quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Spartacus, 23 de Fevereiro de 2000, 22hs.

- Gabriel? – senti alguém me sacudir e levantei a cabeça devagar – Gabriel? Acorde!
- O que foi? – falei com a voz embargada pelo sono e ajeitei os óculos no rosto – Eu dormi?
- Sim! – Ty respondeu exasperado e sacudi a cabeça – Você está bem?
- Sim, estou, só estou cansado – bocejei me esticando na cadeira e esfreguei os olhos, conseguindo enxergar ele e Miyako em foco
- Acho que não foi uma boa idéia termos passado o carnaval com você no Rio de Janeiro – Miyako sentou do meu lado e também parecia cansada – A segunda tarefa é daqui algumas horas e você está um lixo.
- Vai dar tudo certo, relaxem – falei animado, mas eles não estavam muito confiantes – Vamos embora, temos que conseguir o guelricho. Depois eu descanso.

Levantei da mesa deixando os livros de feitiço de lado e eles me seguiram para fora da república. A única chance de sobreviver no lado era usando guelricho, já que desconhecia o tempo que precisaria respirar debaixo d’água. E para isso, precisaríamos negociar com o professor de Herbologia...

*****

24 de Fevereiro, manhã da Segunda Tarefa.

Sonhava que estava dentro do lago por horas e o efeito do guelricho começava a passar. Eu começava a me afogar quando uma mão me sacudiu com violência e saltei da cama, quase sem ar. Ty deu um passo pra trás e Griff, Seth e Dario me olharam assustados, mas relaxaram quando eu ri.

- Levanta logo, já são 8:30 – ele me empurrou para fora da cama e levantei sentindo a cabeça pesada. Meus olhos mal se mantinham abertos e ardiam muito – Ainda precisa tomar café e estar no lago às 9hs.
- Parece que não dormi nada – falei rouco, a claridade no quarto parecia capaz de me cegar.
- E não dormiu nada mesmo, voltamos quase meia noite e você ainda quis revisar feitiços contra criaturas aquáticas.
- Você está bem mesmo pra essa prova, Gabriel? – Seth perguntou preocupado
- Não tenho escolha, tenho? – dei de ombros, saindo da cama e me arrastando até o banheiro. Sabia que não estava em condições de competir naquela tarefa, mas teria que fazer o melhor possível.

*****

Cheguei até a beira do lado agasalhado até os dentes e encontrei Gina e Reno já me esperando. Ele parecia confiante, mas Gina também sentia muito frio e estava encolhida no canto, calada. Fedorovitch sorriu quando me viu chegar e fez sinal para que nos reuníssemos perto dele. As arquibancadas montadas ao redor do lago já estavam lotadas e caminhamos com ele até uma bancada mais perto da água, onde sentamos em um banco indicado por ele. Mesmo sem estar dentro dela, podia sentir a temperatura absurdamente gelada da água. Ele parou em frente à bancada e puxou alguns papéis, nos encarando sorridente e apontando a varinha para o pescoço, elevando sua voz.

- Para completar a segunda tarefa, nossos campeões dependerão não só de suas habilidades em feitiços de defesa, como também de uma boa memória. Irei contar uma história a eles e, uma vez dentro do lago, deverão procurar os sereianos guardiões dos 14 pedestais. Em cada pedestal haverá uma pergunta sobre a história. Acertem a pergunta e receberão uma bandeira, podendo seguir para o próximo. Errem, e receberão um bastão. Para completar o ciclo de perguntas é preciso ter 7 bandeiras na mão. Ao entregarem as 7 bandeiras ao sereiano responsável, enfrentarão um último desafio indicado por ele – ele parou de encarar o público e nos encarou sério - Nesse desafio, vocês irão se deparar com uma escolha difícil. Não há certo ou errado, apenas sua própria consciência. Ao passarem por ele, retornem a superfície para encerrar a prova. Vocês terão uma hora para completar tudo.

Nos olhamos receosos, mas ele não deixou ninguém falar e pigarreou alto, começando a contar a história. Ela era sobre a vida de Gellert Grindelwald e embora fizesse um enorme esforço para me concentrar, o sono e o cansaço tentavam me vencer e perdi vários trechos. Por sorte conhecia boa parte da história da vida dele. Quando ele terminou de contar, pediu que nos preparássemos para começar a prova. Caminhei até a beira do lago e tirei os óculos, guardando no bolso do casado que ainda vestia. Reno já estava só de short, mas Gina e eu não tivemos coragem de encarar o frio antes da hora. O diretor ergueu a mão e nossas atenções congelaram nela. Ouvimos um apito alto, o diretor abaixou o braço depressa e Reno mergulhou de cabeça no lago. Começamos a arrancar os casacos e calças e puxei o guelricho do bolso, enfiando tudo na boca. Nem mesmo esperei que começasse a fazer efeito e me atirei no lago.

A água estava tão gelada que em questão de segundos já havia perdido a sensibilidade dos dedos. Dava pra ouvir as pessoas nas arquibancadas rindo das nossas caretas de frio, mas logo já estava submerso e não ouvia mais nada. O guelricho começou a fazer efeito e já não conseguia mais respirar pelo nariz, adquirindo guelras, o que me permitiu nadar mais depressa. Logo avistei o primeiro pedestal e parei de frente para ele, indicando que queria ouvir a perguntar. O sereiano abriu um baú e puxou uma placa dele, me entregando.

- Qual o ano de nascimento de Gellert Grindelwald – li rápido, e bolhas saiam da minha boca, sem emitir som – 1883! – tentei responder, mas não saia nada, então bati com a mão em cima da opção correta e o sereiano puxou a placa da minha mão, me entregando uma bandeira azul.

Prendi a bandeira no short e continuei nadando. Passei por mais dois pedestais sem dificuldades, mas no caminho até o quarto fui atacado por um grupo de grindylows e o único feitiço que conseguia pronunciar era o relaxo, que emitia um jato de água quente e os afastava do meu caminho. Encontrei o quarto sereiano e parei ao seu lado, o cansaço já tomando conta do meu corpo. Tudo que pulei e brinquei no fim de semana, as poucas horas de sono, começando a pesar e tentar me derrubar.

- Período em que Grindelwald estudou em Durmstrang? – li depressa, mas daquela vez não sabia a resposta. Ainda corri os olhos pelas opções e resolvi chutar, mas não acertei.

O sereiano me entregou um bastão azul e voltei a nadar pelo lago, até encontrar o próximo pedestal. Respondi os 3 seguintes sem erros e já possuía 6 bandeiras, mas precisava de mais uma. No caminho em busca da ultima bandeira fui atacado por um bando de dilátex vorazes e encontrei dificuldade para passar por eles, tendo parte do short rasgado pelo último, que afastei com um chute violento. Passei por mais 2 pedestais onde errei a resposta e começava a me desesperar com a demora em chegar ao próximo, até que encontrei mais um.

- O que está gravado na entrada de Nurmengard, conhecido como o slogan de Grindelwald? – bati a mão agitado na resposta que indicada “Pelo Bem Maior” e o sereiano me tomou a placa, trocando-a por uma bandeira azul.

Sorri agradecido e prendi a bandeira junto com as outras, nadando agora com mais pressa ainda, na direção indicada por ele. Passei por algumas criaturas chatas pelo caminho e cheguei a um portal que lembrava a entrada de um labirinto. Um sereiano guardava sua entrada e notei que havia 7 bandeiras pretas e 7 vermelhas presas na entrada dele, o que indicava que Gina e Reno já haviam passado por ele e eu era o último. Entreguei as minhas a ele e ele me devolveu uma placa.

- Existem dois caminhos para se chegar ao fim desta tarefa. No mais longo você enfrentará criaturas aquáticas e no fim encontrará aquele que é o seu maior desafeto, mas que aguarda o seu resgate. No mais curto existem poucas criaturas, mas você poderá encontrar a pista que o levará a taça tribruxo. Suas escolhas mostram quem você é. Não há certo ou errado, apenas sua própria consciência.

Li a pista depressa e olhei para as duas entradas do labirinto. Meu maior desafeto? Não foi precisa pensar muito para entender que Arthur Lewis estava no fim daquele labirinto. Parte de sua família é britânica, o que lhe garantiu uma vaga em Hogwarts. Por um momento considerei entrar no labirinto mais longo e tirar aquele idiota de lá, mas esse pensamento se evaporou ao lembrar que era o último campeão a chegar ali. Não ia arriscar estourar o tempo imposto para a prova salvando uma pessoa que não gostava. Devolvi a placa ao sereiano e entrei no labirinto mais curto. Apenas alguns grindylows, dois dilátex e um de guidão perdido tentaram me atrapalhar, mas não encontrei dificuldade em repeli-los. Cheguei rápido ao fim do labirinto e abri a urna, retirando um pergaminho envolto em um plástico. O sereiano que o guardava fez sinal de que havia completado a tarefa e nadei o mais rápido que pude de volta a superfície.

Enquanto subia, podia sentir o efeito do guelricho passando, o que significava que já devia estar quase estourando o tempo. Minha respiração voltou ao normal e uma enorme quantidade de água entrou pelo meu nariz, fazendo minha cabeça girar com a pressão. Já podia ver a claridade da superfície e o gelo da água tomar conta do meu corpo outra vez, e acelerei as braçadas. Quando minha cabeça emergiu da água, pude sentir todo o ar voltando aos meus pulmões e, com ela, o cansaço que lutei contra para não me deixar desistir. Sacudi a cabeça espalhando a água que tinha nos cabelos e nadei para fora do lago. A enfermeira veio correndo na minha direção me entregando uma toalha e ouvia a arquibancada gritar, fazendo um enorme estardalhaço, enquanto era rebocado para uma tenda pela mulher.

- Gabriel! – Gina saltou da maca onde estava quando me viu e correu para me abraçar, mas logo me deu um tapa no braço – Por que demorou tanto? O tempo estava quase se esgotando, pensei que o efeito do guelricho tinha passado e você tinha se afogado!
- Eu esqueci algumas respostas e me cansei logo – respondi cansado e a enfermeira me empurrou pra maca – E enfrentei problemas com um guidão insistente.
- Você escolheu qual caminho? – ela se sentou outra vez e me olhou parecendo sem graça.
- O mais curto – respondi um pouco envergonhado também por ter feito aquela escolha, embora não me arrependesse.
- É, eu também – ela acabou rindo – Imagina se ia salvar Romilda Vane e não pegar a pista?
- Mas eu salvei o Seth e recebi uma pista – Reno entrou na conversa e olhamos para ele surpresos – Ainda não sei bem porque escolhi salvar o Seth, mas enfim...
- Então era uma pegadinha, para testar nossas escolhas em momentos difíceis – Gina balançava a cabeça inconformada.
- Bom, eu de qualquer forma não poderia ir pelo caminho mais longo, já estava muito atrás de vocês – falei me enrolando em um cobertor, tremendo de frio – O que está feito, está feito.
- Campeões, por favor, me acompanhem – o diretor da escola entrou na tenda – As notas serão anunciadas.

Levantamos das macas, Gina e eu ainda enrolados em cobertores e tremendo dos péas macas, Gina e eu ainda enrolados em cobertores e tremendo dos p inha passado e voce perficie.da dele, o que a cabeça. Paramos de frente para o lago mais uma vez e vimos que os juízes ainda discutiam sobre as notas, mas logo se afastaram entregando um pergaminho ao diretor Ivanovich. Ele correu os olhos por ele rápido e ampliou a voz com o feitiço.

- Senhoras e senhores, já chegamos a uma decisão. Em um máximo de cinqüenta, decidimos atribuir a cada campeão, as seguintes notas... - ele tornou a abrir o pergaminho e pigarreou alto - O Sr. Renomaru Kollontai, que usou uma forma avançada de alquimia quase completa, mas eficiente, foi o primeiro a voltar e trouxe consigo o refém - os alunos de Durmstrang fizeram muito barulho e batiam os pés no chão - Portanto, recebeu quarenta e sete pontos.
- Nada mal - comentei com Reno e ele concordou, aliviado.
- A senhorita Gina Weasley, em uma excelente demonstração do feitiço Cabeça-de-Bolha, foi a segunda a retornar, apenas um minuto depois do Sr. Kollontai - agora era a arquibancada de Hogwarts que gritava - No entanto, ela não trouxe o refém e receberá quarenta pontos.
- Droga, esses 5 pontos vão fazer falta. Maldita Romilda Vane! - Gina resmungou do meu lado e ri.
- O Sr. Gabriel Lupin usou guelricho com grande eficácia - a torcida de Beauxbatons gritou animada, mesmo eu tendo sido o último – Mas como foi o último a retornar, também sem trazer o refém e quase estourando o tempo, receberá trinta e cinco pontos.
- Ufa, achei que ia receber uns vinte - quase desmontei no chão de alívio e Gina riu.
- A terceira e última tarefa será realizada ao anoitecer do dia vinte e quatro de junho - continuou o diretor - Os campeões serão informados do que os espera exatamente um mês antes. Agradecemos o apoio dado aos campeões e até a última tarefa!

O diretor nem bem terminou de falar e a enfermeira começou a arrebanhar os campeões e reféns, agora todos de volta a superfície, em direção ao castelo para trocarem roupas secas. Embora tenha terminado em último lugar, estava aliviado. Havia conseguido completar a prova sem estourar o tempo e agora teria um bom intervalo até a final. E não queria me preocupar com isso até ouvir as instruções sobre ela, em Maio...
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