segunda-feira, 24 de novembro de 2008
- INCARCEROUS! – cordas foram projetadas pela varinha e prenderam o animal, quebrando algumas de suas penas. O Occami se debatia tentando se livrar delas, mas sem sucesso.
O arremesso do Occami acabou o jogando para o pé do monte que devia subir e, prendendo a varinha com os dentes, escalou as pedras soltas até o topo dele. Quando chegou ao topo e viu a arquibancada vibrar, se atirou no chão. Uma sirene ecoou na arena e ele levantou depressa. Tinha um minuto para capturar um pergaminho. Olhou em volta do lugar e não havia sinal de nenhuma criatura, mas uma idéia lhe ocorreu. Pela descrição do guardião do pergaminho, só podia ser um Seminviso. Gabriel ajoelhou perto de algumas pedras que lembravam uma pequena toca, colocou a varinha no chão e estendeu a mão, esperando.
- Ah, aí está você... – disse sorrindo quando segundos depois um animal pequeno coberto por pêlos longos e lisos e com olhos que lembravam os de um macaco apareceu. O pergaminho estava amarrado em uma de suas patas traseiras e Gabriel aproveitou que o bicho cheirava sua mão para desamarrar a corda.
Assim que a corda soltou, outra sirene ecoou na arena e a voz de Fedorovitch anunciava que a prova havia terminado. Os bruxos que cercavam a arena libertavam novamente as criaturas e Gabriel agora ouvia o barulho ensurdecedor que vinha das arquibancadas. Era como se estivesse em um jogo da Copa Mundial de Quadribol. Uma passagem apertada se revelou no alto do monte e o diretor de Durmstrang o puxou para dentro. Madame Maxime apareceu correndo e, muito empolgada, lhe deu um tapa forte nas costas.
- Parabéns, Gabriel! Foi excelente! – ele notou que embora animada, sua mão tremia levemente
- Obrigada, diretora – disse tentando não fazer careta pela dor que sentia causada pelo tapa.
- Saiam, por favor! – uma mulher com roupa de enfermeira abriu caminho entre os professores e puxou Gabriel – Ele precisa de curativos, saiam do meu caminho!
A mulher o empurrou sem delicadeza em uma maca e começou a limpar os cortes causados pelas pedras. Ela passava um algodão com um liquido de cor verde que ardia mais que tudo no mundo. Gabriel ainda tentou se esquivar, mas ela o puxava de volta. Ele ouviu o apito soar outra vez e sabia que Gina estava entrando na arena.
- Posso ir agora? – perguntou ansioso
- Não! Sente quieto um minuto. SENTE-SE! – berrou quando ele não obedeceu e Gabriel sentou outra vez – Espere só mais um minuto, depois pode ir!
- GABRIEL! – ele ouviu uma voz bem conhecida gritar dentro da tenda e segundos depois estava sendo sufocado contra uma blusa azul
- Oi mãe... – respondeu com a voz abafada pelo abraço – Está me enforcando.
- Ai, desculpa! – Louise o soltou e tinha lágrimas nos olhos. Segurou sua cabeça com força – Você está bem? Se machucou muito? O que a enfermeira te deu?
- Eu to bem, calma. Ela só passou um treco ardido e disse que já voltava
- É um absurdo, como colocam criaturas como essas na arena?? – ela reclamava indignada e Gabriel revirou os olhos – Um dementador foi o fim da picada! E se a sua lembrança não fosse o bastante e ele pegasse você? Não daria tempo de fazer nada!
- Minha lembrança era ótima, eu sabia que ia conseguir. Pensei em quando levei você até o altar e entreguei ao meu pai – disse um pouco sem graça
- Ah, meu bebê! – Louise agarrou o filho e o abraçou apertado – Não sabe como fico feliz em saber que essa é a sua lembrança mais feliz – ele sorriu menos sem graça
- Ver você feliz é o que me faz feliz – disse sem se soltar do abraço e ela beijou sua testa – Quem veio com você? Meu pai veio? E o tio Scott?
- Estão todos lá fora assistindo as outras provas. Veio todo mundo, sua torcida é imensa. Só a Clara não veio, deixei-a com a Susan. Mas prometo trazer na 3ª tarefa.
- Imaginei mesmo que não fosse trazer ela dessa vez, muito nova ainda – disse rindo e se levantou olhando ao redor – Cadê a enfermeira? Quero assistir a prova da Gina antes que acabe!
- Sente-se! – ele a ouviu berrar de novo
A enfermeira estava de volta com uma poção fedorenta, que ele foi forçado a beber. Depois saiu apressado da maca e correu com a mãe até a bancada onde estava a diretora, para assistir a prova de Gina e Reno. A ruiva já havia derrubado o Occami, mas enfrentava dificuldade para passar pelo Erumpente. Usou um feitiço complicado que resultou no bicho ficando ainda mais enfurecido e foi preciso a intervenção dos monitores para que ele não a machucasse muito. O dementador foi o alvo mais fácil para a garota e também não enfrentou dificuldades em passar pelo Farosutil. Gabriel sabia que ela havia sido mais rápida que ele, mesmo tendo tido problemas com o Erumpente. E também não teve dificuldades em capturar o pergaminho. Demorou um pouco mais, mas conseguiu antes dos 60 segundos esgotarem.
A arquibancada vibrou quando a garota saiu com o pergaminho na mão e Reno entrou na arena minutos depois. Quem estava lá dentro não ouvia a algazarra das arquibancadas para não assustar os animais e os que estavam de fora não ouviam os feitiços e urros dentro da arena, apenas os movimentos mudos dos campeões e criaturas mágicas. Gina logo se juntou a Gabriel na bancada e assistiram a prova de Reno juntos. O campeão de Durmstrang foi o que mais se atrapalhou. Lançava feitiços rápidos e eficazes, mas nem todos surtiam o efeito desejado. Quase foi esmagado pelo Erumpente e o Farosutil chegou a se enroscar em toda sua perna e parte da cintura, mas ele conseguiu se livrar da serpente com eficiência. Mas não enfrentou dificuldades com o dementador e o Occami. Fez o percurso no pior tempo dos três e alcançou o monte já esgotado. E talvez por estar muito cansado, não teve paciência de encontrar o animal. Começou a lançar feitiços de revelação para todos os lados e quanto mais nervoso ele ficava, mais tinha dificuldade em encontrar o Seminviso. Faltavam menos de 10 segundos para terminar o prazo quando o bicho se revelou e Reno aproveitou o segundo de fraqueza para se atirar em cima dele, arrancando o pergaminho de sua pata com violência.
A arquibancada voltou a gritar e comemorar e Reno saiu de braços erguidos, saudando a torcida. Os cinco juízes discutiam entre si e os três campeões desceram para a arena, agora vazia, para aguardar as notas. Pareceu levar uma eternidade, mas os juízes finalmente chegaram a um consenso. Gina ficou em 1º lugar, seguida por Gabriel por pouquíssimos pontos de diferente e Reno, com uma distância muito grande para a primeira colocada. O garoto rosnou alguns insultos ao receber a nota e os três voltaram para a tenda, agora parecendo muito mais acolhedora que antes.
- Muito bom, todos vocês! – Fedorovitch entrou na tenda sorridente e parecendo satisfeito – Agora, só algumas palavrinhas. Vocês terão um bom intervalo até a segunda tarefa, que terá lugar às nove e meia da manhã de 24 de Fevereiro. Guardem esse pergaminho que estão segurando, ele será muito importante. Acho que é só isso, podem ir! Acredito que as repúblicas onde estão hospedados estão preparando algumas comemorações!
Os três deixaram a tenda com os pergaminhos bem presos nas mãos e Gabriel voltou com Gina até onde suas famílias e amigos já esperavam. À noite, depois das famílias já terem ido embora, as repúblicas Avalon e Esparta se uniram para fazer uma única, e grande, festa para os dois campeões. Mesmo o dia seguinte sendo dia de aula, ninguém parecia interessado em dormir tão cedo...
domingo, 23 de novembro de 2008
Memórias...
O pomo estava logo a minha frente e eu já me preparava para fechar a mão em torno dele, quando um balaço a toda velocidade atingiu meu estômago e eu me senti cair da vassoura e atingir o gramado do campo com um baque surdo. Tudo ficou escuro por alguns segundos, e quando tornei a abrir os olhos, mesmo embaçados, pude contar um aglomerado de sete cabeças ao me redor.
- Você está bem? – o professor Henri era o dono da cabeça que estava mais próxima de mim, e perguntou preocupado.
- Sim. Eu acho. – respondi me sentando um pouco tonta ainda e massageando a cabeça. Observei Isa e os outros jogadores do time da Fidei embolados com sua torcida, comemorando a taça.
- Quantos dedos têm aqui? – novamente, o professor perguntou bem ao meu lado. Nossos rostos estavam tão próximos que eu conseguiria contar as riscas de seus olhos verdes. Ele estendeu três dedos na mão, sorrindo gentil. Ri também.
- Seis. – respondi divertida e ele fez uma careta.
- Quase isso. – ficamos em silêncio nos encarando e sorrindo ainda alguns segundos, quando Jean Savoy interrompeu.
- Mas ainda assim acho que é melhor levarmos ela até a enfermaria, professor. Madame Magali vai querer se certificar que Miyako não quebrou nenhuma costela... – ele falou sensato e o professor se levantou concordando com a cabeça.
- É, você tem razão. Me ajude a levá-la até lá?!
Eles me apoiaram até a enfermaria e o restante do time nos acompanhou. De fato, não tinha quebrado nada. Naquele momento, não saberia dizer se havia sido efeito da colisão na cabeça ou não, minha memória parecia deslumbrada com o brilho de dois olhos intensamente verdes.
ººººº
As férias de verão passaram com um “click”. Após o nascimento de Keiko e Hiro, as vidas de mamãe e Sergei estavam sendo regrada por eles. Nos primeiros dias eu estranhei ser acordada no meio da madrugada várias vezes, por choros distintos. Aprendi a fazer mamadeira, trocar fraldas, dar banho, colocar para dormir e até cantar canções de ninar. Apesar de trabalhoso, foram os dois meses de férias mais divertidos que tive. Quando chegou o momento de embarcar para Beauxbatons, para meu último ano escolar, um peso começou a cair em meu estômago. Gabriel e Ty também haviam voltado, o que já me deixava muito mais feliz (e nostálgica!).
Com o anúncio do Torneio Tribruxo e a expectativa de irmos terminar o ano letivo em Durmstrang, setembro e outubro pareceram nem existir. Partiríamos em apenas dois dias. Estava esvaziando meu armário e arrumando meu malão, quando Bridget bateu na porta e entrou logo em seguida.
- Oi, Mi. O Professor Henri convocou uma reunião com todos os jogadores de quadribol. Começa em 30 minutos. Tudo bem?
- O que será que ele quer? – perguntei curiosa, mas ela sacudiu os ombros. – Ok. Estarei lá.
O clima de suspense era geral. Quando cheguei ao campo e me sentei ao lado de Ty, Griffon e Gabriel, ambos pareciam tão curiosos quanto eu. Não haviam comunicado oficialmente, mas imaginávamos que, por causa do Torneio Tribruxo, o Campeonato de Quadribol seria cancelado este ano. Mas ao observarmos o professor se aproximar com um sorriso largo no rosto e uma prancheta na mão, imaginei que alguma coisa viria aí, e não deu outra.
- Boa noite! – ele cumprimentou empolgado e todos respondemos. – Bom, imagino que estejam se perguntando o motivo desta reunião de última instância, então não vou deixá-los curiosos por muito mais tempo. Chamei-os aqui para anunciar que este ano teremos outro torneio (além do Tribruxo, claro). O “Torneio Tribruxo ‘Entre - Casas’ de Quadribol”. – ele terminou de falar empolgado e nos entreolhamos sem entender. Passados alguns segundos, ele retomou a fala. – Vai funcionar da seguinte maneira: continuaremos com o Campeonato de Quadribol, normalmente, só que agora, ao invés dos competidores serem somente as quatro casas de Beauxbatons (Lux, Nox, Sapientai e Fidei), o Campeonato contará com DOZE times disputando a taça. As quatro casas de Beauxbatons, mais as quatro casas de Durmstrang (Mannaz, Ansuz, Othila e Berkana), e as quatro casas de Hogwarts (Corvinal, Lufa-lufa, Sonserina e Grifinória).
Se antes estávamos todos calados por não termos entendido, agora o falatório tomou conta do círculo. O clima de empolgação do professor havia contagiado a todos nós. Finalmente teríamos um campeonato de quadribol com cara de campeonato, de verdade! A bagunça tomou conta por mais alguns minutos, até que um assobio alto de Henri fez todos se calarem novamente.
- Eu sei que vocês ficaram tão empolgados como eu, mas ainda temos vários detalhes pra acertar e se eu deixar a conversa continuar, vamos acabar tendo que dormir aqui... – ele disse olhando pra todos nós. Meu coração acelerou um tanto, quando nos encaramos e ele sorriu. Logo em seguida, desviou o olhar e puxou a prancheta, consultando-a. – Bom, pelo que estou constatando aqui, a maioria de vocês ainda não está no sétimo ano e, portanto, não embarcará para Durmstrang. Porém, alguns vão... Lupin, McGregor, Chronos, Kinoshita... Certo. – ele ia falando baixo, mais para si mesmo do que para a turma. Ficamos em silêncio esperando que ele terminasse. Analisou os nomes na prancheta mais algum tempo, até se voltar novamente para nós. – Bom, imagino que estejam se perguntando como vamos treinar, já que alguns dos times vão ficar aqui, e alguns vão. Eu, Madame Hooch (a professora de vôo, e treinadora dos times de Hogwarts) e Viggo Volkov (treinador de Durmstrang) montamos criteriosamente um quadro de horários justo para todos os times. Cada casa terá duas horas de treinos por semana, sendo uma hora por dia, em dois dias alternados. Como eu e Madame Hooch temos horários como professores de vôo para cumprirmos em nossas respectivas escolas, e como os jogadores maiores de idade são a minoria nos times, em um dos treinos, vocês que vão para Durmstrang, irão pegar uma chave de portal e vir para cá, no horário de treino combinado para as casas de cada um. Porém, todos concordamos que também seria bom termos pelo menos um dos treinos em Durmstrang, já que todos os jogos vão acontecer lá. É bom que vocês todos se adaptem ao clima e ao campo do castelo. Portanto, no segundo treino da semana, de cada casa, eu vou acompanhar os jogadores que ficarem aqui, também com uma chave de portal, e treinaremos lá.
Ele parou um pouco e alguns alunos mais novos se mostraram eufóricos com a possibilidade de irem para Durmstrang uma vez por semana.
- Sei que a idéia parece um tanto excitante para vocês, mas quero deixar bem claro que daqui a algumas semanas isso vai ser bem cansativo. Um dia o treino aqui, outro dia o treino lá... Quero que fiquem preparados. E também não preciso falar que quando formos para Durmstrang, chegaremos com a chave de portal já dentro do estádio, não é? Nada de passeios pelos outros cantos do castelo. Nem vocês por Beauxbatons, por favor! – Ele se virou para nos encarar e concordamos com a cabeça. – Se um de nossos alunos menores de idade for pego vagando por Durmstrang quando deveria estar treinando quadribol, será imediatamente retirado do time e da competição. Se um de vocês, maiores de idade, que estão indo para Durmstrang, for pego vagando por Beauxbatons quando deveriam estar treinando quadribol, também será imediatamente retirado de seu time e da competição. Somos todos crescidos o suficiente para assumirmos responsabilidades por aqui, não é? Estamos combinados? – ele perguntou sorrindo gentil e todos nós sacudimos afirmativamente as cabeças. – Ótimo. Vou distribuir agora para vocês o quadro com os horários dos treinos das nossas quatro casas e a tabela dos jogos do campeonato, com os respectivos dias. Assim que pegarem, estão liberados. Qualquer dúvida, me procurem em minha sala. Muito obrigado pela atenção.
Nos levantamos e Gabriel, Griffon e Ty já conversavam animados sobre como iriam derrotar as casas de Hogwarts e Durmstrang. Estava alheia à conversa. Esperei um grupo de garotas receber seus horários e começar a voltar para o castelo, e tracei uma reta até o professor Henri. Quando me aproximei o suficiente, não contive um sorriso. Ele retribuiu.
- Então... Preparada para enfrentar o inverno de Durmstrang? – ele perguntou me entregando as tabelas.
- Na verdade, não. Quase morri congelada nas Olimpíadas. Os treinos e jogos lá vão ser insuportáveis...
- Não vão ser não. Faço questão de mantê-los bem aquecidos e ocupados. – ele deu uma piscadinha e abri um sorriso ainda maior. Griffon surgiu do meu lado.
- Vai uma Gemialidades aí, professor? – ele perguntou maroto e Henri riu alto.
- Hoje não, Sr. Chronos. Obrigado. Bom, então se me dão licença, vou para minha sala terminar de organizar alguns dados. Os vejo em breve. Boa viagem para Durmstrang.
Ele se despediu virando as costas. Griffon me puxou pelo braço para irmos para a direção contrária, rumo ao castelo. Eu ainda mantinha um sorrisinho besta no rosto. Caminhávamos em silêncio, lado a lado, eu com os pensamentos longes...
- Então você também está apaixonada por um professor? – Griffon perguntou sorrindo e me assustei.
- Hã? Eu? Apaixonada? Do que você está falando?
- Não adianta, Mi. Posso não ser um bom legilimente, mas esse seu sorriso besta denunciou tudo. Você está gostando do professor Henri!
- Você está delirando... – respondi um pouco corada e ele riu.
- Não sei se você se lembra, mas eu estou passando por uma situação bem parecida. Quer dizer, acho que o seu caso é menos complicado, já que ele não é ninguém tão amigo de sua família... Acho que sei reconhecer esses sintomas, sabe?
Ele perguntou sério, me encarando fundo nos olhos. Desviei. Havíamos chegado ao Saguão de Entrada.
- Não estou esperando que você me confesse nada, ok? Mas se gosta mesmo dele, corre atrás. Estamos no nosso último ano de escola. Não há nada mais que seja tão difícil, nem impossível... – ficamos em silêncio. Eu ainda encarando meus sapatos. – Bom, vou para o meu Salão Comunal. Se precisar de mim, já sabe onde estou. Boa noite, Mi.
Se despediu me dando um beijo na testa e sorrindo novamente. Quando ele sumiu no fim da escadaria, fiquei parada alguns segundos no Saguão, pensativa. Griffon estava certo: eu estava me apaixonando pelo professor de quadribol!
Someone to love, somebody new
Someone to love, someone like you
Love, love me do,
You know I love you
I’ll always be true
So please, love me do.
- The Beatles; Love me do
Com o nascimento de Julian em março, tive que fazer muitos deveres atrasados enquanto o amamentava, mas consegui me sair bem, porque Jaeda, Brian, Angelique e Lucien me apoiaram muito e na época das provas, não foi tão estranho, entrar na sala para fazer provas levando um carrinho comigo.
Alguns examinadores me olharam esquisito e alguns alunos também, mas como Julian era um bebê tranqüilo quando estava seco e de barriga cheia, consegui fazer minhas provas e quando o fim do ano letivo chegou, viajei com ele para Paris e fiquei na fazenda com meu pai e meus irmãos, e mesmo com noites mal dormidas, choro de criança e ter aprendido várias técnicas de como limpar cocô e manter minhas roupas longe do cheiro de leite azedo, as férias foram boas.
Julian estava crescendo com uma rapidez espantosa, e por mais que eu houvesse lido sobre o desenvolvimento de bebês não deixava de me surpreender quando o via sentado sem apoio balbuciando umas coisas estranhas, ou fazendo força para ficar de pé, quando o segurava pelas mãozinhas rechonchudas. E Lucien começou a brincar com ele de ‘esconder’, tampando o rosto com as mãos e depois se mostrando, Julian dava gargalhadas lindas, e exibia os dentinhos de cima e de baixo, ficando com uma cara engraçada.
Agora eu começaria meu ultimo ano e além de me tornar uma bruxa formada, eu tinha um filho de 7 meses para criar e várias decisões a tomar. Meu pai queria que eu voltasse a Paris e vivesse com ele, pois ficaria mais fácil criar o Julian lá, mas eu não concordava com isso.
Porque eu havia recebido propostas de emprego, e principalmente porque eu queria um oceano de distancia da possibilidade de minha mãe olhar para o rosto do meu filho e descobrir que ele é um McGregor. E se ela visse isso, ele correria perigo. Além dos perigos normais que ele já corria por estar descobrindo o mundo, pois agora ele já engatinha, e não posso mais deixar os armários abertos, pois ele agora puxa tudo para fora e fica dando gritinhos felizes. E quando está comendo ele puxa a colher afinal aquilo é uma coisa mágica, ele sabe que ali tem a sua papinha favorita de frutas, ele é comilão.
O pediatra diz que ele é muito inteligente e grande para idade e quando ele me olha serio após receber um não, fica muito mais parecido com o pai. Acho que Jaeda sabe quem é o pai, mas como eu me esquivo do assunto, ela não força para saber a verdade. Mas ela e Angelique são muito amigas, e acho que minha irmã deve ter dito algo, pois no Halloween, ela recebeu a visita de um amigo de Durmstrang, Iago Karkaroff, e ela não mostrou a ele as fotos de meu garoto, coisa que faz toda coruja. Bem, enquanto ela não perguntar diretamente, não preciso me preocupar com isso.
o-o-o-o-o-
Danielle estava passando um fim de semana comigo, e estava hospedada em meu dormitório, afinal ela queria apertar Julian e tínhamos muito assunto para por em dia. Ela me contou sobre o torneio Tribruxo e como o Gabriel Lupin, campeão de Beauxbatons havia se saído bem, que ele tinha uma torcida enorme, mesmo entre alunos de Durmstrang e que eu adoraria estar lá para ver tudo. Como a conhecia bem, após colocar Julian para dormir, olhei para ela e perguntei:
- Vai pode falar o que está te preocupando realmente, Danielle.
Ela me olhou fazendo um ar confuso, mas como eu a olhava firme, ela tentou ser evasiva.
-Rory quis ver vocês, estava com saudades...
- Sempre escrevemos uma à outra. E você fica me olhando como se quisesse me contar alguma coisa, então conte.
- É impressão sua, não posso sentir saudades???
- Danielle, você não deixaria de ir ver o Went se não fosse sério...- e ela suspirou resignada e se rendeu.
- Bom... Você ia ficar sabendo de qualquer jeito, mas achei melhor te contar pessoalmente, antes que você visse alguma coisa no jornal.
- Você esta me assustando...
- É sobre o Ty...
- O que aconteceu com ele? Ele ta machucado? Está doente? O que houve com ele? Diz logo Danielle. - perguntei aflita e minha amiga me olhou com algo parecido com pena e aquela sensação de medo se intensificou.
- Ele vai se casar...
- Fala sério, como assim casar? Ele só tem 17 anos...
- Não estou brincando, ele vai se casar com a Savannah.- e uma irritação começou a tomar o lugar do medo.
- Ele e Savannah sempre tiveram uma forte ‘ligação’, afinal ela sempre andou atrás dele, são do mesmo nível social. - disse imitando a voz esnobe de Savie.
- Não é isso...Ele vai casar com ela porque ela esta grávida e disse que o filho é dele.
- Viu? A conexão sempre esteve lá...
- Não seja tonta. Você devia contar a ele do Julian, e impedir este golpe, é claro que é um golpe e...
- E o que Danielle?
- Ele só esta se casando com ela por causa da criança Rory, então se você falasse a ele do Julian...
- Certo vou falar assim: 'Ty, sabe aquela vez que eu disse que não estava grávida?? Pois eu me enganei, eu estava grávida e tive o Julian. Então isso me torna uma forte candidata para ser sua esposa, afinal o meu bebê nasceu primeiro e ele já tem dentinhos,devo ganhar uns 10 pontos de bônus'?? - falei sarcástica.
- Sim...Não...Quer dizer, ele deveria saber...
- Não vou impor um filho a ele. E Ty já me esqueceu.
- Ele não se esqueceu Rory, e até veio atrás de você.
- Veio aqui? Quando?
- Não sei quando exatamente, mas veio.
- Ele deve ter dito isso para que você não o achasse insensível Dani.
- Ele disse que veio atrás de você, e que você estava seguindo em frente com seu namorado.
- Agora ele aprendeu a ser mentiroso. Nunca namorei ninguém depois dele, eu estava ocupada, grávida.
- Mas você não viu o jeito que ele falou Rory, ele tava zangado, parecia enciumado sabe?
- Não delira Danielle. O que eu tive com o Ty acabou e não é porque eu tenho um filho dele, que ele vai querer me ver.
- Mas a Savie...
- Não foi a mãe da Savie que matou o pai dele Daniele e isso aconteceu porque eu não contei a ele sobre as intenções dela, eu traí o Ty. Acha que ele vai me receber de braços abertos? Não Dani, não vou fazer nada para tentar impedir este casamento, ainda mais se é uma decisão dele, ele não faria nada que não quisesse.
- Então vai desejar que ele seja feliz com ela? E diz que você não sente nada mais por ele
- Eu amei ao Ty, muito, mas depois que Julian nasceu descobri que ele é a pessoa mais importante da minha vida, e eu só posso agradecer ao Ty por isso. E se isso significa deixá-lo em paz para se casar com Savannah, que seja.
- Você esta sendo covarde, escondendo a cabeça no buraco e deixando as coisas acontecerem.
Olhei para ela e suspirei cansada:
- Pode ser, Danielle, suporto tudo que surge em meu caminho, mas não vou suportar ser rejeitada pelo Ty novamente. Você não viu o olhar de ódio dele para mim, então não sabe que aquilo ainda me machuca muito mais, do que saber que ele vai se casar com Savannah Bouvier.
- Mas Julian tem direitos, pode ter uma vida melhor...
- Não preciso ser sustentada pelo Ty para dar uma boa vida ao meu filho. Agora além do jornal da escola, escrevo para Witchteen, e depois da escola posso arrumar mais um emprego num jornal, vamos ficar bem. Entenda Danielle, no momento o homem mais importante da minha tem 8 kilos e dorme naquele berço. Não me interessa o que o Ty vai fazer da vida dele, especialmente com a Savannah ok? - falei firme e acho que isso convenceu Danielle de que eu não iria atrás do Ty, e acabamos mudando de assunto.
Mais tarde quando percebi que ela dormia profundamente e que Julian não iria acordar, fui tomar um banho. Lá sozinha, com a água morna escorrendo pelo meu rosto, pude chorar tudo o que estava me consumindo.
Ty iria se casar...
Ty teria um filho e não seria comigo...
Que droga Ty!
I'll never let you see
The way my broken heart is hurting in me
I've got my pride and I know how to hide
All my sorrow and pain
I'll do my crying in the rain
If I wait for stormy skies
You won't know the rain from the tears in my eyes
You'll never know that I still love you so
Only heartaches remain
I'll do my crying in the rain
N.Autora: Crying in the rain, do grupo A-Ha
sábado, 22 de novembro de 2008
- Os campões têm que descer para os jardins agora, para se preparar para a primeira tarefa – disse o agarrando pelo ombro e empurrando salão afora
- Boa sorte!! – ele ouviu os amigos dizerem alto, acenando
Fora conduzido pela diretora até uma enorme tenda vermelha montada ao lado de uma arena gigantesca. Engoliu seco imaginando por que precisavam de uma arena tão grande, que tipo de coisas estariam lá dentro, que precisavam de tanto espaço assim? Gina já estava lá dentro e não parecia nem de longe a garota forte e decidida que ele conhecia tão bem. Pelo contrario, estava um pouco pálida e claramente aflita. Acenou para ele com um sorriso nervoso no rosto, e abaixou a cabeça em seguida. Reno, o campeão de Durmstrang, caminhava de um lado para o outro da tenda mais carrancudo que nunca. Acenou brevemente com a cabeça quando ele entrou e voltou a encarar o chão, sussurrando baixo o que Gabriel imaginou serem feitiços. Gina lhe mostrou as mãos tremulas e sorriu, fazendo uma careta. Boris Fedorovitch, o chefe do Departamento dos Esportes Mágicos, entrou sorridente.
- Bom, agora que estamos todos aqui, hora de dar a vocês informações mais detalhadas! – Gabriel e Gina trocaram um olhar apreensivo – Quando os espectadores acabarem de chegar, vocês sairão para aquela arena por ordem de sorteio e terão que enfrentar algumas criaturas. O objetivo de vocês é chegar ao topo do monte, no fim da arena. Uma vez lá em cima, estão classificados. E para conseguirem alguns pontos extras, e algo que poderá facilitar as vidas dos senhores na terceira tarefa, devem pegar um pergaminho que estará amarrado a uma criatura mágica. Ela não é perigosa, porém, difícil de ser apanhada. Vocês terão 1 minuto. Passado esse tempo, terão que sair sem o pergaminho e terminar apenas com os pontos obtidos pelo desempenho no resto da tarefa. Alguma duvida?
Gabriel olhou para os outros dois. Reno acenou a cabeça indicando que compreendera e Gina fez o mesmo. O três pareciam preferir não falar, pois poderiam vomitar se ousassem abrir a boca para dizer qualquer coisa. Fedorovitch puxou um saco roxo brilhante do bolso e estendeu aos três. Cada um tirou uma bolinha contendo um numero. Gabriel pegou o numero 1 e sentiu o estomago afundar. Não teria tempo de passar mal antes.
- Ah, Sr. Lupin! – exclamou entusiasmado – É o primeiro, então. Tudo que tem que fazer é entrar na arena quando ouvir o apito, ok? Boa sorte!
Gabriel balançou a cabeça e encarou a passagem que dava para a arena. Não era possível ouvir barulho vindo do lado de fora, mesmo eles sabendo que toda a escola estava logo depois daqueles panos. Apertou a varinha na mão suada e olhou para a amiga parada do seu lado. O apito soou.
- Boa sorte! – ela lhe deu um beijo no rosto e ele sorriu
Olhou uma última vez para dentro da tenda e atravessou a cortina. Arquibancadas enormes haviam sido montadas ao redor da arena e centenas de rostos o observavam. Mas apesar de ver que muitos pulavam e gritavam quando viram o primeiro campeão sair, nem mesmo um assobio era ouvido. Notou também que havia uma corrente de bruxos com uniformes do Ministério por toda a extensão da arena. Gabriel deu dois passos a frente e um vulto passou correndo por ele, esmagando alguns galhos mais a frente. Ele saltou para o lado e sacou a varinha. Era um Erumpente, um tipo de rinoceronte mágico.
O bicho notou sua presença e balançou a cabeça ameaçadoramente, o chifre pontudo bem na sua mira. Quando o bicho correu, Gabriel fez o mesmo. Saltou por cima das pedras com a varinha presa na boca e ouvia o bicho estraçalhar tudo que estava no caminho. Sentia seu bafo quente em seus pés e pulou para uma área mais aberta. Parou perto da parede de pedra e esperou. O Erumpente vinha a toda velocidade e ia esmagá-lo contra as pedras, mas quando ele estava bem próximo, antes do choque, Gabriel saltou para o lado.
- Confringo! – gritou apontando na direção do chifre do anima. O feitiço fez seu chifre explodir e o bicho foi de encontro à parede. Pedaços pequenos de pedra caíram por cima do animal e ele aproveitou para correr para longe dele.
Gabriel olhou para frente e visualizou o monte para onde tinha que ir. Não estava muito longe, apenas a algumas pedras de distância. Escalou algumas que estavam logo a sua frente e sentiu algo rastejar em seus pés. Deu um salto com o susto e rolou do alto da pedra. Havia um Farosutil parado bem à sua frente. A serpente de dois metros e cor laranja berrante o encarava e Gabriel não se decidia para qual das três cabeças devia olhar. Agarrou a varinha e apontou para a cobra, que deu um silvo alto e deslizou para cima dele. Ela se enrolou rapidamente em seus pés.
- Incendium! – algumas faíscas saíram da ponta de sua varinha e quando ele as atiçou contra a cobra, se transformaram em uma labareda. Ela foi forçada a recuar e Gabriel levantou depressa, correndo para o outro lado.
Enquanto corria, lançava olhadas rápidas para se certificar que o Farosutil ainda estava retido pelo fogo. As chamas cresciam cada vez mais, mantendo o bicho bem ocupado, e sorriu satisfeito. Mas o calor das chamas não foi suficiente para impedir que um frio repentino tomasse conta da arena. Não era preciso dar nem mais um passo para saber o que teria que enfrentar em seguida. Um dementador deslizava na sua direção e mesmo ainda distante, Gabriel já sentia tudo que tinha de bom dentro dele se dissolver. Forçou a memória para resgatar sua lembrança mais feliz e quando a imagem do casamento dos pais surgiu, avançou na direção do dementador.
- EXPECTRO PATRONUM! – berrou suando frio. Por mais que soubesse conjurar um patrono, o dementador já o enfraquecia – EXPECTRO PATRONUM! – berrou outra vez, trêmulo, e uma luz prateada saiu da ponta de sua varinha. A luz parecia querer apagar e o dementador já estava próximo, mas um lobo prateado tomou forma antes que a criatura o tocasse e Gabriel o mandou para cima dele. O dementador recuou e Gabriel caiu de joelhos no chão no mesmo instante, quase sem forças.
((Continua...))
sexta-feira, 7 de novembro de 2008
A Maldição do Faraó
- Essa vista é linda!! – Minha prima, Gaia, se maravilhava olhando da janela do hotel no Cairo, enquanto puxava eu e Luna pelos braços. – O Egito é um lugar muito lindo, Seth!
- Daqui do hotel podemos ver o Nilo e até um pedaço do deserto, está vendo? – comentei enquanto apontava em uma direção e Gaia se maravilhava.
- Aqui realmente é um ótimo lugar para observação, Kam. Os Produvos da Areia gostam de lugares onde o deserto se encontra com o rio, e o Nilo é o melhor lugar para tentarmos ver um deles. – Luna comentou alegre, enquanto segurava minha mão. Gaia ficou imediatamente interessada e queria saber mais. Desde que encontrara Luna pela primeira vez, Gaia nutria uma admiração por ela, tratando-a quase como uma irmã.
- Produvos? O que são eles?
- Eles são um tipo de bicho muito adaptado à vida no deserto, e parecem minhocas gigantes que se alimentam de areia, mas podem ficar dias sem comer, pois quando finalmente comem, sua saliva transforma a areia em um pó brilhante muito valioso e bonito.
- Eu vou arranjar alguns desses pó de Produvos para você então, Luna. – Falei sorrindo enquanto puxava-a para um abraço.
- Eu vou adorar, Kam!
- Assim não é justo, eu também quero Pó de Produvo, Seth!! – Gaia fez birra enquanto balançava minha mão sorrindo.
- Vejam que estão se divertindo. Nossa!! Havia anos que não vinha ao Egito, havia me esquecido de como é maravilhoso – Era mamãe que falava, enquanto abraçava Gaia junto dela. Ártemis estava em seu colo e também dirigia um olhar maravilhado para a janela.
- Mas tome cuidado, Mirian, há muitos Diabretes Egípcios que gostam de provocar miragens para aqueles despreparados! Mas não se preocupe, eu trouxe vários galhos de Especiiris, elas afugentam os diabretes! – O Sr. Lovegood já trazia pendurado ao pescoço pequenos galhos de uma cor cinzenta, assim como vários outros na mão que distribuía entre nós todos.
- Não esqueça de mim, Xeno! Também gostaria de um Especiiris. Mas se tiver um bloqueador solar eu prefiro...O Sol aqui realmente é forte! – Papai se queixava, pois apesar de ser meio vampiro, o sol egípcio era muito forte e o afetava muito. Eu também não gostava de passar muito tempo ao sol, mas devido aos ensinamentos de mamãe desde pequeno já estava mais acostumado.
- Ai Lu, você é muito fresco!! Nem as crianças estão reclamando! Tente se espelhar no Seth! Vocês não passaram a lua de mel aqui? – Tia Celas implicava com papai, empurrando-o para mais perto da janela.
- Ai que está, era lua de mel e o sol não me atrapalhava muito...
- Lu!! Não fale isso na frente das crianças!! – Mamãe brigou com ele enquanto ficava vermelha e tapava os ouvidos de Gaia que ficou sem entender.
- Não me diga tio Lu, o que você fazia aqui que até o sol não o incomodava? – Luna lançou um olhar de pura curiosidade e ingenuidade, que serviu para deixar papai vermelho agora e sem ter o que falar. Todos rimos muito enquanto papai balbuciava palavras sem nexo.
Esse era o primeiro dia da nossa viagem, que duraria por volta de uma semana ou mais. Griffon fora passar o resto das férias com a família do Ty e iriam à Disney, mas não era algo que eu queria muito fazer, por isso recusei o convite. Preferia finalmente visitar o Egito. O lugar no mundo que eu mais admirava e que mais tinha vontade de conhecer.
Essa viagem, assim como a viagem do Griffon, foi quase um prêmio pelos nossos ótimos resultados nos NOMs e também para descansarmos após as caçadas a Hellion. Os NOMs foram meio difíceis, pois eu e o Griff perdemos muitas aulas, mas como estudamos quase 24 horas por dia, conseguimos tirar ótimas notas. E quando papai disse que eu poderia escolher onde viajar, não pensei duas vezes quando falei: “EGITO!!”. E pedi também para que pudéssemos convidar a Luna e o Ssr. Lovegood para irem juntos, eles adorariam viajar para um lugar tão exótico quanto o Egito, e acabou que se tornou uma viagem em família, pois Tia Celas e Gaia também quiseram ir.
Assim hoje de manhã nos reunimos na nossa casa em Londres e usamos uma chave de portal conjurada por mamãe para irmos ao Ministério da Magia Egípcio. O Ministro Egípcio já conhecia há muito tempo meus pais e minha tia e por isso tomamos café com ele, para só então ele nos indicar um hotel para ficarmos, assim como vários guias turísticos com os lugares que não podíamos deixar de visitar, apesar disso ser meio desnecessário, pois eu em si já era quase um guia egípcio. O Hotel onde ficaríamos se chamava Abu Simbel e ficava às margens do Rio Nilo, em uma região calma do Cairo, com pouca gente, fora que o hotel em si era um hotel bruxo e nos permitia usar magia de vez em quando, mas evitávamos exageros.
Como era nosso primeiro dia, decidimos apenas descansar e curtir um pouco as atrações do próprio hotel, que era construído tematicamente, inspirado no Templo de Abu Simbel, templo construído por Ramsés II em homenagem a sua esposa e a ele. A esposa oficial pelo menos, pois Ramsés II é conhecido com o faraó que mais teve filhos da história egípcia, legítimos ou não. O hotel possuía miniaturas perfeitas dos obeliscos do templo, e algumas se moviam, e mais de uma vez tive que impedir uma miniatura de Ramsés de pular no Sr. Lovegood ou na Luna, pois eles achavam que havia uma Diabrete nele. Luna estava maravilhada com o lugar, e eu também, pois nem em meus sonhos imaginava que o Egito fosse tão lindo. Passamos o dia inteiro juntos, conversando e quando havia chance, escapulindo para ficarmos sozinhos. Isso não era muito difícil, já que todos se preocupavam mais em cuidar de Ártemis e de Gaia, e queriam nos deixar mais livres, já que ficávamos tanto tempo longe um do outro.
Nesse primeiro dia, convidei Luna para visitar a cidade do Cairo, talvez uma das cidades mais mergulhada em história do mundo, já que vivia disso. A levei para passear pelo centro da cidade, visitando lojas de antiguidade e de souvenires. Comprei para ela uma pequena esfinge de pedra, brincando que iria protege-la por mim. Aproveitei também para visitar o Museu do Cairo e passamos o resto da tarde vagando pelos corredores cheios de hieróglifos e história. Conversávamos sobre tudo isso, e ela me contava todas as histórias que conhecia sobre Egito, assim como eu contava as minhas, e quando vi já estava citando quase toda a linhagem dos primeiros faraós...
Passamos o resto da viagem visitando museus e templos ao longo do Egito, indo da cidade do Cairo a Tebas. Mamãe também estava feliz com a viagem, pois essa era uma das origens mais antigas de sua família, e sempre parava em algum templo, como se estivesse voltando a um lugar querido. Passávamos o dia inteiro fora, e voltávamos apenas a noite, quando Gaia já não conseguia andar e tinha que ser carregada por papai ou pelo Sr. Lovegood, que adorava crianças. As vezes deixavam que eu e Luna voltássemos mais tarde e nessas ocasiões visitávamos oásis e outros lugares lindos, para olhar a luz da lua no deserto, sempre abraçados para amenizar o frio do deserto. A noite ocupávamos quatro quartos do hotel, sendo um para os Lovegood (apesar de Luna ter pedido para que eu dormisse com eles, achava melhor ela e o pai ficarem juntos), um para Tia Celas e Gaia, um para mim e o berço de Ártemis e um para meus pais. Eu me ofereci para cuidar de Ártemis, querendo que meus pais tivessem mais tempo a sós, e eles gostaram da idéia, deixando mamãe um pouco constrangida e papai extremamente feliz, piscando para mim. Ártemis adorava ficar comigo, e não era nenhum problema para mim cuidar dela, e cada vez mais eu via que gosta de crianças.
Mais ou menos no nosso quarto dia de viagem, fomos finalmente visitar as Pirâmides, minha parada obrigatória e que eu não via a hora de visitar. Ártemis e Gaia não poderiam entrar, assim apenas eu, Sr. Lovegood, papai e Luna entramos na Pirâmide de Quéops, explorando os labirintos junto do guia. Luna não largava minha mão e juntos nos maravilhávamos com os hieróglifos, quando de repente ela parou e fitou algo na areia. Era um enorme escaravelho vermelho como sangue, do tamanho da minha mão.
- Que lindo! – Luna exclamou, abaixando-se para olhar mais de perto. Eu me abaixei também, tomando precauções para caso ele atacar, eu pegá-lo a tempo.
- É um escaravelho. São comuns no Egito, eram símbolos para os Egípcios.
- Sim. Mas esse é especial. É um Escaravelho-Rei, era um bicho de estimação dos faraós, muitas vezes enterrados com eles. Mas achei que haviam desaparecido.
- Esse deve ter conseguido entrar aqui de algum modo. Realmente é lindo. – Comentei enquanto fitava o escaravelho e ele parecia nos olhar também.
- Seth, Luna! Venham logo, ou vão se perder! – Papai gritou, já bem afastados de nós. Eu acenei e me levantei junto de Luna, já indo na direção deles.
- Até depois, Sr. Escaravelho. – Luna falou acenando para o bichinho que se enterrou na areia.
Eu a beijei na testa e fui na frente, puxando-a para irmos até nossos pais, que já estavam bem mais na frente, em um trecho muito escuro, iluminado apenas por uma luz mágica. O guia explicava o que era aquilo.
- Essa é uma área fechada para o publico trouxa, pois aqui já fica muito escuro para que a lâmpada trouxa seja capaz de iluminar bem. Aqui é o começo do túnel que leva as múmias ainda intactas dos egípcios, nós não a retiramos daqui nunca. Tomem cuidado, há diversas paredes falsas.
Todos assentimos e apertei a mão de Luna mais forte, enquanto ela fazia carinho em minha mão com a outra, antes de colocar a mão na parede e começar a andar ao meu lado. Foi realmente ficando cada vez mais escuro, até mesmo para meus olhos vampiros, e eu sabia que não era algo normal.
- Há um feitiço antigo aqui, é para desorientar trouxas que possam tentar roubar os tesouros dos faraós e também afeta bruxos. – o guia explicou. Então, como se uma luz se acendesse de repente, estávamos em uma grande câmara subterrânea totalmente iluminada por uma luz clara e brilhante. A câmara era linda, cheia de objetos dourados e brilhantes, pertences do faraó. Haviam muitos sarcófagos encostados nas paredes e em uma contagem rápida eu contei por volta de trinta, todos ricamente coloridos e belos. Haviam múmias de animais que me lembravam cachorros, mas que eu sabia que eram gatos ou chacais, que serviriam como proteção para a alma dos mortos, pois representavam o guardião do reino dos mortos, que era um gato, e o deus Anúbis, o juiz dos mortos. Andávamos pela câmara todos boquiabertos e maravilhados, as vezes tocando algo ou algum hieróglifo. Papai e o Sr. Lovegood conversavam animadamente sobre tudo isso, comentando da beleza do lugar, enquanto eu e Luna nos mantínhamos calados, meio estupefatos com aquela beleza peculiar. Meus conhecimentos em egípcio antigo me ajudavam a identificar alguns hieróglifos, e pude constatar que aquela câmara continha a guarda do faraó, ou seja, o faráo deveria estar por perto.
O guia nos conduziu para o final da câmara onde continuamos nossa excursão, indo visitar as próximas câmaras, que continham as armas do faraó, como seu carro de guerra, escudos, lanças e espadas, como se aguardassem o renascimento do faraó e de sua legião de guerreiros. Como havíamos andado pela câmara anterior, eu e Luna havíamos separado nossas mãos e agora olhei para trás procurando-a.
- Isso tudo é lindo, não acha Luna? Luna?! – Levei um susto. O corredor estava vazio e não havia sinal de Luna. Gritei seu nome mas sem ouvir resposta. Papai, o Sr. Lovegood e o guia olharam pra trás preocupados.
- O que aconteceu? – o guia perguntou.
- A Luna sumiu! Ela estava bem atrás de mim e no momento seguinte havia desaparecido! – eu começava a entrar em desespero, e isso deixava minhas ações meio impensadas.
- Eu avisei vocês para tomarem cuidado! Disse que havia portas falsas! – Ele falou enquanto praguejava algo de péssimo gosto, crente que ninguém entenderia.
- Ela deve ter ido procurar algo, ou viu algo que a interessou, ela estará de volta em breve. – O Sr. Lovegood falou com calma e continuou andando, sem ver meu rosto de pura surpresa e incredulidade. Papai se segurou para não rir de minha cara e me acalmou rapidamente.
- Calma, Seth, você a conhece melhor que ninguém aqui. Concentre-se no cheiro dela, na presença dela e a encontre.
- Sim...Ela está aqui perto, posso sentir. – Apertei o nosso pingente com força e consegui me acalmar, usando meus poderes e nossa ligação para encontra-la. Podia sentir o aroma único dela por aqui.
- Muito bem. Xeno vamos ajuda-lo a procura-la.
- Tudo bem, amos indo Seth?
- Não precisam, eu posso encontra-la sozinho. Mamãe e titia vão ficar preocupadas se demorarem, eu os alcanço daqui a pouco. – Falei sem esperar resposta e corri de volta para a câmara da guarda. Pude ouvir o guia xingar novamente, mas ser contido por papai e Xeno que lhe disseram que eu sabia me virar.
Quando cheguei a câmara da guarda abaixei-me e toquei o chão de areia da câmara, me guiando novamente. Mantive-me concentrado em seu cheiro e caminhei até o inicio do corredor onde ela havia sumido. E ali estava seu cheiro ainda mais forte, próximo a uma parede sólida, porém ao chegar mais perto vi que era falsa e tentei empurra-la, sem conseguir mover um centímetro. Fiquei frustrado e só não a transformei em pó em respeito ao Egito, porém passei a tatear pela parede procurando alguma alavanca. Meus instintos me ajudaram e consegui fazer a parede se abrir, e pulei para dentro dela imediatamente, quando a porta se fechou as minhas costas. Estava tudo escuro, mas eu deixei meus olhos ficarem vermelhos e passei a enxergar com perfeição, usando meus dons para seguir em frente. Vi que a cada passo que eu dava, uma pequena luz na forma de um escaravelho se acendia aos meus pés guiando-me sempre em frente, e assim que meu pé saia de uma dessas lanternas, elas apagavam.
Fui seguindo por aquele caminho silencioso, guiando-me pelas luzes e pelo cheiro de Luna, que me atraia como um imã. Eu estava mais calmo, mas ainda preocupado, pois não sabia o que podia haver naquela pirâmide por séculos. Comecei a ouvir e a sentir coisas estranhas ao meu redor, parecia que havia algo se arrastando, mas não me assustei. Não seria uma múmia que iria me assustar ou me pegar...Então engoli em seco e pensei em Luna. Ela provavelmente tentaria fazer amizade com a múmia, não se assustaria nem nada, mas o que a múmia poderia querer fazer com ela?! Comecei a correr, correr de verdade como sou capaz de correr, e as luzes aos meus pés mal ficavam acesas por alguns segundos. Os sons ao meu redor ficavam mais intensos como se reagindo a minha velocidade e eu cada vez corria mais. Por minha cabeça passavam cenas, desde uma Luna sentada conversando com uma múmia até uma múmia olhando-a surpresa enquanto tentava assusta-la, sem sucesso. Ou cenas piores, como uma múmia atacando a Luna...Agora as luzes sequer acendiam, sem conseguir acompanhar minha velocidade.
Então a escuridão desapareceu. Como na câmara da guarda, sem nenhum indicio precedente, eu estava em uma câmara enorme, maior que a da guarda, e muito mais iluminada e mais ricamente “decorada”. Era uma explosão de dourado e prata, junto de cores diversas, predominando o vermelho e o branco. Era a câmara do Faraó, eu podia notar e corri ao longo dela, sentindo o cheiro mais forte de Luna. Agora eu já podia ouvir seu coração batendo, um ritmo que me cativava e me encantava, e depois ouvi sua voz.
- Não disse, o Kam veio me buscar. – ouvi sua voz claramente e me perguntei com quem ela conversava...Ela estava no fundo da câmara, ao lado do sarcófago mais rico e belo que eu já havia visto, o sarcófago do Faraó. Luna estava sentada no que era pra ser o trono do faraó, com o escaravelho-rei no colo, e eu sabia que era o mesmo escaravelho de antes. Assim que eu a vi, eu corri para ela, agarrando para um abraço forte, levantando-a do chão, com felicidade. Com sorte, o escaravelho havia saído de seu colo, ou teria sido esmagado.
- Eu estava preocupado! Não faça mais isso! – Falei enquanto passava a mão por seu cabelo e a beijava com amor.
- Respeite o Faraó, Kam! Você está diante de um governante sabia? – Ela falou, mas também me beijando. Ela balançava os pés enquanto ficava erguida por mim, e a coloquei no chão, passando meu braço por sua cintura. Então olhei para o sarcófago e vi que os olhos pareciam realmente me olhar e notei que eram olhos de verdade...Provavelmente os olhos do Faraó, encantados para que nunca morressem.
- São olhos de verdade...Isso é magia de alto nível. – Comentei admirado.
- Sim, é verdade. O restante das víceras estão naquelas garrafas, aguardando o renascimento dele.
- Luna, como você chegou aqui? E com quem estava conversando?
- Ele me guiou. – Ela falou apanhando o escaravelho novamente no colo e mostrando-o a mim. – Eu o vi na parede e quando fui tocar ela se abriu e eu entrei, então ele me guiou até aqui. E fiquei conversando com ele e com vossa alteza enquanto esperava você, pois sabia que viria. – Ela sorriu pra mim e suspirei deixando de lado as preocupações.
- Bem agora devemos voltar não acha? Falei que ia voltar rápido.
- Vamos claro, deixe só me despedir de Sua Alteza, e você deveria também! – Ela falou virando-se para o sarcófago e fazendo uma pequena reverência. Eu a imitei e a puxei pela mão, já olhando em volta procurando a saída. Vi a porta por onde eu havia chegado, mas ela parecia diferente, porém não me importei. E vi também praticamente um mar vermelho. Eram centenas daqueles escaravelhos, todos ali diante de nós, parecendo nos olhar. Só então vi que eram eles me seguindo que faziam o barulho estranho. – Olha eles vieram se despedir! Adeus, queridos, outro dia volto para visita-los. – Luna falou dando um tchau para eles, e colocando o outro no chão, este porém nos seguiu quando fomos na direção da porta.
Dessa vez eu mantinha a mão de Luna com firmeza entre a minha, e toda hora verificava se ela não havia se perdido novamente. O escaravelho ainda nos seguia e eu podia ouvir o barulho dos demais se espalhando pela pirâmide. Não sei o porque, mas as lâmpadas não mais se acendiam de acordo com que íamos passando e foi necessário que eu e Luna acendêssemos nossas varinhas para iluminar o caminho para ela. Agora estava mais aliviado por tê-la encontrado bem e ria da minha imaginação, enquanto achava que Luna poderia ter sido atacada por múmias enfurecidas. O tempo passava e meus sentidos me diziam que estávamos próximos da saída, mas algo estava estranho, quando chegamos no local onde deveria estar a porta falsa, nos vimos novamente na câmara do Faraó. Ele parecia ainda nos olhar e o encarei meio em dúvida. Como EU teria perdido o caminho? Sem querer admitir puxei Luna para uma outra porta novamente enquanto ela cantarolava me acompanhando. Eu me mantinha calado, só as vezes dava uma batida na parede, para usar o eco como um radar. Achei novamente o caminho e apressei o passo.
Voltamos à mesma sala do Faraó. E seus olhos ainda estavam pousados em nós, em um tom meio irônico. Eu o encarei novamente, com uma sobrancelha erguida, sem querer acreditar em algum tipo de maldição. Luna continuava a cantarolar, enquanto balançava nossos braços. Eu suspirei novamente e segui para outra porta, mentalizando em minha cabeça o mapa da pirâmide novamente e agora com mais atenção. Andamos por mais alguns minutos e voltamos a mesma sala. O Faraó ainda me fitava e parecia a beira da gargalhada. Dessa vez eu peguei Luna no colo e disparei porta a fora, correndo pelos corredores rapidamente, e ao encontrar uma espécie de poço, o escalei com facilidade...
Indo voltar novamente a sala do Faraó. Odiava admitir, mas EU ESTAVA PERDIDO! Suspirei exasperado e decidi tomar a ultima iniciativa. Coloquei Luna no chão e pedi que se afastasse um pouco, e ela fez sem perguntar nada. Então deixei minhas presas a mostra e os olhos tingidos de vermelho e dei um soco na parede, com força suficiente para derrubar um prédio. Mas ela sequer se mexeu!! Meus olhos foram rapidamente para o Faraó e agora realmente ele parecia estar gargalhando, pois ao fundo ouvi o barulho dos escaravelhos. Eles voltaram a sala, e pareciam enfurecidos. Praguejei mentalmente por ter dado o soco na parede e me preparei para esmaga-los quando Luna entrou na minha frente.
- Calma, queridos, meu Kam está apenas frustrado por estar perdido. – Ela falou sorrindo pra mim enquanto se abaixava para acariciar um dos escaravelhos. Notei com surpresa que o escaravelho que nos seguia estava em meu ombro. – Hum? Kam, eles querem que você admita que está perdido e peça desculpas.
- Tudo bem, admito! Eu estou perdido e não sei como sair daqui! E acredite eu sinto muito por ter dado aquele soco. – Os escaravelhos emitiram um novo barulho de asas como se aceitassem e o escaravelho em meu ombro tremeu um pouco.
- Muito bem. Agora estamos direito. O Rei vai nos mostrar o caminho, ele ia fazer isso desde o início, mas você preferiu tentar achar sozinho...Tem um feitiço de confusão na pirâmide, lembra Kam? – Ela falou me dando um sorriso sereno e eu me lembrei disso.
- Oh! Havia me esquecido disso... – Era algo óbvio! Eu estava na sala do Faraó, haveria diversos feitiços de proteção nessa sala e de confusão também...E notei que os escaravelhos estavam ali para limpar a sala, caso algum visitante fosse cair ali e não conseguir sair...
- Já podemos ir, por aqui Kam. – Luna falou puxando minha mão e depois ficando na ponta do pé para me dar um beijo.
O Rei, o escaravelho que estava em meu ombro, saltou para o colo de Luna e ela me guiou na direção de uma parede sólida. Assim que ela tocou em sua superfície, ela deslizou de lado e Luna entrou por ela sem medo, enquanto as luzes se acendiam para nós. Fomos andando conversando um pouco, e quando olhei estávamos do lado de fora da pirâmide, e a parede por onde deveríamos ter passado era pedra sólida.
- Chegamos! – Luna sorriu pra mim e colocou Rei no chão, ele fez um barulho com as pinças e se enterrou desaparecendo.
- Obrigado, Rei. Os escaravelhos são realmente inteligentes. – Admiti impressionado.
- São, muito. Adorável a pirâmide, temos que vir novamente e precisamos voltar á sala do Faraó. Vamos indo?
- Humm...Na verdade, estive pensando enquanto saímos daqui. Quer visitar outro lugar que você deve gostar? Já está anoitecendo vai ser bonito, prometo.
- Claro que quero, qualquer lugar com você é ótimo!
- Então vem comigo. – Falei puxando-a para um abraço e depois ia puxa-la pela mão quando sorri. – Outra coisa, você quer ver como é correr de verdade? – Ela entendeu o que eu queria dizer e um sorriso se abriu em seu rosto.
- Achei que nunca ia me perguntar. Adoro voar.
- Pois verá o que é voar de verdade. – Comentei enquanto a beijava lentamente, depois nos olhamos um pouco e com um movimento rápido eu a coloquei em minhas costas, e quando tive certeza que estava bem presa a mim eu mostrei o que era voar para ela.
Eu comecei a correr. E a cada passo ia acelerando mais, e em questão de segundos adquiri minha velocidade máxima, e o vento morno do fim de tarde em nossos rostos fazia parecer que estávamos voando. Ouvi Luna rir alto enquanto sentia o vento em seu rosto e ela se agarrava ao meu pescoço, sussurrando em meu ouvido:
- Isso é maravilhoso...Amo você, Kam.
- É maravilhoso estar com você. Eu amo você, Luna. – Sem parar de correr eu a passei para meus braços e a beijei. – Agora feche os olhos, estamos em Tebas já. Vou voltar para te levar onde queria.
Ela fechou os olhos e apertou os braços em torno de meu pescoço enquanto eu fazia a volta e continuava a correr. Cheguei onde queria e num único salto estava no ar. Ela sentiu que estávamos pulando e me abraçou com mais força, mas sem abrir os olhos. Pousei com leveza e a coloquei no chão, segurando sua cintura.
- Abra os olhos. – Ela abriu lentamente e seus olhos se arregalaram, mostrando surpresa e admiração pela visão. Estávamos no topo da Esfinge, e de lá ela podia ver todo o deserto ao nosso redor, ver as Pirâmides, a cidade do Cairo, o Nilo, as estrelas no céu do deserto...Era um lugar maravilhoso, extremamente lindo...Misturando o passado, o presente e o futuro, junto da aridez, da beleza e da mística do deserto. Ela ficou um pouco sem fala, e simplesmente se virou pra mim e me beijou, por longos minutos, quando ela finalmente falou.
- Aqui é lindo, Kam...
- Meu pai me contou sobre esse lugar. Ele veio aqui com mamãe na lua de mel deles e quando nos deixou na pirâmide, me lembrei daqui. Eu queria te mostrar esse lugar...É lindo, mas se quer se compara a você.
- Obrigada...Isso é maravilhoso e eu adorei a surpresa. Você é maravilhoso, Kam. – novamente nos beijamos, por minutos a fio. A lua lentamente subia ao céu, iluminando-os com sua luz. Eu a segurei mais perto de mim, para protege-la do frio do deserto a noite. Depois nos sentamos e ficamos abraçados olhando o céu, sem mais palavras para se dizer...Quando foi ficando tarde eu lhe falei novamente.
- Agora, vamos voltar...Dessa vez fique de olhos abertos. Confie em mim.
- Eu confio.
Luna respondeu sorrindo enquanto eu a pegava no colo e a beijava novamente. Com ela em meus braços saltei da Esfinge, e passamos a voar.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
Depois da escolha dos campeões, o ano letivo realmente começou. Eu já estava acostumado com o ritmo e o frio de Durmstrang, mas meus amigos estavam sofrendo um pouco.
- Já estou usando tudo que posso, e ainda estou com frio. Ainda estamos no verão não é?- resmungava Miyako, enquanto Gabriel batia os pés para mantê-los aquecidos, durante o café da manhã no salão.
- O que temos hoje?- perguntei enquanto pegava um pãozinho frio da cesta e enchia com tudo que estava disponível na mesa.
- Poções. - responderam Vina e Miyako ao mesmo tempo e depois de se encararem desviaram os olhos; ambas respirando fundo. Seguramos o riso.
Todos os amigos que fiz aqui, nos receberam bem, a única que tinha alguma restrição era Lavínia, pois ela e Miyako não se entendiam bem, por conta de uns poucos socos trocados durante as Olimpíadas, onde Vina levou a pior, mas em nome da harmonia do Torneio, todas estavam se esforçando para conviver bem. Nossa mesa era bem barulhenta, com todos falando ao mesmo tempo.
- Porque aquela garota esquisita não tira os olhos daqui?- perguntou Miyako e olhamos para onde o queixo dela apontava, Milla bufou:
- Aquela é a Inês Molotov, e só podia estar com sua irmã perdida Savie.
- Ela queria que Gina dormisse no quarto dela. Dá status, dividir o dormitório com a namorada de Harry Potter. - disse Luna e Gina revirou os olhos quando a zoamos um pouco.
- Inês é a que ganhou o quarto de vocês??- perguntei e Evie resmungou:
- Roubou, você quer dizer, mas por pouco tempo, Ty. Ela vai se arrepender de ter nos tirado de lá. - e Micah disse orgulhoso:
- Que frieza. Parece um general preparando uma invasão. Não tenho razão em estar apaixonado? - e rimos mais um pouco.
- Bom, então vamos logo, senão ficaremos nas piores bancadas. - respondeu Annia, saindo na frente seguida por nós.
Algum tempo depois
Estávamos picando os ingredientes que seriam utilizados na Poção Polissuco e todos estavam animados. O professor Klasnic havia solicitado aos alunos do Clube Avançado de Poções que colhessem a descuraima na lua cheia, e deixassem separadas para nós, para a aula de hoje. A turma estava empolgada, quando a poção ficasse pronta iríamos testá-las uns nos outros e mudar de identidade por uma hora. Eu estava na fase de picar as sanguessugas e jogar no caldeirão quando ouvimos uma voz conhecida:
- Professor não estou passando bem...- era Savie com cara esverdeada, correndo com a mão na boca e deixando a todos surpresos, afinal aquelas coisas não cheiravam tão mal assim a ponto de fazer alguém vomitar. Como a aula tinha que continuar, o professor pediu que Annia, a mais adiantada em sua poção, levasse Savannah até a enfermaria. Algum tempo depois ela voltou, e nem nos lembramos mais do ocorrido.
Havíamos terminado de jantar e estávamos combinando em qual república nos reuniríamos para fazer os deveres do dia quando, senti um cutucão no ombro.
- Ty, posso falar com você?- Era Savannah e estava com os olhos vermelhos.
- Oi Savie, claro que pode. O que é?
Ela olhou para meus amigos e disse:
- É importante... É particular. - olhei para meus amigos e disse:
- Podem ir, daqui a pouco alcanço vocês.
Caminhei com ela até uma sala que estava vazia e ela perguntou à queima roupa:
- Ty, o que você acha de mim?
- Como assim?- olhei bem para ela e notei que ela estava pálida, e parecia mais magra.
- Você gosta de mim? Nós ficamos juntos no casamento da Irina e me pareceu que você gostava de mim, tanto quanto eu gosto de você.
- Savie, quando ficamos juntos, era pra curtir o momento, não quero me prender a ninguém, embora você seja uma garota adorável. - (Ok, eu menti quando disse isso, mas você não pode dizer a uma garota que você só ficou com ela para zoar o babaca do Luka, tenho amor pela minha vida).
- Ty, aquela vez... Droga! Não tem jeito de dizer isso... Estou grávida, e antes que você diga algo de que se arrependa, sim, o filho é seu.
Até pensei em rir, mas quando vi que ela falava sério, fiquei parado olhando para ela e flashes daquela noite começaram a ir e vir na minha cabeça. Lembrei da hora que dançamos, de beber muito com meus amigos, e de quando ela deixou Luka sozinho, e veio em minha direção com uma taça de bebida de cor verde, beijos... No dia seguinte, acordei na hospedaria do vilarejo com ela do meu lado...
- Você tem certeza Savannah? Porque eu me preveni, tenho certeza disso. - perguntei sério e ela começou a chorar dizendo:
- Sim, a enfermeira da escola fez os testes e disse que nenhum método é 100% garantido.
- Deve haver algum erro Savannah. Costumo ser responsável, pelo menos nessa parte.
- O que você quer dizer? Que eu dormi com outro e estou jogando a culpa em você? Típico de quem quer fugir da responsabilidade.
- Não estou fugindo de nada, só estou dizendo que eu me cuidei, e achei que você também fizesse isso.
- Ótimo, agora você me chama de promíscua? O método falhou, e você não quer acreditar que o filho é seu... - e começou a chorar de forma tão desesperada e disse entre lágrimas.
- Desculpe...Não sei o que vou fazer, meu pai vai me matar, não quero te obrigar a nada, mas você tem noção do que será enfrentar isso sozinha? Eu nunca dormi com ninguém antes de você... E você sabe disso. - pior que eu me lembrava deste detalhe chocante daquela noite.
Burro! Burro!Burro! - martelava na minha cabeça
Senti-me um idiota, e acabei me aproximando dela e meio sem jeito, a deixei chorar no meu ombro, mas as palavras dela martelavam na minha cabeça e acabei dizendo o que eu achava que era o certo.
- Você não vai estar sozinha, estarei ao seu lado. - ela fungou na minha camisa e disse entre soluços:
- Eu gosto de você Ty, muito... Mas não posso ter este bebê... Não quero ter um filho chamado de bastardo...
- Savie, podemos não estar apaixonados, mas somos amigos certo? Não vou te deixar sozinha com a criança. Posso ajudar...
- Mas sua mãe não vai permitir...E vamos viver de que? Dependemos de nossos pais...- mais soluços desesperados.
- Não quero ser mãe solteira, serei banida da família. Tive uma idéia... Se for o caso, podemos até nos casar e depois de algum tempo nos separamos...Ora, o que estou dizendo, você nem gosta de mim, como vai assumir um erro? É tudo minha culpa...- e ela chorou mais alto.
- Minha mãe vai se assustar, mas vai me apoiar e quanto à parte financeira não se preocupe, sou independente. Agora pare de chorar, você sabe que isso não faz bem para o seu estado. Vou cuidar de vocês dois, e mesmo que tenhamos que sei lá... Casar; faremos isso. Pelo menos temos que tentar não é?
Ela pareceu se acalmar e me olhou enxugando as lágrimas:
- Vou ser uma boa esposa para você Ty. - respirei fundo tentando assimilar aquelas palavras e perguntei de forma mais natural que consegui:
- Você vai querer uma grande festa Savannah? Quer dizer...De casamento. - engoli seco quando disse as palavras.
- Não precisa ser grande, mas luxuosa. Não é todo dia que eu entro para a família McGregor. Ah! E a propósito, seria bom, você providenciar um anel, acho que a mãe do seu filho merece algo grande e bem bonito. - deu-me um beijo e foi embora.
Eu fiquei ainda mais um tempo, tentando não me atirar da torre pensando na besteira que fiz com a garota errada, depois de uma noite de bebedeira, mas agora não tinha mais volta. Pisei na bola e eu teria que arcar com as conseqüências: um filho não planejado.