quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

‘O que você está fazendo aqui?’

‘Você precisa me escutar. Eu posso explicar tudo’

‘Eu vi. Não precisa dizer mais nada. Vai embora daqui! É o meu local de trabalho e eu tenho uma aula para dar agora’

‘Eu não vou sair daqui enquanto você não ouvir o que tenho para dizer. Se precisar, vou dormir neste banco. E se você continuar evitando, eu faço um escândalo na frente dos seus alunos!’

Henri encarou Sophie nervoso, mas ela parecia decidida. Ouviu um estalo no campo de quadribol e deu uma espiada pela porta. Os jogadores do time da Nox, que estavam hospedados em Durmstrang, haviam chegado para o treino.

‘Ok. Podemos conversar depois da minha aula então. Fique aqui na minha sala e quando eles forem embora, resolvemos de uma vez por todas esse assunto. Não saia daqui’ ele repetiu enfático e ela concordou com a cabeça.

O treino correu bem. Apesar de termos só 60 minutos por semana, treinar no castelo de Beauxbatons parecia renovar nossos ânimos aos termos de voltar para a geleira. Quando o professor Henri apitou e sinalizou para que descêssemos, as sete vassouras se inclinaram para o chão.

- Muito bem, time. Vocês foram ótimos! Simone, Edith, parabéns pela sintonia. A dupla de batedores tem que jogar sempre junta, e vocês parecem sincronizadas! Excelente! Augustin, Jean e Eugene, vocês também estão muito bem. Mas aconselho cobrirem todo o campo de quadribol, mesmo quando um de vocês estiver com a posse da goles avançando contra o gol adversário. É importante que pelo menos um de vocês fique na retaguarda para um possível contra-ataque. Charles, cuidado com seu aro da esquerda. Ele ficou muito tempo sozinho enquanto você pendia para o da direita. E Miyako... – ele tirou os olhos da prancheta de anotações, me encarando impressionado – Perfeita captura! Você demorou um pouco para achar o pomo, ele passou perto mais de uma vez, mas quando o visualizou, foi certeira. Seus reflexos para fugir dos balaços também estão bons... Então, acho que não tenho mais nada a acrescentar. O próximo jogo de vocês é na semana logo após as férias de Natal, contra a Lufa-lufa de Hogwarts. Teremos um treino antes, não se preocupem. Ainda não entramos na fase eliminiatória, mas é importante ganharem para fecharem como líderes de sua chave. Se jogarem como hoje, vão ganhar, com certeza! – ele completou animado e os meninos se agitaram. - Alguma pergunta? – como ninguém disse nada, ele sorriu. – Estão dispensados, então. Nos vemos em janeiro.

Simone, Edith, Eugene e Jean se despediram de nós e saíram juntos do campo, de volta para Beauxbatons. Eu, Augustin e Charles tínhamos de esperar mais dez minutos, até nossa chave de portal nos levar diretamente a Durmstrang. Henri terminava de guardar as bolas na caixa e fui ajudá-lo a prender um balaço revoltoso.

- Obrigado. – ele respondeu ofegante quando finalmente conseguimos acorrentá-lo. Sorri sacudindo os ombros. – Então... boas férias. – ele disse sorrindo abertamente. Seus olhos, de um intenso verde, brilharam. Me senti corar. Queria responder alguma coisa descontraída (como sempre), mas não saiu nada além de um aceno com a cabeça e um projeto de sorriso. Ele pegou a caixa e já ameaçava ir para sua sala.
- Você não vai ao Baile amanhã...professor? – Perguntei antes que pudesse segurar.
- Não sei. Fui convidado, mas ainda tenho uns negócios para resolver. Se der, vou.

Nos encaramos mais uns segundos e concordei com a cabeça. Ele se virou e sumiu atrás da porta, alguns segundos depois. Conformada, fui me sentar com os meninos, que comentavam sobre as partidas do torneio e dos diversos jogadores das escolas. Não estava prestando atenção. Ainda faltavam oito minutos, até que nossa chave saísse...

- Olhem! O professor deixou o apito cair. – Charles disse de repente, apontando um apito dourado na grama e se levantando para apanhá-lo. – Ainda temos tempo? Vou lá devolver...
- Deixa que faço isso. Não estava prestando atenção na conversa mesmo. – tomei o apito de sua mão, me levantando de um pulo. Ele me olhou um tanto desconfiado, mas já sai caminhando em direção à sala do professor, no fim do campo.

Já estava com a mão estendida para girar a maçaneta quando ouvi uma voz feminina dentro da sala. Do ponto onde estava não dava para ver Augustin e Charles, então, silenciosamente, me encostei contra a porta para tentar escutar mais alguma coisa.

‘Foi um erro. Ele me beijou e eu me deixei levar. Mas não temos mais nada em comum, só o passado. Acredite em mim. Eu gosto de você!’ a mulher parecia um tanto desesperada quando falou.

‘Desculpe, Sophie. Eu não confio mais em você. Da última vez, também foi assim. Você já me decepcionou o suficiente’ a voz de Henri respondeu, parecendo vacilante.

‘Você não pode terminar tudo comigo. Nós íamos nos casar!’

‘Por isso mesmo. Vamos terminar essa farsa agora, antes que cometamos esse erro. Você não me ama de verdade, e o meu amor por você acabou depois de tantas traições. Vamos terminar por aqui, antes que acabemos por inimigos’ eles ficaram em silêncio alguns segundos e quando Henri recomeçou a falar, parecia decidido ‘Vai embora, por favor? E não volte a me procurar. Muito menos nos meus locais de trabalho...’

‘Não faz isso. Eu...eu te amo. Nunca mais vai acontecer, eu prometo’

‘Sophie, por favor?! Me solta. Sophie...’

Consultei o relógio. Em menos de dois minutos a chave de portal seria ativada. Sem bater, abri a porta de uma vez. Henri tentava se soltar das mãos de uma jovem (que aparentava ter a mesma idade que ele), bem bonita. Os cabelos longos e loiros lhe caíam sobre os ombros, e os olhos azuis estavam avermelhados e molhados de lágrimas. Assustados com minha chegada, Sophie saltou pra trás se virando de costas para mim e Henri parecia pálido.

- Desculpe, professor, mas... você esqueceu seu apito no campo. Vim devolver.
- Miyako, eu...nós...você está aí há muito tempo? O que? Obrigado. – ele ia dizendo aturdido e apanhou o apito de minha mão, se me encarar.
- Tenho que ir. A chave de portal vai sair em 40 segundos...- disse apressada.
- Não, espere, eu...
- Tudo bem, professor. Tenho mesmo que ir! Tchau.

Sem mais uma palavra, corri desabalada de volta ao gramado, onde Augustin e Charles já seguravam uma garrafa vazia e gritavam para me apressar. Quando toquei o dedo na garrafa, senti um puxão de gancho no umbigo e o campo de quadribol sumiu de vista, dando lugar a uma profusão de cores e formas distintas. Não saberia dizer se era o efeito da chave de portal, ou meus pensamentos, mas quando chegamos a Durmstrang, estava tonta.

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O Baile de Inverno já estava correndo há algumas horas. A decoração estava linda e o show das Esquisitonas fazia encher de alunos a pista de dança. Senti meus pés arderem e deixei um pouco a confusão, para descansar na mesa, porém, mal tinha me sentado e Ricard passou como um foguete por mim, agarrando meu braço com força e me arrastando para os jardins. Quando finalmente paramos de correr, ele olhou para os dois lados, tenso, e me encarou ansioso, em seguida.

- Você...precisa...me...ajudar. – ele disse soando desesperado.
- Espero que tenha um bom motivo para ter arrancado quase metade do meu braço. – respondi com rispidez puxando meu braço de suas mãos e massageando. – O que aconteceu?
- Inês! Ela está me perseguindo! Ficou uma hora me enchendo o saco por causa da minha gravata, “que está horrorosa e torta”! Aproveitei que ela foi ao banheiro e fugi, mas ela vai me achar daqui a pouco... Sério, me ajuda a me livrar dela?! Eu estou enlouquecendo! – ri debochada e abri a boca para dizer um “eu te avisei”, mas ele me cortou antes, impaciente. – Já sei, você me avisou. Você e metade de Durmstrang. Eu que sou um burro mesmo... Vai me ajudar ou não?
- Ajudar você como, pode dizer? Quer que eu fale pra ela que está de saco cheio? Quer que eu bata nela?
- Me beija! – ele disse rápido me puxando pra mais perto.
- O quê???
- Agora. Ela está saindo. – estávamos muito próximos e os olhos dele me imploravam. Olhei pra trás, Inês vinha saindo do castelo, procurando Ricard.
- Você me deve essa, escutou? – foi a única coisa que disse antes de puxá-lo pelo pescoço e dar-lhe um beijo longo.

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- Eu nunca vou poder te agradecer o suficiente, Mi. – ele disse aliviado, afrouxando a gravata. Ri.
- Daqui pra frente, só garotas “normais”. Combinado?
- Feito. – ele sorriu. – Bom, agora vou para a Spartacus. Toda essa fuga me deu sono... Se você já quiser voltar para a Avalon, te acompanho.
- Não, vou ficar aqui mais um tempo. Boa noite.
- Boa noite. – ele me deu um beijo no rosto, agradecido, e foi sozinho em direção às Repúblicas.

Pensei em voltar para o Salão Principal e aproveitar o restante do show mas, quando virei as costas, meu coração deu um solavanco. Parado atrás de mim, parecendo apreensivo, estava o professor Henri.

- Podemos conversar, Miyako? – ele perguntou sem rodeios e concordei com a cabeça. Caminhamos em silêncio até o lago. – Sobre ontem...
- Não precisa se explicar. Eu garanto que por mim, ninguém vai ficar sabendo do que aconteceu. – disse séria o encarando e ele pareceu se relaxar um pouco.
- Obrigado. Mas mesmo assim, eu acho que ainda te devo explicações... Aquela é Sophie, minha ex-noiva. Ela não aceita o fim do relacionamento e foi a Beauxbatons ontem, pedindo que eu reconsiderasse. Eu posso garantir que não vai acontecer novamente. – ele frisou cada palavra.
- Professor... é sério. Eu já até esqueci o que aconteceu.
- Henri. – ele disse enérgico. – Me chame de Henri, pelo menos quando eu não estiver te dando aulas... Ou Tiago, se preferir.
- Tiago? – perguntei esquecendo todo o assunto anterior e me divertindo internamente.
- É o meu primeiro nome. Só me conhecem como Henri, por causa do time... Parecia mais “francês”, entende? Por que está rindo? – ele perguntou sorrindo também, curioso.
- Nada... é só que... parece que eu já li essa história uma vez. – comentei mais para mim mesma e ele pareceu ainda mais confuso. Ao longe, vi Inês saindo de mãos dadas com Derek, parecendo se divertir. Balancei a cabeça, rindo. – Esquece, ok? Estou pensando alto. Quanto à Sophie e à conversa, esquece isso também. Quero dizer, espero que vocês tenham se acertado e...
- Não. Acabou. Tudo o que mais quero é apagar tudo o que aconteceu. Só que fiquei preocupado, afinal, aquele é o meu local de trabalho. Não queria que você pensasse que estava confundindo as coisas.
- Não pensei nada disso, não precisa se preocupar. – apressei em dizer, me sentindo tão leve que poderia voar. - Se para nós dois esse assunto está morto, então vamos enterrá-lo e conversarmos sobre outras coisas. – sugeri depressa e ele concordou, animando-se.
- Gelado aqui, não é? – comentou e rimos, nos acomodando em um banco.

Aos poucos, eu me sentia mais à vontade e ficamos conversando na beira do lago até uma multidão de estudantes sair do castelo comentando animadamente sobre o Baile de Inverno. Baile este, que eu nunca mais me esqueceria...

With each word your tenderness grows
Tearing my fear apart
And that laugh, wrinkles your nose
Touches my foolish heart

Lovely!
Never ever change
Keep that breathless charm
Won’t you please arrange it, cause I love you
Just the way you look tonight

Frank Sinatra – The way you look tonight

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Uma semana antes do Baile de Inverno

- Aquelas garotas estão olhando para cá, Kam. – Luna falou enquanto andávamos de mãos dadas. Nós estávamos voltando para as repúblicas ao final de mais um dia de aula.

- Que garotas?

- Você sabe de quais eu estou falando. – Ela me lançou um olhar risonho, mas severo. – Não só elas, outras também já ficaram nos encarando o tempo todo. Desde que foi anunciado o baile. Acho que todas as garotas já nos olharam, para ser mais exata.

- Deixa elas, devem estar apenas comentando que já somos um par. – Falei sorrindo, dando de ombros, tentando mudar o assunto.

- Elas estão cochichando. E sempre estão cochichando...Kam, me responde com sinceridade?

- Sim, pode perguntar.

- Você pode ouvi-las, certo?

- Sim... – Respondi cauteloso, enquanto beijava sua testa. – Por que?

- O que elas estão falando? – Ela perguntou, inquisitiva, e eu engoli em seco.

- Sobre as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas.

- Não adianta tentar mentir pra mim, Kam, você não consegue. – Ela sorriu e o sorriso derrubou minhas defesas.

- Elas estão falando coisas...

- Que coisas? – Ela perguntou, me fazendo parar ao lado de uma árvore. A Luna sabe ser inquisitiva e persuasiva quando quer, e no momento estava usando toda sua habilidade. Eu me recostei na árvore, enquanto ela se abraçava a mim e me olhava nos olhos.

- Ah, coisas...

- Quais? Me diga, por favor, Kam.

- São coisas comuns, banais.

- É sobre a gente, não? Me conta. – Ela falou me dirigindo um olhar calmo e sereno, derrubando minhas últimas defesas. Era incrível como um bruxo adulto não conseguiria me derrubar, mas uma garota que batia em meus ombros conseguia...

- São idiotices, você não precisa ouvir.

- Eu quero ouvir. – Ela comandou.

- Você não vai gostar...

- Eu agüento...Vamos me conta? – Ela pediu enquanto ficava na ponta dos pés para me beijar. Eu suspirei e olhei para as garotas, depois olhando de volta para Luna. Eram três garotas e elas falavam de nós, eu podia ouvir com perfeição. Eu suspirei novamente e olhei para o chão, enquanto repetia o elas diziam.

“Olha só, é um dos Chronos, aquele é o Seth não é? Ele é lindo!!”

“Um gato. Os dois são, e a família deles é poderosa, são um ótimo partido.”

“Só não entendo porque ele está com aquela garota. Ela é esquisita, estranha. Ele devia estar com uma garota à altura”.– Direcionei um olhar rápido para Luna, já com raiva, porém ela não reagiu de forma alguma.

“Se eu tivesse um minuto com ele mostrava o que era uma garota de verdade”.

“Tenta convidar ele pro baile? Vai que ele aceita?”

“Melhor, vai que no baile ele a larga e vem ficar com uma de nós.”

- Já chega. – Foi minha vez de comandar. Luna olhou pra mim e sorriu.

- Viu, não agüentei?

- Não sei como você consegue. Eu queria voar nelas.

- Não precisa, meu querido, confio em você. Vamos então? – Ela falou me puxando pela mão, eu suspirei aliviado e a beijei antes de sairmos da árvore. Porém, assim que contornamos a árvore e ficamos escondidos por ela, Luna sacou minha varinha mais rápido do que eu podia notar e apontou para as três garotas. Ela desferiu feitiços rápidos, todos ilusórios e estuporantes. As três garotas pararam de falar imediatamente e encaravam o nada, quando de repente saíram correndo, como se tivessem visto um fantasma, desmaiando no meio do caminho. Eu fiquei boquiaberto, enquanto Luna sorria, me dava um beijo nos lábios e devolvia a minha varinha.

- É muito bom ter um namorado auror, ele pode usar magia sem se preocupar com represaria, é muito útil. Vamos, Kam? – Ela falou sorrindo, me puxando novamente pela mão. Eu ri e a abracei.

- Você é única. Às vezes acho que deveria ter medo de você me atacar.

- Não precisa. Você não. Agora os outros precisam ter sim. Até parece que vou deixar alguém tocar em meu Kam.

Nós fomos para as Repúblicas e eu ouvia as conversas das pessoas. Parece que as garotas juravam ter visto um trasgo no meio dos jardins, e por isso tentaram correr com medo, mas no meio da fuga, um bando de fadas as atacou, fazendo-as dormir. Eu realmente acho que as pessoas tem que tomar cuidado com a Luna...

Durante o resto da semana, eu tomei o cuidado de evitar que Luna percebesse garotas me olhando, mas sabia que ela notava, então tomava cuidado para que elas não as enfeitiçasse, mas surgiu uma síndrome na escola: diversas garotas iam à ala hospitalar com sintomas de alucinações, seguidas de desmaios. Não tinha como provar, mas achava que era a vingança da Luna...

Baile de Inverno

No dia do baile, algumas garotas um pouco mais desesperadas e corajosas, vieram falar comigo no final das aulas, perguntando se eu iria com elas ao baile. Eu dizia que já tinha namorada e depois passei apenas a ignora-las. Algumas também tentavam com o Griffon, mas ele as recusava também, brincando e desconversando. O pior era quando andávamos eu, ele, Biel e Ty. Biel era o Campeão de Beauxbatons, Ty um imã de garotas e nós os gêmeos favoritos das três escolas, nós quatro atraímos garotas, como doces atraem diabretes, e cabia ao Ty e ao Griffon expulsa-las, pois eu e Biel ficávamos sem graça demais e tentávamos ignorar.

Na noite do baile, combinei de buscar a Luna em sua república, e enquanto aguardava a hora marcada, eu, Griffon, Micah, Ty e Gabriel nos arrumávamos, colocando as roupas formais para o baile. Biel estava nervoso por precisar abrir o baile, e nós não ajudávamos, implicando cada vez mais com ele. Na hora de sairmos, ele já estava vermelho.

- E então, Griff, você vai com quem ao baile? Você se esquivou de todas as garotas possíveis. – Micah perguntou, enquanto ajeitava a gravata de seu irmão Wes.

- Eu vou com a Beatrice, uma das primas do Ty. Já havia combinado com ela.

- Ele ta é fugindo das garotas porque deixou a Emily em Beauxbatons, se não ele tava indo com ela. – Biel devolveu todas as implicâncias de Griffon, deixando-o vermelho.

- Você por acaso pediu a autorização do irmão dela para PENSAR em ir com ela ao baile? – Ty perguntou brincando com ele também.

- Ah entendi porque vai com a Bea, ela sabe que você é comprometido com a Emily! – Falei enquanto ria.

- Ah não encham! – Griffon falou tacando um par de meias em cada um. Todos caíram na gargalhada, até mesmo Griffon, totalmente vermelho.

- Está na hora, vamos todos juntos? – Micah perguntou rindo.

- Tem certeza?! Não tem como adiar não? Não quero abrir aquele baile! – Biel falou, deixando transparecer muito nervosismo na voz.

- Lobão, ninguém vai te morder. No máximo querer pular em você e rir muito caso você tropece no vestido da Mi e caia no chão. E no máximo isso só vai durar por uns 100 anos: o Campeão que caiu na frente de todos no baile! – Griffon falou rindo.

- Muito obrigado, Griffon, me ajudou tanto! – Biel bufou olhando-o azedo.

- Não se preocupe, Lobão, em ultimo caso a gente apaga as luzes! Então ta certo o plano B né? Se Lobão pagar mico nó apagamos todas as luzes! – Ty falou enquanto colocava a mão no ar, para que todos colocassem juntos. Biel foi o ultimo a colocar, ainda meio nervoso. – Um por todos, todos por um! Sempre quis dizer isso! – Ty falou rindo e saímos juntos da República, cada um indo pegar o seu par.

Ty iria buscar a Savanah e Griffon a Beatrice. Eu, Biel, Micah e Wes fomos juntos para Avalon buscar a Luna, Miyako, Evie e Geórgia, pois elas estavam na mesma república e quando chegamos lá, Reno já esperava a Annia, que desceu rapidamente. Reno parecia ainda mais nervoso que o Biel, pois é muito mais tímido e fechado que ele. Evie e Geórgia chegaram logo em seguida e os dois pares foram indo para o castelo, enquanto eu e Biel esperamos por apenas alguns instantes Miyako e Luna estarem prontas, e quando chegaram, nós dois assoviamos baixinho.

Miyako estava maravilhosa e fiz uma reverência para ela, ganhando um sorriso e um tapa leve no braço, mas também um beijo no rosto. Fiz outra reverência diante de Luna, com um sorriso bobo e apaixonado, e beijei sua mão. Ela estava maravilhosa em um vestido longo azul de alças finas, e seus cabelos brilhavam. Ela não usava nenhum amuleto ou coisa do gênero, apenas a meia-lua em seu pescoço, o pingente gêmeo do meu. Ela sorriu para mim e me beijou levemente nos lábios, dando o braço para que eu a levasse. Nós quatro fomos para o castelo juntos, conversando e tentando acalmar o Biel que a cada passo ficava mais roxo. Quando finalmente chegamos ao castelo ele parecia que ia explodir de tão roxo que estava, e piorou quando o diretor chamou ele e Miyako para darem início ao baile.

Eu e Luna procuramos então a mesa onde estavam nossos amigos e a encontramos muito próxima da pista de dança, para ter uma ótima visão de tudo. Rumamos para lá enquanto eu notava algo muito indesejado: os olhares dos garotos. A Luna sempre é belíssima, magnífica, porém em dias comuns os demais parecem não notar isso, e eu nunca havia passado por isso. Porém hoje ela estava deslumbrante, e algo em mim dizia que era uma forma de fazer as outras garotas calarem a boca, o que aconteceu, pois diversas estavam de queixo caído. Os olhares nos acompanhavam e ouvi alguns comentários maldosos de alguns garotos, que foram silenciados ao receber um único olhar meu. Ninguém, ninguém naquela escola, falaria algo indecente de minha namorada, e se pensasse em tentar algo com ela, eu cuidaria para que fosse a última coisa que pensassem. Fui ficando de mau humor a cada passo, pois cada vez mais garotos dirigiam os olhares para Luna, e é claro, diversas garotas brigavam com seus pares.

- Uau!! Luna, você está linda! – Ty comentou, enquanto soltava um assobio baixo e sorria para ela. Ele sorriu para mim também, e quase caiu na gargalhada ao perceber o meu humor. Savanah estava com os olhos arregalados e encarava Luna como se nunca a tivesse visto. Deixei Ty ler minha mente, pedindo nomes de todos aqueles garotos. – Ta bem Seth, eu te dou nome, endereço e ano dos garotos, agora vira esse olhar assassino para longe de mim!

- Vocês atraíram o olhar de metade do baile, a outra metade que não olhou é porque ainda não chegou. – Micah falou rindo, ignorando meu sorriso mortífero.

- Di-Lua, tenho que admitir, você está linda! Parece alguém normal! – Griffon brincou, ao dar a mão para Luna se sentar enquanto eu puxava a cadeira para ela. Eu sentei ao seu lado e lancei um olhar azedo para Griffon.

- Você fica estranho nessas roupas, Griffon. Parece um pingüim! – Luna falou rindo e o som de seu sorriso serviu para me acalmar um pouco.

- Um lindo pingüim, isso com certeza, né meu queridinho? – Beatrice falou enquanto apertava as bochechas de Griffon. – Você atraiu mais gente que o normal, Seth, daqui a pouco o diretor vai pedir para você se retirar, para que as pessoas possam ouvir o que ele tem a dizer.

- Obrigado pelos elogios, Bea. Mas trocaria tudo por menos olhares em NÓS. – Eu falei com entonação a palavra “nós” e todos riram. Luna se inclinou para mim e me beijou por um longo tempo.

- Não se preocupe querido, não troco você por nada. Não precisa ter ciúmes.

- Eu sei que não. Mas é maravilhoso ver os olhos dos outros em você, e praticamente ouvir o que eles estão pensando. – Falei rabugento, lançando um olhar assassino para um garoto que ousou passar perto demais de nós, fazendo-o correr olhando para o teto.

- Bem feito! Quem manda ser bom leglimente?! – Ty brincou comigo, enquanto pegava a mão de Luna. – Senhorita, tem certeza que não troca o vampirão ai por esse escocês lindo?

- Obrigada, Sr. Escocês. Mas meu vampirão é mais bonito. – Luna sorriu e Ty deu de ombros, aceitando a derrota.

Paramos de conversar na hora da ceia, e provei apenas um pouco da comida, pois apesar dela estar muito boa, eu não sinto muita fome. E depois para assistirmos os campeões dançarem. Biel e Annia evitavam a qualquer custo nos olhar, e nós nos segurávamos para não rir, em respeito a eles. Apesar de todo o nervosismo, eles dançarem muito bem, e após os seis terem dançado sozinhos por um tempo, os demais casais levantaram-se e se juntaram a eles. Eu tomei a mão de Luna e a levei para a pista de dança, onde dançamos juntos lentamente. Ela descansou a cabeça em meu ombro e eu mergulhei meu rosto em seus cabelos, suspirando com seu perfume.

- Eu não culpo todos esses garotos, pois você está magnífica, Luna. Mais linda do que o normal.

- E você está muito lindo, Kam. Essas roupas formais caem muito bem em você. E eu te amo, querido.

- Eu também amo você. – Nós terminamos o resto da música lenta nos beijando por um longo tempo, para só depois voltarmos para nossa mesa, onde poucos ainda estavam, pois a maioria ainda estava na pista de dança, agora que As Esquisitonas começaram a tocar músicas mais agitadas.

Eu e Luna fomos para os jardins e nos sentamos em um banco perto de uma roseira, sendo iluminados por fadas vivas. Uma delas pousou em minhas mãos e a entreguei para Luna, que sorriu e a deixou voar novamente. Ficamos um tempo ali namorando e conversando, quando decidi que já era uma boa hora para entregar o presente dela.

- Quero lhe mostrar um lugar especial. Vem comigo.

Ela me deu a mão e a levei para dentro dos jardins, na direção das paredes dos castelos. Quando chegamos onde eu queria, eu a peguei rapidamente no colo e em um único salto alcancei o quarto andar, e continuei pegando impulso, chegando ao local onde eu passava as noite olhando as estrelas. Eu segurei Luna com uma mão só, enquanto com a outra me segurava em uma beirada.

- Feche os olhos. – Eu falei e quando ela o fez, beijei seus olhos e saltei o parapeito, chegando na pequena varanda secreta. – Pode abri-los.

Eu a coloquei no chão, enquanto ela abria os olhos e sorria maravilhada. Eu havia encantado flores para flutuarem pelo local e para que piscassem em dourado. Pendurei azevinhos e outras plantas, formando uma espécie de decoração de natal, havendo inclusive uma pequena árvore iluminada de natal, e ao pé desta, havia um pequeno pacote, que eu me apressei em pegar.

- É para você. – Eu falei sorrindo, e ela pegou o embrulho, notando que era mais pesado do que esperava. Ela o abriu com facilidade e pegou um grosso livro, enquanto um pequeno objeto caia no chão. Ela apanhou o objeto e me olhou sem entender, e eu fiquei um pouco vermelho.

- Eu achei esse livro na biblioteca do clã e quis lhe dar, é um livro muito completo sobre criaturas e plantas antigas e exóticas, há um grande catálogo de plantas que acreditam-se estarem extintas...O que me fez querer dar a você era porque nesse livro há diversos animais e plantas que você conhece, mas todos acreditam ser invenção.

- Obrigada, Kam. E essa chave? – Ela falou, balançando uma chave no ar.

- É para você, se você quiser.

- É óbvio que eu quero, mas é uma chave para o que?

- É para uma casa que eu comprei. – Eu fiquei vermelho e olhava para o chão. – Fica em Devonshire, próximo a antiga casa de minha mãe. É para se um dia você quiser ir morar lá comigo.

- E é claro que eu quero. Quero conhecer esta casa logo! Eu adorei os presentes meu querido. – Ela falou sorrindo, e havia lágrimas em seus olhos, pois eu sabia que ela desejava uma família, não agora, mas desejava. Ela me abraçou com força e me beijou. – Agora o seu presente.

Ela falou enquanto abria sua bolsa, e de lá tirava um grande pacote embrulhado em um papel multi-colorido, com desenhos de diabretes. Eu ri e peguei o pacote, abrindo-o em seguida. Lágrimas vieram aos meus olhos, pois eram fotos nossas, organizadas em um álbum. Em cada foto havia a data e o local, assim como uma pequena anotação. Havia fotos de nós dois quando estudávamos em Hogwarts, quando começamos a namorar, no Egito...Uma foto do sorriso dela, que eu adorava...E por ultimo vinha uma pintura feita por ela, de nós dois abraçados, com a lua em nossas costas. Eu deixei as lágrimas saírem a vontade e a puxei para um beijo demorado.

- E isso, é chave para meu coração. – Eu falei mostrando o álbum, beijando-a novamente. – E ele é somente seu.

- Meu coração também é seu, Kam, sempre foi. Olha os azevinhos estão se movendo! Isso é um bom sinal. – Ela falou apontando o azevinho sob nossas cabeças e se pendurando em meu pescoço.

Havia comida naquela pequena varanda, pois eu pretendia que fosse um picnic a luz das estrelas, mas logo esquecemos disso, pois nos deitamos no chão, olhando as estrelas. Ela deitou em meu braço, próximo a mim, e o controle que eu treinei por anos me salvou de não querer ataca-la, ali. Ela parecia saber disso, e se debruçou sobre mim, deitando a cabeça em meu peito, soltando minha gravata. Eu suspirei, e não agüentei mais, puxando-a para cima de mim, enquanto me sentava com ela em meu colo. Ela sorriu ingenuamente enquanto me beijava e acariciava meu pescoço.

- Eu amo você, Luna Lovegood, e quero passar toda minha vida com você.

- E eu te amo, Seth Kamui Capter Chronos, e quero ficar ao seu lado sempre. Vou te ajudar em tudo que precisar, e juntos lutaremos contra qualquer diabrete. – Ela sorriu pra mim, como se para apagar minhas ultimas preocupações. Ela me deitou novamente, e pela primeira vez, sob a luz das estrelas, fomos um só.orrendo, como se tivessem visto um fantasma, desmaiando no meio do caminho, chamando a atenç.

sábado, 20 de dezembro de 2008

O baile de inverno rolava animado e foi muito legal ver Reno, Gabriel e Gina junto com seus pares sendo o centro das atenções na hora de abrir o baile. Annia que era o par do Reno queria sumir num buraco no chão e Gabriel cavaria o buraco rapidamente e iria junto se tivesse chance rsrs.
John chegou atrasado e depois de se desculpar com Julianne, ele sinalizou que queria conversar comigo em particular. Nos afastamos por alguns minutos e ele me explicou o motivo do atraso e isso me deixou surpreso e depois irritado. Mas eu não iria fazer nada que atrapalhasse a festa, afinal era um baile de um Torneio Tribruxo, quem estragaria isso?

O conhecimento te traz poder... E o poder te ajuda a decidir entre o certo e o errado para a sua vida com responsabilidade...

Lembrava das palavras de tio Lu, durante o treinamento das férias, enquanto dançava com Martina e Kay, logo Griffon e Batrice se juntaram a nós no salão. Griffon era meu parceiro no treinamento para auror e inominável, e conseguíamos nos comunicar através da Legilimência. Ele percebeu que havia algo me preocupando e abri minha mente para que ele lesse os meus pensamentos, enquanto riamos para as garotas sem perder o ritmo:

- O que aconteceu?
- Savie mentiu sobre o bebê!
- HÁ! Sabia que tinha coisa estranha nisso. Tem certeza?
- A poção que tomo para dormir impede que eu engravide alguém. John me contou.
- Criação do Riven?
- Sim.
- Huh! Ele é bom. O que vai fazer?
- Abrir o jogo e ser livre
. - e perdemos o contato visual por uns segundos enquanto girávamos as garotas. Quando nos encaramos novamente, ele disse:
- Fico aliviado Ty.- e Griff sorriu.
- Eu também!

No final da dança, as pessoas bateram palmas e Savannah marchou até a pista e me puxou pelo braço, me afastei jogando beijos para Martina e Kay. Como era o final da festa, começamos a voltar para as repúblicas. Ela bufava e eu a olhava friamente.
- O que você achou que fazia lá Ty? Queria me humilhar na frente de todo mundo?
- Como é sensação de se sentir enganado Savie?- perguntei devagar.
- Como?
- Eu sei de tudo. Só quero entender porque você fez isso.
- O que foi que eu fiz?
- Esta gravidez...Porque fez isso comigo?
- Como assim? Nós ficamos juntos e eu acabei ficando grávida.
- Porque você disse que o filho era meu?
- Porque é seu, Ty. Já conversamos sobre isso.
- Este filho não é meu Savannah.
- Claro, que é. Você acha que eu me enganaria com uma coisa destas??
- Não pode ser meu, porque eu tomo precauções extras.
- Você está mentindo para me irritar...
- Não estou. Sem saber eu tomo uma poção contraceptiva. Portanto este filho não é meu.
- Eu juro que ele é seu Ty...- notei o pânico em sua voz, e ali eu tive total certeza de que ela mentia.
- Jura? Então vou te perguntar uma coisa: Você já olhou para as minhas costas?
- Sim, claro. Isso não é importante...
- Eu que decido isso. O que você viu Savie?
- Vi que você tem algumas cicatrizes, você disse que era de umas quedas que teve quando pequeno.
- Nem todas são. Lembra de uma mancha irregular? Parece um mapa.
- Sim, o que isso tem a ver conosco?
- Sabe... Todos os McGregor tem uma mancha daquelas quando nascem, e é igual em todos nós. É a nossa marca de família. O bebê que você espera vai ter a marca também?- ela começou a ficar pálida e disse:
- Não sei o que andaram falando a você, mas o bebê é seu...
- Pare de mentir Savannah. Olha bem para mim e fale a verdade, pelo menos uma vez: este filho é meu?
- Eu te amo Ty. - e ela tentou me abraçar e eu segurei seus braços e a afastei.
- Nunca mais ouse me tocar, se você me vir numa calçada, desvie, não tente se aproximar de mim ou de qualquer um da minha família. Eu estaria no meu direito de fazer um escândalo, mas não vou fazer isso. Vou escrever ao seu pai avisando que nosso noivado acabou.
- Você não pode terminar comigo. Meu pai vai me matar...
- Isso não é problema meu. Só queria entender porque você fez isso.- Porque eu te amo, nós temos que ficar juntos. Meu pai vai me expulsar...
- Procure o pai do seu filho, faça-o assumir a responsabilidade.
- Ty eu te amo, faço o que você quiser, você pode me bater para aplacar sua raiva, mas não me abandone...- disse puxando minha camisa.
- Saia da minha frente e me esquece. - comecei a me virar quando lembrei de uma coisa.
- O anel. - e estiquei a mão, esperando.
- Este anel é meu, você me deu...- disse derramando lágrimas que não me comoviam mais.
- Dei, porque você ia ter o ‘meu’ filho. Tenha um pouco de dignidade e o devolva, como já disse antes: dinheiro não nasce em árvores. - e ela tirou o anel do dedo entregando-o a mim. Coloquei-o no bolso e fui para a Spartacus, ficar com meus amigos.
Durante o caminho eu sentia o cheiro limpo da neve e o achava maravilhoso. Eu estava livre.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

ENSAIO PARA A ABERTURA DO BAILE DE INVERNO
Os campeões do Torneio Tribruxo, acompanhados de seus pares, deverão comparecer ao teatro da escola as terças e quartas, 20hs, em virtude dos ensaios para a abertura do Baile de Inverno. Qualquer aula nesse horário está temporariamente suspensa aos campeões e seus pares.

Igor Ivanovich
Diretor



O sinal já tinha tocado e a maioria da turma já saia da sala de DCAT, mas eu continuei parado em frente ao mural de recados. Os ensaios começariam naquela noite e ainda não tinha um par. Era uma tarefa simples para os meus amigos, mas pra mim era mais complicada do que aparentava. Não havia ninguém em mente que quisesse convidar e nem sabia como faria, caso surgisse alguém. Talvez fosse sozinho para o ensaio e um milagre acontecesse.

Resolvi deixar o aviso para trás e ir almoçar, afinal, ainda tinha uma tarde inteira e talvez achasse a solução. E fiquei muito satisfeito em saber que não era o único desconfortável com aquela situação. Gina, mesmo tendo namorado, não estava nem um pouco animada com a perspectiva de ensaiar passos de dança com o Harry. Chegou irritada no salão principal quando ele já estava quase vazio e abriu espaço entre eu e uma garota de Durmstrang que não conhecia, sem nem pedir licença. A menina olhou irritada para ela e saiu. Miyako riu do meu lado.

- Problemas? – perguntei tentando não rir, pois já sabia o motivo do mau humor
- Harry me escreveu de volta – disse amassando um pedaço de pergaminho e queimando com a varinha – Usou apenas três palavras: Eu não danço.
- E o que vai fazer? Deixar ele de fora do baile?
- Respondi que então ia convidar outro garoto, têm muitos aqui doidos para acompanhar a campeã de Hogwarts.
- E quem você vai convidar?
- Ninguém, ele vai estar aqui às 20h hoje, quer apostar?
- Não posso perder galeões, obrigado.
- E você? Já tem par? – perguntou enquanto se servia
- Claro que não! – Miyako respondeu por mim – E acho que você espantou a última que estava tentando ser convidada – e as duas riram
- Eu não ia convidar aquela menina, nem sei quem ela é! – me defendi
- Ele é muito medroso pra convidar alguém – Miyako completou
- Obrigado – respondi azedo e elas riram – Não é tão simples assim, ok? Elas ficam me cercando e eu não gosto disso. Não quero escolher ninguém porque estou sendo pressionado.
- Gabriel, você tinha uma namorada! – Miyako falou indignada – Como pode ter namorado e ainda não saber chegar numa garota? Como você arrumou uma namorada então?
- Eu sei lá, só meio que aconteceu! – disse desesperado e elas caíram para trás no banco, rindo – Isso, podem rir, eu mereço.
- É um caso perdido – Gina balançou a cabeça e elas riram mais ainda
- Se você quiser, eu vou com você, Biel – Miyako parou de rir e sentou direito outra vez.
- Não precisa, não quero atrapalhar você com ninguém.
- Me atrapalhar com quem? Um pingüim? – disse rindo – Os garotos legais daqui são comprometidos, só sobraram os chatos, o que explica não terem namorada...
- Tem certeza que não se importa em me acompanhar?
- Claro que não! Vou adorar ver a cara azeda das meninas se perguntando o que eu tenho que elas não têm – disse convencida e rimos
- Ok então, você é meu par pro baile – estendi a mão e ela apertou – 20hs hoje no teatro, temos um ensaio.
- E que comece o mico de natal! – Gina disse animada e continuamos almoçando, sem tocar mais no assunto de baile.

ººº

Às 20hs em ponto Gina, Miyako e eu já estávamos no corredor que dava acesso ao teatro, e não foi surpresa nenhuma nos depararmos com Harry em pé na porta, esperando a namorada chegar. Ela olhou pra mim rindo e foi ao encontro dele. Logo depois Reno apareceu com Annia do lado e o professor de artes e a de Literatura chegaram, abrindo a porta e mandando que entrássemos. Era unânime o clima de desconforto que pairava no ar. Vi uma vitrola velha em cima de uma mesa e o palco estava todo limpo, com espaço de sobra para nos movimentarmos. Ele pegou um disco e colocou na vitrola, indicando o palco para subirmos.

- Muito bem, vamos começar com algumas informações – o professor subiu no palco com a outra professora e parou na nossa frente – Primeiro: de nada vai adiantar vocês reclamarem que a música é antiquada e a dança é “pagação de mico”, pois é essa música e essa dança que são tradição do Torneio Tribruxo e são elas que vocês terão que dançar. – nos olhamos já preocupados, mas ele nem deixou que interrompêssemos – Segundo: Vocês seis irão abrir o baile sozinhos. Quando der a hora, as portas do salão se abrirão e vocês entrarão com seus pares em frente a toda a escola sim. O campeão de Durmstrang, por ser o anfitrião, irá à frente. Depois Hogwarts e Beauxbatons. – suspirei aliviado do lado da Miyako e ela riu – E terceiro e último: não faltem a nenhuma aula, pois se na hora não souberem os passos, aí sim vai ser uma “pagação de mico geral”. – e acabamos rindo da entonação dele, tentando nos imitar. – Agora vamos começar! Vou soltar a música e vocês façam o que eu e Mira fizermos, ok?

Assentimos com a cabeça e nos posicionamos no palco, cada um com seu par. Ele ligou a vitrola e juro que saiu poeira da letra da música. Começamos a rir na mesma hora, mas ele olhou sério e paramos, tentando acompanhar os passos que eles faziam. Lembrei na hora dos filmes que tio Scott gosta de assistir de vez em quando, de séculos passados. Estava me sentindo, além de um idiota, um idiota com roupa de babado dançando na frente da corte em um baile no palácio real. Mas ao menos estava conseguindo acompanhar um pouco melhor que os outros, e Miyako também, o que facilitou bastante. Reno estava indo rápido demais e Annia ficava dando bronca para ele diminuir o ritmo e Harry pisava no pé da Gina o tempo todo, pedindo desculpa de 5 em 5 segundos.

Já era quase 21hs quando ele nos liberou, lembrando que deveríamos voltar no dia seguinte, e caminhamos de volta para as repúblicas enquanto Gina acompanhava Harry até o portão para que ele desaparatasse. Ficamos do lado de fora das republicas um tempo ainda, comentando do ensaio e rindo da dança da época das nossas bisavós. Não tinha jeito, íamos ter que dançar aquilo na frente da escola inteira, mas ao menos uma coisa ninguém pode negar: mesmo rindo das nossas caras, todos queriam estar no nosso lugar, abrindo o baile como um dos campeões do Torneio Tribruxo.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

-...Meu pai não ficou contente com este seu casamento. - Luka disse baixo, para Savie, estavam num beco escuro próximo das repúblicas.
- Não daria certo entre nós Luka, eu gosto do Ty.
- O que te levou a ele? O dinheiro?
- Não seja grosseiro...
- Savannah, sou eu. Não sou como aquele otário, não precisa fingir. Aliás, ele sabe que você me procurou alguns dias depois do casamento da Irina??
- Como ousa?
- Ele não sabe sobre nós? Não é? Bem... Acho que vou dividir segredos com ele...
- Você não pode falar nada sobre o que aconteceu...Você tem mais a perder do que eu.
- Não posso? Porque você acha isso??- ele perguntou presunçoso.
- Porque não sou eu que tenho usado Amortentia, quando quero segurar a Ludmilla ao meu lado.
- Você é louca...- ele disse tentando rir e ela respondeu:
- Pode ser, mas se você disser alguma coisa ao Ty, pode pegar seu ursinho para ir dormir em Azkaban com sua irmãzinha. Ou você acha que eu não percebi que ela também usou uma poção proibida com o marido? Tsc, tsc... Aqueles irmãos devem ter mel, para vocês se arriscarem tanto assim.
- Não sei porque meu pai queria que eu me casasse com você...
- Talvez porque eu seja mais inteligente do que pareço, e já que eu sou, tome cuidado com o que fala Luka. Não tente me prejudicar se quiser continuar a viver livre neste fim de mundo.
- Sabe...Eu te odeio garota, você não vale nada.
- Acho o mesmo de você. E uma observação: você é péssimo. Devia pegar algumas dicas com o Ty, ele sabe como tratar uma garota, talvez Ludmilla se apaixonasse por você de verdade.
E ela o deixou lá sozinho, com tanto ódio que ele queria bater em alguma coisa, talvez ele encontrasse alguém para descarregar a raiva
.


Com tudo que estava acontecendo na escola e na minha vida nas últimas semanas, era de se estranhar que eu ainda soubesse o meu nome sem vacilar.
Todos os dias da semana eram ocupados por aulas extras, treinos de quadribol, pois teríamos um campeonato intereescolar e cada jogador queria mostrar seu potencial, e como se eu não tivesse quase nada para fazer, eu acabei pedindo para o professor de Artes me deixar voltar a ser baterista da banda da escola. E mesmo com todas a atividades, ainda havia tempo para saber das novidades que rolavam na geleira. E no meu caso eu acabava ouvindo as coisas com duas versões: a versão de Savie e suas amigas Inês e Hannah, bem tendenciosa, diga-se de passagem, e a versão real na voz dos meus amigos. Com o anúncio do baile de Inverno, mais um drama havia sido acrescentado à nossa rotina: os que estavam sozinhos iriam com quem?? Claro, que eu já sabia todas as cores de prováveis vestidos que Savie poderia usar e a óbvia mudança de planos. Toda vez que ela falava alguma coisa envolvendo roupas, eu me desligava e só balançava a cabeça concordando. Reno tinha seus problemas também, porque toda vez que uma garota tentava se aproximar, ele olhava feio, e algumas até saiam ofendidas com o jeito ríspido dele. Gina tinha namorado, era mais fácil e Gabriel...Bem o Lobão, embora o segundo mais rápido na realização da tarefa tinha algumas limitações. Ele era tímido.
Eu e Micah até oferecemos de ajudar Gabriel com o seu par. Faríamos um leilão, e ele iria com quem pagasse mais pelo privilégio de ir ao baile com o campeão de Beauxbatons, simples assim, mas ele não achou isso muito engraçado, então nos divertíamos vendo-o sendo abordado pelos tipos mais estranhos. E olha que eu achei que já tinha visto de tudo. Só faltou algum garoto convidá-lo para ser seu par, mas se isso tivesse ocorrido, Gabriel seria desclassificado do torneio, porque teria havido morte. Pelo menos até o baile, este problema seria resolvido enquanto outros...

-o-o-o-o-

- 400pessoas, Savannah?? O que é isso? Copa Mundial e eu num tô sabendo?
- Não precisa gritar Ty...
- Não estou gritando. Você disse que nosso casamento seria uma festa íntima...
- Mas papai tem muitos convidados...
- Não se trata do que o seu pai quer. O casamento é nosso e eu digo que esta lista vai ser reduzida. Somente a família e amigos próximos...
- Mas você quer convidar as pessoas daqui...E tem os esquisitos...Não fica bem convidar um lobisomem para um casamento...E os vampiros?? Vou ter que colocar no convite: protejam seus pescoços para não virarem aperitivo?
- São amigos de minha família e eles não gostam de sangue ralo, que é o que muito convidados seus tem. E Gabriel é um dos meus padrinhos, aceite isso.
E quem é este Rosmanov? E este LeFevre??
- Rosmanov, Ministro da Transilvânia, Inês diz que ele é muito importante. E LeFevre, é o mais cotado para a presidência da Suprema Corte bruxa...
- Não quero saber dos amigos desta Inês. Não conheço este cara, não me interessa se ele vai ganhar na loteria. SE não sei quem é, está fora.
- Não precisa falar assim Ty. Vou rever a lista e cortar algumas pessoas...
- Me dá isso aqui...- peguei a lista e comecei a riscar tudo, deixando apenas os parentes e amigos muito próximos.
- Pronto! Esta é a lista, não coloque mais ninguém sem minha aprovação...
- Você disse que eu podia cuidar do casamento...
- Isso foi antes de você querer tornar este casamento um espetáculo, e isso às custas de minha família...
- Mas você é rico, e nosso casamento é uma ocasião feliz...
- Dinheiro não dá em arvores, nós trabalhamos para tê-lo, e o fato de eu ter recebido uma herança, não me isenta de ter que trabalhar.
Ela fez beicinho e queria chorar, e eu não estava com muita paciência e soltei logo:
- Pára de chorar, você vai ficar com a cara inchada e de pálpebras caídas. - e ela prendeu o choro. Que bom que cresci numa casa cheia de mulheres e aprendi alguns truques.
Acho que Savie percebeu que eu não estava de muito bom humor e deixou o assunto morrer. Passei o resto da noite ouvindo-a falar do enxoval que os pais dela estavam fazendo para ela. Em dado momento, deitei no colo dela e enquanto ela falava e passava a mão nos meus cabelos, eu adormeci. Finalmente algum tempo de silêncio.

-o-o-o-o-o

- Annia porque você terminou com o John? O que foi que ele fez?- perguntou Vina, durante o café da manhã e enquanto eu me sentava na mesa, e puxava uns pães frios pro meu lado e esperava a resposta da Annia.
- Terminei porque ele não me entende, oras. - ela respondeu evasiva.
- Annia acha que o John devia falar mal da namorada do papai tigrão, e ele se recusa a isso. - respondi e Annia rosnou.
- Aquela mulher não serve para o meu pai. É uma aventureira...E John ficou todo alegrinho em ficar perto dela, então que ele fique com ela, já que a acha tão legal.
- Você terminou com ele só por isso? E o baile? Quer dizer, você corre o risco de ser convidada por algum bobão. - disse Milla e Evie completou:
- E se o seu pai resolveu namorar isso é um problema dele, você não devia descontar no John. Porque acho que tem mais coisa ai? - e vi os olhos de Annia se estreitarem, ela estava de mau humor.
Antes que eu comentasse mais alguma coisa, senti dois pares de mãos, cobrirem meus olhos e vozes conhecidas falarem no meu ouvido:
- Olá bonitão! Sentiu saudades nossas?- gargalhei reconhecendo as vozes e meus olhos foram descobertos:
- O que vocês fazem aqui, garotas? - perguntei para as gêmeas Julianne e Beatrice Sheridan, sobrinhas de meu padrasto e o motivo de deixar as garotas de Durmstrang com o pé atrás, depois que elas olharam para os garotos da mesa e exibiram sorrisos de aprovação, em reconhecer alguns dos meus amigos. Gina e Miyako acenaram para elas alegremente e Ricard já tinha as orelhas vermelhas, que Vina estava prestes a torcer.
- Mamãe nos transferiu para cá, porque precisávamos de disciplina. - respondeu J. e B. completou:
- Na verdade, nós queríamos estar perto da agitação que é o torneio Tribruxo, e como fomos expulsas da outra escola, ela achou que nos mandando para cá estaria nos punindo.
- Vocês foram expulsas porque?- quis saber Ricard doido para receber atenção delas.
- Coisinha à toa. Só explodimos um armário de vassouras...- disse Beatrice e Julianne completou:
- Com o zelador dentro é claro. - e exibiram sorrisos marotos e rimos com elas.
- Realmente é um castigo enorme, estudar aqui. Notou que aqui não tem nem shopping? Como as pessoas daqui se divertem? Pescam em buracos no chão, como os esquimós??- perguntou Julianne.
Eu e os garotos rimos e Evie, Vina, Annia, Nina e Milla, ficaram com caras sérias, prontas pra responder de forma não muito educada, quando Geórgia passou e acenou para elas, rindo de forma meio alucinada, que retribuíram:
- Vejo vocês depois na república, queridas.
- Pode contar conosco Geógie parceira...- respondeu Julianne sorridente.
- Como assim se vêem na república?? Na nossa república??? - perguntou Nina assustada e Beatrice respondeu:
- Sim, vamos ficar na Avalon, não é demais? Temos boas lembranças de lá...
- E chegamos em boa hora, viram que Geórgie anda errando a mão nos estimulantes?? Ela deve ter um fornecedor ruim...Precisamos apresentar o nosso para ela. - disse Julianne e isso bastou para fazer as meninas da Avalon se levantarem e marcharem para fora do salão irritadas. Olhei sério para as duas disse:
- Vocês não deviam provocar assim...
- Mas elas ficam tão engraçadas quando estão nervosas...Nem pensam em filtrar a realidade da zoação. - e riram junto com Miyako e Gina, e se sentaram do meu lado. Não demorou muito tempo, Savie saiu da mesa dela e logo estava perto de nós.
-Ho-ho...Isso vai ficar bom. - disse Griff e as gêmeas olharam para os lados de Savie e a ignoraram.
- Ty preciso falar com você.
- Só um minuto, Savie ainda estou tomando café, o dia vai ser longo. - respondi e Julianne colocou um pedaço de torrada na minha boca para provocar. Savie empinou o queixo e me chamou novamente de forma mais estridente e Julianne disse:
- Vá logo Ty, senão a Miss Coalhada vira queijo. - Savie bufou e antes que começasse uma briga, eu me levantei para sair com ela. Beatrice não deixou de provocar:
- Nos vemos depois TJ querido.- piscaram para mim e logo começaram a conversar com os garotos na mesa. Pelo jeito, as gêmeas Sheridan chegaram pra trazer confusão, só espero sobreviver a isto.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Ter me tornado campeão de Beauxbatons fez com que pessoas que eu nem conhecia passassem a me cumprimentar pelos corredores, mas ter sobrevivido à 1ª tarefa tornava tudo muito maior e mais maluco. Agora além de me cumprimentarem por todo canto, alguns mais empolgados me paravam para perguntar sobre a prova, queriam discutir meu desempenho e o dos outros campeões, e chegar no horário para as aulas começava a se tornar uma missão impossível.

Os professores eram muito diferentes dos de Beauxbatons. Faziam uma verdadeira manobra para conseguir que alunos de três nacionalidades diferentes compreendessem o que estava sendo ensinado, o que acabava deixando as aulas divertidas. Mas nem todas, claro. Transfiguração e Feitiços, matérias que sempre gostei, tornaram-se torturas semanais. Os professores eram os mais rigorosos da escola e não davam moleza. De uma hora pra outra, Minerva McGonagall transformou-se em uma verdadeira fada dando aula. Que saudades dela...

Mas apesar das novidades, tentava me adaptar ao máximo a Durmstrang e não mudar minha rotina. Mesmo competindo no Torneio iria participar do campeonato de quadribol entre as 12 casas, tinha me inscrito na Oficina de Artes para continuar com o teatro e havia conseguido uma vaga de fotógrafo no jornal da escola, depois que a editora-chefe dele, Georgia Yelchin, fez com que o antigo se demitisse. Ela era mandona, tinha uns surtos do nada e gritava com o primeiro que passasse, mas Evie conseguia controlar a maluca e estabelecer a paz. Durmstrang também tinha clubes de todos os tipos, mas não me inscrevi em nenhum além da Oficina de Artes e no Jornal. Seria impossível freqüentar todos, assistir as aulas, comer e dormir. O horário deles era insano e os créditos do jornal e do teatro eram suficientes para passar.

Já havíamos entrado em Dezembro e o frio que já era castigante agora se tornou insuportável. O castelo era muito mal aquecido e mesmo as aulas sendo dentro dele, continuava sentindo frio. Já estávamos no fim de uma aula de Transfiguração e estava sentado no fundo da sala com Ty, Miyako, Griff e Gina. A professora falava muito rápido em búlgaro e só Ty entendia o que ela dizia, nos traduzindo uma coisa ou outra mais importante. O sinal tocou e nos levantamos para sair, mas ela ergueu a mão e todos sentaram outra vez. Ninguém ousava desobedecer àquela mulher, só o olhar dela já seria capaz de nos assassinar.

- Tenho um aviso para passar para a turma e vou dizer uma vez só, em inglês. Quem não entender, peça para algum colega explicar – começou falando em tom enérgico e em inglês, o que agradeci – O Baile de Inverno é uma tradição do Torneio Tribruxo e uma oportunidade para convivermos socialmente com os nossos hóspedes estrangeiros – e indicou os alunos de Beauxbatons e Hogwarts com a mão – O baile só será franqueado aos alunos do quarto ano em diante, embora vocês possam convidar um aluno mais novo se quiserem. O traje é a rigor – continuou a professora – e o baile, no Salão Principal, começará às oito horas e terminará a meia-noite, no dia 23 de Dezembro.

Ela fez uma pausa, tempo necessário para a turma se agitar com conversas sobre o baile, e com um único aceno fez todos se calarem outra vez.

- Tradicionalmente, os campeões abrem o baile com os seus pares.
- Ah droga, tinha esquecido dessa parte – falei abaixando a cabeça
- Eu tinha deletado essa parte da minha mente – Gina gemeu do meu lado
- Ao menos você ainda tem namorado, não precisa procurar um par – resmunguei de volta
- Você não viu o Harry dançando, não é? – ela escorregou na cadeira desanimada. Ri.
- Portanto – ela pigarreou alto, provavelmente por ter nos ouvido falando – aproveitando que temos a ilustre presença de nossos três campeões em sala hoje, os senhores já podem providenciar seus pares. Os ensaios para os campeões e seus acompanhantes começarão duas semanas antes do baile com o professor Ivo. Classe dispensada.

Ela estalou os dedos desviando a atenção para seus livros e a turma inteira levantou. As meninas já estavam animadas pro baile e alguns garotos até já discutiam sobre quem iriam convidar, mas a alegria coletiva não me contagiou. Agora que não tinha mais namorada, não tinha par.

- E ai, lobão? Qual vai ser? – Ty e Griff me cercaram no corredor, apontando para algumas meninas que passavam – Você é o campeão, cara! É só escolher que elas caem no seu colo na hora.
- Não faço a menor idéia – respondi desanimado – Mas uma semana pra conseguir um par é sacanagem. Não devia ter terminado com a Mad...
- Não mesmo, ela era gostosa, cara! – Griff falou indignado e olhei atravessado – O que foi? Era mesmo, não era, Ty?
- Eu não sei de nada... Mas que era, era – Ty respondeu cínico e balancei a cabeça, largando os dois pra trás.

Eles me alcançaram e continuaram falando um monte de bobagens, dando nota para as meninas que cruzavam nosso caminho, aprovando e reprovando algumas para a minha lista de candidatas. Mas embora a narração deles estivesse divertida e até tenha dado risada em alguns momentos, a tarefa seria mais complicada do que já parecia. Acho que estou sentindo falta das criaturas da 1ª tarefa...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

À medida que ia se cansando, o monte parecia se distanciar. Gabriel levantou do chão com dificuldade e corria por cima das pedras usando toda a energia que ainda lhe restava. Já estava próximo quando, mesmo sem ouvir, viu a platéia levar as mãos à cabeça e se agitar. Virou para trás e sentiu um solavanco que o atirou longe. Ajeitou os óculos no rosto e viu um Occami avançar em sua direção. Não deu tempo de reagir. Quando percebeu, já estava sendo arremessado outra vez para cima das pedras. A varinha escapou de sua mão e rolou alguns centímetros de distância. O Occami tornou a avançar para cima dele, mas Gabriel rolou para o lado antes que ele conseguisse atingi-lo outra vez e alcançou a varinha.

- INCARCEROUS! – cordas foram projetadas pela varinha e prenderam o animal, quebrando algumas de suas penas. O Occami se debatia tentando se livrar delas, mas sem sucesso.

O arremesso do Occami acabou o jogando para o pé do monte que devia subir e, prendendo a varinha com os dentes, escalou as pedras soltas até o topo dele. Quando chegou ao topo e viu a arquibancada vibrar, se atirou no chão. Uma sirene ecoou na arena e ele levantou depressa. Tinha um minuto para capturar um pergaminho. Olhou em volta do lugar e não havia sinal de nenhuma criatura, mas uma idéia lhe ocorreu. Pela descrição do guardião do pergaminho, só podia ser um Seminviso. Gabriel ajoelhou perto de algumas pedras que lembravam uma pequena toca, colocou a varinha no chão e estendeu a mão, esperando.

- Ah, aí está você... – disse sorrindo quando segundos depois um animal pequeno coberto por pêlos longos e lisos e com olhos que lembravam os de um macaco apareceu. O pergaminho estava amarrado em uma de suas patas traseiras e Gabriel aproveitou que o bicho cheirava sua mão para desamarrar a corda.

Assim que a corda soltou, outra sirene ecoou na arena e a voz de Fedorovitch anunciava que a prova havia terminado. Os bruxos que cercavam a arena libertavam novamente as criaturas e Gabriel agora ouvia o barulho ensurdecedor que vinha das arquibancadas. Era como se estivesse em um jogo da Copa Mundial de Quadribol. Uma passagem apertada se revelou no alto do monte e o diretor de Durmstrang o puxou para dentro. Madame Maxime apareceu correndo e, muito empolgada, lhe deu um tapa forte nas costas.

- Parabéns, Gabriel! Foi excelente! – ele notou que embora animada, sua mão tremia levemente
- Obrigada, diretora – disse tentando não fazer careta pela dor que sentia causada pelo tapa.
- Saiam, por favor! – uma mulher com roupa de enfermeira abriu caminho entre os professores e puxou Gabriel – Ele precisa de curativos, saiam do meu caminho!

A mulher o empurrou sem delicadeza em uma maca e começou a limpar os cortes causados pelas pedras. Ela passava um algodão com um liquido de cor verde que ardia mais que tudo no mundo. Gabriel ainda tentou se esquivar, mas ela o puxava de volta. Ele ouviu o apito soar outra vez e sabia que Gina estava entrando na arena.

- Posso ir agora? – perguntou ansioso
- Não! Sente quieto um minuto. SENTE-SE! – berrou quando ele não obedeceu e Gabriel sentou outra vez – Espere só mais um minuto, depois pode ir!
- GABRIEL! – ele ouviu uma voz bem conhecida gritar dentro da tenda e segundos depois estava sendo sufocado contra uma blusa azul
- Oi mãe... – respondeu com a voz abafada pelo abraço – Está me enforcando.
- Ai, desculpa! – Louise o soltou e tinha lágrimas nos olhos. Segurou sua cabeça com força – Você está bem? Se machucou muito? O que a enfermeira te deu?
- Eu to bem, calma. Ela só passou um treco ardido e disse que já voltava
- É um absurdo, como colocam criaturas como essas na arena?? – ela reclamava indignada e Gabriel revirou os olhos – Um dementador foi o fim da picada! E se a sua lembrança não fosse o bastante e ele pegasse você? Não daria tempo de fazer nada!
- Minha lembrança era ótima, eu sabia que ia conseguir. Pensei em quando levei você até o altar e entreguei ao meu pai – disse um pouco sem graça
- Ah, meu bebê! – Louise agarrou o filho e o abraçou apertado – Não sabe como fico feliz em saber que essa é a sua lembrança mais feliz – ele sorriu menos sem graça
- Ver você feliz é o que me faz feliz – disse sem se soltar do abraço e ela beijou sua testa – Quem veio com você? Meu pai veio? E o tio Scott?
- Estão todos lá fora assistindo as outras provas. Veio todo mundo, sua torcida é imensa. Só a Clara não veio, deixei-a com a Susan. Mas prometo trazer na 3ª tarefa.
- Imaginei mesmo que não fosse trazer ela dessa vez, muito nova ainda – disse rindo e se levantou olhando ao redor – Cadê a enfermeira? Quero assistir a prova da Gina antes que acabe!
- Sente-se! – ele a ouviu berrar de novo

A enfermeira estava de volta com uma poção fedorenta, que ele foi forçado a beber. Depois saiu apressado da maca e correu com a mãe até a bancada onde estava a diretora, para assistir a prova de Gina e Reno. A ruiva já havia derrubado o Occami, mas enfrentava dificuldade para passar pelo Erumpente. Usou um feitiço complicado que resultou no bicho ficando ainda mais enfurecido e foi preciso a intervenção dos monitores para que ele não a machucasse muito. O dementador foi o alvo mais fácil para a garota e também não enfrentou dificuldades em passar pelo Farosutil. Gabriel sabia que ela havia sido mais rápida que ele, mesmo tendo tido problemas com o Erumpente. E também não teve dificuldades em capturar o pergaminho. Demorou um pouco mais, mas conseguiu antes dos 60 segundos esgotarem.

A arquibancada vibrou quando a garota saiu com o pergaminho na mão e Reno entrou na arena minutos depois. Quem estava lá dentro não ouvia a algazarra das arquibancadas para não assustar os animais e os que estavam de fora não ouviam os feitiços e urros dentro da arena, apenas os movimentos mudos dos campeões e criaturas mágicas. Gina logo se juntou a Gabriel na bancada e assistiram a prova de Reno juntos. O campeão de Durmstrang foi o que mais se atrapalhou. Lançava feitiços rápidos e eficazes, mas nem todos surtiam o efeito desejado. Quase foi esmagado pelo Erumpente e o Farosutil chegou a se enroscar em toda sua perna e parte da cintura, mas ele conseguiu se livrar da serpente com eficiência. Mas não enfrentou dificuldades com o dementador e o Occami. Fez o percurso no pior tempo dos três e alcançou o monte já esgotado. E talvez por estar muito cansado, não teve paciência de encontrar o animal. Começou a lançar feitiços de revelação para todos os lados e quanto mais nervoso ele ficava, mais tinha dificuldade em encontrar o Seminviso. Faltavam menos de 10 segundos para terminar o prazo quando o bicho se revelou e Reno aproveitou o segundo de fraqueza para se atirar em cima dele, arrancando o pergaminho de sua pata com violência.

A arquibancada voltou a gritar e comemorar e Reno saiu de braços erguidos, saudando a torcida. Os cinco juízes discutiam entre si e os três campeões desceram para a arena, agora vazia, para aguardar as notas. Pareceu levar uma eternidade, mas os juízes finalmente chegaram a um consenso. Gina ficou em 1º lugar, seguida por Gabriel por pouquíssimos pontos de diferente e Reno, com uma distância muito grande para a primeira colocada. O garoto rosnou alguns insultos ao receber a nota e os três voltaram para a tenda, agora parecendo muito mais acolhedora que antes.

- Muito bom, todos vocês! – Fedorovitch entrou na tenda sorridente e parecendo satisfeito – Agora, só algumas palavrinhas. Vocês terão um bom intervalo até a segunda tarefa, que terá lugar às nove e meia da manhã de 24 de Fevereiro. Guardem esse pergaminho que estão segurando, ele será muito importante. Acho que é só isso, podem ir! Acredito que as repúblicas onde estão hospedados estão preparando algumas comemorações!

Os três deixaram a tenda com os pergaminhos bem presos nas mãos e Gabriel voltou com Gina até onde suas famílias e amigos já esperavam. À noite, depois das famílias já terem ido embora, as repúblicas Avalon e Esparta se uniram para fazer uma única, e grande, festa para os dois campeões. Mesmo o dia seguinte sendo dia de aula, ninguém parecia interessado em dormir tão cedo...

domingo, 23 de novembro de 2008

Memórias...

(Final do Campeonato de Quadribol de 1999: Fidei X Nox)

O pomo estava logo a minha frente e eu já me preparava para fechar a mão em torno dele, quando um balaço a toda velocidade atingiu meu estômago e eu me senti cair da vassoura e atingir o gramado do campo com um baque surdo. Tudo ficou escuro por alguns segundos, e quando tornei a abrir os olhos, mesmo embaçados, pude contar um aglomerado de sete cabeças ao me redor.

- Você está bem? – o professor Henri era o dono da cabeça que estava mais próxima de mim, e perguntou preocupado.
- Sim. Eu acho. – respondi me sentando um pouco tonta ainda e massageando a cabeça. Observei Isa e os outros jogadores do time da Fidei embolados com sua torcida, comemorando a taça.
- Quantos dedos têm aqui? – novamente, o professor perguntou bem ao meu lado. Nossos rostos estavam tão próximos que eu conseguiria contar as riscas de seus olhos verdes. Ele estendeu três dedos na mão, sorrindo gentil. Ri também.
- Seis. – respondi divertida e ele fez uma careta.
- Quase isso. – ficamos em silêncio nos encarando e sorrindo ainda alguns segundos, quando Jean Savoy interrompeu.
- Mas ainda assim acho que é melhor levarmos ela até a enfermaria, professor. Madame Magali vai querer se certificar que Miyako não quebrou nenhuma costela... – ele falou sensato e o professor se levantou concordando com a cabeça.
- É, você tem razão. Me ajude a levá-la até lá?!

Eles me apoiaram até a enfermaria e o restante do time nos acompanhou. De fato, não tinha quebrado nada. Naquele momento, não saberia dizer se havia sido efeito da colisão na cabeça ou não, minha memória parecia deslumbrada com o brilho de dois olhos intensamente verdes.

ººººº

As férias de verão passaram com um “click”. Após o nascimento de Keiko e Hiro, as vidas de mamãe e Sergei estavam sendo regrada por eles. Nos primeiros dias eu estranhei ser acordada no meio da madrugada várias vezes, por choros distintos. Aprendi a fazer mamadeira, trocar fraldas, dar banho, colocar para dormir e até cantar canções de ninar. Apesar de trabalhoso, foram os dois meses de férias mais divertidos que tive. Quando chegou o momento de embarcar para Beauxbatons, para meu último ano escolar, um peso começou a cair em meu estômago. Gabriel e Ty também haviam voltado, o que já me deixava muito mais feliz (e nostálgica!).
Com o anúncio do Torneio Tribruxo e a expectativa de irmos terminar o ano letivo em Durmstrang, setembro e outubro pareceram nem existir. Partiríamos em apenas dois dias. Estava esvaziando meu armário e arrumando meu malão, quando Bridget bateu na porta e entrou logo em seguida.

- Oi, Mi. O Professor Henri convocou uma reunião com todos os jogadores de quadribol. Começa em 30 minutos. Tudo bem?
- O que será que ele quer? – perguntei curiosa, mas ela sacudiu os ombros. – Ok. Estarei lá.

O clima de suspense era geral. Quando cheguei ao campo e me sentei ao lado de Ty, Griffon e Gabriel, ambos pareciam tão curiosos quanto eu. Não haviam comunicado oficialmente, mas imaginávamos que, por causa do Torneio Tribruxo, o Campeonato de Quadribol seria cancelado este ano. Mas ao observarmos o professor se aproximar com um sorriso largo no rosto e uma prancheta na mão, imaginei que alguma coisa viria aí, e não deu outra.

- Boa noite! – ele cumprimentou empolgado e todos respondemos. – Bom, imagino que estejam se perguntando o motivo desta reunião de última instância, então não vou deixá-los curiosos por muito mais tempo. Chamei-os aqui para anunciar que este ano teremos outro torneio (além do Tribruxo, claro). O “Torneio Tribruxo ‘Entre - Casas’ de Quadribol”. – ele terminou de falar empolgado e nos entreolhamos sem entender. Passados alguns segundos, ele retomou a fala. – Vai funcionar da seguinte maneira: continuaremos com o Campeonato de Quadribol, normalmente, só que agora, ao invés dos competidores serem somente as quatro casas de Beauxbatons (Lux, Nox, Sapientai e Fidei), o Campeonato contará com DOZE times disputando a taça. As quatro casas de Beauxbatons, mais as quatro casas de Durmstrang (Mannaz, Ansuz, Othila e Berkana), e as quatro casas de Hogwarts (Corvinal, Lufa-lufa, Sonserina e Grifinória).

Se antes estávamos todos calados por não termos entendido, agora o falatório tomou conta do círculo. O clima de empolgação do professor havia contagiado a todos nós. Finalmente teríamos um campeonato de quadribol com cara de campeonato, de verdade! A bagunça tomou conta por mais alguns minutos, até que um assobio alto de Henri fez todos se calarem novamente.

- Eu sei que vocês ficaram tão empolgados como eu, mas ainda temos vários detalhes pra acertar e se eu deixar a conversa continuar, vamos acabar tendo que dormir aqui... – ele disse olhando pra todos nós. Meu coração acelerou um tanto, quando nos encaramos e ele sorriu. Logo em seguida, desviou o olhar e puxou a prancheta, consultando-a. – Bom, pelo que estou constatando aqui, a maioria de vocês ainda não está no sétimo ano e, portanto, não embarcará para Durmstrang. Porém, alguns vão... Lupin, McGregor, Chronos, Kinoshita... Certo. – ele ia falando baixo, mais para si mesmo do que para a turma. Ficamos em silêncio esperando que ele terminasse. Analisou os nomes na prancheta mais algum tempo, até se voltar novamente para nós. – Bom, imagino que estejam se perguntando como vamos treinar, já que alguns dos times vão ficar aqui, e alguns vão. Eu, Madame Hooch (a professora de vôo, e treinadora dos times de Hogwarts) e Viggo Volkov (treinador de Durmstrang) montamos criteriosamente um quadro de horários justo para todos os times. Cada casa terá duas horas de treinos por semana, sendo uma hora por dia, em dois dias alternados. Como eu e Madame Hooch temos horários como professores de vôo para cumprirmos em nossas respectivas escolas, e como os jogadores maiores de idade são a minoria nos times, em um dos treinos, vocês que vão para Durmstrang, irão pegar uma chave de portal e vir para cá, no horário de treino combinado para as casas de cada um. Porém, todos concordamos que também seria bom termos pelo menos um dos treinos em Durmstrang, já que todos os jogos vão acontecer lá. É bom que vocês todos se adaptem ao clima e ao campo do castelo. Portanto, no segundo treino da semana, de cada casa, eu vou acompanhar os jogadores que ficarem aqui, também com uma chave de portal, e treinaremos lá.

Ele parou um pouco e alguns alunos mais novos se mostraram eufóricos com a possibilidade de irem para Durmstrang uma vez por semana.

- Sei que a idéia parece um tanto excitante para vocês, mas quero deixar bem claro que daqui a algumas semanas isso vai ser bem cansativo. Um dia o treino aqui, outro dia o treino lá... Quero que fiquem preparados. E também não preciso falar que quando formos para Durmstrang, chegaremos com a chave de portal já dentro do estádio, não é? Nada de passeios pelos outros cantos do castelo. Nem vocês por Beauxbatons, por favor! – Ele se virou para nos encarar e concordamos com a cabeça. – Se um de nossos alunos menores de idade for pego vagando por Durmstrang quando deveria estar treinando quadribol, será imediatamente retirado do time e da competição. Se um de vocês, maiores de idade, que estão indo para Durmstrang, for pego vagando por Beauxbatons quando deveriam estar treinando quadribol, também será imediatamente retirado de seu time e da competição. Somos todos crescidos o suficiente para assumirmos responsabilidades por aqui, não é? Estamos combinados? – ele perguntou sorrindo gentil e todos nós sacudimos afirmativamente as cabeças. – Ótimo. Vou distribuir agora para vocês o quadro com os horários dos treinos das nossas quatro casas e a tabela dos jogos do campeonato, com os respectivos dias. Assim que pegarem, estão liberados. Qualquer dúvida, me procurem em minha sala. Muito obrigado pela atenção.

Nos levantamos e Gabriel, Griffon e Ty já conversavam animados sobre como iriam derrotar as casas de Hogwarts e Durmstrang. Estava alheia à conversa. Esperei um grupo de garotas receber seus horários e começar a voltar para o castelo, e tracei uma reta até o professor Henri. Quando me aproximei o suficiente, não contive um sorriso. Ele retribuiu.

- Então... Preparada para enfrentar o inverno de Durmstrang? – ele perguntou me entregando as tabelas.
- Na verdade, não. Quase morri congelada nas Olimpíadas. Os treinos e jogos lá vão ser insuportáveis...
- Não vão ser não. Faço questão de mantê-los bem aquecidos e ocupados. – ele deu uma piscadinha e abri um sorriso ainda maior. Griffon surgiu do meu lado.
- Vai uma Gemialidades aí, professor? – ele perguntou maroto e Henri riu alto.
- Hoje não, Sr. Chronos. Obrigado. Bom, então se me dão licença, vou para minha sala terminar de organizar alguns dados. Os vejo em breve. Boa viagem para Durmstrang.

Ele se despediu virando as costas. Griffon me puxou pelo braço para irmos para a direção contrária, rumo ao castelo. Eu ainda mantinha um sorrisinho besta no rosto. Caminhávamos em silêncio, lado a lado, eu com os pensamentos longes...

- Então você também está apaixonada por um professor? – Griffon perguntou sorrindo e me assustei.
- Hã? Eu? Apaixonada? Do que você está falando?
- Não adianta, Mi. Posso não ser um bom legilimente, mas esse seu sorriso besta denunciou tudo. Você está gostando do professor Henri!
- Você está delirando... – respondi um pouco corada e ele riu.
- Não sei se você se lembra, mas eu estou passando por uma situação bem parecida. Quer dizer, acho que o seu caso é menos complicado, já que ele não é ninguém tão amigo de sua família... Acho que sei reconhecer esses sintomas, sabe?

Ele perguntou sério, me encarando fundo nos olhos. Desviei. Havíamos chegado ao Saguão de Entrada.

- Não estou esperando que você me confesse nada, ok? Mas se gosta mesmo dele, corre atrás. Estamos no nosso último ano de escola. Não há nada mais que seja tão difícil, nem impossível... – ficamos em silêncio. Eu ainda encarando meus sapatos. – Bom, vou para o meu Salão Comunal. Se precisar de mim, já sabe onde estou. Boa noite, Mi.

Se despediu me dando um beijo na testa e sorrindo novamente. Quando ele sumiu no fim da escadaria, fiquei parada alguns segundos no Saguão, pensativa. Griffon estava certo: eu estava me apaixonando pelo professor de quadribol!

Someone to love, somebody new
Someone to love, someone like you
Love, love me do,
You know I love you
I’ll always be true
So please, love me do.


- The Beatles; Love me do
Viver no Texas, foi uma decisão acertada para minha vida. Não só porque minha mãe não estava atrás de mim ou de meus irmãos, mas porque aqui aprendi a dar mais valor às pequenas coisas, como tirar uma soneca à tarde rsrs.
Com o nascimento de Julian em março, tive que fazer muitos deveres atrasados enquanto o amamentava, mas consegui me sair bem, porque Jaeda, Brian, Angelique e Lucien me apoiaram muito e na época das provas, não foi tão estranho, entrar na sala para fazer provas levando um carrinho comigo.
Alguns examinadores me olharam esquisito e alguns alunos também, mas como Julian era um bebê tranqüilo quando estava seco e de barriga cheia, consegui fazer minhas provas e quando o fim do ano letivo chegou, viajei com ele para Paris e fiquei na fazenda com meu pai e meus irmãos, e mesmo com noites mal dormidas, choro de criança e ter aprendido várias técnicas de como limpar cocô e manter minhas roupas longe do cheiro de leite azedo, as férias foram boas.
Julian estava crescendo com uma rapidez espantosa, e por mais que eu houvesse lido sobre o desenvolvimento de bebês não deixava de me surpreender quando o via sentado sem apoio balbuciando umas coisas estranhas, ou fazendo força para ficar de pé, quando o segurava pelas mãozinhas rechonchudas. E Lucien começou a brincar com ele de ‘esconder’, tampando o rosto com as mãos e depois se mostrando, Julian dava gargalhadas lindas, e exibia os dentinhos de cima e de baixo, ficando com uma cara engraçada.
Agora eu começaria meu ultimo ano e além de me tornar uma bruxa formada, eu tinha um filho de 7 meses para criar e várias decisões a tomar. Meu pai queria que eu voltasse a Paris e vivesse com ele, pois ficaria mais fácil criar o Julian lá, mas eu não concordava com isso.
Porque eu havia recebido propostas de emprego, e principalmente porque eu queria um oceano de distancia da possibilidade de minha mãe olhar para o rosto do meu filho e descobrir que ele é um McGregor. E se ela visse isso, ele correria perigo. Além dos perigos normais que ele já corria por estar descobrindo o mundo, pois agora ele já engatinha, e não posso mais deixar os armários abertos, pois ele agora puxa tudo para fora e fica dando gritinhos felizes. E quando está comendo ele puxa a colher afinal aquilo é uma coisa mágica, ele sabe que ali tem a sua papinha favorita de frutas, ele é comilão.
O pediatra diz que ele é muito inteligente e grande para idade e quando ele me olha serio após receber um não, fica muito mais parecido com o pai. Acho que Jaeda sabe quem é o pai, mas como eu me esquivo do assunto, ela não força para saber a verdade. Mas ela e Angelique são muito amigas, e acho que minha irmã deve ter dito algo, pois no Halloween, ela recebeu a visita de um amigo de Durmstrang, Iago Karkaroff, e ela não mostrou a ele as fotos de meu garoto, coisa que faz toda coruja. Bem, enquanto ela não perguntar diretamente, não preciso me preocupar com isso.

o-o-o-o-o-

Danielle estava passando um fim de semana comigo, e estava hospedada em meu dormitório, afinal ela queria apertar Julian e tínhamos muito assunto para por em dia. Ela me contou sobre o torneio Tribruxo e como o Gabriel Lupin, campeão de Beauxbatons havia se saído bem, que ele tinha uma torcida enorme, mesmo entre alunos de Durmstrang e que eu adoraria estar lá para ver tudo. Como a conhecia bem, após colocar Julian para dormir, olhei para ela e perguntei:
- Vai pode falar o que está te preocupando realmente, Danielle.
Ela me olhou fazendo um ar confuso, mas como eu a olhava firme, ela tentou ser evasiva.
-Rory quis ver vocês, estava com saudades...
- Sempre escrevemos uma à outra. E você fica me olhando como se quisesse me contar alguma coisa, então conte.
- É impressão sua, não posso sentir saudades???
- Danielle, você não deixaria de ir ver o Went se não fosse sério...- e ela suspirou resignada e se rendeu.
- Bom... Você ia ficar sabendo de qualquer jeito, mas achei melhor te contar pessoalmente, antes que você visse alguma coisa no jornal.
- Você esta me assustando...
- É sobre o Ty...
- O que aconteceu com ele? Ele ta machucado? Está doente? O que houve com ele? Diz logo Danielle. - perguntei aflita e minha amiga me olhou com algo parecido com pena e aquela sensação de medo se intensificou.
- Ele vai se casar...
- Fala sério, como assim casar? Ele só tem 17 anos...
- Não estou brincando, ele vai se casar com a Savannah.- e uma irritação começou a tomar o lugar do medo.
- Ele e Savannah sempre tiveram uma forte ‘ligação’, afinal ela sempre andou atrás dele, são do mesmo nível social. - disse imitando a voz esnobe de Savie.
- Não é isso...Ele vai casar com ela porque ela esta grávida e disse que o filho é dele.
- Viu? A conexão sempre esteve lá...
- Não seja tonta. Você devia contar a ele do Julian, e impedir este golpe, é claro que é um golpe e...
- E o que Danielle?
- Ele só esta se casando com ela por causa da criança Rory, então se você falasse a ele do Julian...
- Certo vou falar assim: 'Ty, sabe aquela vez que eu disse que não estava grávida?? Pois eu me enganei, eu estava grávida e tive o Julian. Então isso me torna uma forte candidata para ser sua esposa, afinal o meu bebê nasceu primeiro e ele já tem dentinhos,devo ganhar uns 10 pontos de bônus'?? - falei sarcástica.
- Sim...Não...Quer dizer, ele deveria saber...
- Não vou impor um filho a ele. E Ty já me esqueceu.
- Ele não se esqueceu Rory, e até veio atrás de você.
- Veio aqui? Quando?
- Não sei quando exatamente, mas veio.
- Ele deve ter dito isso para que você não o achasse insensível Dani.
- Ele disse que veio atrás de você, e que você estava seguindo em frente com seu namorado.
- Agora ele aprendeu a ser mentiroso. Nunca namorei ninguém depois dele, eu estava ocupada, grávida.
- Mas você não viu o jeito que ele falou Rory, ele tava zangado, parecia enciumado sabe?
- Não delira Danielle. O que eu tive com o Ty acabou e não é porque eu tenho um filho dele, que ele vai querer me ver.
- Mas a Savie...
- Não foi a mãe da Savie que matou o pai dele Daniele e isso aconteceu porque eu não contei a ele sobre as intenções dela, eu traí o Ty. Acha que ele vai me receber de braços abertos? Não Dani, não vou fazer nada para tentar impedir este casamento, ainda mais se é uma decisão dele, ele não faria nada que não quisesse.
- Então vai desejar que ele seja feliz com ela? E diz que você não sente nada mais por ele
- Eu amei ao Ty, muito, mas depois que Julian nasceu descobri que ele é a pessoa mais importante da minha vida, e eu só posso agradecer ao Ty por isso. E se isso significa deixá-lo em paz para se casar com Savannah, que seja.
- Você esta sendo covarde, escondendo a cabeça no buraco e deixando as coisas acontecerem.
Olhei para ela e suspirei cansada:
- Pode ser, Danielle, suporto tudo que surge em meu caminho, mas não vou suportar ser rejeitada pelo Ty novamente. Você não viu o olhar de ódio dele para mim, então não sabe que aquilo ainda me machuca muito mais, do que saber que ele vai se casar com Savannah Bouvier.
- Mas Julian tem direitos, pode ter uma vida melhor...
- Não preciso ser sustentada pelo Ty para dar uma boa vida ao meu filho. Agora além do jornal da escola, escrevo para Witchteen, e depois da escola posso arrumar mais um emprego num jornal, vamos ficar bem. Entenda Danielle, no momento o homem mais importante da minha tem 8 kilos e dorme naquele berço. Não me interessa o que o Ty vai fazer da vida dele, especialmente com a Savannah ok? - falei firme e acho que isso convenceu Danielle de que eu não iria atrás do Ty, e acabamos mudando de assunto.
Mais tarde quando percebi que ela dormia profundamente e que Julian não iria acordar, fui tomar um banho. Lá sozinha, com a água morna escorrendo pelo meu rosto, pude chorar tudo o que estava me consumindo.
Ty iria se casar...
Ty teria um filho e não seria comigo...
Que droga Ty!

I'll never let you see
The way my broken heart is hurting in me
I've got my pride and I know how to hide
All my sorrow and pain
I'll do my crying in the rain

If I wait for stormy skies
You won't know the rain from the tears in my eyes
You'll never know that I still love you so
Only heartaches remain
I'll do my crying in the rain

N.Autora: Crying in the rain, do grupo A-Ha

sábado, 22 de novembro de 2008

Dia 24 de Novembro havia finalmente chegado. Gabriel acordou tão enjoado e fora do ar na manhã da primeira tarefa do Torneio que não percebeu que ainda estava de pijamas quando ia sair da república. Não sentia qualquer vontade de comer, estava nervoso demais e seria capaz de vomitar todos os pãezinhos no instante seguinte que os colocasse na boca. As aulas daquela segunda-feira seriam interrompidas ao meio dia para todos terem tempo de descer para a arena onde seria a tarefa, mas era como se aquelas três horas de aula não tivessem existido. Pela primeira vez, em 17 anos, Gabriel não ouvira ou copiara sequer uma única palavra dita por um professor. Era como se o dia tivesse transcorrido como um grande lapso, num momento ele estava assistindo a uma aula de Literatura Mágica e no momento seguinte, encarando o prato intocado no almoço. Logo depois fora arrancado do salão principal por uma Madame Maxime extremamente agitada, sem saber o que tinha acontecido com a sua manhã.

- Os campões têm que descer para os jardins agora, para se preparar para a primeira tarefa – disse o agarrando pelo ombro e empurrando salão afora
- Boa sorte!! – ele ouviu os amigos dizerem alto, acenando

Fora conduzido pela diretora até uma enorme tenda vermelha montada ao lado de uma arena gigantesca. Engoliu seco imaginando por que precisavam de uma arena tão grande, que tipo de coisas estariam lá dentro, que precisavam de tanto espaço assim? Gina já estava lá dentro e não parecia nem de longe a garota forte e decidida que ele conhecia tão bem. Pelo contrario, estava um pouco pálida e claramente aflita. Acenou para ele com um sorriso nervoso no rosto, e abaixou a cabeça em seguida. Reno, o campeão de Durmstrang, caminhava de um lado para o outro da tenda mais carrancudo que nunca. Acenou brevemente com a cabeça quando ele entrou e voltou a encarar o chão, sussurrando baixo o que Gabriel imaginou serem feitiços. Gina lhe mostrou as mãos tremulas e sorriu, fazendo uma careta. Boris Fedorovitch, o chefe do Departamento dos Esportes Mágicos, entrou sorridente.

- Bom, agora que estamos todos aqui, hora de dar a vocês informações mais detalhadas! – Gabriel e Gina trocaram um olhar apreensivo – Quando os espectadores acabarem de chegar, vocês sairão para aquela arena por ordem de sorteio e terão que enfrentar algumas criaturas. O objetivo de vocês é chegar ao topo do monte, no fim da arena. Uma vez lá em cima, estão classificados. E para conseguirem alguns pontos extras, e algo que poderá facilitar as vidas dos senhores na terceira tarefa, devem pegar um pergaminho que estará amarrado a uma criatura mágica. Ela não é perigosa, porém, difícil de ser apanhada. Vocês terão 1 minuto. Passado esse tempo, terão que sair sem o pergaminho e terminar apenas com os pontos obtidos pelo desempenho no resto da tarefa. Alguma duvida?

Gabriel olhou para os outros dois. Reno acenou a cabeça indicando que compreendera e Gina fez o mesmo. O três pareciam preferir não falar, pois poderiam vomitar se ousassem abrir a boca para dizer qualquer coisa. Fedorovitch puxou um saco roxo brilhante do bolso e estendeu aos três. Cada um tirou uma bolinha contendo um numero. Gabriel pegou o numero 1 e sentiu o estomago afundar. Não teria tempo de passar mal antes.

- Ah, Sr. Lupin! – exclamou entusiasmado – É o primeiro, então. Tudo que tem que fazer é entrar na arena quando ouvir o apito, ok? Boa sorte!

Gabriel balançou a cabeça e encarou a passagem que dava para a arena. Não era possível ouvir barulho vindo do lado de fora, mesmo eles sabendo que toda a escola estava logo depois daqueles panos. Apertou a varinha na mão suada e olhou para a amiga parada do seu lado. O apito soou.

- Boa sorte! – ela lhe deu um beijo no rosto e ele sorriu

Olhou uma última vez para dentro da tenda e atravessou a cortina. Arquibancadas enormes haviam sido montadas ao redor da arena e centenas de rostos o observavam. Mas apesar de ver que muitos pulavam e gritavam quando viram o primeiro campeão sair, nem mesmo um assobio era ouvido. Notou também que havia uma corrente de bruxos com uniformes do Ministério por toda a extensão da arena. Gabriel deu dois passos a frente e um vulto passou correndo por ele, esmagando alguns galhos mais a frente. Ele saltou para o lado e sacou a varinha. Era um Erumpente, um tipo de rinoceronte mágico.

O bicho notou sua presença e balançou a cabeça ameaçadoramente, o chifre pontudo bem na sua mira. Quando o bicho correu, Gabriel fez o mesmo. Saltou por cima das pedras com a varinha presa na boca e ouvia o bicho estraçalhar tudo que estava no caminho. Sentia seu bafo quente em seus pés e pulou para uma área mais aberta. Parou perto da parede de pedra e esperou. O Erumpente vinha a toda velocidade e ia esmagá-lo contra as pedras, mas quando ele estava bem próximo, antes do choque, Gabriel saltou para o lado.

- Confringo! – gritou apontando na direção do chifre do anima. O feitiço fez seu chifre explodir e o bicho foi de encontro à parede. Pedaços pequenos de pedra caíram por cima do animal e ele aproveitou para correr para longe dele.

Gabriel olhou para frente e visualizou o monte para onde tinha que ir. Não estava muito longe, apenas a algumas pedras de distância. Escalou algumas que estavam logo a sua frente e sentiu algo rastejar em seus pés. Deu um salto com o susto e rolou do alto da pedra. Havia um Farosutil parado bem à sua frente. A serpente de dois metros e cor laranja berrante o encarava e Gabriel não se decidia para qual das três cabeças devia olhar. Agarrou a varinha e apontou para a cobra, que deu um silvo alto e deslizou para cima dele. Ela se enrolou rapidamente em seus pés.

- Incendium! – algumas faíscas saíram da ponta de sua varinha e quando ele as atiçou contra a cobra, se transformaram em uma labareda. Ela foi forçada a recuar e Gabriel levantou depressa, correndo para o outro lado.

Enquanto corria, lançava olhadas rápidas para se certificar que o Farosutil ainda estava retido pelo fogo. As chamas cresciam cada vez mais, mantendo o bicho bem ocupado, e sorriu satisfeito. Mas o calor das chamas não foi suficiente para impedir que um frio repentino tomasse conta da arena. Não era preciso dar nem mais um passo para saber o que teria que enfrentar em seguida. Um dementador deslizava na sua direção e mesmo ainda distante, Gabriel já sentia tudo que tinha de bom dentro dele se dissolver. Forçou a memória para resgatar sua lembrança mais feliz e quando a imagem do casamento dos pais surgiu, avançou na direção do dementador.

- EXPECTRO PATRONUM! – berrou suando frio. Por mais que soubesse conjurar um patrono, o dementador já o enfraquecia – EXPECTRO PATRONUM! – berrou outra vez, trêmulo, e uma luz prateada saiu da ponta de sua varinha. A luz parecia querer apagar e o dementador já estava próximo, mas um lobo prateado tomou forma antes que a criatura o tocasse e Gabriel o mandou para cima dele. O dementador recuou e Gabriel caiu de joelhos no chão no mesmo instante, quase sem forças.

((Continua...))

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

A Maldição do Faraó

Lembranças de Seth K. C. Chronos - Férias de 1999

- Essa vista é linda!! – Minha prima, Gaia, se maravilhava olhando da janela do hotel no Cairo, enquanto puxava eu e Luna pelos braços. – O Egito é um lugar muito lindo, Seth!

- Daqui do hotel podemos ver o Nilo e até um pedaço do deserto, está vendo? – comentei enquanto apontava em uma direção e Gaia se maravilhava.

- Aqui realmente é um ótimo lugar para observação, Kam. Os Produvos da Areia gostam de lugares onde o deserto se encontra com o rio, e o Nilo é o melhor lugar para tentarmos ver um deles. – Luna comentou alegre, enquanto segurava minha mão. Gaia ficou imediatamente interessada e queria saber mais. Desde que encontrara Luna pela primeira vez, Gaia nutria uma admiração por ela, tratando-a quase como uma irmã.

- Produvos? O que são eles?

- Eles são um tipo de bicho muito adaptado à vida no deserto, e parecem minhocas gigantes que se alimentam de areia, mas podem ficar dias sem comer, pois quando finalmente comem, sua saliva transforma a areia em um pó brilhante muito valioso e bonito.

- Eu vou arranjar alguns desses pó de Produvos para você então, Luna. – Falei sorrindo enquanto puxava-a para um abraço.

- Eu vou adorar, Kam!

- Assim não é justo, eu também quero Pó de Produvo, Seth!! – Gaia fez birra enquanto balançava minha mão sorrindo.

- Vejam que estão se divertindo. Nossa!! Havia anos que não vinha ao Egito, havia me esquecido de como é maravilhoso – Era mamãe que falava, enquanto abraçava Gaia junto dela. Ártemis estava em seu colo e também dirigia um olhar maravilhado para a janela.

- Mas tome cuidado, Mirian, há muitos Diabretes Egípcios que gostam de provocar miragens para aqueles despreparados! Mas não se preocupe, eu trouxe vários galhos de Especiiris, elas afugentam os diabretes! – O Sr. Lovegood já trazia pendurado ao pescoço pequenos galhos de uma cor cinzenta, assim como vários outros na mão que distribuía entre nós todos.

- Não esqueça de mim, Xeno! Também gostaria de um Especiiris. Mas se tiver um bloqueador solar eu prefiro...O Sol aqui realmente é forte! – Papai se queixava, pois apesar de ser meio vampiro, o sol egípcio era muito forte e o afetava muito. Eu também não gostava de passar muito tempo ao sol, mas devido aos ensinamentos de mamãe desde pequeno já estava mais acostumado.

- Ai Lu, você é muito fresco!! Nem as crianças estão reclamando! Tente se espelhar no Seth! Vocês não passaram a lua de mel aqui? – Tia Celas implicava com papai, empurrando-o para mais perto da janela.

- Ai que está, era lua de mel e o sol não me atrapalhava muito...

- Lu!! Não fale isso na frente das crianças!! – Mamãe brigou com ele enquanto ficava vermelha e tapava os ouvidos de Gaia que ficou sem entender.

- Não me diga tio Lu, o que você fazia aqui que até o sol não o incomodava? – Luna lançou um olhar de pura curiosidade e ingenuidade, que serviu para deixar papai vermelho agora e sem ter o que falar. Todos rimos muito enquanto papai balbuciava palavras sem nexo.

Esse era o primeiro dia da nossa viagem, que duraria por volta de uma semana ou mais. Griffon fora passar o resto das férias com a família do Ty e iriam à Disney, mas não era algo que eu queria muito fazer, por isso recusei o convite. Preferia finalmente visitar o Egito. O lugar no mundo que eu mais admirava e que mais tinha vontade de conhecer.

Essa viagem, assim como a viagem do Griffon, foi quase um prêmio pelos nossos ótimos resultados nos NOMs e também para descansarmos após as caçadas a Hellion. Os NOMs foram meio difíceis, pois eu e o Griff perdemos muitas aulas, mas como estudamos quase 24 horas por dia, conseguimos tirar ótimas notas. E quando papai disse que eu poderia escolher onde viajar, não pensei duas vezes quando falei: “EGITO!!”. E pedi também para que pudéssemos convidar a Luna e o Ssr. Lovegood para irem juntos, eles adorariam viajar para um lugar tão exótico quanto o Egito, e acabou que se tornou uma viagem em família, pois Tia Celas e Gaia também quiseram ir.

Assim hoje de manhã nos reunimos na nossa casa em Londres e usamos uma chave de portal conjurada por mamãe para irmos ao Ministério da Magia Egípcio. O Ministro Egípcio já conhecia há muito tempo meus pais e minha tia e por isso tomamos café com ele, para só então ele nos indicar um hotel para ficarmos, assim como vários guias turísticos com os lugares que não podíamos deixar de visitar, apesar disso ser meio desnecessário, pois eu em si já era quase um guia egípcio. O Hotel onde ficaríamos se chamava Abu Simbel e ficava às margens do Rio Nilo, em uma região calma do Cairo, com pouca gente, fora que o hotel em si era um hotel bruxo e nos permitia usar magia de vez em quando, mas evitávamos exageros.

Como era nosso primeiro dia, decidimos apenas descansar e curtir um pouco as atrações do próprio hotel, que era construído tematicamente, inspirado no Templo de Abu Simbel, templo construído por Ramsés II em homenagem a sua esposa e a ele. A esposa oficial pelo menos, pois Ramsés II é conhecido com o faraó que mais teve filhos da história egípcia, legítimos ou não. O hotel possuía miniaturas perfeitas dos obeliscos do templo, e algumas se moviam, e mais de uma vez tive que impedir uma miniatura de Ramsés de pular no Sr. Lovegood ou na Luna, pois eles achavam que havia uma Diabrete nele. Luna estava maravilhada com o lugar, e eu também, pois nem em meus sonhos imaginava que o Egito fosse tão lindo. Passamos o dia inteiro juntos, conversando e quando havia chance, escapulindo para ficarmos sozinhos. Isso não era muito difícil, já que todos se preocupavam mais em cuidar de Ártemis e de Gaia, e queriam nos deixar mais livres, já que ficávamos tanto tempo longe um do outro.

Nesse primeiro dia, convidei Luna para visitar a cidade do Cairo, talvez uma das cidades mais mergulhada em história do mundo, já que vivia disso. A levei para passear pelo centro da cidade, visitando lojas de antiguidade e de souvenires. Comprei para ela uma pequena esfinge de pedra, brincando que iria protege-la por mim. Aproveitei também para visitar o Museu do Cairo e passamos o resto da tarde vagando pelos corredores cheios de hieróglifos e história. Conversávamos sobre tudo isso, e ela me contava todas as histórias que conhecia sobre Egito, assim como eu contava as minhas, e quando vi já estava citando quase toda a linhagem dos primeiros faraós...

Passamos o resto da viagem visitando museus e templos ao longo do Egito, indo da cidade do Cairo a Tebas. Mamãe também estava feliz com a viagem, pois essa era uma das origens mais antigas de sua família, e sempre parava em algum templo, como se estivesse voltando a um lugar querido. Passávamos o dia inteiro fora, e voltávamos apenas a noite, quando Gaia já não conseguia andar e tinha que ser carregada por papai ou pelo Sr. Lovegood, que adorava crianças. As vezes deixavam que eu e Luna voltássemos mais tarde e nessas ocasiões visitávamos oásis e outros lugares lindos, para olhar a luz da lua no deserto, sempre abraçados para amenizar o frio do deserto. A noite ocupávamos quatro quartos do hotel, sendo um para os Lovegood (apesar de Luna ter pedido para que eu dormisse com eles, achava melhor ela e o pai ficarem juntos), um para Tia Celas e Gaia, um para mim e o berço de Ártemis e um para meus pais. Eu me ofereci para cuidar de Ártemis, querendo que meus pais tivessem mais tempo a sós, e eles gostaram da idéia, deixando mamãe um pouco constrangida e papai extremamente feliz, piscando para mim. Ártemis adorava ficar comigo, e não era nenhum problema para mim cuidar dela, e cada vez mais eu via que gosta de crianças.

Mais ou menos no nosso quarto dia de viagem, fomos finalmente visitar as Pirâmides, minha parada obrigatória e que eu não via a hora de visitar. Ártemis e Gaia não poderiam entrar, assim apenas eu, Sr. Lovegood, papai e Luna entramos na Pirâmide de Quéops, explorando os labirintos junto do guia. Luna não largava minha mão e juntos nos maravilhávamos com os hieróglifos, quando de repente ela parou e fitou algo na areia. Era um enorme escaravelho vermelho como sangue, do tamanho da minha mão.

- Que lindo! – Luna exclamou, abaixando-se para olhar mais de perto. Eu me abaixei também, tomando precauções para caso ele atacar, eu pegá-lo a tempo.

- É um escaravelho. São comuns no Egito, eram símbolos para os Egípcios.

- Sim. Mas esse é especial. É um Escaravelho-Rei, era um bicho de estimação dos faraós, muitas vezes enterrados com eles. Mas achei que haviam desaparecido.

- Esse deve ter conseguido entrar aqui de algum modo. Realmente é lindo. – Comentei enquanto fitava o escaravelho e ele parecia nos olhar também.

- Seth, Luna! Venham logo, ou vão se perder! – Papai gritou, já bem afastados de nós. Eu acenei e me levantei junto de Luna, já indo na direção deles.

- Até depois, Sr. Escaravelho. – Luna falou acenando para o bichinho que se enterrou na areia.

Eu a beijei na testa e fui na frente, puxando-a para irmos até nossos pais, que já estavam bem mais na frente, em um trecho muito escuro, iluminado apenas por uma luz mágica. O guia explicava o que era aquilo.

- Essa é uma área fechada para o publico trouxa, pois aqui já fica muito escuro para que a lâmpada trouxa seja capaz de iluminar bem. Aqui é o começo do túnel que leva as múmias ainda intactas dos egípcios, nós não a retiramos daqui nunca. Tomem cuidado, há diversas paredes falsas.

Todos assentimos e apertei a mão de Luna mais forte, enquanto ela fazia carinho em minha mão com a outra, antes de colocar a mão na parede e começar a andar ao meu lado. Foi realmente ficando cada vez mais escuro, até mesmo para meus olhos vampiros, e eu sabia que não era algo normal.

- Há um feitiço antigo aqui, é para desorientar trouxas que possam tentar roubar os tesouros dos faraós e também afeta bruxos. – o guia explicou. Então, como se uma luz se acendesse de repente, estávamos em uma grande câmara subterrânea totalmente iluminada por uma luz clara e brilhante. A câmara era linda, cheia de objetos dourados e brilhantes, pertences do faraó. Haviam muitos sarcófagos encostados nas paredes e em uma contagem rápida eu contei por volta de trinta, todos ricamente coloridos e belos. Haviam múmias de animais que me lembravam cachorros, mas que eu sabia que eram gatos ou chacais, que serviriam como proteção para a alma dos mortos, pois representavam o guardião do reino dos mortos, que era um gato, e o deus Anúbis, o juiz dos mortos. Andávamos pela câmara todos boquiabertos e maravilhados, as vezes tocando algo ou algum hieróglifo. Papai e o Sr. Lovegood conversavam animadamente sobre tudo isso, comentando da beleza do lugar, enquanto eu e Luna nos mantínhamos calados, meio estupefatos com aquela beleza peculiar. Meus conhecimentos em egípcio antigo me ajudavam a identificar alguns hieróglifos, e pude constatar que aquela câmara continha a guarda do faraó, ou seja, o faráo deveria estar por perto.

O guia nos conduziu para o final da câmara onde continuamos nossa excursão, indo visitar as próximas câmaras, que continham as armas do faraó, como seu carro de guerra, escudos, lanças e espadas, como se aguardassem o renascimento do faraó e de sua legião de guerreiros. Como havíamos andado pela câmara anterior, eu e Luna havíamos separado nossas mãos e agora olhei para trás procurando-a.

- Isso tudo é lindo, não acha Luna? Luna?! – Levei um susto. O corredor estava vazio e não havia sinal de Luna. Gritei seu nome mas sem ouvir resposta. Papai, o Sr. Lovegood e o guia olharam pra trás preocupados.

- O que aconteceu? – o guia perguntou.

- A Luna sumiu! Ela estava bem atrás de mim e no momento seguinte havia desaparecido! – eu começava a entrar em desespero, e isso deixava minhas ações meio impensadas.

- Eu avisei vocês para tomarem cuidado! Disse que havia portas falsas! – Ele falou enquanto praguejava algo de péssimo gosto, crente que ninguém entenderia.

- Ela deve ter ido procurar algo, ou viu algo que a interessou, ela estará de volta em breve. – O Sr. Lovegood falou com calma e continuou andando, sem ver meu rosto de pura surpresa e incredulidade. Papai se segurou para não rir de minha cara e me acalmou rapidamente.

- Calma, Seth, você a conhece melhor que ninguém aqui. Concentre-se no cheiro dela, na presença dela e a encontre.

- Sim...Ela está aqui perto, posso sentir. – Apertei o nosso pingente com força e consegui me acalmar, usando meus poderes e nossa ligação para encontra-la. Podia sentir o aroma único dela por aqui.

- Muito bem. Xeno vamos ajuda-lo a procura-la.

- Tudo bem, amos indo Seth?

- Não precisam, eu posso encontra-la sozinho. Mamãe e titia vão ficar preocupadas se demorarem, eu os alcanço daqui a pouco. – Falei sem esperar resposta e corri de volta para a câmara da guarda. Pude ouvir o guia xingar novamente, mas ser contido por papai e Xeno que lhe disseram que eu sabia me virar.

Quando cheguei a câmara da guarda abaixei-me e toquei o chão de areia da câmara, me guiando novamente. Mantive-me concentrado em seu cheiro e caminhei até o inicio do corredor onde ela havia sumido. E ali estava seu cheiro ainda mais forte, próximo a uma parede sólida, porém ao chegar mais perto vi que era falsa e tentei empurra-la, sem conseguir mover um centímetro. Fiquei frustrado e só não a transformei em pó em respeito ao Egito, porém passei a tatear pela parede procurando alguma alavanca. Meus instintos me ajudaram e consegui fazer a parede se abrir, e pulei para dentro dela imediatamente, quando a porta se fechou as minhas costas. Estava tudo escuro, mas eu deixei meus olhos ficarem vermelhos e passei a enxergar com perfeição, usando meus dons para seguir em frente. Vi que a cada passo que eu dava, uma pequena luz na forma de um escaravelho se acendia aos meus pés guiando-me sempre em frente, e assim que meu pé saia de uma dessas lanternas, elas apagavam.

Fui seguindo por aquele caminho silencioso, guiando-me pelas luzes e pelo cheiro de Luna, que me atraia como um imã. Eu estava mais calmo, mas ainda preocupado, pois não sabia o que podia haver naquela pirâmide por séculos. Comecei a ouvir e a sentir coisas estranhas ao meu redor, parecia que havia algo se arrastando, mas não me assustei. Não seria uma múmia que iria me assustar ou me pegar...Então engoli em seco e pensei em Luna. Ela provavelmente tentaria fazer amizade com a múmia, não se assustaria nem nada, mas o que a múmia poderia querer fazer com ela?! Comecei a correr, correr de verdade como sou capaz de correr, e as luzes aos meus pés mal ficavam acesas por alguns segundos. Os sons ao meu redor ficavam mais intensos como se reagindo a minha velocidade e eu cada vez corria mais. Por minha cabeça passavam cenas, desde uma Luna sentada conversando com uma múmia até uma múmia olhando-a surpresa enquanto tentava assusta-la, sem sucesso. Ou cenas piores, como uma múmia atacando a Luna...Agora as luzes sequer acendiam, sem conseguir acompanhar minha velocidade.

Então a escuridão desapareceu. Como na câmara da guarda, sem nenhum indicio precedente, eu estava em uma câmara enorme, maior que a da guarda, e muito mais iluminada e mais ricamente “decorada”. Era uma explosão de dourado e prata, junto de cores diversas, predominando o vermelho e o branco. Era a câmara do Faraó, eu podia notar e corri ao longo dela, sentindo o cheiro mais forte de Luna. Agora eu já podia ouvir seu coração batendo, um ritmo que me cativava e me encantava, e depois ouvi sua voz.

- Não disse, o Kam veio me buscar. – ouvi sua voz claramente e me perguntei com quem ela conversava...Ela estava no fundo da câmara, ao lado do sarcófago mais rico e belo que eu já havia visto, o sarcófago do Faraó. Luna estava sentada no que era pra ser o trono do faraó, com o escaravelho-rei no colo, e eu sabia que era o mesmo escaravelho de antes. Assim que eu a vi, eu corri para ela, agarrando para um abraço forte, levantando-a do chão, com felicidade. Com sorte, o escaravelho havia saído de seu colo, ou teria sido esmagado.

- Eu estava preocupado! Não faça mais isso! – Falei enquanto passava a mão por seu cabelo e a beijava com amor.

- Respeite o Faraó, Kam! Você está diante de um governante sabia? – Ela falou, mas também me beijando. Ela balançava os pés enquanto ficava erguida por mim, e a coloquei no chão, passando meu braço por sua cintura. Então olhei para o sarcófago e vi que os olhos pareciam realmente me olhar e notei que eram olhos de verdade...Provavelmente os olhos do Faraó, encantados para que nunca morressem.

- São olhos de verdade...Isso é magia de alto nível. – Comentei admirado.

- Sim, é verdade. O restante das víceras estão naquelas garrafas, aguardando o renascimento dele.

- Luna, como você chegou aqui? E com quem estava conversando?

- Ele me guiou. – Ela falou apanhando o escaravelho novamente no colo e mostrando-o a mim. – Eu o vi na parede e quando fui tocar ela se abriu e eu entrei, então ele me guiou até aqui. E fiquei conversando com ele e com vossa alteza enquanto esperava você, pois sabia que viria. – Ela sorriu pra mim e suspirei deixando de lado as preocupações.

- Bem agora devemos voltar não acha? Falei que ia voltar rápido.

- Vamos claro, deixe só me despedir de Sua Alteza, e você deveria também! – Ela falou virando-se para o sarcófago e fazendo uma pequena reverência. Eu a imitei e a puxei pela mão, já olhando em volta procurando a saída. Vi a porta por onde eu havia chegado, mas ela parecia diferente, porém não me importei. E vi também praticamente um mar vermelho. Eram centenas daqueles escaravelhos, todos ali diante de nós, parecendo nos olhar. Só então vi que eram eles me seguindo que faziam o barulho estranho. – Olha eles vieram se despedir! Adeus, queridos, outro dia volto para visita-los. – Luna falou dando um tchau para eles, e colocando o outro no chão, este porém nos seguiu quando fomos na direção da porta.

Dessa vez eu mantinha a mão de Luna com firmeza entre a minha, e toda hora verificava se ela não havia se perdido novamente. O escaravelho ainda nos seguia e eu podia ouvir o barulho dos demais se espalhando pela pirâmide. Não sei o porque, mas as lâmpadas não mais se acendiam de acordo com que íamos passando e foi necessário que eu e Luna acendêssemos nossas varinhas para iluminar o caminho para ela. Agora estava mais aliviado por tê-la encontrado bem e ria da minha imaginação, enquanto achava que Luna poderia ter sido atacada por múmias enfurecidas. O tempo passava e meus sentidos me diziam que estávamos próximos da saída, mas algo estava estranho, quando chegamos no local onde deveria estar a porta falsa, nos vimos novamente na câmara do Faraó. Ele parecia ainda nos olhar e o encarei meio em dúvida. Como EU teria perdido o caminho? Sem querer admitir puxei Luna para uma outra porta novamente enquanto ela cantarolava me acompanhando. Eu me mantinha calado, só as vezes dava uma batida na parede, para usar o eco como um radar. Achei novamente o caminho e apressei o passo.

Voltamos à mesma sala do Faraó. E seus olhos ainda estavam pousados em nós, em um tom meio irônico. Eu o encarei novamente, com uma sobrancelha erguida, sem querer acreditar em algum tipo de maldição. Luna continuava a cantarolar, enquanto balançava nossos braços. Eu suspirei novamente e segui para outra porta, mentalizando em minha cabeça o mapa da pirâmide novamente e agora com mais atenção. Andamos por mais alguns minutos e voltamos a mesma sala. O Faraó ainda me fitava e parecia a beira da gargalhada. Dessa vez eu peguei Luna no colo e disparei porta a fora, correndo pelos corredores rapidamente, e ao encontrar uma espécie de poço, o escalei com facilidade...

Indo voltar novamente a sala do Faraó. Odiava admitir, mas EU ESTAVA PERDIDO! Suspirei exasperado e decidi tomar a ultima iniciativa. Coloquei Luna no chão e pedi que se afastasse um pouco, e ela fez sem perguntar nada. Então deixei minhas presas a mostra e os olhos tingidos de vermelho e dei um soco na parede, com força suficiente para derrubar um prédio. Mas ela sequer se mexeu!! Meus olhos foram rapidamente para o Faraó e agora realmente ele parecia estar gargalhando, pois ao fundo ouvi o barulho dos escaravelhos. Eles voltaram a sala, e pareciam enfurecidos. Praguejei mentalmente por ter dado o soco na parede e me preparei para esmaga-los quando Luna entrou na minha frente.

- Calma, queridos, meu Kam está apenas frustrado por estar perdido. – Ela falou sorrindo pra mim enquanto se abaixava para acariciar um dos escaravelhos. Notei com surpresa que o escaravelho que nos seguia estava em meu ombro. – Hum? Kam, eles querem que você admita que está perdido e peça desculpas.

- Tudo bem, admito! Eu estou perdido e não sei como sair daqui! E acredite eu sinto muito por ter dado aquele soco. – Os escaravelhos emitiram um novo barulho de asas como se aceitassem e o escaravelho em meu ombro tremeu um pouco.

- Muito bem. Agora estamos direito. O Rei vai nos mostrar o caminho, ele ia fazer isso desde o início, mas você preferiu tentar achar sozinho...Tem um feitiço de confusão na pirâmide, lembra Kam? – Ela falou me dando um sorriso sereno e eu me lembrei disso.

- Oh! Havia me esquecido disso... – Era algo óbvio! Eu estava na sala do Faraó, haveria diversos feitiços de proteção nessa sala e de confusão também...E notei que os escaravelhos estavam ali para limpar a sala, caso algum visitante fosse cair ali e não conseguir sair...

- Já podemos ir, por aqui Kam. – Luna falou puxando minha mão e depois ficando na ponta do pé para me dar um beijo.

O Rei, o escaravelho que estava em meu ombro, saltou para o colo de Luna e ela me guiou na direção de uma parede sólida. Assim que ela tocou em sua superfície, ela deslizou de lado e Luna entrou por ela sem medo, enquanto as luzes se acendiam para nós. Fomos andando conversando um pouco, e quando olhei estávamos do lado de fora da pirâmide, e a parede por onde deveríamos ter passado era pedra sólida.

- Chegamos! – Luna sorriu pra mim e colocou Rei no chão, ele fez um barulho com as pinças e se enterrou desaparecendo.

- Obrigado, Rei. Os escaravelhos são realmente inteligentes. – Admiti impressionado.

- São, muito. Adorável a pirâmide, temos que vir novamente e precisamos voltar á sala do Faraó. Vamos indo?

- Humm...Na verdade, estive pensando enquanto saímos daqui. Quer visitar outro lugar que você deve gostar? Já está anoitecendo vai ser bonito, prometo.

- Claro que quero, qualquer lugar com você é ótimo!

- Então vem comigo. – Falei puxando-a para um abraço e depois ia puxa-la pela mão quando sorri. – Outra coisa, você quer ver como é correr de verdade? – Ela entendeu o que eu queria dizer e um sorriso se abriu em seu rosto.

- Achei que nunca ia me perguntar. Adoro voar.

- Pois verá o que é voar de verdade. – Comentei enquanto a beijava lentamente, depois nos olhamos um pouco e com um movimento rápido eu a coloquei em minhas costas, e quando tive certeza que estava bem presa a mim eu mostrei o que era voar para ela.

Eu comecei a correr. E a cada passo ia acelerando mais, e em questão de segundos adquiri minha velocidade máxima, e o vento morno do fim de tarde em nossos rostos fazia parecer que estávamos voando. Ouvi Luna rir alto enquanto sentia o vento em seu rosto e ela se agarrava ao meu pescoço, sussurrando em meu ouvido:

- Isso é maravilhoso...Amo você, Kam.

- É maravilhoso estar com você. Eu amo você, Luna. – Sem parar de correr eu a passei para meus braços e a beijei. – Agora feche os olhos, estamos em Tebas já. Vou voltar para te levar onde queria.

Ela fechou os olhos e apertou os braços em torno de meu pescoço enquanto eu fazia a volta e continuava a correr. Cheguei onde queria e num único salto estava no ar. Ela sentiu que estávamos pulando e me abraçou com mais força, mas sem abrir os olhos. Pousei com leveza e a coloquei no chão, segurando sua cintura.

- Abra os olhos. – Ela abriu lentamente e seus olhos se arregalaram, mostrando surpresa e admiração pela visão. Estávamos no topo da Esfinge, e de lá ela podia ver todo o deserto ao nosso redor, ver as Pirâmides, a cidade do Cairo, o Nilo, as estrelas no céu do deserto...Era um lugar maravilhoso, extremamente lindo...Misturando o passado, o presente e o futuro, junto da aridez, da beleza e da mística do deserto. Ela ficou um pouco sem fala, e simplesmente se virou pra mim e me beijou, por longos minutos, quando ela finalmente falou.

- Aqui é lindo, Kam...

- Meu pai me contou sobre esse lugar. Ele veio aqui com mamãe na lua de mel deles e quando nos deixou na pirâmide, me lembrei daqui. Eu queria te mostrar esse lugar...É lindo, mas se quer se compara a você.

- Obrigada...Isso é maravilhoso e eu adorei a surpresa. Você é maravilhoso, Kam. – novamente nos beijamos, por minutos a fio. A lua lentamente subia ao céu, iluminando-os com sua luz. Eu a segurei mais perto de mim, para protege-la do frio do deserto a noite. Depois nos sentamos e ficamos abraçados olhando o céu, sem mais palavras para se dizer...Quando foi ficando tarde eu lhe falei novamente.

- Agora, vamos voltar...Dessa vez fique de olhos abertos. Confie em mim.

- Eu confio.

Luna respondeu sorrindo enquanto eu a pegava no colo e a beijava novamente. Com ela em meus braços saltei da Esfinge, e passamos a voar.

 

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