Dia 24 de Novembro havia finalmente chegado. Gabriel acordou tão enjoado e fora do ar na manhã da primeira tarefa do Torneio que não percebeu que ainda estava de pijamas quando ia sair da república. Não sentia qualquer vontade de comer, estava nervoso demais e seria capaz de vomitar todos os pãezinhos no instante seguinte que os colocasse na boca. As aulas daquela segunda-feira seriam interrompidas ao meio dia para todos terem tempo de descer para a arena onde seria a tarefa, mas era como se aquelas três horas de aula não tivessem existido. Pela primeira vez, em 17 anos, Gabriel não ouvira ou copiara sequer uma única palavra dita por um professor. Era como se o dia tivesse transcorrido como um grande lapso, num momento ele estava assistindo a uma aula de Literatura Mágica e no momento seguinte, encarando o prato intocado no almoço. Logo depois fora arrancado do salão principal por uma Madame Maxime extremamente agitada, sem saber o que tinha acontecido com a sua manhã.
- Os campões têm que descer para os jardins agora, para se preparar para a primeira tarefa – disse o agarrando pelo ombro e empurrando salão afora
- Boa sorte!! – ele ouviu os amigos dizerem alto, acenando
Fora conduzido pela diretora até uma enorme tenda vermelha montada ao lado de uma arena gigantesca. Engoliu seco imaginando por que precisavam de uma arena tão grande, que tipo de coisas estariam lá dentro, que precisavam de tanto espaço assim? Gina já estava lá dentro e não parecia nem de longe a garota forte e decidida que ele conhecia tão bem. Pelo contrario, estava um pouco pálida e claramente aflita. Acenou para ele com um sorriso nervoso no rosto, e abaixou a cabeça em seguida. Reno, o campeão de Durmstrang, caminhava de um lado para o outro da tenda mais carrancudo que nunca. Acenou brevemente com a cabeça quando ele entrou e voltou a encarar o chão, sussurrando baixo o que Gabriel imaginou serem feitiços. Gina lhe mostrou as mãos tremulas e sorriu, fazendo uma careta. Boris Fedorovitch, o chefe do Departamento dos Esportes Mágicos, entrou sorridente.
- Bom, agora que estamos todos aqui, hora de dar a vocês informações mais detalhadas! – Gabriel e Gina trocaram um olhar apreensivo – Quando os espectadores acabarem de chegar, vocês sairão para aquela arena por ordem de sorteio e terão que enfrentar algumas criaturas. O objetivo de vocês é chegar ao topo do monte, no fim da arena. Uma vez lá em cima, estão classificados. E para conseguirem alguns pontos extras, e algo que poderá facilitar as vidas dos senhores na terceira tarefa, devem pegar um pergaminho que estará amarrado a uma criatura mágica. Ela não é perigosa, porém, difícil de ser apanhada. Vocês terão 1 minuto. Passado esse tempo, terão que sair sem o pergaminho e terminar apenas com os pontos obtidos pelo desempenho no resto da tarefa. Alguma duvida?
Gabriel olhou para os outros dois. Reno acenou a cabeça indicando que compreendera e Gina fez o mesmo. O três pareciam preferir não falar, pois poderiam vomitar se ousassem abrir a boca para dizer qualquer coisa. Fedorovitch puxou um saco roxo brilhante do bolso e estendeu aos três. Cada um tirou uma bolinha contendo um numero. Gabriel pegou o numero 1 e sentiu o estomago afundar. Não teria tempo de passar mal antes.
- Ah, Sr. Lupin! – exclamou entusiasmado – É o primeiro, então. Tudo que tem que fazer é entrar na arena quando ouvir o apito, ok? Boa sorte!
Gabriel balançou a cabeça e encarou a passagem que dava para a arena. Não era possível ouvir barulho vindo do lado de fora, mesmo eles sabendo que toda a escola estava logo depois daqueles panos. Apertou a varinha na mão suada e olhou para a amiga parada do seu lado. O apito soou.
- Boa sorte! – ela lhe deu um beijo no rosto e ele sorriu
Olhou uma última vez para dentro da tenda e atravessou a cortina. Arquibancadas enormes haviam sido montadas ao redor da arena e centenas de rostos o observavam. Mas apesar de ver que muitos pulavam e gritavam quando viram o primeiro campeão sair, nem mesmo um assobio era ouvido. Notou também que havia uma corrente de bruxos com uniformes do Ministério por toda a extensão da arena. Gabriel deu dois passos a frente e um vulto passou correndo por ele, esmagando alguns galhos mais a frente. Ele saltou para o lado e sacou a varinha. Era um Erumpente, um tipo de rinoceronte mágico.
O bicho notou sua presença e balançou a cabeça ameaçadoramente, o chifre pontudo bem na sua mira. Quando o bicho correu, Gabriel fez o mesmo. Saltou por cima das pedras com a varinha presa na boca e ouvia o bicho estraçalhar tudo que estava no caminho. Sentia seu bafo quente em seus pés e pulou para uma área mais aberta. Parou perto da parede de pedra e esperou. O Erumpente vinha a toda velocidade e ia esmagá-lo contra as pedras, mas quando ele estava bem próximo, antes do choque, Gabriel saltou para o lado.
- Confringo! – gritou apontando na direção do chifre do anima. O feitiço fez seu chifre explodir e o bicho foi de encontro à parede. Pedaços pequenos de pedra caíram por cima do animal e ele aproveitou para correr para longe dele.
Gabriel olhou para frente e visualizou o monte para onde tinha que ir. Não estava muito longe, apenas a algumas pedras de distância. Escalou algumas que estavam logo a sua frente e sentiu algo rastejar em seus pés. Deu um salto com o susto e rolou do alto da pedra. Havia um Farosutil parado bem à sua frente. A serpente de dois metros e cor laranja berrante o encarava e Gabriel não se decidia para qual das três cabeças devia olhar. Agarrou a varinha e apontou para a cobra, que deu um silvo alto e deslizou para cima dele. Ela se enrolou rapidamente em seus pés.
- Incendium! – algumas faíscas saíram da ponta de sua varinha e quando ele as atiçou contra a cobra, se transformaram em uma labareda. Ela foi forçada a recuar e Gabriel levantou depressa, correndo para o outro lado.
Enquanto corria, lançava olhadas rápidas para se certificar que o Farosutil ainda estava retido pelo fogo. As chamas cresciam cada vez mais, mantendo o bicho bem ocupado, e sorriu satisfeito. Mas o calor das chamas não foi suficiente para impedir que um frio repentino tomasse conta da arena. Não era preciso dar nem mais um passo para saber o que teria que enfrentar em seguida. Um dementador deslizava na sua direção e mesmo ainda distante, Gabriel já sentia tudo que tinha de bom dentro dele se dissolver. Forçou a memória para resgatar sua lembrança mais feliz e quando a imagem do casamento dos pais surgiu, avançou na direção do dementador.
- EXPECTRO PATRONUM! – berrou suando frio. Por mais que soubesse conjurar um patrono, o dementador já o enfraquecia – EXPECTRO PATRONUM! – berrou outra vez, trêmulo, e uma luz prateada saiu da ponta de sua varinha. A luz parecia querer apagar e o dementador já estava próximo, mas um lobo prateado tomou forma antes que a criatura o tocasse e Gabriel o mandou para cima dele. O dementador recuou e Gabriel caiu de joelhos no chão no mesmo instante, quase sem forças.
((Continua...))
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