Junho de 2011
Eu estava sentindo uma tremenda dor de cabeça e meu corpo estava começando a doer. Sabia que estava ficando resfriada, mas isso não me impediria de ir ate a escola de Julian, ouvir reclamações sobre o comportamento de meu filho, ainda mais que isso me possibilitou me livrar dos preparativos do casamento.
Fui ao Ministério e requisitei uma chave de portal, para a escola de Magia de Howarts, e cheguei perto do horário marcado. Um homem enorme, que pelas descrições de Julian, reconheci como sendo o professor de TCM e guarda-caças, Hagrid, estava me esperando.
- Olá, a diretora McGonnagal está me esperando...- cumprimentei.
- Sim, eu sei senhorita, e já, já vou levá-la ao castelo. É que tenho que esperar mais uma pessoa. Veja bem na hora. - e ouvimos um leve farfalhar na grama. Olhei para saber quem era o outro convidado, e era quem eu menos esperava. O meio gigante abriu um sorriso enorme, enquanto cumprimentava o recém chegado.
- Já estava ficando preocupado Tyrone. Você demorou.
- Olá para você também Rúbeo. Olá Rory.
- A diretora o chamou também? - perguntei curiosa.
- Eu estava em Londres, quando a coruja dela informando sobre nosso filho, me alcançou. Respondi que viria até aqui, não sabia que ela a havia chamado também. Então Hagrid, meu filho e minha irmã, já soltaram todos os seus bichos este ano? Mamãe me contou sobre os testrálios fujões. - Ty perguntou ao gigante e o homenzarrão gargalhou:
- Ah eles não negam o sangue, sua mãe fugiu algumas vezes para a Floresta com os amigos....Até o pequeno Rupie, fez das suas este ano, quando socou os grifinórios com o Ju... São crianças, não fazem por mal e eu vou vigiá-los mais. - ele disse ao ver meu olhar se estreitar.
Ele nos levou calado para o castelo, e se despediu de nós após confirmar sua presença no casamento. Antes de sair, Ty o chamou e tirou de dentro das vestes um garrafão de cinco litros, com wiscky escocês e o deu ao meio gigante dizendo que era para fins medicinais, e até eu sorri da cara feliz do homenzarrão.
Encontramos a diretora McGonnagal na porta e ela nos levou ate seu escritório. Após conversamos com a diretora, fomos dispensados. Caminhávamos lado a lado, ele comentava que já estava tudo pronto para nosso casamento, que ele havia pedido uma semana de férias do time, e eu dizia que havia pedido o mesmo no jornal. Após descermos a estradinha do castelo, chegando em Hogsmeade, comecei a sentir tontura. Parei de repente, sentindo uma dor no peito e ele me olhou sério:
- O que você tem? Está pálida. - e ele automaticamente colocou a mão na minha testa, e senti um arrepio.
- Estou resfriada, é só isso. - olhei o relógio para ver a hora para a chave de portal e Ty segurou minha mão.
- Você está queimando de febre alta, não pode ir sozinha, pode se perder quando fo usar a rede de Flú. Vou com você. - segurou meu braço.
- Deixe-me Ty, não precisa fingir que se importa comigo. - puxei meu braço bruscamente e quase caí, e ele me segurou, me puxando para perto dele.
- Vou levá-la em casa, e você pode tomar alguma coisa para melhorar. - e as palavras dele foram ficando longe, que não percebi quando meus olhos se fecharam.
Sonhei que estava no meio de labaredas de fogo, algumas vezes uma mão me era estendida e alguns goles de água me eram oferecidos, mas o fogo continuava me queimando...
Senti ondas de água fria descerem pelo meu corpo. Que alívio...Logo a escuridão me encobria novamente.
Acordei algum tempo depois, com um pano úmido sendo passado no meu rosto. Abri os olhos e era Ty cuidando de mim. Tentei me levantar, mas senti tudo girando ao meu redor, e cai na cama novamente gemendo com os olhos fechados. A sensação de náusea era forte, e minha garganta pegava fogo.
- Você precisa ir devagar, não pode levantar rápido ainda.
- Onde estamos?
- Estamos em minha casa em Londres. Achei melhor trazê-la para cá, você desmaiou no meio de Hogsmeade.
- Por quanto tempo fiquei desmaiada? - e ate falar era difícil. O enjôo estava aumentando.
- Estamos aqui há oito horas. Quando chegamos, chamei Ethan, e ele esteve aqui te examinando e deixou remédios. Avisei aos seus irmãos que você estava comigo.
Nesta hora notei que eu estava usando uma camiseta grande, no lugar de minhas roupas.
- Minhas roupas...Você tirou todas as minhas roupas? - disse indignada. E ele respondeu:
- Achei que era o melhor considerando que eu precisei te dar banho algumas vezes para baixar sua febre. E não tinha nada aí que eu já não tivesse visto, fica tranqüila. - me irritei.
- Que direito você tinha de...- não completei, pois a náusea me ficar verde, inclinei-me para o lado, e do nada surgiu um balde, que eu mentalmente agradeci.
Ele segurava minha cabeça, afastando meu cabelo do rosto, e impedia que eu caísse da cama. Eu sabia que se Merlim, queria me punir, ele estava conseguindo. Nunca me senti tão humilhada, na minha vida.
Depois de tudo, Ty acenou a varinha e limpou tudo, me deu um copo com água com um gosto amargo, quando fiz careta recusando, ele disse:
- Beba tudo e devagar, você ainda tem algumas horas ruins, segundo Ethan.
- O que eu tenho?- gemi e ele se aproximou mais.
- Você está com uma virose, vai durar umas 48 horas, depois você ficará bem, não era apenas um resfriado como você supunha. Seu organismo nunca foi muito bom em combater resfriado. - e antes que eu dissesse mais alguma coisa a náusea voltou forte e tudo o que eu queria era morrer de uma vez, o que mais podia me acontecer? Após 48 horas, eu consegui acordar sem sentir minha cabeça explodindo e implorando por um balde. Quando abri os olhos vi que Ty estava deitado do meu lado, virado para mim e dormindo. Passei alguns segundos olhando-o de cima a baixo e devo ter me distraído, pois quando olhei para o rosto dele, o peguei de olhos abertos me encarando, ele tinha a barba por fazer.
- Oi. - eu disse e ele não falou nada, apenas colocou a mão na minha testa e disse:
- A febre passou por completo. Acho que você está curada. - e saiu rápido da cama, se espreguiçou dizendo:
- Desculpe ter deitado ai do seu lado, mas antes que ache que eu me aproveitei de você, eu explico: já não agüentava mais dormir na cadeira, e a cama é grande. Está com fome? Eu estou faminto. - antes que eu respondesse, ele saiu do quarto, como eu estava melhor, consegui me levantar sem ficar tonta, e consegui tomar banho sozinha, encontrei minhas roupas limpas e passadas na cômoda. Depois que me aprontei, fui para a cozinha e ele já estava de banho tomado, e mexendo uma frigideira de ovos mexidos e legumes.
- Sente-se e coma. Fiz o bastante para nós dois. Tem café na cafeteira. - peguei uma xícara e comecei a tomar, e comentei quando senti o cheiro da comida, que estava muito bom.
- Porque você cuidou de mim, quando está claro que não me suporta. - ele colocou na minha frente um prato tão cheio que eu não sentiria fome por uma semana antes de responder:
- Você é minha noiva e mãe do meu filho. Tenho obrigações com você. E acho que você não está muito forte para fazer deduções infundadas, a esta hora da manhã. Coma!- e meu estômago roncou alto, e comecei a comer, e depois de algum tempo em silêncio comentei:
- Com quem você aprendeu a cozinhar? Isso está muito bom. - comentei quando me senti satisfeita e me recostei na parede, tomando o meu café. Eu estava sentada embaixo de uma janela na cozinha, e ele na minha frente.
- Aprendi com meu pai e tio Sergei. Minha mãe conseguia queimar sopa quando ia para a cozinha, então tínhamos que nos virar. - ele riu e eu também, mas logo ficamos sérios.
- Nosso relacionamento não é de verdade, então você não tem esta obrigação. E sei que você me odeia por causa da minha mãe...- disse antes de segurar minha língua. Ele havia acabado de comer e me observava, então disse enquanto levantava:
- Odiei você por um tempo, agora não odeio mais. Não tem sentido, e eu não me prendo a coisas sem sentido. - disse Ty se aproximando devagar.
Meu rosto começou a esquentar, enquanto eu me movia instintivamente ficando de frente para ele, o encarando. Ele se inclinou para frente, estendendo um braço por detrás de mim, e seus lábios ficaram a poucos milímetros dos meus. Eu quase gemi ao sentir o fôlego dele sobre seu rosto, e baixei a vista para a boca dele seguindo seu contorno. O meu coração estava acelerado, parecia que eu ia ficar sem ar e, durante um instante, notei que ele soltou todo o peso do tórax dele contra meu corpo.
Abri muito os olhos e os elevei até encontrar os olhos dele. Ficamos presos nos olhos um do outro e... Ty se afastou.
Na mão que tinha passado por detrás de mim, tinha uma folha murcha, e a expressão em seu rosto era estranha.
- Só queria tirar a folha seca, agora a planta ficará mais bonita. - disse, se desculpando. Claro que ele havia percebido como eu estava alterada. Ficamos nos encarando e ele tomou fôlego para começar a falar quando ouvimos a porta bater. Escutei barulho de água e algum tempo depois Ethan entrava na cozinha e logo que me viu, sorriu:
-E ai Rory? Como você está hoje?- e já foi pegando no meu pulso e olhando meus olhos, mandou abrir a boca, apalpou meu pescoço, mandou me respirar fundo, enquanto encostava a cabeça nas minhas costas, me soltou e disse:
- Os pulmões estão limpos, e segundo o relatório do Ty de madrugada, você não teve mais febre. Bom sinal. Quero que tome muito líquidos, coma mais frutas, enfim alimente-se bem. - ele disse de forma profissional, todo sério. Era difícil de acreditar que ele só tinha 20 e poucos anos.
- Obrigado doutor, quanto devo? - respondi sorrindo e ele me devolveu:
- Eu ia sugerir que você se casasse comigo, mas como o meu irmão trasgo chegou antes, faça-o feliz, já vai estar bom para mim. Até o casamento. - ele pegou a panela com o que sobrou dos ovos mexidos, um copo de suco e saiu da cozinha.Depois disso nos limitamos a falar o necessário.
Ty e eu fomos para o Ministério, eu pegaria uma chave de portal para minha casa no Texas, enquanto ele iria para a sede dos Abutres de Vratsa na Bulgária, e quando nos despedimos, ele me deu um beijo curto nos lábios e eu perguntei:
- Você tem certeza de que quer se casar Ty? Temos tempo de...- e ele me interrompeu:
- É só do que tenho certeza agora Rory.
Deu o horário da minha chave, toquei a espora de cowboy e senti um conhecido puxão no umbigo, enquanto o via me observar partir. Sabia que aquela sensação incômoda, não era apenas pela chave de portal. Era também pelo rumo que minha vida estava tomando.
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