quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Paris, Dezembro de 2012

- A piscina poderia ter cisnes, o que acha? Ah, não importa o que você acha, não entende de decoração de casamentos, vai ficar lindo! – minha mãe perguntou e ela mesma respondeu.
- Louise já está cuidando de tudo, mãe. E falta só um dia pro casamento, não acho que dê tempo de colocar cisnes na piscina, graças a Deus.
- Vou falar com ela hoje, a decoração precisa de mais vida.
- Christine, deixe a mãe do Gabriel em paz, por favor – papai interferiu a meu favor – Ela já está tendo um trabalhão para organizar tudo, não precisa de ninguém dando opinião.
- Mas eu sou a mãe da noiva, tenho direito de interferir!
- Mamãe, deixe a Louise em paz – levantei do sofá já com dor de cabeça – Não a irrite, por favor. Ela e as amigas já estão cuidando de tudo, não precisam de mais gente ajudando.
- Aonde você vai? Está muito cedo, Evan ainda nem acordou e você não tomou café!
- Papai vai ficar com ele hoje, vou tomar café com a Marie e depois vou passar o dia em La Force.

Antes mesmo que minha mãe pudesse responder já estava com a mão na maçaneta da porta, saindo da casa apressada. Adorava minha mãe, mas passar tanto tempo na companhia dela não me fazia bem, pois dava tempo para começar com suas criticas e opiniões sobre minha vida.

Era véspera do casamento e havia combinado de tomar café da manhã com Marie no nosso café favorito, como minha despedida dele. Ela já estava me esperando quando cheguei e ocupamos nossa mesa habitual.

- Quais os planos para hoje? – Marie perguntou se servindo de café.
- Vou passar o dia em La Force com Gabriel, longe da minha mãe.
- Ela está enchendo muito? – Marie riu.
- Ela quer colocar cisnes no jardim – ela riu mais ainda – Meu pai merecia uma medalha. Argh, o que colocaram nesse suco? – falei quase cuspindo o liquido de volta.
- O meu está bom – Marie provou do copo dela – Você está bem? Que cara é essa?
- Não sei, acho que é nervosismo, tenho andado enjoada – Marie me olhou com uma cara esquisita – Que foi?

Meia hora depois estávamos no meu apartamento e eu olhava ansiosa para uma tira de papel, nos 60 segundos mais longos da minha vida. Quando um sinal de positivo apareceu, Marie soltou um grito atrás de mim e me abraçou. Minha única reação foi começar a chorar, mas não de tristeza e sim felicidade. Uma felicidade que não poderia ser medida.

*****

As meninas chegaram a La Force por volta das 22h da noite e não ficaram nem cinco minutos. Foi só o tempo de cumprimentar as pessoas que também estavam lá e saíram me rebocando para fora. O destino era o Moulin Rouge. O motivo, minha despedida de solteira. Avisei que não queria uma multidão nos acompanhando, e por um milagre elas obedeceram, então éramos eu, Marie, Manu, Isa, Bel, Anne, Dora, Miyako, Rory, Evie, Shannon, Luna e Emily. Só as madrinhas do casamento. E essa turma valia por uma multidão em matéria de animação.

- Noite do Karaokê! – Isa chegou na mesa com o menu de musicas.
- Woooo! – todo mundo gritou junto, rindo em seguida. O combinado era que hoje seriamos as “wooo girls”.
- Primeira rodada de drinks! – Manu falou quando um garçom deixou a bandeja na nossa mesa e fizemos o “wooo” outra vez.
- Eu vou ter que ficar no suco, gente – Rory avisou recusando a bebida esfumaçada, apontando pros seios, mas fizeram o “wooo” assim mesmo.
- Vamos Mad, pegue logo a sua para brindarmos – Anne me estendeu a última taça da bandeja e olhei para Marie.
- Você vai ter que contar... – ela falou rindo – Não tem jeito.
- Contar o que? Contar o que? – Miyako só faltava se coçar de desespero – Contar o que???
- Eu não posso beber hoje.
- Por que não? – Miyako perguntou logo – Por que não, mulher?? Fale logo!
- Porque ela está grávida! – Marie não se aguentou e praticamente gritou.

Os “wooos” não eram mais suficientes, elas fizeram um verdadeiro escândalo dentro do Moulin Rouge. Todas me abraçaram felizes e queriam saber de quanto tempo eu estava, me encheram de perguntas. Segundo o médico que fomos ver as pressas depois do resultado do teste, eu estava com 6 semanas.

- Meninas, por favor, não contem nada a ninguém, ok? – implorei a elas – Quero contar ao Gabriel só quando já tivermos saído para a lua de mel e se vocês contarem aos fofoqueiros dos seus maridos, eles vão acabar dando com a língua nos dentes. Foi um sufoco passar o dia com ele sem falar nada, mas posso aguentar mais algumas horas.
- Tudo bem, vamos manter segredo, não se preocupe – Rory respondeu e todas concordaram com a cabeça – Mas quando vocês saírem da festa estamos autorizadas a contar, certo?
- Sim, ai vocês podem espalhar pra quem quiserem – e todas fizeram “woooo”, me fazendo rir.
- Bom, Mad e Rory não podem beber, mas podem cantar, não é? – Emily tomou o menu da mão de Isa e me entregou – Sei que você nunca precisou beber pra fazer algo que vá se arrepender depois, então qual vai ser a música pra abrir a noite?
- Cher! – falei decidida, levantando da mesa.
- Woooooo! – todas gritaram outra vez e subi no palco para cantar Believe.

A noite seguiu embalada pelo wooo. A cada vez que uma subia no palco, era aclamada por um wooo empolgado. Depois que desci, Manu subiu com uma taça na mão para cantar “Respect”, da Aretha Franklin. A coreografia acompanhava a música e arrancou muitas risadas e aplausos. Logo depois Isa e Bel pegaram o microfone para uma performance de “You are so vain” bastante aplaudida também. Rory e Emily foram logo depois para cantar “Girls Just wanna have fun” e levaram a maior seqüência de wooos da noite. A segunda maior seqüência ficou com Evie e Shannon, que cantaram juntas “Like a Virgin”, da Madonna, com direito a coreografia e tudo.

Marie e Anne tomaram várias doses de tequila antes de encararam o palco. Marie cantou, já na madrugada, “Dancing Queen” e Anne encarou o microfone para nos brindar com uma performance memorável de “It’s Raining Man”. Dora cantou “Material Girl”, Luna resolveu dar um pouco de classe e cantou “Hey Jude” e Miyako encerrou a primeira rodada de músicas cantando “Thriller”, em outra apresentação memorável.

Todo mundo cantou pelo menos umas três vezes. A cantoria rendeu até o Moulin Rouge fechar, fomos as últimas a sair da boate com o sol já quase raiando. Rory e eu éramos as únicas sóbrias, estavam todas pra lá de Bagdá e voltamos pra casa as gargalhadas. A noite ia ficar pra história.

*****

- Eu vos declaro marido e mulher.

O padre nos declarou casados e Gabriel me tomou nos braços, me beijando. Eu era oficialmente a mulher mais feliz do mundo, casada com o homem que nunca deixei de amar e esperando um filho dele.

A festa foi em um salão não muito longe da Catedral. Nossos padrinhos deram um show a parte na hora da sessão de fotos, ninguém obedecia as ordens do fotografo para se postarem direito e por fim ele acabou desistindo, entrando na brincadeira e batendo as fotos o mais descontraído possível. Nós não teríamos um álbum tradicional, isso era um fato.

Minhas madrinhas cumpriram o trato e não contaram a ninguém sobre a minha gravidez. Todos dançaram muito, comeram bastante e beberam demasiado. Ouvi muitos “woooo” na pista de dança e nem sempre saiam da boca de uma mulher. Cada vez que tocava uma das músicas que cantamos no karaokê, o álcool falava mais alto e as meninas começavam a gritar com empolgação e começavam a rir em seguida, ninguém entendia nada. E foi muito bom ver Evan entrosado com os novos primos, mesmo que todos bem mais velhos que ele.

Deixamos o salão já quase de manhã, fomos os últimos a sair junto com todos os padrinhos. Ninguém queria ser o primeiro a abandonar o barco e acabamos saindo todos ao mesmo tempo. Nos despedimos deles e já estávamos dentro do carro quando ouvi uma gritaria sem tamanho. Olhei rápido para trás e quando vi todos comemorando, sabia que elas já tinham contado.

- O que foi isso? – Gabriel riu vendo a bagunça que nossos amigos faziam.
- É que eu pedi que elas esperassem até que já tivéssemos saído para contar a eles, mas não conseguiram esperar nem o carro sair do estacionamento.
- Contar o que? – Gabriel tinha o mesmo ar desesperado da Miyako – Mulher, não faça isso comigo, sabe que sou curioso.
- Fiquei sabendo ontem pela manhã e queria esperar até que já estivéssemos no hotel para contar, mas... – peguei a mão dele e coloquei sobre a minha barriga. Sua expressão passou de curiosidade para surpresa em um segundo – Já tem 6 semanas.
- Você está grávida? – ele abriu um sorriso enorme quando confirmei e começou a rir, me abraçando e me beijando – Eu não achava que pudesse ficar mais feliz do que já estava, mas me enganei.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.

Não havia mais nada que eu quisesse naquele momento. Eu já era a pessoa mais realizada do mundo.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Semana de Páscoa, Abril de 2012...

Embora fosse uma semana em que as pessoas tirassem uma pausa para celebrar a Páscoa, eu havia prometido uma matéria sobre como os adolescentes poderiam fazer sua mesada render mais em tempos de crise, para a revista Witchteen. Eu entregaria a minha matéria e aproveitaria para comprar mais alguns ovos e bombons de chocolate para espalhar pelo rancho, já que Alex havia prometido uma caça ao tesouro para as crianças, e também porque eu queria comprar um coelho de pelúcia com vestidinho florido e laços roxos, era lindo e eu sabia que Olivia iria adorar.
- Droga!- resmunguei quando o fecho da minha saia quebrou, já era a segunda vez naquela manhã.
- Mmm...Rory o que foi?- resmungou Ty na cama e vi quando ele tateou o meu lado na cama me procurando, mas como não me encontrou, sentou-se e disse:
- Seja o que for ainda é cedo, mulher. Volta para a cama e venha me fazer sonhar.- disse Ty colocando os braços atrás da cabeça, com a clara intenção de mostrar os músculos, já que ele dormia sem camisa. Não pude deixar de sentir um leve estremecimento ao perceber o jeito que ele me olhava e respondi:
- Você está de folga, mas eu ainda não. Estou atrasada, porque o fecho da minha saia quebrou. Tem café pronto, Olivia já foi para a escola. Você pode ir ao mercado hoje para mim? A lista está na cozinha e por favor, não compre mais daqueles super chicletes para a Olivia, ela chorou muito quando aquela coisa grudou no cabelo dela. - disse andando pelo quarto enquanto pegava outra saia e quando puxei o ziper o fecho quebrou novamente. Não sei o que me deu e eu comecei a chorar.
Ty levantou apressado e veio para o meu lado me abraçando:
- Hey, doçura o que isso? Você tem um monte de roupas, não fica assim...- fiquei alguns segundos abraçada a ele e de repente, comecei a me sentir enjoada. Me afastei dele correndo para o banheiro. Após um tempo que para mim me pareceu longo, Ty colocou um pano frio em minha testa, e me ajudou a ficar de pé.
- O que foi isso??- Ty me perguntou depois que eu passei mal novamente.
- Algo do café da manhã não caiu bem.- respondi ainda nauseada.
- É a primeira vez que isso acontece?- ele perguntou enquanto me erguia nos braços e me deitava na cama.
- Desta forma sim...Não posso ficar deitada, tenho que ir para a revista.- tentei levantar mas senti vertigem.
- Você vai ficar aqui por mais algum tempo, ainda está muito pálida. – ele disse enquanto me dava um copo de água gelada e após eu beber devagar, comecei a me sentir melhor.
Levantei-me da cama devagar e Ty envolveu minha cintura com as mãos. E disse:
- Sua cintura aumentou...
- Está dizendo que eu engordei? Acho bom tomar cuidado com o que diz, escocês. – disse franzindo os olhos, mas ele ignorou e abriu uns botões da minha camisa e olhou para os meus seios, e quando levantou as mãos para toca-los, eu as afastei dizendo:
- Não é hora para isso Ty, tenho que que ir trabalhar... E você acaba de dizer que estou gorda...
- Você não está gorda, mas que eles estão maiores, ah estão, dá para notar...- ele me disse sério e novamente colocou as mãos em minha cintura e disse me puxando bem próxima dele:
- Você já pensou que pode estar grávida?- comecei a rir, mas ele me olhava tão sério que o riso foi morrendo:
- Não posso estar...Nós nos cuidamos sempre...Será?
- Nosso Carnaval no Rio foi agitado... - ele disse e fiquei um pouco vermelha ao me lembrar dos dias que passamos no Brasil por causa do Carnaval.
- Espere aqui que já volto...- ele disse e saiu correndo pela casa, e logo voltou com uma caixa de teste de gravidez de farmácia, e explicou:
- Jolie não tinha um ciclo muito regular, então ela sempre tinha testes em casa, para não tomar nenhum remédio que pudesse prejudicar o bebê, caso estivesse grávida. Eu olhei a data de validade, estão bons.
Peguei o teste e fui o mais rapido possivel para o banheiro, mal havia passado o tempo de espera e as duas linhas rosas estavam bem fortes. Comecei a pensar que ele poderia não querer o bebê, afinal não haviamos conversado sobre ter mais filhos agora.
Quando sai do banheiro, vi que ele andava de um lado a outro no quarto.Ele me olhou em expectativa e eu disse tensa:
- Deu positivo.- Ty soltou um grito selvagem e me ergueu em seus braços me cobrindo de beijos, comecei a rir, aliviada.
- Eu te amo Rory e desta vez, você não vai estar sozinha, vou estar ao seu lado, prometo.

Rio de Janeiro, final de Novembro de 2012

Eu estava com Emily, Mad e Miyako no restaurante do Scott Foutley, no Rio de Janeiro, tinha vindo experimentar o vestido de madrinha, enquanto Ty, Griff e Henry, marido de Miyako estavam num alfaiate em Londres, experimentando os ternos para o casamento de Gabriel, no final de dezembro. Eu estava morrendo de vontade de comer as crepes de chocolate com sorvete e morangos, uma das especialidades do restaurante dele, e Scott ao ver o tamanho de minha barriga, não demorou para satisfazer meu desejo. Depois de comermos muito, estavamos comentando sobre o casamento de Mad, quando...
- Aiiiiiiiii! – não pude conter o gemido alto enquanto segurava a borda da mesa até os nós dos meus dedos ficarem brancos.
- É o bebê?? Ai meu Deus, você vai ter o bebê...- disse Emily tensa e eu sacudi a cabeça confirmando enquanto uma contração forte me fazia suar em bicas.
-Respira...Respira...Tio Scott o bebê está vindo. – gritou Miyako quando viu que a bolsa havia estourado. Scott largou a cozinha e veio para o meu lado segurando um celular.
- Tem certeza que está na hora Rory?- segurei firme a mão dele e disse entredentes:
- Ache aquele escocês, porque o filho dele está nascendo e se ele não estiver ao meu lado, ele pode se considerar divorciado.- enquanto apertava a mão de Scott, que me olhava de olhos arregalados:
- Sim, está na hora, e vai nascer logo, ela já esta na fase irracional. Ela quase quebrou a minha mão. Vamos para o hospital da Louise, é aqui perto. Paulo, o restaurante está por sua conta agora, vou ajudar a por um bebê no mundo.

-o-o-o-o-o

- Vamos lá, Rory, respira, garota, vamos lá, respiração cachorrinho pra aliviar um pouco a pressão.- disse Louise enquanto Scott estava ao meu lado me ajudando com as contrações e ele começou a respirar junto comigo.
- Conseguiram achar o Ty?- perguntei caindo na cama exausta após mais um dos exames de Louise para ver se era a hora de empurrar o bebê.
- Não se preocupe com ele, preocupe-se com o bebê que está vindo ai. Já sabem o sexo?- perguntou Scott massageando a mão, e eu disse:
- Não quisemos saber, mas Ty acredita que é menina, disse que sonhou com isso, fez até....- comecei a respirar mais forte e Scotte me ajudou contando o tempo das contrações, enxugou a minha testa e ele completou o que eu dizia:
- Um bolão de apostas, pra saber a data que o bebê ia nascer. Eu apostei 2 galeões e perdi, achei que seria em outubro, você estava bem grande.- ele disse rindo e eu ri com ele. O trabalho de parto estava evoluindo muito rápido, após algum tempo, Louise disse:
- Rory, você já está com a dilatação necessária para começar a empurrar. Vamos lá?
- Não, não posso empurrar agora, o Ty ainda não chegou....Eu vou matar o Ty, ele prometeu estar junto comigo. - disse tentando não fazer força, mas estava difícil.
- Emily e Miyako já acionaram meio mundo atrás dele, e logo ele estará aqui, mas se você não empurrar, o bebê vai ficar cansado de empurrar sozinho e começará a sofrer. – olhei para Louise e Scott disse:
- Rory, deixa a natureza seguir o curso, estamos com você. Vamos lá, vamos botar este filhote do carnaval pra agitar a avenida.- ele disse e sorri, pois Gabriel havia dito a mesma coisa quando soube da minha gravidez.
Comecei a fazer força, e a cabeça do bebê, começou a sair, demos uma pausa entre as contrações para eu poder respirar, quando senti uma contração mais forte se aproximando, ouvi Louise me incentivar:
- Mais uma quando eu mandar, Rory e vamos poder conhecer o seu bebê.- fiz o que ela mandou e logo pudemos ouvir o choro alto e forte, quando a porta da sala de parto se abriu e Ty entrou desesperado, usando roupas esterilizadas:
- Eu fui comprar um presente para você...Por isso demorei, desculpa o atraso doçura. – disse me dando um beijo na testa e pegando a minha outra mão.
Ouvimos quando Louise disse que era uma menina, e eu sorri cansada dizendo:
- O importante é que você chegou e o padrinho da nossa filha estava aqui do meu lado.- comecei a me sentir muito fraca, como se fosse perder os sentidos, mas a ultima coisa de que me lembro bem, era Louise dando ordens para Ty e Scott sairem da sala, porque eu estava com hemorragia e eles estavam me perdendo.

sábado, 26 de dezembro de 2009

La Force, Paris, 27 de Dezembro de 2012

Véspera do casamento


A véspera do meu casamento havia finalmente chegado. Nos anos que se passaram depois do meu rompimento com a Mad, meus amigos fizeram inúmeros bolões para tentar acertarem quando nós finalmente iríamos acabar com a, nas palavras deles, palhaçada e nos casarmos e hoje à noite eles iam abrir o envelope com as apostas e o vencedor receberia a bolada. Estávamos hospedados em La Force, a sede francesa do Clã Chronos comandada por Arturia, e o resto da turma chegaria até o fim da tarde, mas enquanto esperávamos, Mad e eu tentávamos ajudar minha mãe no que fosse preciso para que a noite seguinte fosse perfeita. Na verdade só ela estava ajudando, eu tentava não atrapalhar.

- Toda minha família já reforçou a confirmação de que virão ao casamento, então não vamos ter nenhum lugar vago por parte deles – Mad entregou a ela uma lista.
- E quanto aos nossos amigos, ninguém vai faltar, garanto – falei rindo.
- Ok, todos da nossa família confirmaram, segundo sua irmã, então essa questão está resolvida.
- Precisa que a gente faça alguma coisa para a decoração? – Mad perguntou.
- Na verdade, só preciso que você mantenha sua mãe longe. Se puder fazer isso, já vai ser de grande ajuda.
- Ai, ela está perturbando, não é? – Mad falou cansada, em tom de quem se desculpava – Ela está tendo problemas em aceitar o fato de que vou me mudar da França.
- Ela não está perturbando, mas suas tentativas de ajudar acabam me atrasando. Ela gosta de falar e temos muita coisa pra fazer, então se sua mãe pudesse não ajudar, Scott, Miriam e eu podemos terminar tudo mais rápido.
- Vou mantê-la longe daqui – mamãe sorriu agradecida – A propósito, ela ligou atrás de você, queria perguntar alguma coisa.
- O que deu na sua mãe, afinal? – perguntei confuso – Ela nunca foi muito com a minha cara, por que está me bajulando tanto?
- Porque, em suas exatas palavras, Evan não é mais um bastardo, ele agora tem um pai – Mad fez uma careta impaciente e a abracei, rindo.
- Sua mãe falou isso mesmo? – tio Scott perguntou incrédulo.
- Sem tirar nenhuma vírgula. Minha mãe é uma pessoa adorável, estou muito feliz por ir morar em outro continente – e todo mundo acabou rindo.
- Padrinho numero 1 na área! – Ty abriu a porta da sala fazendo bagunça e de braços abertos, como se abrisse ala pra ele mesmo.
- Madrinha também! – Rory entrou atrás dele, sem tanto estardalhaço, carregando um bebê no colo. Era Selene, que tinha acabado de nascer. Na mesma hora já estávamos todos ao redor dela, babando.
- Mas a madrinha número um sou eu! – Miyako entrou logo depois e me abraçou apertado – Meu menino cresceu e vai casar, que orgulho!
- Foi você que ganhou o bolão? – perguntei beijando sua bochecha e pegando Eicca no colo, que vinha no ombro de Tiago.
- Faz tanto tempo que apostei que nem me lembro mais, mas mais tarde vamos descobrir!

Depois de Ty, Rory e Miyako, o resto da turma começou a chegar um seguido do outro. Em instantes a sala da casa estava apinhada de gente, todos falando ao mesmo tempo e muito alto. Era como uma grande família italiana. Depois de alguns minutos de conversas cruzadas, mamãe deu um assobio alto e todo mundo parou de falar.

- Ok, tem muita gente aqui dentro e ainda temos um casamento pra terminar de organizar, então quem não se chamar Alex, Yulli, Sam, Miriam e Scott, rua!
- Não precisam mesmo da nossa ajuda? – perguntei.
- Querido afilhado, sua função é só dizer o nome certo no altar, seguido do Sim – tio Scott falou batendo no meu ombro e todo mundo riu.
- E você apenas mantenha sua mãe longe e aproveitem o resto do dia, porque amanhã vocês nem pra respirar terão tempo até a cerimônia terminar!

ººººº

Passei uma tarde muito agradável em La Force na companhia de Mad e dos meus amigos. Micah chegou com a esposa e os três filhos pouco antes do escurecer e Chris, Shannon e os gêmeos chegaram a tempo para o jantar. A única baixa era de Iago e Milla, que não poderiam vir já que o filho mais velho estava doente. Estávamos todos reunidos na sala de jogos quando Ty e Griff entraram chamando a atenção, carregando um envelope grosso nas mãos.

- Muito bem, lobão, vamos lá! – Ty passou por mim com o envelope e colocou em cima da mesa – Chegou a hora de saber quem ganhou o bolão!
- Opa! – Chris ficou de pé na mesma hora – Estou curioso, já não lembro mais minha aposta de data.
- Atenção, que rufem os tambores! – Griff começou a abrir o envelope e puxar o papel lentamente. Todos os envolvidos no bolão já estavam de pé, ansiosos.
- Anda logo com isso, Griffon! – Seth falou impaciente.
- Já digo que você não foi, irmão – Griff falou pra Seth – Você foi muito otimista, colocou 2004 – e Seth resmungou, frustrado.
- A pessoa que mais se aproximou da data foi... – Griff fez suspense outra vez e começamos a vaiar – Minha japonesinha favorita! – Miyako começou a pular na sala, gritando - Errou por 5 meses, mas chegou mais perto que todo mundo.
- Droga, eu coloquei 2015! – Ty conferiu o papel na mão de Griff – Poxa lobão, não podia esperar mais 3 anos?
- Ele já me fez esperar 12 anos, queria mais 3? – Mad fingiu indignação.
- O que são mais 3 aninhos, pra quem já esperou isso tudo?
- Ah, pare de reclamar, Tyrone – Miyako passou com o saco cheio de galeões e sacudiu na frente de seu rosto – Eu te pago um whisky de fogo com o prêmio.
- E ai, crianças? Chegamos atrasados pra festa?

A porta da sala de jogos abriu outra vez e uma verdadeira comitiva entrou: Ian, Marie, Samuel, Anne, Bernard, Bel, Viera, Manu, Isa, Dora, Sávio e Dominique invadiram a sala, todos arrumados pra sair. Numa fração de segundos, as mulheres já tinham se reunido e rebocavam Mad para fora da sala, mal dando tempo de nos despedirmos e deixando só os homens na sala.

- Elas já foram pra farra, agora é a nossa vez – Ian bateu no meu ombro, rindo.
- Nick, está pronto? – Ty olhou para Nicholas e ele ficou de pé, mas meio receoso – Relaxa, garoto. Está comigo, está com Deus.
- Vamos embora, cambada! Vamos embora que essa é a despedida de solteiro do lobão, então tem que ser legen- esperem... – Griff fez uma pausa de uns 5 segundos – DARY!

Começamos a rir e aos poucos esvaziamos a sala de jogos e, com a turma completa e pra lá de animada, caímos na noite de Paris. Griff tinha razão: pelo pouco que me recordo do que aconteceu naquela noite de bebedeira, ela foi mesmo lendária.

ººººº

Chegamos de volta a La Force já quase com o dia raiando e apesar de não lembrar de tudo que aconteceu na boate, lembro claramente de entrar na casa abraçado a Ty e Griff, e nós três entoávamos a plenos pulmões o hino de Beauxbatons, agradecendo a escola por nos ter apresentado a nossas mulheres. Também me lembro de Seth vir logo atrás, achando graça da cantoria desafinada e carregando um Nick que ria mais que uma hiena bêbada.

Não dormi nada e fui acordado pelo tio Scott, abrindo as cortinas do quarto sem dó nem piedade e com a claridade batendo nos olhos, fui obrigado a levantar. Não houve tempo para curtir ressaca e até tentei arrancar de Miyako alguma informação sobre a noite delas, mas em vão. Tudo que ela e Rory fizeram foi dar inicio a uma escandalosa sessão de gargalhadas com frases pela metade sobre a farra, só para me torturar.

O dia passou num piscar de olhos. Em uma hora estava almoçando com minha família e de repente, estava parado na frente da Catedral de Notre Dame vestindo um terno e conversando com Ty e Miyako. Minha mãe, tia Alex e tia Yulli comandavam a organização dos padrinhos e crianças que entrariam na igreja e chamei Clara para junto de mim.

- Nervoso, maninho? – ela perguntou debochada, irreconhecível em um vestido azul claro e toda enfeitada pela nossa mãe.
- Quero pedir um favor. Evan é muito pequeno para entrar sozinho na igreja com as alianças, pode começar a correr de repente, e a mãe acha melhor alguém entrar com ele. Ela pensou em colocar uma das daminhas, mas quero que seja você.
- Eu? Na frente da igreja inteira?
- Sim, você, minha única irmã que eu tanto amo – apelei pra chantagem emocional e Ty e Miyako riram – E desde quando tem vergonha?
- Não tenho vergonha, eu topo. Só preciso conduzir ele até vocês, certo?
- Isso. Não tropece, por favor.

Ela mostrou a língua e saiu de perto para se juntar ao resto das pessoas que mamãe organizava. Seth e Luna já estavam a postos, assim como Rory, Evie e Tiago, mas Griff, Emily, Micah, Shannon e Chris não paravam de circular e deixavam tia Alex nervosa. Do lado da Mad, toda nossa turma de Beauxbatons já estava organizada. Marie se aproximou logo depois, dizendo que Mad já havia chegado e era hora de começar a cerimônia, e mais uma vez tudo passou numa fração de segundos. De uma conversa descontraída com meus melhores amigos, de repente fui parar alinhado na entrada de uma imensa catedral com o braço junto com o de minha mãe e depois já estava no altar diante de todos os meus amigos.

Quando a música que havíamos escolhido começou a tocar, pela primeira vez em muitos anos, me senti nervoso. Mas quando as portas da catedral tornaram a abrir e vi Mad linda como nunca havia visto antes em um vestido de noiva, entrando lentamente ao lado de seu pai, percebi que era um nervoso diferente. Era a ansiedade de estar diante da visão da mulher que você amava vindo em sua direção, sorrindo, pronta para todo um futuro que nos aguardava. Naquele momento eu soube: Eu era o homem mais feliz do mundo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Meados de Outubro de 2008

- Ty houve um acidente muito grave com a Jolie...

Quando um pesadelo te encontra acordado, tudo o que você tem que fazer para passar por ele é aguentar firme e desejar que em algum momento ele acabe. Afinal tudo chega ao fim algum dia não é mesmo?

O final do dia estava cinzento... Era um dia apropriado para a tristeza que pairava no ar, enquanto muitas pessoas estavam reunidas à beira do lago Ness para uma triste despedida. Alguns choravam abertamente, e outros enxugavam lágrimas discretas, mas todos conseguiam expressar o seu pesar, todos, menos um. Próximo ao caixão de madeira escura, havia um homem com roupas negras e expressão dura. Quem não o conhecesse, pensaria que o semblante fechado, era pela seriedade da situação, mas quem o conhecia sabia que ele estava sofrendo muito.
Não havia lágrimas, enquanto ele segurava a mão de uma menina de tranças, que não tinha mais de quatro anos. Ela fungava e parecia assustada, mas segurava firme a mão do homem que era o seu pai.
Ele olhou ao redor, e todos os seus parentes e amigos estavam lá, mas ele não se demorou ao olhar para eles. Sabia que se fizesse isso não saberia lidar com a piedade estampada em seus rostos, e ele desmoronaria, e ele precisava se manter forte, pois sua filha precisava dele, agora mais do que nunca.

#Flashback#

- Então quando, Troy, mandou o balaço pra cima do Poliakov, eu emparelhei com o Iago e demos um golpe duplo mandando o balaço de de volta pro alemão...- Ty contava para Jolie como havia sido o jogo e ela o ouvia quieta.
- Ty, existe outra pessoa...- ela disse de uma vez, parecia não conseguir se conter.
- Como assim existe outra pessoa? - ‘Ela estava acabando com nosso casamento??’- ele pensava assustado.
- Eu o conheço?- perguntou baixo, se controlando.
- Na verdade nem eu conheço, só daqui a nove meses...- e ela colocou as mãos sobre a barriga e sorriu marota:
- Nós vamos ter um bebê.

my precious one, my tiny one
I'll kiss your little cheek
and underneath the smiling moon
I'll sing you back to sleep


Houveram campeonatos, nascimentos dos filhos dos amigos e novos sobrinhos, e tudo com sua esposa ao seu lado. Ainda lembrava da primeira vez que ela viajou para fazer os shows e deixou a filha com a avó. Ela chorava muito e quase não conseguiu cumprir sua agenda, mas quando voltou para casa, e viu como a filha foi bem cuidada, ficou mais tranquila, deixou de se sentir a pior mãe do mundo. Claro que ele nunca contou a ela, o quanto ele também ficara preocupado com o bebê deles...Agora era tarde demais para contar.

Ty olhou para sua mãe e ela apesar dos olhos vermelhos, se mantinha ereta e não tirava os olhos do filho, era como se quisesse transmitir força a ele, pelo olhar. Ela tentou um contato pela legilimência, mas ele a bloqueou, ainda não estava pronto. Desviou os olhos e viu Desireé, mulher de seu primo Riven, segurando protetoramente a sua barriga de oito meses, enquanto ela chorava baixinho. Apesar de tudo, a vida continuava.

Oh, for so long I've tried to shield you from the world
Oh, you couldn't face the freedom on your own
Here I am left in silence


- #flashback#

- Ando pensando em sair da banda...- disse Jolie, entrando no banheiro de sua casa em Paris, enquanto Ty se barbeava depois do banho. Ainda era cedo e ele iria para a Bulgaria me reunir com o time, e ela iria para Londres, terminar sua turnê com a banda, antes da pausa para o Halloween, quando iriamos viajar de férias.
- Porque? Você ama o que faz...- respondeu enquanto tirava o resto da espuma do rosto com uma toalha molhada.
- Ando pensando em ficar em casa, com a Liv, por uns tempos....
- E?- perguntou, pois sabia que sua mulher iria lhe dizer mais coisas. Ela sorriu abraçando-o pelas costas enquanto suas imagens se refletiam no espelho:
- Olivia me pediu um irmãozinho ou dois...E eu gostei desta idéia. O que acha?- ele sorriu e se virou abraçando-a.
- Acho que vamos deixar nossa filha muito mimada, dando tudo o que ela quer, mas neste caso não há problemas...- disse rindo antes de beijá-la.
Foi a última vez em que eles estiveram juntos...

Naquela noite, após o funeral de Jolie, eu só consegui botar Olivia para dormir, após prometer que ela nunca ficaria sozinha e ela adormeceu segurando o cachorro de pélúcia que havia ganhado da mãe, alguns dias antes. Voltei para meu quarto e eu olhava as coisas de minha mulher espalhadas pelo dormitório e não sabia o que fazer. Ouvi uma batida na porta e Griff entrou acompanhado de Gabriel, dizendo:
- Vamos nos reunir na biblioteca para beber e viemos te buscar.- comecei a sacudir a cabeça em negativa. Não estava bem para ficar perto das pessoas, sentia-me cansado.
- Você precisa disso, Ty e nós também. – disse Gabriel firme e apenas dei de ombros, resignado.
Quando entrei na biblioteca, lá estavam Ethan, Edward, próximos a meus primos John, Brian, Riven, Declan. Iago, Victor, Chris, Ricard , Micah, Seth, e Miyako, já seguravam seus copos de wisky de fogo. Os copos cheios foram distribuídos e Micah disse me encarando:
- Lembram quando Ty fez uma aposta conosco, dizendo que era capaz de ficar com qualquer garota e sair com ela do bar em um minuto? Ricard apontou para a Jolie, e não é que ele conseguiu vencer a aposta? Ele se tornou o ídolo do Ricard. – e levantou o copo num brinde silencioso e foi seguido por todos.
- Vocês têm que reconhecer que isso foi um feito, ninguém da geleira era tão descolado com as garotoas, quanto os novatos. Claro que ela deu a volta nele, ficando com metade do dinheiro, ali já dava para ver quem ia mandar na casa. - disse Ricard e esbocei um sorriso. Isso foi um incentivo para que os outros também falassem de suas memórias.
Eram tantas lembranças, muitas engraçadas, outras nem tanto, mas que faziam parte do tempo que eu tinha vivido com Jolie e me dei conta de que não voltaria mais. Comecei a me sentir sufocado, e de repente eu disse:
- A minha mulher morreu. – e só naquela hora eu consegui chorar de verdade pela minha perda.

I've been so lost since you've gone
Why not me before you?
Why did fate deceive me?
Everything turned out so wrong
Why did you leave me in silence?


N.Autora: Trechos das músicas: My precious one (Celine Dion) e Forgiven (Within Temptation)

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Agosto de 2003

Após a nossa formatura cada um de nós foi seguir o seu caminho, mas estávamos sempre em contato. Meu começo no Abutres de Vratsa foi dificil, porque não seria fácil substituir o antigo dono da posição, Fisher, mas eu redobrei meu treinamento e logo Karkaroff e eu nos tornamos a dupla de batedores, com o maior numero de acertos nos campeonatos, e com isso recebemos muitos elogios de revistas de esportes e até ganhamos alguns prêmios das Associações de Quadribol.
Na carreira tudo ia bem, mas na vida pessoal, não.
Eu e Jolie ficamos algum tempo juntos após a formatura, e mesmo com a agenda de shows dela e os jogos do meu time, nos encontravamos pelo menos uma vez por semana. Isso se não houvesse alguma missão do clã Chronos, e embora ela não gostasse disso, aceitava, pois esta era a minha vida.
Nos davamos bem na maioria do tempo, mas algumas vezes brigávamos por coisas bobas como ciúmes das coisas que líamos sobre nossos ‘romances’ nos jornais, terminávamos tudo e seguiamos caminhos separados. Porém quando nos reencontrávamos era dificil continuar com raiva um do outro.
Eu estava em Paris com o time e acabamos indo a um show com várias bandas e a de Jolie estava lá. Sua banda era o que os trouxas chamava de 'rock gótico', porque os caras usavam muito preto e ela usava vestidos longos com saias bufantes, parecia uma princesa, coisas que combinavam com as musicas que às vezes falavam de morte, traição, amores impossiveis e estavam fazendo sucesso. Após a apresentação, fui ao camarim e quando o segurança me deixou passar e nos encontramos cara a cara, sorri e ela já foi dizendo defensiva:
- Ty eu não quero sair com você novamente.
- Isso funciona?- perguntei
- O que?
- Esta voz esnobe. Todos os caras com quem você sai, aceitam um não assim tão calmamente?
- Eu não saio com todos os caras... Ao contrário de você que sai com todas as garotas com mais de 13 anos, pelo menos é o que a Rita Skeeter disse...
- Aquela Skeeter é uma vaca, e meu advogado a fez se desculpar na primeira página. Aquela menina é a sobrinha do meu técnico, eu estava fazendo um favor a ele indo ao baile da escola dela. Não mude de assunto.Com quem você tem saido então?
- Não interessa, deixa de ser intrometido.
- Uh, você está ficando irritada...- a vi morder os lábios e disse sério:
- Sabe, Jolie, você sempre teve uma boca incrível.
- Obrigada, ela é importante para cantar. Pode ir embora agora?
- Não estou falando sobre cantar, mas sobre sua boca. E não, eu não vou embora. – aproximei-me dela e ela não recuou. Ergui a mão e passei o polegar lentamente sobre sua boca e percebi que ela segurava o fôlego.
- Sorriso grande, ótima curva e umidade, lábios cheios... Estou cansado destas brigas, sinto muito a sua falta, Jolie... - e fui me aproximando mais dela, e ela disse baixo:
- Ty por favor...
- Por favor ‘pare’ ou ‘vá em frente’?- e parei a centímetros dela, nossas respirações se encontrando...
Como ela continuasse quieta, eu comecei a recuar, mas ela suspirou e me puxou pela camisa, colando sua boca na minha. Quando terminamos o beijo, dei-lhe mais um beijo curto e ergui seu queixo e a olhei nos olhos:
- Sei que tenho um temperamento dificil, sou um pouco teimoso,mas sou bonitão...Um bom partido...
- Bonitão e bom partido? Modéstia não é o seu forte...- ela zombou e eu disse:
- Você também não é uma pessoa fácil de se conviver.- ela estreitou os olhos e eu continuei:
- Muitas vezes brigamos por besteiras e ficar longe de você, é horrivel. Mas quando estamos juntos tudo que é ruim fica para trás, posso ver pelo seu olhar que você também sente a minha falta, pois eu sei que eu te faço feliz.
- Uau, que arrogância, Tyrone...Mas eu gosto de pessoas auto confiantes. - e ela me abraçou mais forte, e me beijou novamente e disse:
- Está bem, podemos tentar novamente...
- Não, eu não quero tentar novamente.- eu a cortei e ela me olhou séria.
- Você está terminando de vez? - perguntou erguendo o queixo, e procurou se afastar de mim, mas eu a segurei mais forte.
- Não, eu não quero terminar. Eu quero que a gente viva na mesma casa, acorde juntos e quero ter filhos com você. Não posso garantir que não vamos brigar, mas se brigarmos, será como marido e mulher, e não quero mais ter que entrar escondido no seu quarto quando estivermos visitando a minha familia...(rimos porque lembramos do casamento da Annia e John, dois anos antes, e minha avó quase nos flagrou) - Então casa comigo?
- Bom, não é o pedido dos sonhos de uma garota, mas serve...- ela começou a dizer brincalhona, mas ficou muda quando me viu ajoelhar em frente a ela e tirar um anel do bolso:
- Jolie Milosevich, este é o anel que meu pai deu à minha mãe quando se casaram e você sabe o quanto eles foram felizes. Quando ela se casou novamente, ela me deu o anel para eu o desse à mulher que eu amasse e que quisesse construir um futuro junto comigo. Eu ficaria muito honrado se você o usasse como minha esposa. Você aceita?- e vi que os olhos dela se encheram de lágrimas e ela respondeu enquanto eu colocava o anel em seu dedo:
- Sim, Ty eu aceito ser a sua esposa.

Pensei que o dia de nosso casamento fosse o dia mais feliz de minha vida, mas estava enganado. O dia mais feliz foi quando pouco mais de um ano depois, numa manhã clara de Setembro de 2004, nasceu nossa filha Olivia. Eu sentia que aquele sentimento de felicidade iria durar para sempre, pois estavamos juntos e nada poderia nos separar.

I still hear your voice, when you sleep next to me.
I still feel your touch in my dream.
Forgive me my weakness, but I don't know why.
Without you it's hard to survive.


Cause everytime we touch, I get this feeling.
And everytime we kiss I swear I can fly.
Can't you feel my heart beat fast, I want this
to last.
Need you by my side.
Cause everytime we touch, I feel this static.
And everytime we kiss, I reach for the sky.
Can't you hear my heart beat slow
I can't let you go.
Want you in my life.


N.Autora: Every Time We Touch, Cascada.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Back to 2000

Rio de Janeiro, Agosto de 2000

Voltar para casa depois de terminar os estudos foi um pouco difícil, mas eu estava me adaptando a minha velha rotina com mais facilidade do que esperava. Meus amigos de infância estavam sempre circulando pela casa, comemorando minha tão esperada volta ao convívio diário do condomínio e fazendo planos para as férias. E eu logo descobri que elas não seriam tão paradas como eu imaginava.

Entre o alistamento militar, onde escapei de ser convocado usando um pouco de magia inocente, e as aulas de aparatação e direção, preenchia meu tempo organizando uma viagem de três meses pelos Estados Unidos. Não havia sido fácil convencer minha mãe a concordar que eu passasse três meses sem um rumo certo tão longe de casa, mas com o estágio no Profeta Diário só começando em Janeiro e a avaliação para a UFRJ sendo em Dezembro, não havia muito que eu pudesse fazer dentro de casa nesse intervalo. No fim ela acabou cedendo, depois que meu pai resolveu interferir ao meu favor. Logo depois do aniversário de 1 anos da Clara, Luiz e eu pegaríamos um avião rumo a Chigaco para começar a viagem cruzando a Rota 66.

Meu exame de aparatação tinha sido marcado para a primeira terça-feira de Agosto e depois de esperar mais de uma hora no Ministério da Magia, consegui fazer a prova e passei de primeira. Almocei com meu pai e tio Ben depois que sai do exame e quando eles voltaram para o trabalho, usei minha recém-adquirida licença para aparatar direto para a casa do Sandro, onde havia combinado de encontrar os outros para ir à praia.

- Oi, entra rápido – Igor abriu a porta antes que eu tocasse a campainha e me assustei – Ouvi o estampido, imagino que tenha passado no exame.
- Sim, ouvido de tuberculoso – entrei rindo – O que está acontecendo? Por que essa cara de pavor?
- A coisa está feia, o pai do Sandro descobriu que ele trancou a faculdade. A briga é no escritório, mas aqui da sala estamos ouvindo.
- Ele trancou a faculdade? Quando?
- Há dois meses, mas é melhor você mesmo escutar...

Igor fechou a porta e caminhei até o sofá onde Pedro, Breno e Luiz estavam sentados imóveis, os ouvidos atentos a gritaria que vinha do corredor. Sentamos ao lado deles e logo também já estava compenetrado ouvindo as palavras que saiam de forma exaltada da boca de Sandro e seu pai. Sandro fazia economia na UFF há quase 2 anos e era um dos melhores alunos, embora odiasse o curso.

- Eu nunca quis ser economista, pai! – Sandro berrou – Era o que você queria, não eu! Eu quero ser biólogo marinho!
- Ah, Biólogo! E como pretende se sustentar observando tartarugas? – o pai dele riu – Porque se não voltar imediatamente para a faculdade, pode esquecer minha ajuda.
- Não preciso da sua ajuda. Sai do curso há dois meses e usei esse tempo para trabalhar, sei me virar sozinho. E apesar de odiar ser economista, sou muito bom nisso e venho juntando dinheiro há 5 anos, tenho muito mais na minha poupança do que você imagina.
- Você é bom em economia, Sandro! Não entendo porque não gosta, porque odeia tanto a minha profissão! É graças a ela que você e seus irmãos sempre tiveram tudo do bom e do melhor, é por causa dela que nunca faltou nada a nenhum de vocês!
- Eu não odeio sua profissão, pai. Mas quero uma profissão onde eu possa ver meus filhos crescerem no dia-a-dia, e não através de fotografias. Agradeço tudo que você fez pela nossa família, mas enquanto você passava as noites trancado no escritório trabalhando, Gustavo, Felipe e eu crescemos e você não viu. Quero dar pra minha família tudo que você deu pra gente, mas também quero conhecê-los.
- Qual é o seu plano? Porque espero que tenha um, agora que não conta mais com a minha ajuda – dava pra sentir a magoa na voz do pai dele, mas Sandro tinha certa razão no que havia dito.
- Vou fazer vestibular outra vez no fim do ano, passar pra outra Federal e cursar o que eu quero. Tenho dinheiro suficiente pra me sustentar.
- Ótimo. Tem dinheiro suficiente pra manter um apartamento também?
- Sim.
- Então pode começar a procurar um, você não mora mais aqui.


Ouvimos a porta do escritório abrir com violência e depois alguns passos pelo corredor, seguidos de uma porta batendo. Antes mesmo de Sandro voltar a sala ouvimos outra briga começar, agora do pai com a mãe dele, onde ela o proibia de expulsar o filho de casa ou também sairia. Sandro apareceu logo depois, com a prancha debaixo do braço e uma expressão tranqüila.

- Vocês aceitam mais um nessa viagem de três meses? – ele perguntou antes que pudéssemos perguntar como ele estava.
- Claro, você vai ser mais que bem vindo! – Luiz respondeu por nós dois.
- Tem certeza que quer ir? – perguntei um pouco mais preocupado com ele.
- Eu preciso – sua expressão agora era cansada – Tenho dinheiro suficiente pra ir com vocês e ainda vai sobrar muito. Ficar longe daqui é tudo que eu preciso nesse momento. Não vou voltar atrás e voltar a cursar economia.
- Claro! Você tem que se formar naquilo que gosta! – Pedro o apoiou.
- E você não vai ficar na rua quando voltar – Igor falou e todos concordamos com a cabeça – Se seu dinheiro não der pra pagar um lugar pra morar, vai ter abrigo até que possa se sustentar sozinho.
- Sim, sim, não vamos deixar nosso cérebro mais brilhante virar morador de rua – Breno deu um tapa nas costas dele – Pessoas inteligentes que moram na rua sempre viram profetas e o Rio de Janeiro já está cheio deles, não precisa de mais um.
- Valeu, pessoal – Sandro acabou rindo com a idiotice de Breno – Agora vamos pra praia antes que as ondas acabem.

Assentimos no mesmo instante e depois de uma parada relâmpago no meu apartamento pra poder trocar de roupa, pegar a prancha e o Nicholas, nos esprememos no carro do Luiz e fomos embora pra praia. E enquanto Nicholas lutava para aprender a surfar, recomeçamos nossos planos de viagem, agora com Sandro ajudando. Não era nenhum profeta de rua, mas tinha certeza que essa viagem seria inesquecível.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Algumas memórias de Rory Montpellier, Final de julho de 2011

Após o nosso casamento, Ty e eu viajamos por um fim de semana para Londres, para uma ‘lua de mel’. Claro que quando chegamos no hotel trouxa cinco estrelas, ficamos em quartos separados, conversávamos o estritamente necessário e se encontrássemos pessoas conhecidas ele fazia questão de bancar o marido apaixonado. Tentei por algumas vezes conversar com ele sobre o passado, sobre minha mãe, mas Ty sempre inventava desculpas, e depois de um tempo eu não insisti mais.
Quando voltamos ao rancho, estávamos muito acostumados com a máscara de casal feliz e as pessoas pareciam acreditar nisso. Julian se distraia pelo rancho, já que Justin havia ido embora com seu pai, Haley estava de castigo então não poderia viajar com os amigos, e Olívia havia passado uns dias com os pais de Jolie, e havia voltado muito mimada, e acabou levando algumas broncas do pai, e ela me olhava ressentida. Eu vivia tentando agradá-la, mas como me ignorava, passei a ficar no meu canto.
Como a vid continua e cada um tinha suas próprias coisas para fazer, eu voltei a trabalhar no jornal e Ty voltou animado para sua rotina de treinos, preparando-se para a nova temporada do campeonato mundial.
Uma semana após nosso casamento, acordei com gritos desesperados e levantei rápido, encontrando os outros no corredor. Haley, é quem havia gritado, parecia ter sido um pesadelo. Como ela soava desesperada, pensei que ela poderia estar tendo uma crise nervosa por causa do pesadelo com os Chronos, mas quando ouvi o tom de voz dela, percebi que era uma coisa seria e Alex após usar a Legilimência acreditou que a filha falava a sério. Na hora Ty mandou seu patrono aos Chronos, e nos mandou ficar ali com Julian e Olívia, e logo saía junto com os outros para aparatar na casa dos amigos. Pelo que entendi um grande perigo se aproximava.


Graças ao aviso do espírito protetor de Ártemis, o ataque aos Chronos foi evitado e alguns de seus inimigos foram eliminados. Depois disso, as coisas começaram a voltar ao normal, e um dia Ty pediu que eu, levasse Julian, Haley e Olívia para vê-lo num jogo eliminatório. E para minha alegria encontrei por lá Ludmilla, esposa de Karkaroff , que levava seus filhos e sua sobrinha Elena, e ficamos todos juntos. Após o jogo vencido pelos Abutres, fomos todos jantar na casa de Ludmilla. Nestas ocasiões ele era o Ty que eu havia conhecido em Beauxbatons. Conversava, fazia brincadeiras, segurando minha mão, e várias vezes me dando olhares intensos, que me deixavam ansiosa, porém não passava disso. Ao ver o jeito que Iago agia com a Milla, eu sentia um pouco de inveja. Sabia que ali não havia fingimento algum. Então eu repetia em minha cabeça ‘por um ano’, como se fosse um mantra, especialmente quando ele e eu discutíamos por algum assunto relativo ás crianças. No final acabávamos pedindo desculpas um ao outro, mas o clima entre nós, continuava tenso. Era cansativo.


Quando setembro chegou as coisas estavam mais calmas, Julian e Haley voltaram para Hogwarts e Olívia voltou para a escola fundamental. Alex e Logan aproveitaram para sair em uma viagem e várias vezes Ty avisava que não dormiria em casa, pois estava envolvido em alguma coisa com os Chronos, eu ficava sozinha em meu quarto com muito tempo para pensar. Olívia quando descobria que estava sozinha comigo se refugiava em seu quarto. Eu sempre ia até lá dar uma olhada em como ela estava e tentava conversar mas era em vão. Só havia algum interesse quando o pai ou os avós estavam em casa, pois nestas ocasiões ela sempre se lembrava de alguma coisa que haviam feito quando sua mãe estava viva. Era a forma de ela mostrar que eu estava sobrando ali. Comecei a ignorá-la e isso a incomodou, pois depois de algum tempo ela começou a pelo menos manter uma conversa educada comigo.


Os dias passavam rápido e logo estávamos nos preparando para as festas de final de ano. Eu havia comprado presentes para todos e os escondi em meu quarto e alguns na minha sala no jornal. Nas vésperas de Julian e Haley voltarem de Hogwarts e irmos todos para a Escócia passar o Natal com a avó do Ty, Brian apareceu no jornal para me ver. O abracei feliz e ele me convidou para tomar um café e colocarmos o papo em dia, peguei meu casaco e fomos para um restaurante próximo ao jornal. Brian segurou minha mão quando começamos a rir de um comentário sobre um amigo em comum quando ouvi uma voz séria às minhas costas.
- Atrapalho alguma coisa?
Olhei para trás e Ty estava parado a pouca distância e tinha um ar carrancudo no rosto.
- Ty...O que você faz aqui?- perguntei soando defensiva e ele estreitou mais os olhos, enquanto via que eu retirava minha mão da mão de Brian.:
- Vim buscar minha esposa par irmos para casa. Mas vejo que ela está ocupada.
- Sente-se conosco. Este é um grande amigo, Brian quero que conheça o pai do Julian, Ty McGregor.
Eles apertaram-se as mãos, de forma fria, e Ty disse que não poderia ficar já que algumas pessoas do restaurante começaram a querer cumprimentá-lo. Como já estava tarde, Brian e eu nos despedimos, e eu voltei ao jornal com Ty, para pegar minhas coisas e irmos embora. Durante todo o caminho Ty ficou calado e quando chegamos em casa, ele foi grosseiro ao sugerir que eu estava toda animada, mas deeria segurr a minha onda, afinal logo, logo eu poderia voltar para o meu jogador de basquete. Não fiquei calada, e respondi irritada.
Ele como atleta tinha a obrigação de respeitar a carreira do Brian, e me respeitar porque eu não estava fazendo anda de errado e estava conversando com um amigo. Ele riu zombeteiro e me deixou falando sozinha. Que raiva!


A casa da avó do Ty ficava na região do Lago Ness e como era inverno e o lago estava congelado, eu quis tirar algumas fotos para mandar ao jornal, e como os outro estavam ocupados com a preparação das festas, pedi a Ethan que me levasse até lá, quando voltei, Ty estava irritado.
- Onde você estava?
- Fui tirar algumas fotos para o jornal do lago Ness...Ethan estava comigo e...
- Ele sempre está com você, será que é porque eu nunca desconfiaria dele???
- O que você está insinuando?
- Há algo para insinuar? Porque para mim esta claro que você quer atenção e escolheu o Ethan.
- Você não pode ser tão baixo a ponto de pensar isso de seu irmão.
- Porque não? Ele é um homem.
- Que você me despreze, eu posso suportar, mas não ouse pensar isso do Ethan, ele é seu irmão e meu amigo. E mesmo que você não acredite, nenhum de nós dois seria capaz de trair você.
- Meu irmão não me trairia, mas você já o fez, e mais de uma vez...- ele jogou na minha cara a história com minha mãe e não ter contado sobre o Julian.
- Você nunca vai esquecer, não é?- senti meus olhos ardendo e me recusei a chorar na frente dele. Ergui o queixo e fui para o meu quarto, e por sorte não encontrei ninguém no caminho ou eu desmoronaria. Mal fechei a porta e as lágrimas começaram a sair sem controle. Ouvi o barulho de porta se abrindo, e antes que eu me ajeitasse, Julian entrou. Olhei para ele tentando disfarçar, mas ele sabia que eu e seu pai, havíamos brigado e não sei como, sabia a verdade sobre o meu casamento. Meu filho me abraçou para me acalmar, e disse que devíamos ir embora, não pensei duas vezes e concordei com ele. Ele saiu para arrumar suas coisas, e eu comecei a arrumar minhas coisas.
Eu estava colocando um suéter dobrado na mala, quando Ty entrou no quarto. Notei que ele tinha os cabelos bagunçados, como se houvesse passado a mão por eles, impaciente e eu disse:
- Veio me ofender mais um pouco Ty?
- Nós precisamos conversar...
- Agora? Eu estive disposta a conversar desde quando nos casamos, e agora que eu estou indo embora você quer conversar? Agora você percebeu que existo?
- Eu sei que você existe, sei até demais, será que não entende?- disse frustrado.
- Não, eu não te entendo...- continuei a pegar as roupas para colocar dentro da mala, mas me virei para ele e perguntei:
- Porque você se casou comigo? Seja sincero por favor. - ele me encarou sério e disse:
- Foi para atrair a sua mãe. Queria uma forma de localizá-la, para colocá-la na cadeia, e casar com você me pareceu o método mais rápido, já que você já foi cúmplice dela. E quando consultei Viera e ele me orientou sobre a lei de sucessão, me deu os motivos para te convencer, sem levantar suas suspeitas. - Absorvi suas palavras e disse cansada:
- Agora que esclarecemos isso, você pode me dar licença? Preciso pedir uma chave de portal ao Ministério.
- Não vá embora Rory...- pediu.
- Porque? Porque meu filho vai comigo? Já disse que não vou afastar Julian de você nunca mais. - eu disse séria e ele se manteve calado. Suspirei cansada e fechei a mala, e isso pareceu tirá-lo do torpor:
- Não vá embora, porque eu me apaixonei por você novamente, e não soube lidar com isso. Achava que desejar você, estaria traindo a memória do meu pai, e me sentia péssimo. Então descarregava em você, acusando-a das coisas mais idiotas, e tudo porque eu quero você, como nunca quis tanto alguém, e isso me assusta. - olhei para ele com dúvidas nos olhos e disse:
- Nunca teve medo de nada e nem ninguém, porque eu acreditaria em você? - e eu comecei a andar para a porta quando ele me segurou pelo braço. Estreitei os olhos e ele me soltou, mas não se afastou:
- Você queria a verdade, pois ai está: Amo você e não vou deixar você ir embora, sem me ouvir. Quando você não contou sobre sua mãe, tudo o que eu vi foi o que eu sentia ser jogado pra escanteio, porque você não me escolheu em primeiro lugar, não acreditou que o que tínhamos era forte o bastante para superar tudo. Joguei a culpa de tudo que aconteceu em você, e a mandei embora, agi como um idiota. Eu me arrependi depois, mas fui orgulhoso demais para ir atrás de você e me agarrei na dor da morte do meu pai, para me manter afastado. Mas nunca deixei de pensar em você, sonhar com você....Alguns meses depois, eu fui procurá-la e a vi beijando um garoto, hoje eu sei que era o Brian, pensei que você houvesse seguido sua vida, e fiz o mesmo com a minha.
- E quando minha vida estava voltando aos eixos, depois da morte da Jolie, você veio buscar nosso filho e quando a vi...Lutei para não me apaixonar por você, mas não teve jeito. Amo você, e sei que seria pedir demais que você se sentisse do mesmo jeito, depois do modo que agi. Nosso filho vai ter tudo, vou ser um bom pai para ele, e assim que você quiser damos entrada no divórcio e você poderá ser feliz com quem você quiser, não vou dar mais problemas, só quero que você me perdoe por tudo.
Eu olhava para ele e aquelas palavras entrando na minha cabeça, e apesar de eu ter ficado muito zangada com ele, havia uma coisa que era maior que qualquer outro sentimento. Eu sempre amei ao Ty, mesmo quando sentia vontade de quebrar um vaso na cabeça dele, e ouvi-lo dizer que me amava e que me daria o divórcio para que eu fosse feliz com quem quisesse me fez ver que bater o pé e ir embora não traria nada de bom a nenhum de nos dois e eu disse séria:
- Você estava certo: eu não acreditava que o que nós tínhamos era forte para suportar o que viesse. Eu não me achava boa o bastante para estar com você, então quando tudo aconteceu e você me expulsou da sua vida, eu fui sem lutar. E quando descobri que eu esperava o seu filho e não te contei, eu dizia a mim mesma, que era para proteger o bebê, mas no fundo eu estava me protegendo, tentando evitar que você me mandasse embora novamente, eu estava muito ferida. Quando nos reencontramos, eu disse estava me casando com você, para evitar que você me tirasse o Julian, mas era mentira. Eu ainda pensava em você, e quando me beijou, eu percebi que te amava ainda, e deveria ter engolido meu orgulho e ter me desculpado por meus erros nos passado...Desculpe...
- Você casou comigo porque me ama?- ele perguntou me olhando nos olhos.
- Acabei de dizer isso, está surdo?- respondi impaciente e ele disse sorrindo:
- Se você me ama e eu amo você, nosso casamento pode dar certo não é? Podemos deixar as brigas no passado, esquecer as exigências que fizemos um ao outro para trás... - e ele passava as mãos em meus braços lentamente, e eu me arrepiava com seu toque.
- Sim, podemos....- respondi fraca, mas insisti:
- Ainda teremos muitas coisas para acertar Ty...As crianças....Sua família...
- Eles vão ficar felizes por nós, esclarecemos as coisas, e sabemos o que teremos que fazer para que tudo dê certo. - e quando ele chegou mais perto, perguntei enquanto ele abaixava a cabeça para me beijar:
- O que teremos que fazer Ty?
- Pra começar podemos começar a dormir juntos, Declan ronca mais que você.
- TY! - eu gritei e ele riu, enquanto nos beijávamos apaixonadamente.

What do I got to do to make you love me
What do I got to do to be heard
What do I do when lightening strikes me
What do I got to do,
What do I got to do?
When sorry seems to be the hardest word...


N.Autora: trecho da música: Sorry seems to be the hardest Word, de Elton John.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Algumas memórias de Griffon F.C.Chronos, em Julho de 2011

De repente as luzes se apagaram, e imensos braços surgiram do chão, tentando agarrar a platéia, que dissolveu-se no ar em sombras misturando-se à noite. Legions irromperam do chão, urrando e gritando de ódio, esperando pegar de surpresa a todos nós. Centenas de Inferi surgiram com eles, começando a atacar as diversas pessoas da platéia, enquanto do alto de um prédio vizinho, vampiros lançavam rajadas de vento e de sombra com as mãos, além de dezenas de feitiços, mirando para o palco onde toda a família estava reunida.
Tohsaka acionou nossa artilharia, que foi disparada nesse momento e as baterias enormes escondidas no interior da mansão, em diversas passagens secretas, surgiam, lançando uma chuva de projéteis brilhantes de luz, interceptando os ataques dos inimigos, explodindo, e fazendo um poderoso clarão dourado transformar a noite em dia momentaneamente.
Nós todos gritamos nosso grito de guerra enquanto saltávamos do palco, preparados para a batalha, deixando os vampiros surpresos e sem reação por alguns instantes. Eles esperavam nos pegar desprevenidos, totalmente a mercê de seus ataques e de seu exército morto-vivo, porém nós havíamos de algum modo revidado o primeiro ataque e agora eles se viam sendo atacados pelas ilusões de Seth, Siegfrid, Lilith, Gisela, Papai, Miko e Deoris, que cortavam membros de Inferi e lutavam contra os Legions. Mamãe, Luna, Emily e Isaac, ainda em cima do palco, conjuraram uma imensa língua de fogo que era mantida pelos quatro. A labareda tomou a forma de uma espécie de cobra e jogou-se contra os inimigos incinerando Inferi e fazendo Legions recuarem assustados pelo fogo. Porém, como Haley nos avisara, Horatio estava com os atacantes e ele era um controlador de água excelente. Do alto de um dos prédios vizinhos, sob a proteção de outros vampiros e Legions, ele explodiu um hidrante trouxa e jogou a água contra a serpente de fogo, apagando-a com facilidade.
Enquanto eu corria pelo palco para saltar para a batalha, eu conjurei Lognus e a lança surgiu em minhas mãos. Ela estava diferente! Eu sentia que ela pulsava, um novo poder dentro dela, parecia que ela clamava por algo e que estava mais poderosa do que nunca. Quando saltei do palco, a lancei com força contra o exército de inimigos, a lança atravessou o peito de um Legion antes de fincar-se ao chão. Lognus emitiu então uma poderosa luz dourada e raios de luz saltaram dela, atingindo tudo ao seu redor com o som semelhante de choque elétrico. Ela causou uma explosão de luz e brilho, incinerando o Legion que eu havia acertado e Inferi ao seu redor, desaparecendo no ar em seguida, voltando a aparecer em minhas mãos.
Eu, Emily, Luna, Tia Celas, Isaac, Flonne e Cewyn ficamos próximos do palco, protegendo Gaia e Ártemis, além do Ministro Alemão e seus aurores, que lutavam conosco. Gaia lutava com facilidade e habilidade, enquanto minha irmã, apesar de pouco saber de feitiços e duelos, lançava o máximo de feitiços de fogo que pudesse, enquanto sua águia prateada voava pelo ar, atacando os Inferi mais próximos. Horatio havia causado uma chuva torrencial cair e nossos feitiços de fogo perdiam o efeito, portanto atacávamos principalmente com feitiços de destruição e de luz. Eu e Emily usávamos nossas longas armas em golpes rápidos e sincronizados, mantendo uma linha que afastava os inimigos.
A linha de ataque principal do clã era composta por todos os Comandantes do Clã, assim como Ty, Tio Ben, Tio Sergei e Tio Remo, além dos vampiros aliados, liderados pelos Anciões Miko, Gisela, Lilith, Derfel e Deoris. A vanguarda do ataque era composta pelos Caçadores de Seth, liderados pelo meu irmão e por meu pai, incluindo mamãe que lutava envolta por uma poderosa barreira de luz dourada. Apesar dos anos de luta, ainda me surpreendia com o poder de mamãe, que hoje estava ainda mais intenso, e ela sozinha era capaz de matar um Legion, criaturas malignas que eram extremamente resistentes. Siegfried lutava com eles e sua raiva era enorme enquanto dilacerava vampiros.
Enquanto lutava não pude deixar de me assustar com a quantidade de inimigos que estavam nos atacando. Em uma contagem rápida eu contei em torno de 50 Legions e centenas de Inferi, mas o mais assustador era a quantidade de vampiros. Eles eram claramente Escravos, vampiros sem mente ou vontade própria, obedecendo cegamente ao seu amo, provavelmente Cadarn, e com uma força monstruosa e instintos terríveis. Scarlet e Estour eram necromantes excelentes e faziam os Inferi voltarem a vida com facilidade tremenda. Seth e Papai os alcançaram, assim como mamãe e Siegfried. Meus pais enfrentavam Scarlet juntos, pois eles lutavam a anos juntos, enquanto meu irmão e Siegfried lutavam com Estour. Era uma batalha sangrenta, com a interferência de vários Inferi e Legions.
- Mantenham a posição! Vou acabar com o Horatio! Rin! – Eu gritei enquanto corria. Rin levantou os braços enquanto era protegida por Laharl, Plennair e Altair. Meus olhos ficaram dourados quando ela usou toda a magia que conhecia para me levitar acima do chão. Emily, sendo protegida por Isaac e Tia Celas, apontou Brionac na minha direção liberando uma forte energia. As duas me catapultaram para onde Horatio estava e cai fincando Lognus no chão. Lognus explodiu em uma luz poderosa fazendo os Inferi desaparecerem.
Horatio praguejou e urrou para que os Legions me matassem. Lognus então pulsou de uma forma estranha, parecia responder a um chamado. Eu senti que algo queimava dentro de mim e minha visão tornou-se mais clara e ouvi uma voz em minha mente, dizendo palavras em uma língua desconhecida. Lognus respondeu à voz e saltou de minhas mãos com rapidez, voando contra Horatio. Ela perfurou seu peito e começou a girar em uma velocidade enorme, enquanto emitia luz branca. Horatio foi engolido por um redemoinho de luz enquanto eu destruía os Legions com feitiços em suas vísceras expostas. Eu parei para respirar, cansado da batalha, mas no mesmo momento pareceu que minhas energias voltavam. Eu parecia queimar de dentro pra fora!
Olhei para baixo, e pude ver com mais clareza a batalha, que pendia para o nosso lado, devido aos nossos poderes e nosso preparo muito maior do que simples Escravos Vampiros. Vi quando papai agarrou o pescoço de Scarlet, levantando-a centímetros do chão, enquanto mamãe a socava com os punhos brilhando em branco e de seus punhos surgiu uma adaga de luz. Em seguida, mamãe levantou a mão esquerda e fez cair uma chuva de flechas de luz sobre a vampira, enquanto papai a decapitava, extinguindo-a.
Estour urrou para Seth e Siegfried, e saltou para trás, tentando ganhar terreno, porém Seigfried já o esperava por trás, perfurando seu peito com as mãos. Ele gritou de dor quando Seth o cortou com a foice Muramasa e se preparava para decapita-lo, quando três Legions saltaram entre eles, socando-os com ferocidade. Estour então aproveitou e tirou um frasco do sobretudo e bebeu dele.
Eu pulei naquele momento, pressentindo algo ruim, e usei meus poderes para diminuir a velocidade da queda, atingindo o chão com um baque forte, a ponto de ver Estour gargalhando e pulando para um prédio baixo. Ele sacou outro frasco semelhante ao primeiro e o jogou contra o chão com toda a força, liberando uma nuvem vermelha que espalhou-se velozmente. Ela tinha um cheiro ocre, que me lembrava muito sangue. Vi que a nuvem começava a convergir para todos os monstros do inimigo e eles se recuperavam com rapidez. Foi Siegfried quem nos deu o alerta, mentalmente:
- Tomem cuidado! Essa nuvem é sangue de Cadarn! Eles vão absorver seu sangue e ficar mais poderosos! – Ele falou enquanto abria o peito de um Legion e explodia seu interior com um soco.
Os Legions tinham os olhos vermelhos agora e urravam de ódio. Eles pareciam emitir uma aura negra e seus corpos pareciam mais resistentes. Eles ficaram mais rápidos também e corriam contra nós socando-nos com ferocidade. Eu fui jogado contra uma parede e vi quando Emily bloqueou um novo golpe, me protegendo. Eu agradeci pra ela e ela me falou rindo:
- Ainda queria que eu não lutasse? – Ela falou ficando de costas para mim. Iríamos lutar como mais gostávamos, lado a lado.
- Tudo bem, eu dou o braço a torcer, você luta muito bem querida. – Eu falei sorrindo pra ela e ela me retribuiu piscando os olhos.
Nós estávamos cercados por seis Legions, que pareciam gargalhar enquanto se aproximavam de nós. Vi que todos estavam cercados e fiquei preocupado, pois eles estavam muito mais poderosos, agora que absorveram parte dos poderes de Cadarn. Estour usava os poderes de seu mestre para transformas Inferi em novos Legions, e seus número ficavam cada vez maiores. Nos preparamos para lutar quando eu senti a presença de um novo ser naquela batalha. Era uma presença monstruosa, a mais poderosa de todas as que eu já senti, e algo me dizia que não era o poder completo dele. Lognus pulsou ainda mais em minhas mãos e vi que ela parecia responder àquela presença.
Então todos nós vimos. Uma luz intensa e a mais pura que eu já vi vinha do palco, e espalhava-se pelo local, fazendo os Legions recuarem, receosos. Até para mim, que estava acostumado em lutar usando a luz, aquela luz era diferente e parecia mais poderosa e pura de todas que eu já vi. Ao que me lembro, apenas mamãe conseguia criar uma luz pura como aquela, e mesmo ela ficava exausta.
E essa luz vinha de Árte!
Na verdade, vinha dela e de um homem alto que estava as suas costas. Sua descrição coincidia exatamente com a descrição de Haley e o reconheci como Chronos. Mas senti que mesmo se Hasley não tivesse falado nada, eu o teria reconhecido, pois meus poderes ressonavam com o dele, aumentando gradativamente. Soube também que Seth sentia a mesma coisa e ao mesmo tempo, seus poderes aumentando cada vez mais, respondendo a presença de Chronos.
Arte levantou a mão direita e o homem levantou o braço junto dela e , com surpresa, vi que ele segurava Lognus. Naquele momento eu senti que aquela era a verdadeira Lognus, e a minha era apenas uma parte dela. A Lognus eu ele usava era dourada como a minha, mas tinha um poder muito maior do que a que eu usava e senti que aquela lança era capaz de partir o chão ao meio caso ele quisesse.
Minha irmã fez um movimento horizontal com o braço e o homem a imitou, brandindo Lognus verticalmente com velocidade. A lança emitiu uma poderosa onda de luz que cortou o ar mais rápido do que qualquer um era capaz de enxergar. A lâmina de luz destruiu Inferi ao longo de seu percurso e também cortou membros inteiros dos Legions. Eu fiquei impressionado, mas ainda havia muito para ver.
Os Legions urraram e correram para ataca-lo, mas uma poderosa barreira surgiu praticamente instantaneamente, jogando-os longe. Arte levantou a mão e em suas mãos uma bola de luz branca surgiu, assim como na mão de Chronos. Os dois a lançaram contra a hora de inimigos, mirando em Estour. A bola de luz explodiu no vampiro, transformando-o em pó. E então aconteceu o mais surpreendente de tudo. No local da explosão, materializando-se no ar, surgiu um grupo de homem vestindo longas túnicas, armaduras, escudos largos, empunhando longas lanças e espadas presas à cintura. Suas roupas e escudos eram totalmente brancos, com exceção de um ‘C’ negro no peito e no escudo. Reconheci-os como templários e fiquei chocado quando eles avançaram para a luta. Vi que cinco daqueles templários estavam próximos de Arte, porém seus escudos eram muito maiores e vi que eles estavam ali para proteger a ela e meus familiares.
Eles lutavam ferozmente, na verdade esta não era a palavra correta, pois seus rostos estavam serenos e sérios, porém lutavam com força avassaladora. Eles primeiro usaram suas lanças para atacar com um alcance maior, e em seguida avançaram sem medo cortando com suas espadas e bloqueando com escudos. Suas lâminas cortavam com velocidade e precisão, e a carne morta dos Legions era dilacerada com facilidade extrema, fazendo os Legions recuarem de pavor. Nós todos saímos de nosso transe a avançamos para a batalha, aproveitando o auxílio inusitado. Nós agora cercávamos os inimigos e com rapidez os subjugamos rapidamente, e corpos de mortos-vivos empilhavam-se de acordo com que recebiam nossas investidas.
Em pouco tempo não havia mais inimigos, o que era bom, pois estávamos exaustos. Seth agora estava ao meu lado, assim como Luna, Emily, meus pais, Ty, meus Tios e os vampiros aliados. Nós todos olhávamos para Arte que ainda brilhava, e notei que ela levitava acima do chão, enquanto seus olhos brilhavam em um dourado intenso. Os templários, sem nenhuma mancha de sangue nos escudos ou lâminas, agora convergiam para ela, e receamos que poderiam fazer algo. Mas sentimos que não e vimos surpresos quando os cinco templário com escudos maiores os abaixaram e ajoelharam-se diante dela, sendo imitados por todo o Exército Branco. Eles se curvaram todos para minha irmã, os rostos virados para o chão, e vi que seus rostos demonstravam apenas prazer e felicidade, pareciam que reencontravam seu comandante. Eles então desapareceram em uma luz branca.
Nós todos não pudemos deixar de nos colocarmos em posição de defesa contra nossa própria irmã e aquele homem estranho. Porém Lognus piscou em minhas mãos e desapareceu no ar. Vi que Muramasa e Brionac desapareceram também, e não conseguíamos chamá-las de volta. Meus pais estavam na nossa frente, diante do homem, preocupados com a filha. Chronos porém sorriu para todos nós, e seu sorriso nos fez nos acalmarmos no mesmo instante.
- Acalmem-se filhos, eu não sou seu inimigo. – Ele falou através da voz de Arte, misturando sua voz masculina, porém suave e poderosa, à voz de minha irmã.
- Você é Chronos, não é? – Mamãe perguntou.
- Sim, minha filha, eu sou Chronos. É um prazer enorme poder estar diante de todos vocês novamente, meus filhos. – Ele inclinou a cabeça para todos nós, nos saudando. – E vejo que possuem interessantes aliados. Não o vejo há milênios, Siegfried.
- É uma honra estar diante do senhor novamente, Chronos. – Siegfried falou, também inclinando a cabeça. Os olhos do imortal transmitiam admiração e alegria.
- Quem exatamente é você? – Papai perguntou.
- Eu sou o Fundador e Guardião de sua Família, Alucard. Sou Chronos, o Deus que a fundou.
- Como Artemis está? – Seth perguntou, ainda preocupado.
- Não há com que se preocupar, Seth, um de meus queridos escolhidos. – Ele falou, sorrindo para mim e para meu irmão. – Ela está bem, a partir de hoje sempre estará, pois irei protege-la pela minha honra. Ela me aceitou como seu servo e Guardião.
- Se você é um Deus, por que está falando através de Arte? – Ty perguntou.
- Porque ela é a minha Reencarnação. Eu a escolhi para carregar meu espírito nessa época, para que eu possa guiar e ajudar vocês.
- Por que nunca se revelou antes? – Mamãe perguntou, e pude ver que ela parecia confiar mais nele.
- Ah, minha cara Mirian, não sabe o prazer que é conhece-la pessoalmente. Sinto-me realmente feliz por encontrar a mais poderosa de todos os Capter, aquela a quem dei a luz de meus poderes. – Chronos falou, sorrindo para mamãe e fazendo uma reverência para ela. Mamãe ficou sem graça, agradecendo. – Eu ainda não possuía meus poderes de volta, pois eles estão em seus filhos, e precisava que minha Encarnação ficasse mais poderosa antes de ser capaz de me ver e usar meu espírito. Mas agora estou aqui, com poderes para poder ajuda-los e protege-los sempre. E parte disso é graças a você, cara Mirian. Você não sabe o poder que você possui.
- Obrigada. – Mamãe falou, ruborizada.
- Meus caros, eu gostaria de parabenizá-los pelo excelente trabalho e agradecer por terem acreditado em mim e na jovem Haley. Vocês estão cansados, e ajudarei vocês a se recuperarem antes de ir. Minha querida Arte precisa descansar, pois está exausta.
Enquanto dizia isso, Chronos começou a emitir uma luz branca muito pura e cheia de energia. A luz atingiu nossos corpos e nossas almas e nos fez sentir extremamente bem e felizes. Nossas energias foram recuperadas imediatamente, nossos ferimentos pareciam se fechar com facilidade. A luz de Chronos então começou a desaparecer e ele fez uma reverência para nós, enquanto se ajoelhava e pegava Artemis no colo, que caia lentamente em seus braços. Ele a estendeu para papai antes de sorrir novamente e desaparecer.

domingo, 9 de agosto de 2009

Reencontros - Parte III

Agosto de 2012

O telefone tocou alto e Madeline descobriu parte do rosto, procurando o relógio. Já eram 9 horas da manhã. Ela esticou o braço para atender, mas um par de mãos a puxou de volta para a cama.

- Eu tenho que atender, Gabriel – Madeline disse rindo, enquanto ele a beijava.
- Deixa tocar, tenho certeza que não é uma emergência.
- É o toque da Marie, preciso atender – disse o beijando e conseguindo se soltar – Alô?
- Estava dormindo? – Marie falou do outro lado da linha, espantada.
- Não, já estava acordada – Mad respondeu tentando soar convincente – O que houve?
- Ele está ai, não é? – Marie riu – Desculpe atrapalhar, pode continuar o que estava fazendo.
- Marie, fala o que aconteceu – Mad desconversou e a amiga riu ainda mais – Você não me ligou a toa.
- Não é nada, esquece. Ian está em casa hoje e vai levar as crianças ao cinema. Avise ao Gabriel que devolvemos a Clara no fim da tarde, a tempo de embarcarem. E você pode tirar o dia de folga hoje.
- Dia de folga? Está louca! – agora era Mad que ria – Temos milhões de coisas pra resolver hoje, a exposição é amanhã!
- Não tem nada que eu não possa resolver sozinha. Faça bom proveito do dia. – Marie disse em um tom sacana e desligou o telefone antes que a amiga pudesse responder.
- Ela desligou na minha cara! – Mad olhou para Gabriel, indignada.
- Dia de folga? – Gabriel falou puxando Mad outra vez – Eu ouvi direito?
- Ela percebeu que você estava aqui, por isso veio com essa. Mas temos muitas coisas pra fazer hoje, não posso me dar ao luxo de ficar em casa.
- Se Marie disse que pode dar conta de tudo, você devia dar um voto de confiança a ela.
- Engraçadinho – ela deitou outra vez e o beijou.
- Casa comigo? – Gabriel a encarou sério.
- O que? – Mad se assustou e sentou outra vez.
- Casa comigo – ele repetiu – Eu venho morar aqui se você quiser, mas casa comigo.
- Gabriel, você enlouqueceu? – Mad riu, mas ele continuava sério – Ontem mesmo estava falando do seu trabalho no Brasil, como vai se mudar pra cá?
- Eu dou um jeito – ele sentou também e a encarou – Mas eu te amo e não vou deixar que vá embora outra vez. Você é a única pessoa com quem quero me casar.
- Não é tão simples assim – Mad se sentia tonta, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo – Você me pegou despreparada!
- Mas também não é tão complicado assim – ele segurou seu rosto e ela não conseguiu segurar algumas lágrimas – Se está pensando no Evan, não tem problema. Eu assumo ele como meu filho! Faço o que você quiser.
- Gabriel, eu... eu... – mas ela não conseguia terminar de falar.
- Você não precisa responder agora – ele a beijou devagar e ela parou de chorar – Leve o tempo que precisar, mas saiba que dessa vez não vou deixar você escapar – ela riu – Eu te amo.
- Também te amo – ela respondeu o beijando.

Ele a puxou para um abraço e sorriu. Ela era a mulher da sua vida e não ia cometer o mesmo erro duas vezes.

ººº

Desde que as Olimpíadas haviam começado a maratona de jogos era intensa, mas não só para os atletas. Gabriel levantava todos os dias antes das 6h da manha, separava todas as fotos que havia feito no dia anterior, preparava seu material para mais um dia de trabalho e acordava a irmã e os gêmeos Menken às 8h, para tomarem café e encararem as arenas olímpicas. Ao contrario do que pensou, Clara não reclamava de ter que levantar cedo e pulava da cama com disposição, o acompanhando durante todo o dia sem atrapalhar. Claro que, junto com Keiko e Hiro, às vezes se animavam demais, mas nada que Gabriel não conseguisse manter o controle. A agitação dos bastidores conseguia manter os três ocupados, sem saber para que lado olhar ao reconhecer os atletas que passavam próximos a eles. E ele também contava com a ajuda de Monique, prima dos gêmeos, que não perdia o trio de vista um minuto sequer.

Embora o trabalho não lhe reservasse tempo para descansar e se distrair, por varias vezes Gabriel se pegava pensando no que aconteceu em Paris alguns dias antes. Quando comprou as passagens como presente de aniversário para a irmã, jamais imaginou que fosse reencontrar Madeline e acabar lhe pedindo em casamento. Ela ainda não havia dito que sim, mas também não recusou, e ele entendia seus motivos para não responder de imediato, embora afirmasse que também ainda o amava. Madeline agora tinha um filho de 2 anos que era prioridade em sua vida, ela precisava pensar no que isso poderia afetar Evan. Mas embora entendesse o tempo que ela precisava para pensar, não podia evitar ficar aflito. Já estavam em Londres há quase uma semana e não tivera mais noticias dela.

Sua agenda hoje estava reservada para a cobertura das competições de Ginástica Artística, que se estenderiam durante todo o dia. Clara estava animada. Ela não admitia, mas era seu esporte favorito. Gabriel deixou os três acomodados no banco próximo à concentração das ginastas sob responsabilidade de Monique e começou a montar seu equipamento para fazer as fotos quando uma voz conhecida chamou sua atenção.

- Melhor modalidade para se cobrir, não acha? – Dominique falou admirando as ginastas se aquecendo.
- Por que não me ocorreu que encontraria você aqui? – Gabriel sorriu e foi cumprimenta-lo – Mas juízo, são todas menores de idade.
- A lei não me proíbe de admirar, apenas de me aproximar. E aquela ali? Não é menor – e indicou Monique com a cabeça.
- Não muda nunca, não é? – Gabriel riu – Onde está sua miniatura? Ficou em Paris?
- Não, trouxe comigo. Austin! – Dominique olhou para trás e chamou o filho.

Um menino de 6 anos de cabelos pretos cacheados e olhos escuros levantou a cabeça e foi caminhando até o pai. Ele tinha um par de óculos escuros na cabeça e usava uma camisa com os dizeres “I’m a very good bad example”. Era uma cópia fiel do pai, em todos os sentidos. Até no jeito de caminhar ele lembrava Dominique, sempre atento a quem estava a sua volta, principalmente se eram as ginastas prestes a competir, se alongando pelo tatame.

- Austin, lembra do Gabriel? – o menino fez que sim com a cabeça e estendeu a mão a Gabriel – Clara está ali, com mais dois amigos. Fique perto deles, ok? – e ele assentiu com a cabeça, correndo na direção de Clara.
- Ele não nega ser seu filho mesmo – Gabriel comentou rindo, vendo Austin se apresentar a Keiko e Monique – Veio sozinho com ele?
- Por que não pergunta logo se Mad veio? – Dominique foi direto e Gabriel riu um pouco sem graça – Não, ela não veio ainda porque tinha muito trabalho na galeria com Marie. Bernard disse que viriam depois em caravana com as crianças. Talvez cheguem hoje, mas não posso dar certeza que Mad venha nessa primeira leva, elas realmente tinham muito trabalho. Mas relaxa cara, ela gosta de você e duvido que deixe você ir embora outra vez.

Gabriel sorriu um pouco mais aliviado, mesmo já sabendo de tudo aquilo. A voz do locutor da competição começou a ecoar pelo ginásio e a conversa encerrou, enquanto suas câmeras trabalhavam rápido para não perder nenhum movimento dos atletas.

ººº

O dia de eliminatórias na Ginástica Artística teve um saldo positivo para as ginastas que Clara torcia. A equipe brasileira se classificou entre as 5 melhores e ia disputar o lugar mais alto do pódio no dia seguinte, e ela não tinha planos de estar em nenhum outro lugar senão a Arena Olímpica. Gabriel já estava ciente disso, mas por sorte também estava escalado para cobrir as finais, então não precisaria se preocupar em perdê-la de vista.

- Gabriel, tenho que ir andando porque a ferinha quer comer palitos de peixe antes de irmos pro restaurante – Dominique anunciou quando terminou de guardar sua câmera e fazia sinal para o filho se juntar a ele – Prometi antes de sair de Paris, ele está me cobrando incansavelmente.
- Tudo bem, ainda vou passar no hotel para guardar essas coisas antes de ir – ele assentiu – 21h no Rainforest Café?
- Isso. Só lá conseguimos comer e entreter as crianças ao mesmo tempo.

Gabriel riu, lembrando de algumas das crianças que ele sabia que já estavam em Londres e estariam no restaurante naquela noite. Os três filhos de Viera e Manu, os dois filhos de Samuel e a filha mais velha de Ian e seu filho mais novo, que vinham com Marie. Somado aos três que estavam com ele e mais os outros que os encontrariam a noite, o restaurante precisava mesmo de uma estrutura capaz de resistir a um tornado.

- São 20h, vamos sair em meia hora – Gabriel anunciou quando chegou ao quarto do hotel com Clara, Keiko e Hiro – Acham que podem se arrumar a tempo?

Os três assentiram com a cabeça e correram para o quarto conjugado onde dormiam, começando a revirar as malas atrás de roupas limpas e cronometrando o tempo que cada um gastava no banho. Gabriel terminou de se arrumar bem antes das crianças e usou o tempo livre para se certificar de que Miyako já estava mesmo na cidade com Tiago e Eicca e que Ty não havia se atrasado e conseguira chegar com Rory, sua barriga de 5 meses de gravidez e as quatro crianças. O jantar era um reencontro da turma de Beauxbatons, mesmo que ainda não fosse estar completa. A parte de que hoje talvez não estivesse completa não lhe escapou. Estaria desfalcada justamente se Madeline tivesse ficado em Paris. Por mais que tentasse ter paciência, não conseguia evitar que isso lhe incomodasse. Isso talvez significasse que ela já havia tomado uma decisão e essa seria permanecer em Paris, com as coisas do jeito que estão.

- Elas ainda não estão prontas? – Gabriel perguntou ao perceber que Hiro já estava arrumado e jogava videogame em seu lado do quarto. Ele negou com a cabeça, sem desviar os olhos da tela – Clara, Keiko, vamos logo com isso! Mais 10 minutos!

Alguém bateu na porta do quarto, mas o barulho não desconcentrou Hiro do jogo na tela da TV. Gabriel estranhou, não tinha marcado com ninguém no hotel nem pedido serviço e Hiro negou, ainda sem piscar, que algum deles também tivesse pedido. Talvez Miyako tenha chegado cedo e resolveu passar no hotel para irem juntos, pensou. Poderia ter imaginado qualquer pessoa para estar batendo a porta do quarto, menos a que encontrou ao abri-la. Madeline estava de pé no corredor, parecendo ansiosa. Ficaram se encarando alguns segundos, sem dizer nada, mas o sorriso dela dizia tudo que ele precisava saber. Gabriel estendeu a mão e ela a segurou, permitindo que ele a puxasse para junto de seu corpo e a prendesse durante um beijo longo e apaixonado.

- Como subiu sem que avisassem? – perguntou depois que se separaram, mas ainda sem se soltar do abraço.
- Miyako está lá embaixo e me deu uma forcinha – ela riu – O filho dela é lindo.
- Meu afilhado é lindo mesmo – Gabriel sorriu – Todos eles são, na verdade.

Ele a soltou do abraço e segurou sua mão, a puxando para dentro do quarto. Hiro havia desviado a atenção do jogo e chamado a irmã e a amiga para presenciar o ocorrido. Keiko e Hiro olhavam confusos, mas Clara tinha um sorriso discreto desenhado nos lábios que ia do deboche a alegria muito rápido.

- Keiko, Hiro, essa é Madeline – Gabriel olhou para ela para se certificar de que era seguro continuar. Seu sorriso dizia claramente que sim – Minha noiva. Keiko é minha afilhada e Hiro é afilhado do Ty, eles são-
- Irmãos da Miyako – ela completou por ele – Por mais que isso seja impossível, são a cara dela.
- Espera ai, como assim “sua noiva”? – Keiko falou surpresa e Hiro concordou com a cabeça – Você nem tava namorando até 10 minutos atrás! Ou tava?

Clara começou a rir e Gabriel e Madeline acabaram rindo também. Os gêmeos continuaram com expressões confusas, mas Gabriel sentou na beira da cama com ela, sem soltar sua mão, e explicou pacientemente. Ainda haviam pontos a serem acertados e decisões a serem tomadas, mas agora era oficial e nenhum dos dois ia voltar atrás. Ele finalmente se casaria com a mulher da sua vida.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Reencontros - Parte II

‘Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim’

Chico Xavier



Paris, Agosto de 2012

Madeline passou no hotel onde Gabriel e Clara estavam hospedados para buscá-los e às 20hr em ponto estavam no apartamento de Ian e Marie. Evan, o filho dela de 2 anos, era loirinho, com fortes olhos azuis e extremamente parecido com a mãe. Gabriel duvidava que ele tivesse qualquer traço do pai. Ele era uma cópia fiel de Madeline. Quando tocaram a campainha e a porta se abriu, pensou que havia voltado no tempo. Os rostos de Ian e Samuel surgiram na sua frente e ele foi sugado para dentro do apartamento, sendo recepcionado com tapas nas costas e mãos bagunçando seu cabelo. O tempo podia ter passado, mas as pessoas não haviam mudado tanto assim.

- Gabriel, como você desaparece assim?? – Ian o soltou do abraço e o deixou falar com os outros.
- Não tiro férias há 5 anos – respondeu rindo e abraçando Manu – Tudo que vejo é minha mesa cheia de papel e fotografias!
- E quem é ela? – Samuel falou estendendo a mão para Clara – Sua filha?
- Que filha o que! – ele riu – É minha irmã!
- Essa é a Clara? – Marie falou assustada – Lembro de você um bebê recém-nascido!
- Bom, tenho certeza que você não vai achar agradável o papo dos velhos, então vou apresentar a gangue – Ian a conduziu até o outro lado da sala e assobiou alto – Atenção tropa! Formar fila!

Ao ouvirem o som do assobio, várias crianças saíram de dentro de um dos quartos e se postaram em fila, por ordem de tamanho. Algumas tinham expressões mais sérias, outras de intelectuais, mas a grande maioria tinha cara de ser levado. Ele parou com Clara na frente delas e começou a apresentá-las.

- Clara, essa é a tropa de choque: Gabriela, Damien, Daphnee, Auguste, Alphonse, Aurelian, Stéphanie, Heloísa, Alicia, Edmond, Clarisse, Michel, Austin, Leonard, Sophie e o nosso caçula, Evan, que você já conhece – as crianças iam levantando a mão conforme ele dizia os nomes – Gabi, faça as honras da casa e deixe a Clara à vontade.
- Pode deixar, papai! – Gabriela agarrou a mão de Clara – Vem, estamos jogando no meu quarto!

As crianças desapareceram outra vez e logo o som que enchia a sala eram o de conversas animadas, taças se enchendo e muitos brindes sendo feitos. Eram muitas histórias para contar em 13 anos sem ver os amigos. Passado algum tempo Marie puxou Madeline para fora da sala, e não demorou até que só restasse Isa na sala com os homens. O assunto era casamento.

- Acho que só não fui aos casamentos da Isa e da Bel. Lembro de todos os outros!
- Você também não foi no meu! – Dominique falou arrancando risadas.
- Claro, também perdi seu casamento imaginário!
- Perdeu um festão – continuou com a brincadeira – Minhas damas de honra eram todas de 18 aninhos...
- Dominique, por Merlin, você agora é pai! – Isa o repreendeu, mesmo rindo.
- Pai solteiro, não esqueça esse detalhe.
- Você também nunca casou, Gabriel. Por quê? – Bernard indagou.
- Não sei, acho que nunca encontrei mais ninguém com que quisesse me casar, só isso.
- Não encontrou mais ninguém? – Ian riu – Ok, entendemos.
- Com licença, pessoal. Vou ver o que houve com a demora da bebida!

Isa levantou depressa e sumiu pela porta da cozinha. Quando entrou encontrou Madeline com as mãos apoiadas no balcão e Marie e Manu em cima dela, tentando acalmá-la, enquanto as outras se revezavam em oferecer um copo de água.

- Gente, o que está acontecendo? Mad, você está bem?
- Não, ela está tendo um ataque aqui – era notável que Marie fazia esforço para não rir.
- Senta na cadeira, se acalma! – Manu puxou uma cadeira e Mad se sentou, abaixando a cabeça.
- Sério gente, o que ela tem?
- Não percebeu, Isabel? – Bel não perdia a mania de provocar – Mad não contava que fosse encontrar Gabriel novamente, e achou que podia lidar com isso.
- Ledo engano... – Anne não agüentou e riu – Nunca achei que fosse vê-la assim. Desculpe, mas é engraçado! – acrescentou quando Mad levantou a cabeça e quase a fritou com o olhar.
- Mas claro que ela não saber contornar isso – Dora engrossou o coro – Viram como ele está lindo?
- Vocês vieram ajudar ou piorar a situação? – Manu olhou atravessado e elas prenderam a risada – Mad, não estou entendendo essa sua reação toda, de verdade. Pensei que tinha superado isso!
- Somos duas então – respondeu sincera e tinha os olhos cheios de lágrima – Maldita hora que resolvi comprar água naquela porcaria de museu!
- Maldita hora não, achei ótimo vocês terem se encontrado! – Marie parou de dar risada e falava sério agora – Ele também não está casado, não acha isso um bom sinal?
- E ele acabou de dizer que nunca se casou porque nunca encontrou mais ninguém com quem quisesse casar. “Mais ninguém!”, ou seja, ninguém mais além de você! – Isa completou com empolgação.
- Deixe de bobagem, Mad! – Anne também não ria mais – Você ainda gosta dele, está estampado na sua testa. E apostaria tudo que tenho como ele ainda gosta de você também.
- A gente sabe que foi horrível quando vocês terminaram, que você ficou péssima um tempão, mas já se passaram 13 anos – Manu falava paciente e Mad parecia se recompor – Não acha que vale a pena ver se ainda dá certo?
- E você nunca foi do tipo de correr de desafio, Madeline! O que aconteceu? Envelheceu e afrouxou? – Bel provocou, mas arrancou risadas de todas, até mesmo Mad.
- Ok, ok, vocês estão certas – disse ainda rindo e secando as lágrimas.
- Vai tomar uma providencia então? – Marie pressionou – Pode deixar o Evan aqui essa noite, sabe que Gabriela adora brincar com ele.
- Calma, não me apressa! – levantou da cadeira respirando fundo e abrindo a porta para a sala – Deixa as coisas acontecerem naturalmente...

ººº

Já passava da meia noite e o jantar chegava ao fim. Um a um os amigos iam arrastando os filhos do quarto, quase todos completamente alertas, e indo embora. Bernard voltou à sala com uma Heloísa sonolenta no colo e se despediu, deixando apenas Madeline e Gabriel com os donos da casa. Gabriela saiu do quarto com Clara, ambas rindo, e Clara abraçou Gabriel. Queria pedir alguma coisa.

- O que foi? – falou já rindo – Pede logo, anda.
- Posso ficar aqui? – disse sorrindo.
- De jeito nenhum.
- Ah tio, por favor!! – agora era Gabriela que pedia – Deixa a Clara dormir aqui hoje! Ela vai embora amanha, não custa nada. Deixa??
- Deixe-a ficar, Gabriel – Marie interveio a favor das meninas – Amanhã você pega ela, dá tempo.
- Deixa, deixa, deixa! – as duas fizeram coro e ele riu.
- Tudo bem então, mas não vai fazer bagunça!
- Mais do que a gente fazia é impossível, meu amigo – Ian brincou enquanto as meninas pulavam e corriam de volta pro quarto.
- E a senhorita não pense também que vai levar o Evan – Marie falou virando para Mad – Ele já está dormindo na cama do Michel, não vai fazer a maldade de acordar ele. Amanhã você volta e pega.
- Ele vai acordar de madrugada chorando, vai dar trabalho. É melhor eu levá-lo. Prometo que não vou acordá-lo.
- Gabriela e Michel já tiveram 2 anos, acho que sabemos lidar com isso, não é meu amor? – Ian disse apoiando a esposa.
- Certo, vocês venceram. Vamos embora de mãos vazias então, não é? – disse rindo para Gabriel.
- Só não posso chegar de mãos vazias no Brasil, ou minha mãe comete um homicídio.

Eles riram e se despediram, voltando para as ruas quase desertas de Paris à noite. Iam conversando no caminho sobre suas carreiras, até que chegaram à entrada do metrô da Champs-Elysées e Gabriel resolveu mudar o assunto.

- Tenho uma confissão a fazer... Eu estive aqui em Paris há dois anos e vi você.
- O que? – ela exclamou indignada – E por que não foi falar comigo?
- Estava aqui a trabalho, vim fotografar o casamento de uma grande amiga e ela queria algumas fotos no Jardim do Luxemburgo – começou a explicar – Enquanto ela se preparava, outra coisa me chamou a atenção. Uma mulher, não muito longe de onde estávamos. Ela estava claramente vindo do trabalho e brincava com uma criança de alguns meses. Quando olhei com mais atenção, vi que era você com o, agora sei, Evan.
- Eu lembro de uma noiva tirando fotos no jardim, mas não vi o fotografo. Mas por que não foi falar comigo?
- Porque quando vi vocês dois, pensei: ela se casou. Agora tem um filho e está feliz. E eu não ia suportar ir até lá e ser apresentado ao seu marido – confessou, mas depois riu – E sinceramente, estava até com medo de quem você pudesse me apresentar.
- Ah qual é? Achou que eu podia estar casada com quem? O Thierry? – ela falou indignada por ele continuar rindo.
- Não ele, mas você namorou uns tipos bem exóticos em Beauxbatons.
- Não se esqueça que também namorei você. Está se encaixando nos tipos exóticos?
- Não, eu fui sua salvação.
- Pro seu governo, o pai do Evan nem é bruxo! – ela agora ria, mas depois assumiu um tom sério – Ia gostar que tivesse ido falar comigo.

Se encararam sem dizer nada por segundos que pareceram uma eternidade. Mad parecia disposta a dar um passo, mas Gabriel foi mais rápido. Aproximou-se mais e segurou seu rosto, a beijando. E Mad envolveu os braços ao redor de seu pescoço, correspondendo a beijo.
Das anotações de Rory Montpellier e Ty McGregor em Julho de 2011


Era a véspera do meu casamento tivemos um jantar no rancho para que meu pai conhecesse a família do Ty, eu estava um pouco tensa, mas Jaeda e Angelique me acalmavam dizendo que tudo ficaria bem. E após a conversa deles, tudo continuava calmo. Após o jantar fomos acomodados na casa de hóspedes, para que os noivos não se vissem antes do casamento.
Enquanto eu, Angelique , Jaeda, e Danielle conversávamos, ouvi uma batida na porta. Quando abri, me surpreendi ao ver Annia acompanhada de algumas outras mulheres jovens e bonitas:
- Hey Rory, ainda não se arrumou porque? Temos uma despedida de solteira esta noite. - e ela foi entrando e quando viu Jaeda, ela e as outras garotas deram olás animados. Enquanto Annia já fazia as apresentações:
- Estas são: Evie, Milla, Nina, Vina, e Shannon, e acabaram de chegar. Nossos maridos estão levando Ty para uma despedida, então cabe a nó cuidarmos de você. As outras já estão indo pro clube. - ela disse animada.
- Outras? Clube?- eu repeti desconcertada. E a morena chamada Evie disse rindo:
- Não fique com receio, não é bem um ‘clube’, é um galpão fedendo a comida gordurosa e cerveja barata, mas os copos nunca ficam vazios, onde alguns cowboys dançam e tiram as roupas nas noites de sexta. Um clube das mulheres caipira.
- Não sei se...- comecei a recusar mas todas começaram a protestar e acabei por ceder. Afinal o que me custava ir beber com elas?

o-o-o-o-o-o-o-o

- Acorda Rory, já passam das duas e você precisa levantar....- ouvi uma voz ao longe e puxei o travesseiro sobre minha cabeça, e disse com uma voz abafada:
- Não vou ao jornal hoje Jaeda, estou doente, acho que comi alguma coisa estragada. - e senti puxarem o travesseiro e minha cabeça doía tanto, que quando a luz bateu em meus olhos, eles lacrimejaram, e os fechei com força, enquanto ouvia risadas que faziam com que meu cérebro tremesse como se fosse um tambor.
- Este é o problema, você quase não comeu e bebeu todas ontem, mas acorda que hoje é seu casamento e vamos te deixar linda. - e só ai me lembrei de que dia era hoje e pulei da cama, caindo nela novamente gemendo.
- Vai levanta e toma isso aqui. - disse Jaeda me esticando um copo com uma mistura de aspecto esverdeado.
- O que é isso?
- Não sei e não gostaria de saber. Annia deixou aqui antes de ir ajudar a arrumar as coisas do casamento e posso afirmar que é um anti-ressaca, incrível. Já estou pronta pra outra.
Peguei o copo e me forcei a engolir o que lembrava muito o gosto de ovo cru misturado com molho inglês, e à medida que aquilo ia entrando em meu sistema, a dor de cabeça ia sumindo. Quando acabei o mundo não girava mais e eu consegui me movimentar sem pedir para morrer. Olhei para Jaeda, Angelique e Danielle e elas exibiam sorrisos marotos.
- Muito bem, qual foi a besteira que eu fiz ontem??- e elas caíram na risada. Jaeda não perdeu tempo:
- Nada demais. Você bebeu muito, contou historias de suas escapadas com o Ty em Beauxbatons, nossa se aquelas paredes falassem...Depois dançou com um dos strippers, arrancando a camisa dele com os dentes, bebeu mais um pouco, e no final ficou alterada porque Beatrice disse que Ty beijava muito bem e que ela o amaria sempre.
- Alterada como?
- Você só a puxou pela roupa e disse que se ela pusesse as unhas falsas em cima do seu homem, você ia quebrar a cara dela.
- Meu...Homem? Não! Eu não fiz isso...
- Claro que fez maninha, o engraçado foi no final vocês duas discutindo sobre quem amava mais ao Ty, até que caíram na risada, e depois choraram pedindo desculpas uma á outra, e jurando amizade eterna com troca de pulseiras e tudo. Olha no seu pulso. - e no meu pulso havia um elástico de prender dinheiro na cor verde ácido. - olhei para elas desamparada e elas riram mais ainda.
-Mas agora isso já passou, vamos começar a nos arrumar, hoje você começa uma nova vida e no que depender de nós, vai estar linda.

o-o-o-o-o-o-o-o-o

A festa estava muito animada, mas o que mais me surpreendeu no meu casamento foi quando antes de sermos declarados casados, Ty chamou a avó e ela se aproximou com um tartan escocês nas mãos, e o colocou por cima de meu vestido e o prendeu com um broche em forma de serpente marinha, e me dando as boas vindas ao clã. Meus olhos se encheram de lágrimas, pisquei para segurá-las, e quando o frei nos declarou casados e que podíamos nos beijar, não consegui segurá-las mais e algumas deslizaram pelo meu rosto.
Ty me olhava sério e seus olhos estavam tão escuros quando as enxugou com o polegar e em seguida me beijou de forma tão intensa, que se ele não estivesse me segurando eu teria caído. Ele me soltou quando ouvimos gritos e vivas dos convidados, eu demorei a abrir os olhos mas quando os abri sorri para ele mas ele apenas levantou o canto da boca sarcástico e não retribuiu, porém quando se virou para as pessoas, exibia seu sorriso mais confiante.
Foi o choque de realidade que me fez voltar ao normal e parar de me enganar. Dali em diante, entrei no jogo e representei a noiva perfeita enquanto ele me apresentava a todos os seus amigos que eram os maridos das garotas da Avalon, como Annia denominou o seu grupo de amigas. Micah, Iago, Victor, Chris O'Shea e Chris Parker, eram os pares perfeitos para aquelas garotas.
Quando a banda chamou os noivos para nossa primeira dança como marido e mulher, Ty me conduziu à pista e me puxou de encontro ao seu corpo. Dançamos e trocamos olhares, e novamente notei o quanto seus olhos escureciam quando me olhava, ele parecia tenso, e eu disse:
- Relaxe, Ty. Do jeito que você está, as pessoas não vão acreditar que este casamento é para valer.
- Eles vão acreditar sim, ainda mais que você está agindo como uma mulher apaixonada. Você devia ter seguido carreira nos palcos. - disse cínico.
- A vida é um grande palco, e cabe a nós ser os atores, pelo menos por um ano. Não é o que você quer?
- É! É o que eu quero. - e depois disso começamos a dançar com as outras pessoas e pude conhecer vários de seus colegas de time, e percebi o quanto ele era querido, mas nada me impressionou mais que dançar com os vampiros membros da família.
Caleb tinha um ar paternal comigo, Josef era o sedutor, mas Derfel era muito engraçado, e me fez rir várias vezes com suas observações perspicazes, Edward era o mais caloroso e notei o quanto algumas meninas o olhavam cheias de esperanças e ele parecia alheio a elas.
Depois dancei com Ethan, e pelo que conversamos o sentimento de amizade que eu sentia por ele, aumentava a cada instante. Ele me deixava á vontade, e como suspeitei, sabia a verdade sobre o meu casamento e não me recriminava por isso. Pelo contrário, me tratava de forma carinhosa.
E quando batizamos Julian, apesar do jeito inicial de Ty comigo, nos demos as mãos enquanto nosso menino, era ungido por seus padrinhos, Gabriel e Miyako. Sabia que mesmo que eles não gostassem de mim, cuidariam do meu filho como se fosse deles e isso nos emocionou. Quando acabou voltamos a dançar, e depois de algum tempo alguns convidados começaram a se retirar e se despediam de nós nos desejando felicidades. Vi que Beatrice dançava com Ty e ela sorriu de forma amigável quando levantou a mão e mostrou um elástico verde ácido no pulso. Sorri exibindo o meu e Ty nos olhou curioso e falou algo no ouvido dela baixinho, e senti uma pontada de irritação, mas a ignorei e continuei conversando animada com suas primas que começaram a me tratar mais calorosamente, acredito que seja por causa das loucuras da despedida de solteira, que segundo minha irmã Angelique foi inesquecível.
Em dado momento sua prima Brianna me puxou pela mão, dizendo que estava na hora do jogar o buquê, e fui para o palco rindo muito das brincadeiras que ouvia pelo caminho, contei até três e joguei o buquê que caiu nas mãos de Mary, e todos aplaudiram contentes.

Quando desci do palco a banda voltou a tocar musicas animadas, e enquanto eu dançava com meu irmão Lucian, Ty dançava com Haley. Como estávamos todos próximos vi quando Miyako sentiu as primeirs contrações do parto, automaticamente me aproximei querendo ajudar. Nesta hora Louise, a mãe de Clara, assumiu as rédeas da situação, aproximei-me de Julian e dos seus amigos e os tranqüilizei, dizendo que tudo ficaria bem. E de fato foi o que aconteceu, quando após algumas horas, mãe e filho estavam bem. O nascimento de uma criança sempre traz esperanças, e eu desejei de coração que fosse um sinal de tudo daria certo em minha vida.


Alguns comentários de Ty McGregor

Eu estava jogando sinuca com meus primos, após o jantar com a família de Rory, quando um patrono em forma de centauro, que reconheci como sendo o de Karkaroff, avisou que meus amigos estavam chegando. Quando abrimos a porta, fiquei feliz em ver meus amigos: Micah, Iago, Victor, Wes, Chris junto com suas famílias. Nos abraçamos e Micah liderou o grupo:
- Vamos lá escocês, temos muita coisa para fazer hoje. Ficamos sabendo que a noiva é a encrenca que faltava na sua vida... - e foi apoiado por Griff.
- Não quero uma despedida de solteiro...- avisei e Iago riu olhando para eles:
- Não perguntamos se você ‘quer’ uma despedida de solteiro, você vai ter uma. Achou que ia escapar desta, depois de todas as despedidas de solteiro que você fez para nós?? - acabei rindo e me juntando a eles no que foi a maior bebedeira de minha vida.


Quando as gaitas de fole começaram a tocar a musica para Rory entrar, pela primeira vez em muito tempo me senti nervoso.
Nunca havia visto uma mulher vestida de noiva tão linda quanto Rory e eu sinceramente não estava conseguindo lidar com a atração que eu estava sentindo por ela, desde que nos reencontramos.
Isso não era lógico, e com certeza não seria bom para mim. Era melhor me manter ao plano inicial. Ficar casado por um ano, sem envolvimentos e depois no separar amigavelmente, sem danos. O maior problema neste plano, era que Rory ficou mais bonita com o tempo e eu não estava lidando bem com as sensações que ela me despertava a cada vez que eu a tocava, e isso me irritava muito. Mas vê-la interagindo com meus amigos, minha família a aceitando de braços abertos, enquanto ela ficava incrivelmente sexy naquele vestido, só me deixava pior. Mas quando vi o quanto minha família estava encantada por meu filho, percebi que qualquer coisa valeria a pena. E tratei de curtir a festa do casamento.

-o-o-o-o-

Enquanto eu dançava com Haley, e ria dos comentários dela sobre o batizado de Julian, vi Miyako gemer alto com dor. Quando tia Louise começou a dar ordens, os curandeiros da família agiram rápido, e logo Miyako era instalada num quarto da casa e enquanto eu e Gabriel ficamos ao lado dela, os outros amigos e parentes, ficavam pelo corredor se revezando no aguardo das noticias.

o-o-o-o -

- Mas eu quero ficar com você meu amor, ajudar...
- SAI DAQUI TIAGO! É CULPA SUA EU ESTAR AQUI!- ela deu tapas num pobre Henri enquanto o expulsava do quarto. Eu e Gabriel estávamos ao lado dela, apoiando-a.
- Nós vamos cuidar dela,fica tranqüilo, Tiago.- disse Gabriel.
- É, Lobão e eu somos profissionais. Vai Alfabetinho, respiração cachorrinho....
- Não quero respirar cachorrinho, quero que este bebê nasça logo...Saia logo de dentro de mim!- ela gritou pro bebê durante uma contração, e tia Louise avisou que a cabeça havia coroado, mas ainda ia demorar para nascer.
Eu e Gabriel levantamos a cabeça para ver sobre o que significava ‘bebê coroado”, e conseguimos ver, o topo da cabeça do bebê cheio de muco e sangue, uma coisa nada bonita de se ver, saindo da...hum...dos paises baixos.
- Nooossa!- soltou Gabriel sem se conter.
- Por Merlim, agora sei porque Jolie não me deixou ver o parto da Liv. Se eu tivesse visto o estrago, não ia me recuperar nunca mais. Você não tem noção do quanto a cabeça do seu filho é grande Mi...- eu disse com a minha boca grande.
- TY! - disse tia Louise séria, mas com um brilho de riso nos olhos.
- Eu sei que a cabeça desta criança é grande, aposto que puxou o cabeçudo do Tiago. Eu quero uma peridural!- e Miyako apertou mais ainda as nossas mãos, enquanto Lobão travava o maxilar pela dor, eu soltava uma risada estrangulada, enquanto tia Louise falava com ela:
- Não posso te dar nada, Miyako, você demorou demais para avisar que estava em trabalho de parto, agora tem que ser de modo natural.- e tia Mirian disse:
- É preciso colocar seu filho no mundo, antes de eu poder usar meus poderes de cura em você, minha querida.
- Modo natural? Sem drogas?Não eu não vou ter este filho. Eu não faço mais força. - ela começou a ficar nervosa e eu e Gabriel tentamos acalmá-la:
- Deixa de ser covarde Miyako. Meu afilhado precisa nascer. - eu disse e Lobão completou:
- Você já enfrentou coisas piores na vida, e não é o parto de um bebê que vai te amolecer.
- Eu troco com vocês dois, pronto. Venham aqui e botem este moleque no mundo. - ela gritou.
- Ela está muito nervosa precisa se acalmar, ai fica mais fácil. - avisou Morgan que auxiliava tia Louise, e eu gritei alto quando Miyako soltou um gemido de dor, me beliscando:
- Isso meu amor, grita sua paixão por mim. - Gabriel me olhou espantado, mas quando viu Miyako esboçar um leve sorriso entendeu o que eu queria fazer e entrou na brincadeira:
- Isso me arranha todo minha gata selvagem....- tia Louise, tia Mirian e Morgan, tentavam ficar sérias, mas soltavam risadinhas disfarçadas em tosse. Ficávamos gritando abobrinhas do gênero a cada contração e grito que ela dava, para fazê-la descontrair parecia funcionar, entre uma arfada e outra ela brincava conosco, ficando mais calma e tia Louise avisou:
- Atenção! Vamos parar com a sem vergonhice, que o bebê está pronto para nascer. Miyako, a próxima contração vai vir forte, e quero que você empurre com tudo ok? Garotos, conto com vocês.- ela olhou para Morgan e tia Mirian e elas estavam a postos.
- Aí vem ela....Agora Miyako!- e Miyako contraiu o rosto, fazendo força e nós dois junto com ela, que quando ouvimos o choro alto de um menino saudável e com pulmões fortes, começamos a chorar juntos.
Tia Louise e Morgan, junto com tia Mirian, pareciam foguetes dentro daquele quarto, cuidando do bebê e não demorou muito e tia Louise colocava o bebê em cima da Miyako enquanto Morgan e tia Mirian cuidavam de uma mãe mais calma. Henri entrou correndo no quarto, seguido de tia Yulli, e Lobão e eu começamos a sair, quando Miyako nos chamou:
- Gabriel, Ty... Obrigada por me ajudar a pôr o Eicca no mundo!- sorrimos de volta e dissemos:
- Disponha!- quando saímos do quarto, o corredor estava cheio com nossos amigos, que enquanto zombavam dos nossos gritos, colocavam copos de wisky de fogo em nossas mãos, para comemorar o nascimento de mais um membro da nossa grande família. Automaticamente procurei pela Rory e quando nossos olhares se encontraram, por instantes esqueci de tudo que houve no passado e correspondi ao sorriso feliz dela.
Porque eu tinha esta mania de não fugir de encrenca?...
 

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