Agosto de 2012
As Olimpíadas de 2012 que seriam sediadas em Londres iam começar no inicio de Agosto e como presente de aniversário para a irmã, Gabriel a levaria com ele para cobrir o evento. Havia conseguido um crachá de imprensa para ela e assistiriam aos jogos dos bastidores. Mas antes dos jogos começarem, Gabriel resolveu fazer uma rápida visita a Paris. Queria mostrar a irmã os lugares por onde passou durante os anos em que estudou em Beauxbatons, incluindo o castelo. Os guarda-caças que moravam em Beauxbatons haviam aberto as portas para eles e Gabriel percorreu cara centímetro do imenso castelo, sob os olhares encantados da irmã.
Clara havia montado uma programação intensa de atividades pela Europa durante o verão, queria de qualquer forma compensar os dois meses do verão passado que gastou dentro de casa, sem poder viajar. As exigências iam desde sentar na grama do Jardim do Luxemburgo até andar de patins pela rua, se misturando aos parisienses. Já estavam na cidade há 4 dias e partiriam para Londres na dia seguinte a noite, pois a cobertura dos jogos já estavam para começar, e Gabriel havia reservado metade do dia para o Museu do Louvre. Estava conseguindo fazer a irmã se interessar pelas obras de artes expostas nos corredores, mas depois de horas caminhando resolveram parar para comer alguma coisa no café do museu.
- Então? Gostou de Beauxbatons?
- Gostei sim, parece um castelo dos desenhos de princesa!
- Mas...? – perguntou rindo. Sabia que com a irmã sempre tinha um ‘mas’.
- Mas gosto mais de Hogwarts – respondeu rindo – E foi onde mamãe e papai estudaram e onde meus amigos estudam.
- Também gostei muito da época que estudei em Hogwarts, mas foi aqui em Beauxbatons que passei os melhores 4 anos da minha vida.
- Quem de tão especial tinha lá pra ter gostado tanto? – provocou.
- Tinham os melhores amigos que fiz até hoje – respondeu rindo – E claro, também tinha a minha namorada.
- Seus olhos brilharam, maninho! Quem era ela? Você nunca falou nada de uma namorada na escola!
Gabriel riu da expressão ansiosa que surgiu no rosto da irmã e assumiu um ar saudosista. Estava em Paris, no Louvre, era impossível não pensar nela.
- O nome dela era Madeline, foi minha primeira namorada. E a única que amei de verdade.
- Então por que você não está com ela? – agora eram os olhos de Clara que brilhavam. Ela adorava as histórias do irmão.
- Porque a distância estava gerando mais brigas do que momentos calmos. E depois que me formei voltei para o Brasil e ela ficou em Paris. Foi a melhor decisão que tomamos.
- Não acho. Acho que fizeram errado. Se a amava de verdade, devia ter feito dar certo.
- E o que você entende disso, pirralha? – provocou. Sabia o quanto ela odiava quando ele a chamava de pirralha
- Porque quando as pessoas se amam, devem ficar juntas. E eu não sou pirralha! – respondeu invocada e levantou da mesa.
Clara era estabanada e quando levantou sem olhar para frente, esbarrou em uma mulher que passava apressada perto da mesa. A pasta que ela segurava foi ao chão, espalhando algumas fotos. Gabriel levantou depressa para ajudá-la e Clara não parava de pedir desculpas.
- Desculpa moça, eu não vi você passando – repetia constrangida.
- Tudo bem, não tem problema, foi um acidente – a mulher respondeu simpática, recolhendo os papéis.
- Clara é desastrada – Gabriel olhou atravessado para a irmã e ela correu de volta para a mesa – Estragou alguma coisa?
Mas a mulher não respondeu. A mão dele esbarrou nela sem querer e ela rapidamente levantou a cabeça, o encarando. O mesmo susto que ela parecia ter levado também o assustou. Ela conhecia aquelas feições, nunca as esqueceria. Ambos ficaram de pé novamente, sem romper o contato visual.
- Madeline? – perguntou receoso.
- Gabriel? – ela perguntou também, incerta.
Os dois confirmaram com a cabeça ao mesmo tempo e a expressão de incerteza deu lugar a um imenso sorriso quando se abraçaram. Clara assistia a tudo sentada na mesa sem entender o que estava acontecendo. Eles se soltaram do abraço e ele a chamou.
- Clara, essa é Madeline – disse com as mãos apoiadas nos ombros da menina - Lembra da minha irmã?
- Merlin, nunca a reconheceria na rua agora. A última vez que lhe vi você tinha só um mês.
- Ah, era dela que você estava falando? – perguntou e levou um empurrão discreto de Gabriel – Muito prazer! – disse sorridente.
- O que está fazendo aqui, Gabriel? Não vejo você há mais de 10 anos!
- Presente de aniversário da Clara, ela queria conhecer Paris.
- E está gostando da cidade? – perguntou a menina.
- Muito! Quero me mudar pra cá! – respondeu animada e eles riram – Posso ver o resto desse andar do museu? Prometo não aprontar nada e voltar em meia hora!
- Ok, pode ir. Meia hora, ou não vai dar tempo de fazer todo aquele roteiro que você exigiu.
- Sim senhor! – Clara bateu continência para ele e saiu correndo para fora do café, sumindo pelo longo corredor do Louvre.
- O que tem feito? Soube pela Manu que você se formou em jornalismo e estava trabalhando em uma revista? – Mad falou quando se sentaram à mesa.
- Sim, trabalho como fotógrafo pra Rio Samba e Carnaval e tenho um estúdio fotográfico, mas meu trabalho de verdade é como redator de esportes para um jornal e um canal de TV lá do Brasil. E você? Manu também me contou que se formou com a Marie.
- Nos formamos e um ano depois abrimos uma galeria de arte, a Boumont&Lafôret
- Que ótimo Mad! Quero conhecer a galeria antes de ir embora.
- É aqui pertinho, quase do outro lado da rua. Tem sido ótimo, mas dá muito trabalho. Revezar-me entre a galeria e o Evan não é uma tarefa fácil!
- Evan?
- Evan é meu filho, ele tem 2 anos.
- Não sabia que tinha casado – ele automaticamente olhou para a mão dela, mas não havia sinal de aliança.
- Nunca me casei. O pai do Evan correu quando soube que estava grávida. Somos só nós dois.
- Sinto muito.
- Não sinta, foi o melhor. Nunca daríamos certo. E ele foi, mas deixou a coisa mais preciosa da minha vida – disse sorrindo e o encarou – Não achei que fosse rever você algum dia.
- Também não imaginei que fossemos nos reencontrar, ainda mais por acaso.
- Ficam até quando na cidade?
- Voamos amanhã à noite para Londres. Só tirei uma semana de férias por aqui, vou trabalhar na cobertura das Olimpíadas e Clara vai comigo.
- Então precisamos marcar alguma coisa para hoje. O pessoal vai querer ver você! Não pode sair de Paris sem rever os velhos amigos.
Antes mesmo que ele pudesse se manifestar, Madeline já estava ligando para Marie e marcando um jantar na casa dela. Segundo ela, em casa era melhor por causa das crianças. Ficam todas muito bagunceiras quando estão juntas. Depois de alguns telefonemas para o resto do pessoal, o jantar ficara marcado para as 20hs. Ele não esperava que a viagem de volta à Paris fosse terminar em um reencontro com a antiga turma, mas já estava animado para rever os velhos amigos.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
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