhos estranhos. Gabriel e eu ficamos preocupados:
- Miyako, você ta bem?? Chama o Henry. - comecei a falar quando ela olhou para o espelho e tinha lágrimas de riso caindo pelo rosto.
- Deixa de escândalo, o Henry está dormindo.(ela disse e se virou pro outro espelho).- Gabriel já sabe o número da conta, pode ir pagando. - e riu, junto com Gabriel.
- Como assim ‘pagando’?- perguntei e ela esclareceu:
- Sabia que cedo ou tarde um filho seu ia aparecer na sua porta, então apostei que seria antes dos 30. Gabriel achou que seria depois, ele me deve uma bolada, acho que vou gastar com o enxoval do bebê que mamãe quer fazer em Paris...- mas Gabriel interrompeu:
- Tem certeza? Não seria a primeira a tentar te empurrar um filho.
- Ele é filho da Rory, e fez 12 anos em março. - e os ouvi assobiarem do outro lado.
- O que vai fazer?- perguntou Gabriel sério.
- Como assim?
- O garoto apareceu na sua casa, depois deste tempo todo. O que ele quer?
- Ele quer um pai. Não sei se consigo. Ele está com 12 anos, a gente mal se conhece..Ele achava que eu não o queria...- contei lembrando da pergunta que Julian me fez antes de ir dormir.
- Se eu estivesse ai te dava um tapa no ouvido, Tyrone. (disse Miyako) - Primeiro você já o pai dele, e se tem uma coisa que você adora, é crianças, sempre quis mais filhos, então aproveite, agora você já tem dois. Está ganhando de nós. - riu.
-A mãe dele deve me odiar, para tê-lo afastado de mim, todos estes anos.
- Mas ele procurou a você, use isso a seu favor, Ty. Dê uma chance e logo se acertam. - disse Gabriel.
- E ela não contou que estava grávida, só para te fazer sofrer mais um pouco. Sempre a achei bestinha. - disse Miayko ácida.
- Não sei Mi, ainda vou tirar isso a limpo, mas eu precisava falar com alguém que não estivesse aqui em casa babando pelo garoto. Haley viu o espírito de meu pai dizendo que ele era meu, e ele tem até o meu jeito segundo minha mãe...
- Ai céus, um Ty pré adolescente, andando por ai novamente, o mundo está perdido. - zombou Miyako e rimos.
- Bem, amanhã Rory virá aqui, para conversamos... Eu já gosto do garoto, é divertido e muito inteligente, segundo a Haley. - falei.
- Então não é seu, foi trocado no hospital. - disse Gabriel zombando. Olhei sério para eles e disse:
- Tenho dúvidas sobre o que fazer...
- Já está fazendo o certo, deixando-se conhecer. E o resto se ajeita com o tempo. - disse Gabriel sensato.
- Não se preocupe à toa, faça o que melhor sabe fazer, Ty: Seja o pai dele, e se prepare para lutar. Porque pelo pouco que me lembro daquela garota azeda, isso não vai ser tão fácil. - disse Miyako.
Gabriel concordou com Miyako e após mais algumas observações nos despedimos, e Vieria me ligou passando as informações que havia pedido, e o que eu ouvi fez com que eu pensasse no futuro. Já era muito tarde, fui ao quarto onde os meninos estavam dormindo profundamente, e fiquei olhando para Julian por um tempo, da mesma forma que faço com Olívia. Senti uma emoção grande, e prometi a mim mesmo que aconteça o que acontecer, meu filho contaria comigo.
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Parte IV - Warcry
– Portanto, o mais antigo dos vampiros deve assumir um lugar no Conselho.
- Sou eu, senhor. – Um vampiro muito pálido, com cabelos loiros curtos e olhos que misturavam o verde e o vermelho ficou de pé. Ele aparentava 20 anos de idade, porém possuía 700 anos.
– Me chamo Bernard, e possuo 700 anos de existência.
- Seja bem vindo aos Anciões, meu jovem. Esperamos que seja justo e lute pelo bem dos vampiros. – Lilith falou, inclinando a cabeça para o novo Ancião, enquanto este saltava para o palco e sentava-se ao lado de Lizandra. Seus olhos encararam Alucard e Seth, o primeiro ignorando-o, porém o segundo fitando-o longamente, até o novo Ancião desistir e abaixar os olhos. Ele praguejava, pois o meio-vampiro conseguira ler sua mente com facilidade.
- Agora falemos do assunto de verdade: A MORTE DOS CHRONOS! – Cadarn gritou, ficando de pé e apontando furioso para Alucard, que estava ao seu lado. Alucard o encarou, os olhos brilhando em desafio, mostrando as pressas.
- E eu voto na sua morte, Cadarn. – Alucard falou entre os dentes, as pressas a mostra soltando um longo silvo.
- Como se fosse capaz de me tocar, Abominação.
- Sim, não posso tocá-lo, pois destruirei sem sequer sujar minhas mãos! – Alucard bradou, deixando sua fúria sair em um poderoso urro.
Cadarn agachou-se como um felino encurralado e preste a atacar. Porém Siegfried urrou também, fazendo os dois se calarem.
- JÁ BASTA! Eu ordeno a ordem! Iremos votar o caso dos Chronos. Porém eu os aviso de antemão: apenas dos Chronos! Se outros forem envolvidos eu mesmo cuidarei para que vocês sejam destruídos! – Siegfried falou, a raiva explicita em seus olhos, que se fixaram em Cadarn. Cadarn manteve o olhar, e todos podiam ver o enorme duelo que era travado entre as mentes, e Cadarn foi o primeiro a desviar os olhos.
– Os aliados dos Chronos não devem ser tocados! Inclusive todos os McGregor, Hakuna, Storm, Lovegood, Kollontai e qualquer aliado dos Chronos.
- Pois eu quero que todos sejam exterminados! Quero caçar cada um deles! – Cadarn novamente cortou Siegfried, urrando de raiva.
– Eu matarei com minhas próprias mãos todos estes, a começar pelos McGregor e pelos Lovegood!
Antes que Siegfried ou outro pudesse responder ou fazer algo, a noite ficou mais escura totalmente entregue as sombras. Do chão surgiram enormes tentáculos de trevas que espiralaram e formaram estacas de pura sombra. Os tentáculos voaram contra Cadarn, enquanto Seth urrava e sua aura tomava a forma de uma chama negra, as labaredas tornando-se tentáculos também. Seus olhos brilhavam em um vermelho intenso, quase um dourado, seu ódio completamente à mostra, superando o autocontrole, uma vez que Cadarn ousou ameaçar aquela que lhe era mais importante. Os tentáculos voaram ferozes contra o Ancião, golpeando o ar com velocidade enorme. Cadarn esquivou-se com dificuldade, porém seu pé foi agarrado por um dos tentáculos e ele foi jogado ao chão, enquanto uma dezena dos tentáculos mergulhava para perfurar o peito do vampiro.
Os tentáculos foram parados a centímetros do alvo, impedidos por uma barreira poderosa criada por Bernard. Os olhos de Gustav brilhavam em vermelho e uma enorme onda negra foi lançada contra Seth, que foi protegido por Alucard e Derfel, enquanto Cewyn perfurava a barriga de Gustav com as próprias mãos. Todos os Anciões envolviam-se em uma luta perversa e furiosa, enquanto nas arquibancadas, os vampiros duelavam violentamente e a noite era preenchida com urros e gritos.
- CHEGA!
A raiva de Siegfried atingiu seu limite. Todos os vampiros, incluindo sua própria esposa, Derfel, Cewyn, Alucard e Seth foram acertados por poderosas ondas de choque, que os jogaram ao chão, mantendo-os presos a este por correntes negras que surgiam das sombras. O Conselho precisava terminar imediatamente, ele atingiu um nível sem volta, muito próximo da destruição e Sigfried ia terminá-lo agora.
– VOTAÇÃO! Aqueles que votam pela guerra aos Chronos levantem a mão!
As correntes negras afrouxaram os braços de todos para que pudessem votar. Por todo o palco vampiros urravam e levantavam os braços, gritando de ódio. Siegfried passou os olhos por eles todos e depois liberou os vampiros, que voltaram a se sentar arfando e prontos para lutar.
- São 990 a favor da Guerra...E 1100 contra. Não declararei guerra aos Chronos. – Siegfried sentenciou, porém Cadarn, que fora perfurado na barriga por um dos tentáculos de Seth, gargalhou e urrou de raiva.
- DANE-SE O QUE VOCÊ DESEJA, COVARDE! EU ORDENO A MORTE DOS CHRONOS! EXTERMINEM-NOS!! – Cadarn gritou, ficando de pé e levantando as mãos para o céu.
O local dos Conselhos recebe o nome de Palco de Sangue, não apenas por ser um conselho de vampiros, mas por sua história. Nesse anfiteatro, ocorreram tragédias no passado e ele fora banhado com o sangue de milhares de pessoas, sendo um lugar amaldiçoado. Siegfried tinha o controle dele, podendo invocar e fazer o Palco desaparecer. Mas mesmo assim, esse Palco ainda possuía muitas almas perdidas. E era apenas disso que Cadarn precisava, pois ele era uma excelente Necromante.
Enquanto ele levantava as mãos, entoou encantamentos antigos e malignos, e fez um corte no braço, deixando o sangue pingar no chão. Imediatamente o Palco começou a tremer levemente, e do chão começaram a surgir mãos e braços, corpos inteiros de mortos voltando à vida, obedecendo ao seu único mestre: Cadarn.
Quando ele gritou a ordem de destruição, ele rebelou-se contra Siegfried e conseguiu fugir do comando deste, o mesmo acontecendo a seus seguidores.
- MORTE!! DESTRUIÇÃO!! DEATH TO THE LIVING! – Cadarn urrou seu grito de Guerra, saltando contra Siegfried. Este, porém mostrava as pressas com fúria, os olhos brilhando com uma raiva enorme. Com um único urro seu, todo o Palco tremeu novamente e as arquibancadas e pedras ganharam vida, tomando a forma de enormes serpentes de pedra, que começaram a lutar e esmagar todos que lutassem contra seu amo.
Muitos vampiros fugiram do Palco, mas a maioria entrou em conflito, um dos mais sangrentos da história dos Conselhos Vampíricos. Caleb e Megan saltaram para o Palco para ajudar Seth e Alucard, que estavam cercados por centenas de corpos morto-vivos, vampiros e servos de Cadarn e Gustav. Derfel e Cewyn fizeram suas armaduras douradas surgirem em seus corpos e com golpes fortes de suas armas faziam crânios de mortos serem esmagados, enquanto tentavam chegar perto dos Chronos. Sophy, Alexandra e Esmeralda lutavam como “banshees”, os cabelos ondulando com seus movimentos para destruir corpos. Lilith lutava ao lado do marido, acertando diversos golpes contra Cadarn, porém este usava todo o seu poder milenar e as barreiras de Bernard impediam que Siegfried esmagasse os seus ossos. Joseph e Lizandra lutavam ao lado de Caleb e Megan, tentando chegar aos Chronos, que estavam completamente cercados, mas não indefesos.
Os imensos lobos dos dois meio-vampiros eram capazes de esmagar um braço numa única mordida, e o choque de seus corpos feitos de sombra jogava os mortos longe. Gustav e outros vampiros protegiam Bernard, que conjurava barreiras para todos se protegerem, enquanto seus aliados atacavam sem dó. Miko e Gisela lutavam juntas, dançando entre os mortos, cortando seus pescoços e membros com golpes rápidos e certeiros. Seth e Alucard apontaram as mãos para o céu e uma imensa bola vermelha saiu de suas mãos, subindo aos céus rapidamente, explodindo em milhões de cores. Era o sinal.
Os Chronos são um dos poucos, se não os únicos que possuem armas de cerco mágicas, devido a sua história de várias guerras e cercos. Ao sinal de Alucard e Seth, Rin, fazendo um largo floreio com as mãos no ar, acionou todas as baterias de cerco dos Chronos. Elas estavam posicionadas a mais de 5km do local do Conselho, mas dispararam seus projéteis com velocidade, todas juntas. Essas armas eram catapultas de energia mágica e gigantescos troncos como varinhas, que canalizavam feitiços a longa distância e com grande energia.
Agora elas disparavam feitiços de Griffon e Mirian e enormes bombas de luz desceram zunindo na direção do Palco. Os vampiros as ouviram chegar, porém ficaram sem entender, até o momento em que elas explodiram liberando uma energia enorme, como a luz do sol. Os vampiros ficaram atordoados por alguns poucos minutos, bloqueando os olhos com as mãos e praguejando, tendo a pele queimada levemente. Apenas os vampiros que lutavam ao lado dos Chronos e os Anciões não foram afetados. Porém foi o tempo suficiente para as forças dos Chronos invadirem o Palco.
Centenas de aurores desceram de todas as direções, lançando feitiços extremamente destrutivos, todos rapidamente. As enormes serpentes de pedra de Siegfried abaixaram-se e deixaram que alguns aurores as “montassem” aumentando o dano que causavam. Na linha de frente do ataque Chronos vinham Mirian, Griffon e Celas, seguidos por Sergei, Ben, Isaac e todos os Classe 9 do clã, além de Ty, Laharl, Flonne e Plenair, todos rumando para o Palco. Mirian e Griffon eram duas bolas de luz incandescente, que queimavam os olhos dos vampiros que os fitassem, e que disparavam jatos de luz e de fogo. Os vampiros se viam cercados por todos os lados, recuando passo a passo para o Palco. Este estava empapado com o sangue dos mortos-vivos, e pilhas de corpos já eram formadas, enquanto os Anciões pouco a pouco ganhavam a luta, esmagando crânios com uma única mão.
Cadarm urrou, olhando para o ataque surpresa, e nesse momento de descuido, Siegfried agarrou seu braço esquerdo e apertou com força. Cadarn urrou de dor e sentiu seus ossos serem esmigalhados desde os dedos da mão, subindo até o ombro. Para evitar que os poderes de Siegfried o destruíssem por completo, Cadarn cortou o próprio braço, sabendo que poderia tê-lo de volta quando se recuperasse. Lilith, porém o segurou por trás e Siegfried acertou um poderoso soco na barriga do inimigo, começando a destruir os órgãos internos de Cadarn. Este revelou outros poderes, e transformou o chão sob os pés de Siegfried em lodo vermelho, de onde saiam centenas de mãos puxando para o fundo o Ancião. Lilith tentou arrancar a cabeça de Cadarn, mas este a golpeou saltando para trás e escapando dela. Ela virou-se para o marido, ajudando-o a saltar para longe do fosso da morte. Cadarn sabia que não teria como ganhar essa batalha, porém ergueu o braço direito para o céu e entoou novos encantamentos. Uma chuva negra começou a cair e a acumular nos destroços da batalha, e dessas poças, surgiram gigantes negros que golpeavam e quebravam com facilidade as serpentes de Siegfried, jogando os aurores para longe. Ele usou a chance para se juntar a Gustav, Bernard, Maxmilliam e outros vampiros e preparava-se para fugir.
Seth porém o viu, e com um urro cheio de raiva, saltou diante deles. Todos os vampiros tentaram ataca-lo, mas a proximidade com seu irmão gêmeo o deixava extremamente poderoso, e ele leu cada movimento antes que ele fosse executado, desviando com facilidade. Ele então dançou entre os vampiros, a foice em suas mãos, abrindo fendas enormes nas barrigas de seus inimigos, e chutando-os para longe, deixando apenas Cadarn diante dele. Gustava foi o primeiro a se levantar, e apontou o dedo para Seth, fazendo uma nuvem negra rumar ferozmente para ele, porém Griffon, Mirian, Celas e Isaac alcançaram o palco. Griffon cortou a fumaça com a lança Lognus e a fumaça desapareceu no ar, investindo contra o Ancião a poderosa lança, obrigando Gustav a desviar. Mirian destruiu as barreiras de Bernard com uma espécie de chicote de luz, prendendo-o em seguida em seu pescoço, queimando-o e fazendo Bernard gritar. Celas, com fúria no olhar, enfrentava Maxmilliam, que ria para ela. Os dois trocavam feitiços, enquanto ela socava o chão fazendo ondas de terra rumarem para o vampiro. Isaac lutava ao lado dela, e seus punhos, brilhantes em vermelho, socavam o vampiro com velocidade, equiparando-se a ele.
Seth e Cadarn lutavam ferozmente. Uma espessa e poderosa cortina de trevas os envolvia, isolando-os de todos. Seth queria matar Cadarn com suas próprias mãos, e Cadarn queria dar um fim àquele verme ele mesmo. Era uma luta perversa. Do chão, mãos tentavam agarrar Seth, enquanto este tomava impulso para lutar contra seu inimigo. A chuva negra parecia deixar Seth mais lento, e as gotas presas em sua roupa negra tomavam vida, tentando asfixia-lo ou perfura-lo. Porém Seth era muito mais forte do que Cadarn esperava. A aura negra de Seth o envolvia como um imenso manto de trevas, protegendo-o de golpes e fazendo tentáculos surgirem no ar, pois as trevas obedeciam aos seus pensamentos e os tentáculos de sombra perfuravam Cadarn sem dó, em uma seqüência que o olho humano era incapaz de acompanhar. A foice de Seth, Messori Muramasa, parecia cantar enquanto cortava o ar, uma música de destruição e sede de sangue. Seth a brandia com perícia e raiva, cortando o corpo de Cadarn, tentando mata-lo. Em poucos minutos de luta, o sangue dos dois misturava-se a chuva negra, criando uma poça de sangue rubro no chão.
Seth então usou os dons adquiridos ao beber do sangue de Isaiah e conjurou uma dezena de clones de sombras. Os clones tomaram sua forma e a forma de sua foice e gritando com raiva ele atacou sem dó o Ancião, e Cadarn teve seu corpo atacado por todas direções, sem conseguir distinguir o verdadeiro Seth do real, apenas quando era tarde demais e este já apertava sua garganta com força, esmagando sua traquéia.
- Acabou, verme. – Seth falou com raiva, fazendo um profundo corte no peito de Cadarn e em seguida cortando com rapidez na direção do pescoço. Porém, do chão, um dos mortos levantou-se, levando todo a força do golpe e a cabeça morta voou pelos ares. Cadarn aproveitou para chutar Seth e saltar para trás, mas Seth já o esperava e o agarrou pelo pescoço novamente, levantando-o a centímetros do chão.
Seth esmagou o pescoço de Cadarn, enquanto esse urrava de dor e ódio, quando uma enorme nuvem negra foi arremessada contra Seth por Gustav. Seth porém a pressentiu antes e esticou a mão esquerda na direção dela. Ao tocar em sua palma aberta, a aura negra de Seth a envolveu e a absorveu completamente, para o espanto de Gustav. Cadarn usou então suas ultimas forças para se desfazer em uma nuvem negra e escapar das garras de Seth, que tentou em vão agarra-lo no ar, furioso.
- Eu vou caçar você em cada buraco imundo que você se esconde, verme. Eu conheço todos eles, seu querido amigo Isaiah os conhecia. Agora sou eu que os conheço. E lembre-se: eu posso andar no Sol, você não. Caçarei você até encontrá-lo, como um rato amedrontado e fraco! – Seth gritou com ódio para a nuvem que se afastava com velocidade.
Gustav aproveitou para transformar-se em um falcão negro e alçar voou. Maxmilliam e Bernard o imitaram, tomando a forma de pássaros negros, fugindo rapidamente do campo de batalha. Os demais aliados de Cadarn que ainda lutavam também fugiram rapidamente, escapando do Palco o mais rápido que pudessem. Os aurores não os seguiram, pois receberam ordem de manter o Palco guarnecido e protegido, haveria tempo para a caça.
O anfiteatro estava destruído, totalmente em ruínas. As imensas serpentes de pedra de Siegfried agora tombavam ao chão, ao voltarem a ser simples pedras, enquanto os últimos gigantes de chuva negra e últimos corpos eram destruídos. Os aurores corriam o olhar em volta, procurando algum vampiro remanescente. Ty arfava próximo ao Palco, com as mãos nos joelhos, agachado, ao lado de Sergei, Ben, Aragon e Plenair que também arfavam, mas visivelmente em melhores condições. Mirian e Alucard, que até segundos atrás lutavam juntos abraçaram-se fortemente, felizes por ainda estarem juntos.
Celas chorava de raiva e frustração, abraçada a Isaac, que tentava acalma-la. Flonne ajudava Laharl a ficar de pé, enquanto parecia brigar com ele por ter se colocado em perigo por ela. Melissa e Feanon arfavam enquanto vistoriavam outros aurores juntos. Seth estava caído de joelhos no chão, arfando e tampando um ferimento na barriga, com Griffon sentado ao seu lado, curando um corte no braço. Siegfried e Lilith esmagavam os últimos crânios, sem apresentar sinais de cansaço. Joseph e Lizandra estavam ao lado de Caleb e Megan, tendo certeza que estavam bem, enquanto os demais Anciões encaravam a destruição com raiva no olhar. Cadarn passara dos limites e pagaria! Derfel e Cewyn correram para Seth e Griffon, sem mais sair de perto deles. Cewyn abraçou o jovem vampiro, enquanto Derfel ajudava Griffon a se levantar. A bela vampira e Mirian passaram a cuidar dos ferimentos de Seth, pois estes eram graves, com várias perfurações no corpo, além de queimaduras produzidas pela chuva maldita.
Após algum tempo, os Anciões e os Chronos reuniram-se no centro do Palco, os mortais visivelmente cansados, enquanto os imortais continuavam parecer não ter feito esforço algum. Cewyn continuava do lado de Seth, ainda de armadura, como se esperasse outro ataque, cada vez mais parecendo como uma mãe protetora, deixando Seth um pouco sem graça.
- Obrigado pela ajuda, Chronos. – Siegfried falou, apertando a mão de Alucard, Celas e Mirian, sendo imitado por todos os Anciões.
- Nós que agradecemos, não teríamos conseguido sem o seu apoio. E sem nossos planos. – Alucard falou, respirando aliviado.
- É chegada a hora de nos aliarmos. Pois acaba de irromper uma das piores guerras da história...As baixas de hoje serão apenas as primeiras. – Siegfried falou, a mágoa evidente em seus olhos enquanto olhava o Palco destruído. Parecia que ele sabia onde cada vampiro havia desaparecido.
- Infelizmente nós sabemos disso, mas tentaremos salvar o máximo que pudermos. – Mirian comentou, também olhando os feridos de seu clã, e infelizmente, os corpos dos aurores que foram mortos. Para o tamanho do ataque, houveram poucos mortos, e de uma força de 500 aurores, apenas 40 morreram, mas mesmo assim eram vidas importantes.
- Devemos ficar alertas. Cadarn tem todo o tempo do mundo para se vingar. A partir de agora há uma Guerra Civil entre os vampiros, e nós lutaremos ao seu lado. – Derfel falou, enquanto encarava os Chronos.
- Gostaríamos de manter guardas nossos com vocês, para protege-los. – Gisela falou, sendo apoiada por Cewyn, que dirigiu um olhar para Seth enquanto assentia.
- Aceitamos com imensa honra, pois isso será muito necessário. – Celas falou, lutando para controlar a raiva que sentia de Maxmilliam.
- Está selada nossa aliança, iremos caçar juntos Cadarn e seu séqüito. – Lilith falou, apertando as mãos de todos novamente.
Eles terminaram de conversar e decidiram voltar para suas preparações, pois a aurora em breve chegaria e haviam muitos feridos para serem cuidados, tanto vampiros quanto humanos. Agora a guerra estava declarada, a pior das guerras, a guerra entre vampiros contra vampiros e uma guerra particular dos Chronos. E esta seria uma guerra sangrenta, isso não havia como negar, pois se via isso nos olhos de todos.
Os olhos de Seth e Griffon brilhavam como se ressonassem com uma luz que transmitia raiva e poder. Eles não permitiriam que aqueles vampiros ficassem muito tempo vivos.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
Warcry - Parte III - Warcraft
A tensão era palpável. Todos os Conselhos eram marcados por tensão e lutas. Os vampiros são excelentes leitores de mentes, por isso quando um Conselho se reúne, todos os vampiros concentram-se em evitar que outros leiam seus pensamentos, mantendo sua consciência a salvo. Porém essa noite estava pior, e o controle era exercido também sobre os próprios corpos para evitar que houvesse uma briga que tomaria proporções inimagináveis.
Siegfried sabia que essa nova convocação do Conselho era arriscada. Não era à toa que os Conselhos dos Vampiros aconteciam tão raramente. Vampiros têm uma natureza solitária e, salvo raras exceções, vivem sozinhos, preferindo não confiar completamente em outro vampiro, principalmente se ele for mais velho que você. Siegfried sabia que era extremamente perigosa essa reunião, pois os ânimos estavam à flor da pele, e a discussão ocorria sem limites, com vampiros urrando e gritando, uma enorme balburdia de centenas de vozes seculares e furiosas.
Três lugares no Conselho de Anciões estavam vazios desde o último Conselho, que ocorreu a menos de um mês. Eram os lugares de Isaiah, Cassandra e Saul, pois os três haviam sido eliminados pelos gêmeos Chronos. Não bastando tal fato, as lutas indicavam um poder maior do que a maioria dos vampiros imaginava. Três armas milenares e capazes de matar um vampiro com extrema facilidade estavam nas mãos dos Chronos e seus aliados. Brionac e Lognus tinham o poder de incinerar um vampiro caso este fosse perfurado por elas. Messori Muramasa era uma foice maligna e amaldiçoada, temida por ser capaz de matar qualquer um. E elas estavam sob o controle dos Chronos e seus aliados... E a maioria dos vampiros não sabia, mas Seth havia herdado os poderes de Isaiah...
A destruição dos três Anciões fez os vampiros do mundo inteiro sentirem diversas emoções: raiva e ódio, dor e sofrimento, vingança e destruição, e para muitos, pela primeira vez o medo e o desespero. Três crianças, comparadas aos vampiros, haviam eliminado três Anciões poderosos e experientes, e isso colocava em risco a existência de todos.
O Grande Ancião sabia muito bem que Isaiah, Cassandra e Saul mereciam a destruição, e ele próprio a ordenou, pois era contra o envolvimento de pessoas inocentes nos assuntos dos vampiros. Ele odiou o que os três Anciões fizeram, e principalmente sentiu raiva de Cadarn e Gustava por terem armado tudo isso. Mas não havia provas para acusa-los, e extermina-los arbitrariamente causaria um caos maior no Conselho, pois Cadarn era poderoso e possuía muitos aliados e seguidores. Siegfried sabia que deveria tomar cuidado ao eliminar Cadarn.
A discussão no Conselho era monstruosa, marcada por urros e gritos, porém os vampiros mantinham controle intenso sobre suas ações, evitando confrontarem-se imediatamente. Caleb e Megan estavam próximos do Palco, evitando discutir abertamente. Enquanto entre os Anciões a discussão era mais séria. Derfel e Cewyn acusavam Cadarn e Gustav abertamente, causando uma briga entre os Anciões. Lilith e Gisela tentavam evitar o pior, recebendo a ajuda de Miko, Sophy, Esmeralda e Alexandra, enquanto Siegfried se via perdido em seus próprios pensamentos. Sem saber porque essa discussão o fazia lembrar de seus primeiros séculos como vampiro, a descoberta dos novos poderes, a sede insaciável e a sensação de invencibilidade. Porém essa última sensação era a mais falsa de todas, pois logo ele descobriu a dor de um vampiro e ao longo de sua longa vida exterminou diversos vampiros. Quão frágil a imortalidade era, mais frágil do que a própria vida mortal. Ele finalmente ficou de pé, seu poder fazendo todos se calarem imediatamente, sem poderem impedir.
- Já basta! Sem dúvida essa é o Conselho mais importante desde sua criação, não tolerarei brigas entre nós nesse período difícil de nossa existência, portanto todos calados! – Sua voz, mas principalmente seus olhos, transmitiam uma fúria gélida, fazendo todos voltarem a se sentar. – Todos sabem porque nos reunimos novamente, todos sentimos a destruição de dezenas de vampiros, três Anciões entre eles. Porém eles mereciam essa destruição! Calados!! – Ele voltou a urrar quando Gustav e alguns vampiros ousaram se levantar.
- Os Executores foram ordenados por mim a exterminar os três, pois atacaram inocentes e colocaram nossa existência em perigo. – Ele continuou, fixando o olhar na multidão. – Os gêmeos Seth e Griffon Chronos, e Emily Mcgregor chegaram antes, exterminando-os! Eles defendiam sua própria sobrevivência, como qualquer um de nós faria o mesmo!
- Ah, agora os humanos tem o direito de nos enfrentar e nos destruir? Defenderem-se? Eles são vermes que merecem a morte! Apenas isto! – Cadarn cortou Siegfried e muitos vampiros gritaram em apoio.
- Calado Cadarn! Tudo isso foi obra sua e de Gustav! Vocês arquitetaram o plano, sem se preocupar em usar a vida de seus aliados nisso! Você é baixo e covarde, Cadarn, você sim é um verme! – Derfel urrou de raiva, apontando o dedo acusadoramente para Cadarn, que soltou um silvo para ele, agachando-se como uma cobra para o bote.
- Chega! Eu ordeno que se faça a ordem! – Siegfried gritou, também de pé, seus olhos frios fitando Cadarn e até mesmo Derfel. Este engoliu em seco, pois Siegfried estava realmente irritado. – Nós faremos a votação para decidir o destino dos Chronos. Mas volto a repetir, dos Chronos!!
- Novamente irá defende-los, Siegfried? Seus milênios de existência tiraram sua coragem? – Cadarn provocou com escárnio no olhar. Siegfried perdeu a paciência e levantou sua mão direita para Cadarn, fazendo o vampiro levitar no ar, assustado e surpreso. Ao girar a mão esquerda, todo o corpo de Cadarn foi agitado e esmagado, quebrando todos os ossos do vampiro com exceção do pescoço. Cadarn urrou de dor e Siegfried o jogou ao chão com violência, ao fazer o braço direito cair verticalmente. Todos ficaram chocados e com medo, pois esta era a primeira vez que a maioria via Siegfried e seus poderes.
- Ao contrário de você, verme imundo, eu luto por mim mesmo, não uso servos, escravos e aliados. E mesmo se usasse meus aliados, eu preocuparia-me com suas vidas. Curem-no. – Siegfried falou, cuspindo no corpo de Cadarn, ordenando que servos do vampiro fossem cura-lo. Dois vampiros subiram ao Palco, abrindo o próprio pulso para que Cadarn bebesse de seu sangue, enquanto aos poucos seu corpo começava a se regenerar. Quando ele era capaz de andar, ele saiu rapidamente do palco, olhando com fúria para Siegfried, indo alimentar-se de humanos que ele sempre trazia para o Palco. Siegfried continuou calado fitando a multidão enquanto aguardava o retorno de Cadarn, que voltou a assumir seu posto alguns minutos depois, totalmente curado, os olhos brilhando de raiva pela humilhação.
- Daremos continuidade ao Conselho. A primeira tarefa a ser votada, é a escolha dos novos Anciões. Desde a eliminação de Hellion, não foram eleitos os novos Anciões. Faremos hoje com que os três mais antigos vampiros entrem para o Conselho. Todos de acordo? – Siegfried perguntou, um sorriso surgindo em seu rosto. Derfel, Cewyn e Lilith também sorriam, e os demais vampiros pareciam sem entender. Na verdade pareciam tão concentrados na discussão e tão chocados com a fúria de Siegfrid que não notaram as duas pessoas no alto da arquibancada do Palco de Sangue. Da multidão de vampiros, apenas Caleb sorria também, encarando as duas figuras.
- NÃO! – As duas pessoas falaram juntos, suas vozes fortes e poderosas atingindo a todos os vampiros.
Os vampiros então notaram a presença, soltando silvos de fúria e de surpresa, pois quem se atreveria a invadir um dos Conselhos! As duas figuras desciam calmamente o anfiteatro, encaminhando-se para o Palco. Enquanto eles passavam, imensos lobos negros surgiam do chão seguindo-os e rosnando para os vampiros que estavam nas arquibancadas do anfiteatro. Alguns vampiros levantaram-se para ataca-los, mas os Executores formaram um corredor de proteção para os dois, até eles chegarem ao Palco, para onde saltaram rapidamente. O primeiro assumindo o lugar ao lado de Cewyn, a vampira de 4500 anos, e o segundo assumindo um lugar ao lado de Joseph, o vampiro de 1200 anos. Alucard assumia o lugar de Hellion e Seth o de Isaiah.
- Será votado apenas um lugar no Conselho dos Anciões, pois tomamos por direito nosso lugar no Conselho. – Seth falou, os olhos frios encarando os vampiros, parando seu olhar em Cadarn, que parecia a beira de saltar para matar.
- Eu sou o Herdeiro de Hellion e, portanto seu sucessor no Conselho. E meu filho é o Herdeiro de Isaiah.
- Que brincadeira é essa?! Vampiros matem-nos! – Gustav gritou, sendo o primeiro a sair do estado de choque. Vários vampiros urraram em resposta saltando na direção do Palco.
Porém as trevas da noite formaram uma espécie de cortina diante do Palco repelindo os vários vampiros, como se esses batessem em uma parede sólida. Ao mesmo tempo em que os imensos lobos negros surgiam na frente do Palco, rosnando para quem chegasse muito perto. Gustav ficou sem entender, enquanto Seth e Alucard sorriam. Gustav saltou para cima de Seth, tentando acertar um soco no vampiro mais jovem, mas em pleno ar, Gustav foi atingido por um chute de Alucard, jogando ao chão e no momento seguinte, Seth apontava uma foice negra para o pescoço de Gustav. Cadarn saltou para a luta também, porém Derfel se pôs no caminho, trocando socos com Cadarn no ar, e por fim imobilizando-o ao apontar sua espada para ele.
- Como se sente estando tão vulnerável assim, Gustav? – Seth falou no ouvido do outro vampiro. – Se sente como todos aqueles vampiros que você enganou e destruiu? Como o Ancião Vlad Von Hayt que você matou para tomar o lugar no Conselho? – Os olhos de Gustav arregalaram-se, surpresos, enquanto Seth encostava a foice no pescoço do vampiro, fazendo um filete de sangue escorrer, que foi absorvido pela lâmina. Seth sorria friamente para o vampiro – Sim eu sei de tudo isso, e muito mais.
- Chega! Os cinco voltem aos seus lugares. – Siegfried comandou, segurando a vontade de sorrir. Alucard, Seth e Derfel largaram os outros dois vampiros, retornando aos seus lugares. Porém, os Chronos não sentiam uma obrigação a obedecer Siegfried, pois sua voz não era um comando para eles, e isso os deixou surpresos. Siegfried notou isso também. - ...Interessante.
- Eu voto pelo extermínio desses Chronos imediatamente! – Cadarn gritou de raiva, de pé apontando o dedo para os dois meio-vampiros. – Quem vocês pensam que são, Abominações! Vocês não são vampiros!
- Vampiros de pé! – Seth gritou, sua voz cheia de comando e poder. Imediatamente algumas dezenas de vampiros ficaram de pé, sem poder resistir ao comando da voz de Seth. – Como vê, Cadarn, esses são meus servos. Os servos de Isaiah, que agora obedecem a mim.
- Isso não é possível... – Cadarn começou a falar, olhando para os vampiros que pareciam tremer na tentativa de se sentar, mas a ordem de Seth era absoluta.
- E deixe-me mostrar algo...Vampiros de pé! – Alucard urrou, e sua voz, mais poderosa que a de seu filho, ecoou por todo o Palco e todos os vampiros foram obrigados a ficar de pé, com exceção dos vampiros com mais de 4000 anos.
- Não há como contestar isto, Cadarn, Seth é o Herdeiro de Isaiah e Alucard o de Hellion, eles comandam os vampiros subordinados a eles. – Gisela falou, rindo abertamente de Cadarn, que soltou um silvo por entre os dentes.terça-feira, 7 de abril de 2009
A chave de portal feita pelo tio Kegan nos transportou para o apartamento da mãe do Ty exatamente as 21:30 daquela sexta-feira. Deixamos nossas mochilas no quarto dele e já saímos para as ruas movimentadas. Caminhamos direto para a Boulevard Saint-Germain, a rua onde tinha a maior concentração de cafés e pubs bruxos e trouxas e paramos no pub bruxo Les Deux Magots. Ty conseguiu uma mesa na parte de dentro e nos sentamos já pedindo nossas cervejas amanteigadas, mas conversar era quase impossível por conta da música alta. Ty, Ricard e Wes não estavam se importando, mas eu, ainda de mau humor, não estava gostando muito.
- O que foi, Gabriel? – Wes perguntou vendo que eu estava olhando entediado para o DJ – Não está gostando da música?
- Está muito alta – reclamei
- Ah que saco, está parecendo um velho! – Ty resmungou – Cara, para com esse bode, é só um pedaço de jornal velho!
- Gente, o Louvre não é aqui perto? – Ricard perguntou interessado, sem ouvir o que estávamos falando – Acho que vi a Escola Superior de Belas Artes no caminho também, podemos ir lá amanha, Gabriel?
- Ai Ricard... – Ty bateu com a mão na testa e passou a mão na cabeça do Ricard como se ele fosse uma criança inocente – Bebe mais um pouco, vai.
- O que foi que eu disse? – perguntou confuso, sem entender minha cara azeda.
- Nada, você só pediu pra ele te levar na escola que a ex dele estuda. Só isso – Ty explicou rindo – Lobão, levanta dessa cadeira agora, vamos lá pro meio. Você ta voltando pra fossa, não vou permitir. Anda, vamos conhecer umas meninas.
- Não estou afim, vão vocês, vou ficar daqui olhando.
- Se você não levantar dessa cadeira eu juro que te dou um soco – ele ameaçou, mas não dei credito, então ele agarrou a gola da minha camisa e me puxou pra cima, me arrastando pelo meio das pessoas – Ricard, Wes, levantem também!
Os dois levantaram depressa, largando os copos vazios na mesa e nos alcançando na pista. Ty e Wes logo puxaram papo com duas meninas e num piscar de olhos estavam dançando com elas. Ricard tentava uma abordagem meio sem jeito e depois de algumas tentativas frustradas, conseguiu engatar em um animado papo com uma menina muito bonita. Resolvi tentar alguma coisa também e já tinha escolhido um alvo, quando senti um dedo cutucar meu ombro com força. Olhei para trás e dei de cara com Mad, de braços cruzados e uma expressão séria, diferente do que estava acostumado, com ela sempre sorrindo. Olhei em volta e nenhum dos garotos estava por perto.
- Oi Mad, tudo bom? – perguntei meio incerto, mas precisava dizer alguma coisa.
- Quer dizer que ainda sou sua namorada e fui traída? Que você me trocou por Gina Weasley? – ela nem respondeu minha pergunta e disparou irritada – Sabe quantas piadinhas tive que ouvir desde que sai de casa hoje? E o pior era que não estava entendendo nada até Dominique me ligar para fazer graça também e me contar o que estava acontecendo!
- Eu não tive nada a ver com isso. Se te serve de consolo, só fiquei sabendo depois que a maioria da escola já tinha lido e não gostei também.
- Não, não serve de consolo e nem apaga tudo que já ouvi hoje!
- Ei, não grita comigo, eu não autorizei essa matéria. Rita Skeeter é maluca e faz o que quer!
- O que está fazendo aqui, afinal? – ela perguntou mal humorada, sem descruzar os braços – Não devia estar na Escandinávia?
- Tenho os finais de semana livres, posso ir aonde eu quiser e isso inclui Paris – respondi no mesmo tom e ela não gostou, mas estava pouco me importando – O mau humor é só por causa da matéria ou está incomodada em me ver aqui?
- Está se achando, não é? – ela falou debochada – Pode andar por onde quiser, não estou nem ai. Com licença, vou voltar pra minha mesa.
Mad virou de costas jogando o cabelo na minha cara, mas agarrei seu braço e a puxei com força pra cima de mim, a beijando. Não sei o que me motivou. Talvez o fato de que por mais que não admitisse, não passava um dia sequer sem pensar nela. E apesar de ter feito aquilo sem pensar na sua reação, ela não tentou me afastar. Soltei seu braço e a segurei pela cintura, enquanto ela me empurrava contra a parede mais próxima, suas mãos bagunçando meus cabelos enquanto caminhava de costas.
- Senti sua falta – ela admitiu quando interrompemos os beijos, seus dedos enroscados no meu cabelo.
- Eu também – respondi a beijando outra vez e a puxando para uma mesa vazia.
- O que exatamente você veio fazer aqui? – ela perguntou quando sentamos na mesa.
- Já disse, temos os finais de semana livres e Ty sugeriu que viéssemos pra cá, já que todos os nossos amigos foram pra casa.
- E como estão as coisas por lá? – ela já não estava mais tão séria e se permitia sorrir um pouco – Como é a vida acadêmica do campeão de Beauxbatons?
- Bastante vigiada – disse rindo e ela riu também – E você? Como está a faculdade?
- Puxada, mas faltam apenas 3 meses para a formatura – ela ergueu as mãos agradecida e ri – Marie e eu estamos enlouquecendo com a monografia, mas vai dar tudo certo. E temos planos de abrir uma galeria.
- Sério? Isso é ótimo, Mad! – falei empolgado e ela sorriu animada.
- Sim, mas isso não vai ser agora, precisa de muito planejamento. Depois que nos formarmos vamos correr atrás disso. E você? Muitos planos para a vida pós-escola?
- Quero conseguir um estágio em um jornal bruxo e também quero fazer jornalismo em uma faculdade trouxa do Brasil. Não abro mão de me formar nos dois mundos, quero me garantir.
- Faz muito bem – ela ainda sorria, mas aos poucos isso foi morrendo e ela me encarou séria outra vez – Isso nunca vai dar certo.
- Isso o que?
- Nós dois. Nunca daria certo.
- E por que não? A gente se gosta, pode dar certo se quisermos.
- Gabriel, nós terminamos por causa da distancia. Não percebeu que isso não mudou? Eu tenho cada vez mais planos aqui em Paris e você já tem sua vida toda planejada no Brasil. Eu não posso manter um relacionamento a distancia, vou acabar magoando você e não quero isso. Quantas vezes brigamos no ano passado?
- Perdi as contas – e acabamos rindo – Não quero perder contato com você.
- Não precisamos perder contato, éramos amigos antes, não é?
- É, mais ou menos, não? – brinquei e ela concordou – Mas acho que podemos começar agora. Prazer, Gabriel – e estendi a mão, sorrindo.
- Madeline, muito prazer. Você não é o campeão de Beauxbatons, que está namorando Gina Weasley? – ela brincou também e rimos.
Apertamos as mãos ainda rindo e passamos o resto da noite conversando como bons amigos. Talvez não fosse exatamente como queríamos que as coisas acontecessem, mas sabíamos que era assim que deveria ser. Daquela vez sentia que havíamos resolvido tudo que havia ficado pendente, sem ressalvas. E em meio à conversa regada a brincadeiras e planos para o futuro, surgiram promessas de amizade e contatos que sabíamos que não seriam mantidos. Não porque não quiséssemos, mas porque sabíamos que com o tempo íamos nos afastar naturalmente. Precisaríamos daquele tempo sem noticias um do outro, pois ainda tínhamos outras coisas para viver antes de nos encontrarmos outra vez.