sexta-feira, 31 de julho de 2009

Reencontros - Parte II

‘Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim’

Chico Xavier



Paris, Agosto de 2012

Madeline passou no hotel onde Gabriel e Clara estavam hospedados para buscá-los e às 20hr em ponto estavam no apartamento de Ian e Marie. Evan, o filho dela de 2 anos, era loirinho, com fortes olhos azuis e extremamente parecido com a mãe. Gabriel duvidava que ele tivesse qualquer traço do pai. Ele era uma cópia fiel de Madeline. Quando tocaram a campainha e a porta se abriu, pensou que havia voltado no tempo. Os rostos de Ian e Samuel surgiram na sua frente e ele foi sugado para dentro do apartamento, sendo recepcionado com tapas nas costas e mãos bagunçando seu cabelo. O tempo podia ter passado, mas as pessoas não haviam mudado tanto assim.

- Gabriel, como você desaparece assim?? – Ian o soltou do abraço e o deixou falar com os outros.
- Não tiro férias há 5 anos – respondeu rindo e abraçando Manu – Tudo que vejo é minha mesa cheia de papel e fotografias!
- E quem é ela? – Samuel falou estendendo a mão para Clara – Sua filha?
- Que filha o que! – ele riu – É minha irmã!
- Essa é a Clara? – Marie falou assustada – Lembro de você um bebê recém-nascido!
- Bom, tenho certeza que você não vai achar agradável o papo dos velhos, então vou apresentar a gangue – Ian a conduziu até o outro lado da sala e assobiou alto – Atenção tropa! Formar fila!

Ao ouvirem o som do assobio, várias crianças saíram de dentro de um dos quartos e se postaram em fila, por ordem de tamanho. Algumas tinham expressões mais sérias, outras de intelectuais, mas a grande maioria tinha cara de ser levado. Ele parou com Clara na frente delas e começou a apresentá-las.

- Clara, essa é a tropa de choque: Gabriela, Damien, Daphnee, Auguste, Alphonse, Aurelian, Stéphanie, Heloísa, Alicia, Edmond, Clarisse, Michel, Austin, Leonard, Sophie e o nosso caçula, Evan, que você já conhece – as crianças iam levantando a mão conforme ele dizia os nomes – Gabi, faça as honras da casa e deixe a Clara à vontade.
- Pode deixar, papai! – Gabriela agarrou a mão de Clara – Vem, estamos jogando no meu quarto!

As crianças desapareceram outra vez e logo o som que enchia a sala eram o de conversas animadas, taças se enchendo e muitos brindes sendo feitos. Eram muitas histórias para contar em 13 anos sem ver os amigos. Passado algum tempo Marie puxou Madeline para fora da sala, e não demorou até que só restasse Isa na sala com os homens. O assunto era casamento.

- Acho que só não fui aos casamentos da Isa e da Bel. Lembro de todos os outros!
- Você também não foi no meu! – Dominique falou arrancando risadas.
- Claro, também perdi seu casamento imaginário!
- Perdeu um festão – continuou com a brincadeira – Minhas damas de honra eram todas de 18 aninhos...
- Dominique, por Merlin, você agora é pai! – Isa o repreendeu, mesmo rindo.
- Pai solteiro, não esqueça esse detalhe.
- Você também nunca casou, Gabriel. Por quê? – Bernard indagou.
- Não sei, acho que nunca encontrei mais ninguém com que quisesse me casar, só isso.
- Não encontrou mais ninguém? – Ian riu – Ok, entendemos.
- Com licença, pessoal. Vou ver o que houve com a demora da bebida!

Isa levantou depressa e sumiu pela porta da cozinha. Quando entrou encontrou Madeline com as mãos apoiadas no balcão e Marie e Manu em cima dela, tentando acalmá-la, enquanto as outras se revezavam em oferecer um copo de água.

- Gente, o que está acontecendo? Mad, você está bem?
- Não, ela está tendo um ataque aqui – era notável que Marie fazia esforço para não rir.
- Senta na cadeira, se acalma! – Manu puxou uma cadeira e Mad se sentou, abaixando a cabeça.
- Sério gente, o que ela tem?
- Não percebeu, Isabel? – Bel não perdia a mania de provocar – Mad não contava que fosse encontrar Gabriel novamente, e achou que podia lidar com isso.
- Ledo engano... – Anne não agüentou e riu – Nunca achei que fosse vê-la assim. Desculpe, mas é engraçado! – acrescentou quando Mad levantou a cabeça e quase a fritou com o olhar.
- Mas claro que ela não saber contornar isso – Dora engrossou o coro – Viram como ele está lindo?
- Vocês vieram ajudar ou piorar a situação? – Manu olhou atravessado e elas prenderam a risada – Mad, não estou entendendo essa sua reação toda, de verdade. Pensei que tinha superado isso!
- Somos duas então – respondeu sincera e tinha os olhos cheios de lágrima – Maldita hora que resolvi comprar água naquela porcaria de museu!
- Maldita hora não, achei ótimo vocês terem se encontrado! – Marie parou de dar risada e falava sério agora – Ele também não está casado, não acha isso um bom sinal?
- E ele acabou de dizer que nunca se casou porque nunca encontrou mais ninguém com quem quisesse casar. “Mais ninguém!”, ou seja, ninguém mais além de você! – Isa completou com empolgação.
- Deixe de bobagem, Mad! – Anne também não ria mais – Você ainda gosta dele, está estampado na sua testa. E apostaria tudo que tenho como ele ainda gosta de você também.
- A gente sabe que foi horrível quando vocês terminaram, que você ficou péssima um tempão, mas já se passaram 13 anos – Manu falava paciente e Mad parecia se recompor – Não acha que vale a pena ver se ainda dá certo?
- E você nunca foi do tipo de correr de desafio, Madeline! O que aconteceu? Envelheceu e afrouxou? – Bel provocou, mas arrancou risadas de todas, até mesmo Mad.
- Ok, ok, vocês estão certas – disse ainda rindo e secando as lágrimas.
- Vai tomar uma providencia então? – Marie pressionou – Pode deixar o Evan aqui essa noite, sabe que Gabriela adora brincar com ele.
- Calma, não me apressa! – levantou da cadeira respirando fundo e abrindo a porta para a sala – Deixa as coisas acontecerem naturalmente...

ººº

Já passava da meia noite e o jantar chegava ao fim. Um a um os amigos iam arrastando os filhos do quarto, quase todos completamente alertas, e indo embora. Bernard voltou à sala com uma Heloísa sonolenta no colo e se despediu, deixando apenas Madeline e Gabriel com os donos da casa. Gabriela saiu do quarto com Clara, ambas rindo, e Clara abraçou Gabriel. Queria pedir alguma coisa.

- O que foi? – falou já rindo – Pede logo, anda.
- Posso ficar aqui? – disse sorrindo.
- De jeito nenhum.
- Ah tio, por favor!! – agora era Gabriela que pedia – Deixa a Clara dormir aqui hoje! Ela vai embora amanha, não custa nada. Deixa??
- Deixe-a ficar, Gabriel – Marie interveio a favor das meninas – Amanhã você pega ela, dá tempo.
- Deixa, deixa, deixa! – as duas fizeram coro e ele riu.
- Tudo bem então, mas não vai fazer bagunça!
- Mais do que a gente fazia é impossível, meu amigo – Ian brincou enquanto as meninas pulavam e corriam de volta pro quarto.
- E a senhorita não pense também que vai levar o Evan – Marie falou virando para Mad – Ele já está dormindo na cama do Michel, não vai fazer a maldade de acordar ele. Amanhã você volta e pega.
- Ele vai acordar de madrugada chorando, vai dar trabalho. É melhor eu levá-lo. Prometo que não vou acordá-lo.
- Gabriela e Michel já tiveram 2 anos, acho que sabemos lidar com isso, não é meu amor? – Ian disse apoiando a esposa.
- Certo, vocês venceram. Vamos embora de mãos vazias então, não é? – disse rindo para Gabriel.
- Só não posso chegar de mãos vazias no Brasil, ou minha mãe comete um homicídio.

Eles riram e se despediram, voltando para as ruas quase desertas de Paris à noite. Iam conversando no caminho sobre suas carreiras, até que chegaram à entrada do metrô da Champs-Elysées e Gabriel resolveu mudar o assunto.

- Tenho uma confissão a fazer... Eu estive aqui em Paris há dois anos e vi você.
- O que? – ela exclamou indignada – E por que não foi falar comigo?
- Estava aqui a trabalho, vim fotografar o casamento de uma grande amiga e ela queria algumas fotos no Jardim do Luxemburgo – começou a explicar – Enquanto ela se preparava, outra coisa me chamou a atenção. Uma mulher, não muito longe de onde estávamos. Ela estava claramente vindo do trabalho e brincava com uma criança de alguns meses. Quando olhei com mais atenção, vi que era você com o, agora sei, Evan.
- Eu lembro de uma noiva tirando fotos no jardim, mas não vi o fotografo. Mas por que não foi falar comigo?
- Porque quando vi vocês dois, pensei: ela se casou. Agora tem um filho e está feliz. E eu não ia suportar ir até lá e ser apresentado ao seu marido – confessou, mas depois riu – E sinceramente, estava até com medo de quem você pudesse me apresentar.
- Ah qual é? Achou que eu podia estar casada com quem? O Thierry? – ela falou indignada por ele continuar rindo.
- Não ele, mas você namorou uns tipos bem exóticos em Beauxbatons.
- Não se esqueça que também namorei você. Está se encaixando nos tipos exóticos?
- Não, eu fui sua salvação.
- Pro seu governo, o pai do Evan nem é bruxo! – ela agora ria, mas depois assumiu um tom sério – Ia gostar que tivesse ido falar comigo.

Se encararam sem dizer nada por segundos que pareceram uma eternidade. Mad parecia disposta a dar um passo, mas Gabriel foi mais rápido. Aproximou-se mais e segurou seu rosto, a beijando. E Mad envolveu os braços ao redor de seu pescoço, correspondendo a beijo.
Das anotações de Rory Montpellier e Ty McGregor em Julho de 2011


Era a véspera do meu casamento tivemos um jantar no rancho para que meu pai conhecesse a família do Ty, eu estava um pouco tensa, mas Jaeda e Angelique me acalmavam dizendo que tudo ficaria bem. E após a conversa deles, tudo continuava calmo. Após o jantar fomos acomodados na casa de hóspedes, para que os noivos não se vissem antes do casamento.
Enquanto eu, Angelique , Jaeda, e Danielle conversávamos, ouvi uma batida na porta. Quando abri, me surpreendi ao ver Annia acompanhada de algumas outras mulheres jovens e bonitas:
- Hey Rory, ainda não se arrumou porque? Temos uma despedida de solteira esta noite. - e ela foi entrando e quando viu Jaeda, ela e as outras garotas deram olás animados. Enquanto Annia já fazia as apresentações:
- Estas são: Evie, Milla, Nina, Vina, e Shannon, e acabaram de chegar. Nossos maridos estão levando Ty para uma despedida, então cabe a nó cuidarmos de você. As outras já estão indo pro clube. - ela disse animada.
- Outras? Clube?- eu repeti desconcertada. E a morena chamada Evie disse rindo:
- Não fique com receio, não é bem um ‘clube’, é um galpão fedendo a comida gordurosa e cerveja barata, mas os copos nunca ficam vazios, onde alguns cowboys dançam e tiram as roupas nas noites de sexta. Um clube das mulheres caipira.
- Não sei se...- comecei a recusar mas todas começaram a protestar e acabei por ceder. Afinal o que me custava ir beber com elas?

o-o-o-o-o-o-o-o

- Acorda Rory, já passam das duas e você precisa levantar....- ouvi uma voz ao longe e puxei o travesseiro sobre minha cabeça, e disse com uma voz abafada:
- Não vou ao jornal hoje Jaeda, estou doente, acho que comi alguma coisa estragada. - e senti puxarem o travesseiro e minha cabeça doía tanto, que quando a luz bateu em meus olhos, eles lacrimejaram, e os fechei com força, enquanto ouvia risadas que faziam com que meu cérebro tremesse como se fosse um tambor.
- Este é o problema, você quase não comeu e bebeu todas ontem, mas acorda que hoje é seu casamento e vamos te deixar linda. - e só ai me lembrei de que dia era hoje e pulei da cama, caindo nela novamente gemendo.
- Vai levanta e toma isso aqui. - disse Jaeda me esticando um copo com uma mistura de aspecto esverdeado.
- O que é isso?
- Não sei e não gostaria de saber. Annia deixou aqui antes de ir ajudar a arrumar as coisas do casamento e posso afirmar que é um anti-ressaca, incrível. Já estou pronta pra outra.
Peguei o copo e me forcei a engolir o que lembrava muito o gosto de ovo cru misturado com molho inglês, e à medida que aquilo ia entrando em meu sistema, a dor de cabeça ia sumindo. Quando acabei o mundo não girava mais e eu consegui me movimentar sem pedir para morrer. Olhei para Jaeda, Angelique e Danielle e elas exibiam sorrisos marotos.
- Muito bem, qual foi a besteira que eu fiz ontem??- e elas caíram na risada. Jaeda não perdeu tempo:
- Nada demais. Você bebeu muito, contou historias de suas escapadas com o Ty em Beauxbatons, nossa se aquelas paredes falassem...Depois dançou com um dos strippers, arrancando a camisa dele com os dentes, bebeu mais um pouco, e no final ficou alterada porque Beatrice disse que Ty beijava muito bem e que ela o amaria sempre.
- Alterada como?
- Você só a puxou pela roupa e disse que se ela pusesse as unhas falsas em cima do seu homem, você ia quebrar a cara dela.
- Meu...Homem? Não! Eu não fiz isso...
- Claro que fez maninha, o engraçado foi no final vocês duas discutindo sobre quem amava mais ao Ty, até que caíram na risada, e depois choraram pedindo desculpas uma á outra, e jurando amizade eterna com troca de pulseiras e tudo. Olha no seu pulso. - e no meu pulso havia um elástico de prender dinheiro na cor verde ácido. - olhei para elas desamparada e elas riram mais ainda.
-Mas agora isso já passou, vamos começar a nos arrumar, hoje você começa uma nova vida e no que depender de nós, vai estar linda.

o-o-o-o-o-o-o-o-o

A festa estava muito animada, mas o que mais me surpreendeu no meu casamento foi quando antes de sermos declarados casados, Ty chamou a avó e ela se aproximou com um tartan escocês nas mãos, e o colocou por cima de meu vestido e o prendeu com um broche em forma de serpente marinha, e me dando as boas vindas ao clã. Meus olhos se encheram de lágrimas, pisquei para segurá-las, e quando o frei nos declarou casados e que podíamos nos beijar, não consegui segurá-las mais e algumas deslizaram pelo meu rosto.
Ty me olhava sério e seus olhos estavam tão escuros quando as enxugou com o polegar e em seguida me beijou de forma tão intensa, que se ele não estivesse me segurando eu teria caído. Ele me soltou quando ouvimos gritos e vivas dos convidados, eu demorei a abrir os olhos mas quando os abri sorri para ele mas ele apenas levantou o canto da boca sarcástico e não retribuiu, porém quando se virou para as pessoas, exibia seu sorriso mais confiante.
Foi o choque de realidade que me fez voltar ao normal e parar de me enganar. Dali em diante, entrei no jogo e representei a noiva perfeita enquanto ele me apresentava a todos os seus amigos que eram os maridos das garotas da Avalon, como Annia denominou o seu grupo de amigas. Micah, Iago, Victor, Chris O'Shea e Chris Parker, eram os pares perfeitos para aquelas garotas.
Quando a banda chamou os noivos para nossa primeira dança como marido e mulher, Ty me conduziu à pista e me puxou de encontro ao seu corpo. Dançamos e trocamos olhares, e novamente notei o quanto seus olhos escureciam quando me olhava, ele parecia tenso, e eu disse:
- Relaxe, Ty. Do jeito que você está, as pessoas não vão acreditar que este casamento é para valer.
- Eles vão acreditar sim, ainda mais que você está agindo como uma mulher apaixonada. Você devia ter seguido carreira nos palcos. - disse cínico.
- A vida é um grande palco, e cabe a nós ser os atores, pelo menos por um ano. Não é o que você quer?
- É! É o que eu quero. - e depois disso começamos a dançar com as outras pessoas e pude conhecer vários de seus colegas de time, e percebi o quanto ele era querido, mas nada me impressionou mais que dançar com os vampiros membros da família.
Caleb tinha um ar paternal comigo, Josef era o sedutor, mas Derfel era muito engraçado, e me fez rir várias vezes com suas observações perspicazes, Edward era o mais caloroso e notei o quanto algumas meninas o olhavam cheias de esperanças e ele parecia alheio a elas.
Depois dancei com Ethan, e pelo que conversamos o sentimento de amizade que eu sentia por ele, aumentava a cada instante. Ele me deixava á vontade, e como suspeitei, sabia a verdade sobre o meu casamento e não me recriminava por isso. Pelo contrário, me tratava de forma carinhosa.
E quando batizamos Julian, apesar do jeito inicial de Ty comigo, nos demos as mãos enquanto nosso menino, era ungido por seus padrinhos, Gabriel e Miyako. Sabia que mesmo que eles não gostassem de mim, cuidariam do meu filho como se fosse deles e isso nos emocionou. Quando acabou voltamos a dançar, e depois de algum tempo alguns convidados começaram a se retirar e se despediam de nós nos desejando felicidades. Vi que Beatrice dançava com Ty e ela sorriu de forma amigável quando levantou a mão e mostrou um elástico verde ácido no pulso. Sorri exibindo o meu e Ty nos olhou curioso e falou algo no ouvido dela baixinho, e senti uma pontada de irritação, mas a ignorei e continuei conversando animada com suas primas que começaram a me tratar mais calorosamente, acredito que seja por causa das loucuras da despedida de solteira, que segundo minha irmã Angelique foi inesquecível.
Em dado momento sua prima Brianna me puxou pela mão, dizendo que estava na hora do jogar o buquê, e fui para o palco rindo muito das brincadeiras que ouvia pelo caminho, contei até três e joguei o buquê que caiu nas mãos de Mary, e todos aplaudiram contentes.

Quando desci do palco a banda voltou a tocar musicas animadas, e enquanto eu dançava com meu irmão Lucian, Ty dançava com Haley. Como estávamos todos próximos vi quando Miyako sentiu as primeirs contrações do parto, automaticamente me aproximei querendo ajudar. Nesta hora Louise, a mãe de Clara, assumiu as rédeas da situação, aproximei-me de Julian e dos seus amigos e os tranqüilizei, dizendo que tudo ficaria bem. E de fato foi o que aconteceu, quando após algumas horas, mãe e filho estavam bem. O nascimento de uma criança sempre traz esperanças, e eu desejei de coração que fosse um sinal de tudo daria certo em minha vida.


Alguns comentários de Ty McGregor

Eu estava jogando sinuca com meus primos, após o jantar com a família de Rory, quando um patrono em forma de centauro, que reconheci como sendo o de Karkaroff, avisou que meus amigos estavam chegando. Quando abrimos a porta, fiquei feliz em ver meus amigos: Micah, Iago, Victor, Wes, Chris junto com suas famílias. Nos abraçamos e Micah liderou o grupo:
- Vamos lá escocês, temos muita coisa para fazer hoje. Ficamos sabendo que a noiva é a encrenca que faltava na sua vida... - e foi apoiado por Griff.
- Não quero uma despedida de solteiro...- avisei e Iago riu olhando para eles:
- Não perguntamos se você ‘quer’ uma despedida de solteiro, você vai ter uma. Achou que ia escapar desta, depois de todas as despedidas de solteiro que você fez para nós?? - acabei rindo e me juntando a eles no que foi a maior bebedeira de minha vida.


Quando as gaitas de fole começaram a tocar a musica para Rory entrar, pela primeira vez em muito tempo me senti nervoso.
Nunca havia visto uma mulher vestida de noiva tão linda quanto Rory e eu sinceramente não estava conseguindo lidar com a atração que eu estava sentindo por ela, desde que nos reencontramos.
Isso não era lógico, e com certeza não seria bom para mim. Era melhor me manter ao plano inicial. Ficar casado por um ano, sem envolvimentos e depois no separar amigavelmente, sem danos. O maior problema neste plano, era que Rory ficou mais bonita com o tempo e eu não estava lidando bem com as sensações que ela me despertava a cada vez que eu a tocava, e isso me irritava muito. Mas vê-la interagindo com meus amigos, minha família a aceitando de braços abertos, enquanto ela ficava incrivelmente sexy naquele vestido, só me deixava pior. Mas quando vi o quanto minha família estava encantada por meu filho, percebi que qualquer coisa valeria a pena. E tratei de curtir a festa do casamento.

-o-o-o-o-

Enquanto eu dançava com Haley, e ria dos comentários dela sobre o batizado de Julian, vi Miyako gemer alto com dor. Quando tia Louise começou a dar ordens, os curandeiros da família agiram rápido, e logo Miyako era instalada num quarto da casa e enquanto eu e Gabriel ficamos ao lado dela, os outros amigos e parentes, ficavam pelo corredor se revezando no aguardo das noticias.

o-o-o-o -

- Mas eu quero ficar com você meu amor, ajudar...
- SAI DAQUI TIAGO! É CULPA SUA EU ESTAR AQUI!- ela deu tapas num pobre Henri enquanto o expulsava do quarto. Eu e Gabriel estávamos ao lado dela, apoiando-a.
- Nós vamos cuidar dela,fica tranqüilo, Tiago.- disse Gabriel.
- É, Lobão e eu somos profissionais. Vai Alfabetinho, respiração cachorrinho....
- Não quero respirar cachorrinho, quero que este bebê nasça logo...Saia logo de dentro de mim!- ela gritou pro bebê durante uma contração, e tia Louise avisou que a cabeça havia coroado, mas ainda ia demorar para nascer.
Eu e Gabriel levantamos a cabeça para ver sobre o que significava ‘bebê coroado”, e conseguimos ver, o topo da cabeça do bebê cheio de muco e sangue, uma coisa nada bonita de se ver, saindo da...hum...dos paises baixos.
- Nooossa!- soltou Gabriel sem se conter.
- Por Merlim, agora sei porque Jolie não me deixou ver o parto da Liv. Se eu tivesse visto o estrago, não ia me recuperar nunca mais. Você não tem noção do quanto a cabeça do seu filho é grande Mi...- eu disse com a minha boca grande.
- TY! - disse tia Louise séria, mas com um brilho de riso nos olhos.
- Eu sei que a cabeça desta criança é grande, aposto que puxou o cabeçudo do Tiago. Eu quero uma peridural!- e Miyako apertou mais ainda as nossas mãos, enquanto Lobão travava o maxilar pela dor, eu soltava uma risada estrangulada, enquanto tia Louise falava com ela:
- Não posso te dar nada, Miyako, você demorou demais para avisar que estava em trabalho de parto, agora tem que ser de modo natural.- e tia Mirian disse:
- É preciso colocar seu filho no mundo, antes de eu poder usar meus poderes de cura em você, minha querida.
- Modo natural? Sem drogas?Não eu não vou ter este filho. Eu não faço mais força. - ela começou a ficar nervosa e eu e Gabriel tentamos acalmá-la:
- Deixa de ser covarde Miyako. Meu afilhado precisa nascer. - eu disse e Lobão completou:
- Você já enfrentou coisas piores na vida, e não é o parto de um bebê que vai te amolecer.
- Eu troco com vocês dois, pronto. Venham aqui e botem este moleque no mundo. - ela gritou.
- Ela está muito nervosa precisa se acalmar, ai fica mais fácil. - avisou Morgan que auxiliava tia Louise, e eu gritei alto quando Miyako soltou um gemido de dor, me beliscando:
- Isso meu amor, grita sua paixão por mim. - Gabriel me olhou espantado, mas quando viu Miyako esboçar um leve sorriso entendeu o que eu queria fazer e entrou na brincadeira:
- Isso me arranha todo minha gata selvagem....- tia Louise, tia Mirian e Morgan, tentavam ficar sérias, mas soltavam risadinhas disfarçadas em tosse. Ficávamos gritando abobrinhas do gênero a cada contração e grito que ela dava, para fazê-la descontrair parecia funcionar, entre uma arfada e outra ela brincava conosco, ficando mais calma e tia Louise avisou:
- Atenção! Vamos parar com a sem vergonhice, que o bebê está pronto para nascer. Miyako, a próxima contração vai vir forte, e quero que você empurre com tudo ok? Garotos, conto com vocês.- ela olhou para Morgan e tia Mirian e elas estavam a postos.
- Aí vem ela....Agora Miyako!- e Miyako contraiu o rosto, fazendo força e nós dois junto com ela, que quando ouvimos o choro alto de um menino saudável e com pulmões fortes, começamos a chorar juntos.
Tia Louise e Morgan, junto com tia Mirian, pareciam foguetes dentro daquele quarto, cuidando do bebê e não demorou muito e tia Louise colocava o bebê em cima da Miyako enquanto Morgan e tia Mirian cuidavam de uma mãe mais calma. Henri entrou correndo no quarto, seguido de tia Yulli, e Lobão e eu começamos a sair, quando Miyako nos chamou:
- Gabriel, Ty... Obrigada por me ajudar a pôr o Eicca no mundo!- sorrimos de volta e dissemos:
- Disponha!- quando saímos do quarto, o corredor estava cheio com nossos amigos, que enquanto zombavam dos nossos gritos, colocavam copos de wisky de fogo em nossas mãos, para comemorar o nascimento de mais um membro da nossa grande família. Automaticamente procurei pela Rory e quando nossos olhares se encontraram, por instantes esqueci de tudo que houve no passado e correspondi ao sorriso feliz dela.
Porque eu tinha esta mania de não fugir de encrenca?...

terça-feira, 28 de julho de 2009

[Maio de 2000 \\ Lembranças de Miyako Kinoshita]

- Tem certeza de que precisa ir embora agora? Ainda está cedo... – Henri consultou o relógio e me encarou sugestivamente, rindo. Ri também e lhe dei um beijo rápido antes de me afastar com eficiência (para que ele nem pensasse em me puxar de volta) para fora da cama. Ele abaixou os ombros, derrotado, enquanto observava eu me vestir.
- Sim, tenho certeza. Preciso passar no vilarejo para “ser notada” por lá, antes de voltar para Durmstrang. As pessoas ficam muito curiosas e especulativas se um dos alunos some durante todos os finais de semana e volta tão... amarrotado.

Enquanto falava a última palavra, joguei-lhe a camiseta dos “Quiberon Quafflepunchers” que estivera usando até então. Estava tão amarrotada que parecia um efeito enrugado proposital do tecido.

- Além do mais, combinei de me encontrar com Gabriel e Ty por lá, para voltarmos juntos. Sem desconfianças, sem preocupações. Esqueceu que ainda “sou sua aluna”? – perguntei com um tom debochado levantando a sobrancelha.
- Você está certa. Agora que está acabando, não podemos vacilar. Mas a impressão que tenho é que os finais de semana ficam, a cada semana, mais curtos... Quanto tempo mesmo, até você se formar? – sua voz tinha um tom falsamente deprimido e girei os olhos, rindo.
- Aproximadamente dois meses. Tenha paciência, ok?

Já havia guardado tudo na bolsa e estava pronta pra sair. Pulei novamente na cama e ele abriu um sorriso enorme, me puxando pra junto de seu corpo e segurando meu rosto.

- Incrível... – ele comentou sério, me encarando e traçando as linhas do meu rosto com um dedo. Já ia perguntar o que era tão “incrível”, mas ele continuou: - Como você conseguiu fazer com que me apaixonasse completamente por você em tão pouco tempo?!
- Ah... São as preces de tantos anos pra Buda, ou meu charme oriental. Não sei dizer. Mas não fique tão dependente... Posso ser a fêmea de um gafanhoto que só está esperando o melhor momento da sua distração para te matar. – ele esboçou um sorriso e me beijou lentamente, enquanto entrelaçava toda a mão em meus cabelos. Tive de empurrá-lo para longe alguns minutos depois.
- Me mate agora. Mas não diga que tem mesmo que ir... tão cedo! – ele disse frustrado, me apontando as horas no relógio novamente.
- Você vai sobreviver. Eu também. Somos loucos o suficiente para sobrevivermos e levarmos toda essa nossa loucura adiante, até podermos contar para os netos e bisnetos de como eles nasceram da nossa completa insanidade.
- Pode apostar que sim.

Peguei minhas coisas e caminhei até a porta, parando para olhá-lo mais uma vez antes de fechá-la. Ele sorriu.

- Mais cinco minutos?! – tentou uma última vez e fiz careta.
- Te vejo amanhã, no treino. – disse com firmeza.
- Essas nossas horas de profissionalismo, ops, tortura semanal... Ainda vão acabar me matando.

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Desaparatei em uma área afastada do vilarejo e comecei a descer sem pressa a rua principal, caminhando até o pub lotado de estudantes aonde iria me encontrar com meus amigos. Estava distraída, e talvez até cantarolando alguma coisa e sorrindo para mim mesma, mas mesmo assim consegui identificar uma voz chamando por meu nome não muito longe. Parei me virando para trás e percebi que era Tatiana – que vinha ao lado de Inês – também descendo a rua. Esperei que me alcançassem, sem desfazer o sorriso.

- Novidades do final de semana, Miyako? – Tatiana perguntou interessada e sacudi os ombros.
- Nah, nada. Por quê?
- Não sei... Você parecia tão satisfeita e alegre agora mesmo. Pensei que tivesse algo de bom para contar. Você sabe, só pra variar. – ela disse com um tom levemente sombrio, o que me fez lembrar todos os acontecimentos no castelo.
- Infelizmente, não há nada demais para contar. Só um final de semana com meus pais e meus irmãos... – respondi forçando empolgação extra na voz e Tatiana sorriu. Inês, que estivera calada até então, soltou um barulho estranho pelo nariz que lembrava uma risada abafada. Olhei para ela confusa e ela me devolvia um olhar irônico e presunçoso.
- Foram eles que deixaram seu cabelo nesse estado? Eles que fizeram com que você se esquecesse de como colocar direito a blusa...? Você não reparou, mas ela está do avesso. Nossa! Seus irmãos estão mesmo um tanto “carentes” de você para que você precise ir até eles todo o final de semana dos últimos meses e voltar sempre assim...

Cada uma de suas palavras me atingia como facas. Senti uma grande quantidade do meu sangue subir a cabeça e os punhos tremerem levemente, enquanto as bochechas ardiam. Tatiana de repente olhava de Inês para mim, e de volta para Inês, atordoada com o repentino clima tenso que havia sido formado, sem precedentes.

- Não que eu te deva alguma satisfação, Inês, mas se quer saber... são eles sim. E eles me adoram. Uma pena que ninguém consiga ficar em sua companhia tempo suficiente para que você saiba o significado dessa palavra. – respondi entre dentes. Tatiana já caminhava estrategicamente para a minha frente, de modo que ficasse entre nós duas, mas a empurrei de volta com um pouco de violência.
- Deixe de ser tola, Tatiana. Nós não vamos brigar aqui. Não me rebaixo ao nível de alguns... – Inês respondeu fria, sem tirar os olhos de mim. Soltei um grunhido, apertando mais os punhos fechados. – Ao contrário “dessas pessoas”, eu sei ser discreta. E tenho ética, o que é mais importante.

Eu senti a visão cegar por um segundo e foi o que bastou para sentir a raiva me dominar. Teria me lançado em cima dela ali mesmo, mas dois pares de mão me agarraram para trás com força e me debati com eles uns segundos. Quando percebi que era inútil e “voltei a enxergar”, Gabriel e Ty me abraçavam defensivamente e esperavam que eu parasse de socá-los. Relaxei. Inês e Tatiana não estavam mais em meu campo de visão.

- Acredite em mim, Mi. Esse não é o melhor momento para comprar briga com a filha do Ministro da Magia. Você seria expulsa amanhã mesmo... – Gabriel disse me soltando. Ty me soltou também.
- Lobão tem razão, como sempre. Esse não é o momento. Quando conseguirmos expulsar o Ministério do “nosso território”, nós inventamos uma desculpa e eu juro que seguro Inês enquanto você arrebenta com a cara dela. – Ty completou e acabei sorrindo, nervosa.
- Afinal... O que ela disse que te deixou tão irritada? Ainda não aprendeu como ela é? Devia ignorar. – Gabriel aconselhou novamente, mas o cortei.
- Inês sabe sobre mim e Tiago. As coisas que ela disse e o tom de voz... Ela sabe sobre nós, tenho certeza. – respondi sentindo um nó na garganta e uma sensação de completa inutilidade sobre como agir.

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- Ela estava blefando para te deixar nervosa, Mi. É claro. Jogou verde para colher maduro. Usou a desculpa de sua blusa estar ao contrário para te confundir. Sério, não vejo motivos para estar tão preocupada com isso... Nós estamos seguros. Não tem como ela saber de algo. – Henri se aproximou mais para me abraçar, mas me distanciei imediatamente.

A voz de Inês dizendo “discretos” e “ética” ainda martelava em minha cabeça e eu conseguia ver seu olhar presunçoso queimando o meu. Embora meus amigos, e agora Henri, tentassem me convencer de que Inês só queria me atingir com suposições, eu tinha certeza de que ela sabia de algo.

- Eu não descartaria as fontes que ela tem tão fácil... – eu disse séria, me sentando na grande caixa de bolas. Mais uma vez, estávamos trancados no armário de vassouras do castelo, e ainda faltavam alguns minutos para a hora marcada do treino. Jean, Eugene, Simone e Edith logo chegariam por chave de portal.
- Não estou menosprezando. Mas não estou, também, superestimando. Mesmo que ela tenha boas fontes, nós estamos nos comportando muito bem. E, de qualquer maneira, não entendo qual seria o interesse dela para investigar nossa história. Se ela soltar alguma coisa, que duvido que saiba, vai se prejudicar também. E o pai dela, bem como o Ministério daqui, igualmente. Mesmo que não se lembrem agora, nós ainda somos de responsabilidade do Ministério da França, certo? – como continuasse com a testa vincada, ele se agachou na minha frente e sorriu. – Fique tranqüila: nós não estamos cometendo nenhum crime. Somos maiores de idade e, o fato de você ainda não estar formada, não nos acusa mais. Quando eu aceitei entrar nisso com você, sabia que seria difícil e que teriam conseqüências... Bem, se tiver que começar a pagá-las agora, não me importo.
- O que quer dizer?
- Quero dizer que, se Inês souber alguma coisa e quiser compartilhar com todos, fique à vontade. Será a palavra dela contra a nossa. E, mesmo que ela consiga provar alguma coisa, e eu acabe sendo afastado do cargo de treinador (o máximo que podem fazer, já que você não é nenhuma criança que foi coagida), ele já não teria mesmo a menor graça no próximo ano, sem você.

Não pude responder, pois do lado de fora um estalo cortou o ar e ouvimos um grupo de vozes falarem alto ali perto. Henri me deu um beijo rápido e se levantou de um pulo, esticando os braços acima da cabeça.

- Agora, senhorita Hakuna, o seu time precisa que você esteja concentrada somente no pomo de ouro. Portanto, levante-se já dessa caixa, melhore essa cara e esqueça isso. E estou falando isso como seu treinador, enquanto posso ser tratado assim. – ele piscou e sorriu, me puxando para que ficasse de pé. – Coloque seu uniforme e não demore.

Saiu um minuto depois com a caixa de bolas nos braços, indo até o gramado se encontrar com os outros do time, já vestidos com o uniforme verde e preto da Nox. Ainda parada, observei-o sendo recebido com bastante empolgação por todos, enquanto conversavam sobre o avanço dos times nas partidas do Campeonato, e sobre a grande probabilidade que tínhamos de vencer. Um conflito em minha cabeça agora estabelecia minhas prioridades e, mesmo ficando com uma leve ponta de remorso quando terminei de listá-las, naquele momento, eu sabia que faria aquilo.

Se o problema era sermos “professor/aluna”, e se não suportaria vê-lo abandonar um emprego de que gostava tanto para assumir a culpa de tudo, sozinho, só havia uma maneira de quebrar essa nossa relação (antes que Inês pudesse espalhar qualquer coisa sobre nós): eu deixaria de ser aluna dele. Abandonaria o time da Nox imediatamente.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Reencontros - Parte I

Agosto de 2012

As Olimpíadas de 2012 que seriam sediadas em Londres iam começar no inicio de Agosto e como presente de aniversário para a irmã, Gabriel a levaria com ele para cobrir o evento. Havia conseguido um crachá de imprensa para ela e assistiriam aos jogos dos bastidores. Mas antes dos jogos começarem, Gabriel resolveu fazer uma rápida visita a Paris. Queria mostrar a irmã os lugares por onde passou durante os anos em que estudou em Beauxbatons, incluindo o castelo. Os guarda-caças que moravam em Beauxbatons haviam aberto as portas para eles e Gabriel percorreu cara centímetro do imenso castelo, sob os olhares encantados da irmã.

Clara havia montado uma programação intensa de atividades pela Europa durante o verão, queria de qualquer forma compensar os dois meses do verão passado que gastou dentro de casa, sem poder viajar. As exigências iam desde sentar na grama do Jardim do Luxemburgo até andar de patins pela rua, se misturando aos parisienses. Já estavam na cidade há 4 dias e partiriam para Londres na dia seguinte a noite, pois a cobertura dos jogos já estavam para começar, e Gabriel havia reservado metade do dia para o Museu do Louvre. Estava conseguindo fazer a irmã se interessar pelas obras de artes expostas nos corredores, mas depois de horas caminhando resolveram parar para comer alguma coisa no café do museu.

- Então? Gostou de Beauxbatons?
- Gostei sim, parece um castelo dos desenhos de princesa!
- Mas...? – perguntou rindo. Sabia que com a irmã sempre tinha um ‘mas’.
- Mas gosto mais de Hogwarts – respondeu rindo – E foi onde mamãe e papai estudaram e onde meus amigos estudam.
- Também gostei muito da época que estudei em Hogwarts, mas foi aqui em Beauxbatons que passei os melhores 4 anos da minha vida.
- Quem de tão especial tinha lá pra ter gostado tanto? – provocou.
- Tinham os melhores amigos que fiz até hoje – respondeu rindo – E claro, também tinha a minha namorada.
- Seus olhos brilharam, maninho! Quem era ela? Você nunca falou nada de uma namorada na escola!

Gabriel riu da expressão ansiosa que surgiu no rosto da irmã e assumiu um ar saudosista. Estava em Paris, no Louvre, era impossível não pensar nela.

- O nome dela era Madeline, foi minha primeira namorada. E a única que amei de verdade.
- Então por que você não está com ela? – agora eram os olhos de Clara que brilhavam. Ela adorava as histórias do irmão.
- Porque a distância estava gerando mais brigas do que momentos calmos. E depois que me formei voltei para o Brasil e ela ficou em Paris. Foi a melhor decisão que tomamos.
- Não acho. Acho que fizeram errado. Se a amava de verdade, devia ter feito dar certo.
- E o que você entende disso, pirralha? – provocou. Sabia o quanto ela odiava quando ele a chamava de pirralha
- Porque quando as pessoas se amam, devem ficar juntas. E eu não sou pirralha! – respondeu invocada e levantou da mesa.

Clara era estabanada e quando levantou sem olhar para frente, esbarrou em uma mulher que passava apressada perto da mesa. A pasta que ela segurava foi ao chão, espalhando algumas fotos. Gabriel levantou depressa para ajudá-la e Clara não parava de pedir desculpas.

- Desculpa moça, eu não vi você passando – repetia constrangida.
- Tudo bem, não tem problema, foi um acidente – a mulher respondeu simpática, recolhendo os papéis.
- Clara é desastrada – Gabriel olhou atravessado para a irmã e ela correu de volta para a mesa – Estragou alguma coisa?

Mas a mulher não respondeu. A mão dele esbarrou nela sem querer e ela rapidamente levantou a cabeça, o encarando. O mesmo susto que ela parecia ter levado também o assustou. Ela conhecia aquelas feições, nunca as esqueceria. Ambos ficaram de pé novamente, sem romper o contato visual.

- Madeline? – perguntou receoso.
- Gabriel? – ela perguntou também, incerta.

Os dois confirmaram com a cabeça ao mesmo tempo e a expressão de incerteza deu lugar a um imenso sorriso quando se abraçaram. Clara assistia a tudo sentada na mesa sem entender o que estava acontecendo. Eles se soltaram do abraço e ele a chamou.

- Clara, essa é Madeline – disse com as mãos apoiadas nos ombros da menina - Lembra da minha irmã?
- Merlin, nunca a reconheceria na rua agora. A última vez que lhe vi você tinha só um mês.
- Ah, era dela que você estava falando? – perguntou e levou um empurrão discreto de Gabriel – Muito prazer! – disse sorridente.
- O que está fazendo aqui, Gabriel? Não vejo você há mais de 10 anos!
- Presente de aniversário da Clara, ela queria conhecer Paris.
- E está gostando da cidade? – perguntou a menina.
- Muito! Quero me mudar pra cá! – respondeu animada e eles riram – Posso ver o resto desse andar do museu? Prometo não aprontar nada e voltar em meia hora!
- Ok, pode ir. Meia hora, ou não vai dar tempo de fazer todo aquele roteiro que você exigiu.
- Sim senhor! – Clara bateu continência para ele e saiu correndo para fora do café, sumindo pelo longo corredor do Louvre.
- O que tem feito? Soube pela Manu que você se formou em jornalismo e estava trabalhando em uma revista? – Mad falou quando se sentaram à mesa.
- Sim, trabalho como fotógrafo pra Rio Samba e Carnaval e tenho um estúdio fotográfico, mas meu trabalho de verdade é como redator de esportes para um jornal e um canal de TV lá do Brasil. E você? Manu também me contou que se formou com a Marie.
- Nos formamos e um ano depois abrimos uma galeria de arte, a Boumont&Lafôret
- Que ótimo Mad! Quero conhecer a galeria antes de ir embora.
- É aqui pertinho, quase do outro lado da rua. Tem sido ótimo, mas dá muito trabalho. Revezar-me entre a galeria e o Evan não é uma tarefa fácil!
- Evan?
- Evan é meu filho, ele tem 2 anos.
- Não sabia que tinha casado – ele automaticamente olhou para a mão dela, mas não havia sinal de aliança.
- Nunca me casei. O pai do Evan correu quando soube que estava grávida. Somos só nós dois.
- Sinto muito.
- Não sinta, foi o melhor. Nunca daríamos certo. E ele foi, mas deixou a coisa mais preciosa da minha vida – disse sorrindo e o encarou – Não achei que fosse rever você algum dia.
- Também não imaginei que fossemos nos reencontrar, ainda mais por acaso.
- Ficam até quando na cidade?
- Voamos amanhã à noite para Londres. Só tirei uma semana de férias por aqui, vou trabalhar na cobertura das Olimpíadas e Clara vai comigo.
- Então precisamos marcar alguma coisa para hoje. O pessoal vai querer ver você! Não pode sair de Paris sem rever os velhos amigos.

Antes mesmo que ele pudesse se manifestar, Madeline já estava ligando para Marie e marcando um jantar na casa dela. Segundo ela, em casa era melhor por causa das crianças. Ficam todas muito bagunceiras quando estão juntas. Depois de alguns telefonemas para o resto do pessoal, o jantar ficara marcado para as 20hs. Ele não esperava que a viagem de volta à Paris fosse terminar em um reencontro com a antiga turma, mas já estava animado para rever os velhos amigos.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Junho de 2011

Eu estava sentindo uma tremenda dor de cabeça e meu corpo estava começando a doer. Sabia que estava ficando resfriada, mas isso não me impediria de ir ate a escola de Julian, ouvir reclamações sobre o comportamento de meu filho, ainda mais que isso me possibilitou me livrar dos preparativos do casamento.
Fui ao Ministério e requisitei uma chave de portal, para a escola de Magia de Howarts, e cheguei perto do horário marcado. Um homem enorme, que pelas descrições de Julian, reconheci como sendo o professor de TCM e guarda-caças, Hagrid, estava me esperando.
- Olá, a diretora McGonnagal está me esperando...- cumprimentei.
- Sim, eu sei senhorita, e já, já vou levá-la ao castelo. É que tenho que esperar mais uma pessoa. Veja bem na hora. - e ouvimos um leve farfalhar na grama. Olhei para saber quem era o outro convidado, e era quem eu menos esperava. O meio gigante abriu um sorriso enorme, enquanto cumprimentava o recém chegado.
- Já estava ficando preocupado Tyrone. Você demorou.
- Olá para você também Rúbeo. Olá Rory.
- A diretora o chamou também? - perguntei curiosa.
- Eu estava em Londres, quando a coruja dela informando sobre nosso filho, me alcançou. Respondi que viria até aqui, não sabia que ela a havia chamado também. Então Hagrid, meu filho e minha irmã, já soltaram todos os seus bichos este ano? Mamãe me contou sobre os testrálios fujões. - Ty perguntou ao gigante e o homenzarrão gargalhou:
- Ah eles não negam o sangue, sua mãe fugiu algumas vezes para a Floresta com os amigos....Até o pequeno Rupie, fez das suas este ano, quando socou os grifinórios com o Ju... São crianças, não fazem por mal e eu vou vigiá-los mais. - ele disse ao ver meu olhar se estreitar.
Ele nos levou calado para o castelo, e se despediu de nós após confirmar sua presença no casamento. Antes de sair, Ty o chamou e tirou de dentro das vestes um garrafão de cinco litros, com wiscky escocês e o deu ao meio gigante dizendo que era para fins medicinais, e até eu sorri da cara feliz do homenzarrão.
Encontramos a diretora McGonnagal na porta e ela nos levou ate seu escritório. Após conversamos com a diretora, fomos dispensados. Caminhávamos lado a lado, ele comentava que já estava tudo pronto para nosso casamento, que ele havia pedido uma semana de férias do time, e eu dizia que havia pedido o mesmo no jornal. Após descermos a estradinha do castelo, chegando em Hogsmeade, comecei a sentir tontura. Parei de repente, sentindo uma dor no peito e ele me olhou sério:
- O que você tem? Está pálida. - e ele automaticamente colocou a mão na minha testa, e senti um arrepio.
- Estou resfriada, é só isso. - olhei o relógio para ver a hora para a chave de portal e Ty segurou minha mão.
- Você está queimando de febre alta, não pode ir sozinha, pode se perder quando fo usar a rede de Flú. Vou com você. - segurou meu braço.
- Deixe-me Ty, não precisa fingir que se importa comigo. - puxei meu braço bruscamente e quase caí, e ele me segurou, me puxando para perto dele.
- Vou levá-la em casa, e você pode tomar alguma coisa para melhorar. - e as palavras dele foram ficando longe, que não percebi quando meus olhos se fecharam.
Sonhei que estava no meio de labaredas de fogo, algumas vezes uma mão me era estendida e alguns goles de água me eram oferecidos, mas o fogo continuava me queimando...
Senti ondas de água fria descerem pelo meu corpo. Que alívio...Logo a escuridão me encobria novamente.
Acordei algum tempo depois, com um pano úmido sendo passado no meu rosto. Abri os olhos e era Ty cuidando de mim. Tentei me levantar, mas senti tudo girando ao meu redor, e cai na cama novamente gemendo com os olhos fechados. A sensação de náusea era forte, e minha garganta pegava fogo.
- Você precisa ir devagar, não pode levantar rápido ainda.
- Onde estamos?
- Estamos em minha casa em Londres. Achei melhor trazê-la para cá, você desmaiou no meio de Hogsmeade.
- Por quanto tempo fiquei desmaiada? - e ate falar era difícil. O enjôo estava aumentando.
- Estamos aqui há oito horas. Quando chegamos, chamei Ethan, e ele esteve aqui te examinando e deixou remédios. Avisei aos seus irmãos que você estava comigo.
Nesta hora notei que eu estava usando uma camiseta grande, no lugar de minhas roupas.
- Minhas roupas...Você tirou todas as minhas roupas? - disse indignada. E ele respondeu:
- Achei que era o melhor considerando que eu precisei te dar banho algumas vezes para baixar sua febre. E não tinha nada aí que eu já não tivesse visto, fica tranqüila. - me irritei.
- Que direito você tinha de...- não completei, pois a náusea me ficar verde, inclinei-me para o lado, e do nada surgiu um balde, que eu mentalmente agradeci.
Ele segurava minha cabeça, afastando meu cabelo do rosto, e impedia que eu caísse da cama. Eu sabia que se Merlim, queria me punir, ele estava conseguindo. Nunca me senti tão humilhada, na minha vida.
Depois de tudo, Ty acenou a varinha e limpou tudo, me deu um copo com água com um gosto amargo, quando fiz careta recusando, ele disse:
- Beba tudo e devagar, você ainda tem algumas horas ruins, segundo Ethan.
- O que eu tenho?- gemi e ele se aproximou mais.
- Você está com uma virose, vai durar umas 48 horas, depois você ficará bem, não era apenas um resfriado como você supunha. Seu organismo nunca foi muito bom em combater resfriado. - e antes que eu dissesse mais alguma coisa a náusea voltou forte e tudo o que eu queria era morrer de uma vez, o que mais podia me acontecer? Após 48 horas, eu consegui acordar sem sentir minha cabeça explodindo e implorando por um balde. Quando abri os olhos vi que Ty estava deitado do meu lado, virado para mim e dormindo. Passei alguns segundos olhando-o de cima a baixo e devo ter me distraído, pois quando olhei para o rosto dele, o peguei de olhos abertos me encarando, ele tinha a barba por fazer.
- Oi. - eu disse e ele não falou nada, apenas colocou a mão na minha testa e disse:
- A febre passou por completo. Acho que você está curada. - e saiu rápido da cama, se espreguiçou dizendo:
- Desculpe ter deitado ai do seu lado, mas antes que ache que eu me aproveitei de você, eu explico: já não agüentava mais dormir na cadeira, e a cama é grande. Está com fome? Eu estou faminto. - antes que eu respondesse, ele saiu do quarto, como eu estava melhor, consegui me levantar sem ficar tonta, e consegui tomar banho sozinha, encontrei minhas roupas limpas e passadas na cômoda. Depois que me aprontei, fui para a cozinha e ele já estava de banho tomado, e mexendo uma frigideira de ovos mexidos e legumes.
- Sente-se e coma. Fiz o bastante para nós dois. Tem café na cafeteira. - peguei uma xícara e comecei a tomar, e comentei quando senti o cheiro da comida, que estava muito bom.
- Porque você cuidou de mim, quando está claro que não me suporta. - ele colocou na minha frente um prato tão cheio que eu não sentiria fome por uma semana antes de responder:
- Você é minha noiva e mãe do meu filho. Tenho obrigações com você. E acho que você não está muito forte para fazer deduções infundadas, a esta hora da manhã. Coma!- e meu estômago roncou alto, e comecei a comer, e depois de algum tempo em silêncio comentei:
- Com quem você aprendeu a cozinhar? Isso está muito bom. - comentei quando me senti satisfeita e me recostei na parede, tomando o meu café. Eu estava sentada embaixo de uma janela na cozinha, e ele na minha frente.
- Aprendi com meu pai e tio Sergei. Minha mãe conseguia queimar sopa quando ia para a cozinha, então tínhamos que nos virar. - ele riu e eu também, mas logo ficamos sérios.
- Nosso relacionamento não é de verdade, então você não tem esta obrigação. E sei que você me odeia por causa da minha mãe...- disse antes de segurar minha língua. Ele havia acabado de comer e me observava, então disse enquanto levantava:
- Odiei você por um tempo, agora não odeio mais. Não tem sentido, e eu não me prendo a coisas sem sentido. - disse Ty se aproximando devagar.
Meu rosto começou a esquentar, enquanto eu me movia instintivamente ficando de frente para ele, o encarando. Ele se inclinou para frente, estendendo um braço por detrás de mim, e seus lábios ficaram a poucos milímetros dos meus. Eu quase gemi ao sentir o fôlego dele sobre seu rosto, e baixei a vista para a boca dele seguindo seu contorno. O meu coração estava acelerado, parecia que eu ia ficar sem ar e, durante um instante, notei que ele soltou todo o peso do tórax dele contra meu corpo.
Abri muito os olhos e os elevei até encontrar os olhos dele. Ficamos presos nos olhos um do outro e... Ty se afastou.
Na mão que tinha passado por detrás de mim, tinha uma folha murcha, e a expressão em seu rosto era estranha.
- Só queria tirar a folha seca, agora a planta ficará mais bonita. - disse, se desculpando. Claro que ele havia percebido como eu estava alterada. Ficamos nos encarando e ele tomou fôlego para começar a falar quando ouvimos a porta bater. Escutei barulho de água e algum tempo depois Ethan entrava na cozinha e logo que me viu, sorriu:
-E ai Rory? Como você está hoje?- e já foi pegando no meu pulso e olhando meus olhos, mandou abrir a boca, apalpou meu pescoço, mandou me respirar fundo, enquanto encostava a cabeça nas minhas costas, me soltou e disse:
- Os pulmões estão limpos, e segundo o relatório do Ty de madrugada, você não teve mais febre. Bom sinal. Quero que tome muito líquidos, coma mais frutas, enfim alimente-se bem. - ele disse de forma profissional, todo sério. Era difícil de acreditar que ele só tinha 20 e poucos anos.
- Obrigado doutor, quanto devo? - respondi sorrindo e ele me devolveu:
- Eu ia sugerir que você se casasse comigo, mas como o meu irmão trasgo chegou antes, faça-o feliz, já vai estar bom para mim. Até o casamento. - ele pegou a panela com o que sobrou dos ovos mexidos, um copo de suco e saiu da cozinha.Depois disso nos limitamos a falar o necessário.
Ty e eu fomos para o Ministério, eu pegaria uma chave de portal para minha casa no Texas, enquanto ele iria para a sede dos Abutres de Vratsa na Bulgária, e quando nos despedimos, ele me deu um beijo curto nos lábios e eu perguntei:
- Você tem certeza de que quer se casar Ty? Temos tempo de...- e ele me interrompeu:
- É só do que tenho certeza agora Rory.
Deu o horário da minha chave, toquei a espora de cowboy e senti um conhecido puxão no umbigo, enquanto o via me observar partir. Sabia que aquela sensação incômoda, não era apenas pela chave de portal. Era também pelo rumo que minha vida estava tomando.
Das Lembranças de Griffon Fuuma Capter Chronos em junho de 2000.


Muitas coisas aconteciam nos últimos tempos.
Mas em um momento raro da família Chronos, eram coisas boas.
Cadarn e seus seguidores não davam sinal de vida, mas sabíamos que eles apenas aguardavam o momento para atacar novamente. Mas eles teriam muito cuidado, pois os Ministérios do mundo inteiro estavam alertados e todos apoiavam o clã. Não era à toa que agora a Academia de Aurores de Londres teria uma disciplina nova e obrigatória, chamada de “Combate a Vampiros”, sendo uma disciplina ao longo de quase todo o curso para Auror. Eles queriam treinar os novos, e antigos alunos também, em táticas para enfrentar vampiros, pois sabiam que isso seria extremamente importante, além de aumentar a ligação entre humanos e vampiros. Mas não poderiam contratar um vampiro, uma vez que, obviamente, não teriam como dar aula durante o dia...Então convidaram papai, mas papai recusou, dizendo que já estava muito ocupado com o clã em si. Então ele indicou o Seth! E a partir do próximo período, o Seth é o instrutor mais novo da Academia! Eu quero muito ver a cara dos alunos quando derem de cara com alguém da mesma idade que eles! Detalhe alguém que deve conseguir fazer eles morrerem de medo! Vai ser hilário e eu PRECISO ver isso!
Enquanto isso, eu estaria começando meu estágio no St. Mungus, treinando para ser curandeiro, seguindo os passos de minha mãe, já que tanto eu quanto Seth já possuímos título de Aurores desde os 12 anos... E tenho certeza que tratarei de muitos alunos mandados para o hospital pelo Seth, pois se ele já pegou pesado com nossos amigos e com a namorada, com os alunos ele vai tortura-los! Tenho pena do Wes, apesar de que ele já está acostumado com o Seth e deve se dar bem.
Nossas princesinhas, Gaia e Artemis cresciam maravilhosamente, passando muito tempo com Tia Alex no Rancho, além da Tia Millie, que depois que fez as pazes conosco, tornou-se extremamente ligada às crianças. E a notícia mais interessante de todas: teríamos casamentos na família Chronos!
Tia Celas e Isaac estavam noivos, com casamento marcado para dentro de alguns meses, e Gaia não via a hora de ganhar um pai de verdade. Tio Isaac, como eu o chamava agora, deixando-o sem graça, adorava a enteada e se divertia muito com ela enquanto não estava cuidando da segurança de Durmstrang. Outro casamento que ocorreria em breve seria o de Seth e Luna, pois meu irmão aguardava apenas a formatura para pedi-la em casamento! Isso já era algo de se esperar, acho até que demorou...Bem depois dele comprar uma casa para os dois, só falta oficializar mesmo!
E obviamente, aquilo que mais me interessava. Faltavam agora apenas alguns dias para a formatura e eu contava nos dedos os dias, riscando-os mentalmente. Ela não fugiria mais de mim, eu tinha certeza disso e sabia que ela também contava os dias. Eu participei da decoração para a festa, que seria no estilo anos 80, ajudando a confeccionar e enfeitiçar os vários quadrados pretos e brancos, as bolas multicoloridas e cheias de brilho e os globos brilhantes de luz. Ela também era a responsável pela decoração então passamos as últimas horas antes da formatura praticamente juntos, organizando tudo nos últimos detalhes. Nossos olhares se cruzavam a todo momento, porém em todos eles eu os desviava rapidamente, mantendo a “distância aluno-professor”, como ela havia pedido, porém eu podia ver um brilho diferente em seus lindos olhos cinzentos.
No dia da formatura eu não participei da última reunião da decoração, alegando que Isaac me chamara para uma reunião, e eu pedi para ele confirmar a história. Pois estava preparando uma surpresa para ela. Ty achou minha idéia excelente e me ajudou, me entregando a chave da casa que ele alugara ao pensar que se casaria com a Savannah, mas após desmascarar toda a mentira, a casa passou a ser uma espécie de refúgio para todos que quisessem, digamos mais privacidade. Achei que ele brigaria comigo por estar planejando esse tipo de coisa com a irmã dele, e de fato ele fingiu ficar furioso comigo, mas falou que ela iria adorar, ainda mais quando contei minha idéia. Assim, eu passei a manhã arrumando a casa, enfeitando-a e decorando-a com os temas da surpresa, e na hora do almoço, já estava tudo pronto. Emily decididamente não fugiria mais de mim... Lobão, Seth e Micah diziam que a primeira coisa que eu faria ao pegar diploma seria correr para beijá-la. E não duvido que eu o faça! Uma vez que já não serei mais aluno dela.

Gina, Milla e por fim, Ty, foram os oradores de Hogwarts, Durmstrang e Beauxbatons, e todos os três fizeram excelentes discursos, falando sobre as novas amizades e o futuro de todos. Eles emocionaram a todos, falando de forma muito bela e inteligente. Até mesmo o Ty falou coisas bonitas, o que me fez ficar surpreso, pois esperava algum tipo de brincadeira, principalmente depois que ele rasgou o discurso!
- Griffon Fuuma Capter Chronos. – Ivanovich chamou meu nome e levantei alegre, jogando os braços pro alto, arrancando gargalhadas de meus amigos e do público. Ivanovich entregou o meu diploma e apertou minha mão alegremente, dando-me os parabéns, enquanto se preparava para chamar meu irmão, enquanto eu falava com os demais diretores. Puxei Maxime para um forte abraço, deixando a diretora sem graça, porém retribuindo o abraço. Eu me virei para ver meu irmão subindo até o palco e o aguardei, enquanto olhava o restante do pessoal. Meus olhos cruzaram-se com os de Emily, e pisquei para ela, sabendo que ela entenderia o recado, enquanto dirigia um pensamento para ela.
- Posso pular e te beijar agora? – Perguntei mentalmente.
Eu a vi rindo, porém ela olhou para Seth, que já ficava de pé e eu ri junto, doido para pular do palco agora mesmo, mas essa noite ainda teria mais surpresas.
- Seth Kamui Capter Chronos. – Ivanovich chamou meu irmão e ele encaminhou-se calmamente até Ivanovich que o cumprimentou com energia, dando-lhe os parabéns também. Em seguida, ele abraçou Minerva com alegria, deixando a velha Mimi sem graça, olhando pra mim logo depois. Nós sorrimos juntos e beijamos a bochecha das duas diretoras, que nos empurraram chocadas, mas rindo. Nossos amigos caíram na gargalhada e bateram palmas alegres, enquanto nós dois íamos até o meio do palco e fazíamos uma reverência. Vi meus pais rindo muito, principalmente da Minerva que estava vermelha como um tomate e dirigia olhares assassinos para nós dois.
- Senhoras e senhores, a classe de 2000! – Ivanovich enunciou após entregar o diploma de Georgia. Todos os alunos levantaram-se e todos juntos jogamos nossos chapéus de bruxos para o alto, criando uma nuvem de vermelho, preto e azul, enquanto gritávamos pela formatura.

Nossos familiares queriam nos dar os parabéns, mas também sabiam que queríamos trocar de roupa para a festa, então cada aluno dirigiu-se a um camarim com seu nome, onde as roupas e acessórios já estavam prontos. Em homenagem a Beauxbatons, eu vesti um terno de um azul brilhante, praticamente ofuscante, com direito inclusive a brilho e purpurina. Seth, acho que decidiu destruir a imagem de calmo e sereno dele, vestiu-se com um terno vermelho berrante, e qualquer um, o via de longe, um ponto vermelho intenso no meio de tantas cores multicoloridas. Luna fazia par com ele, com um vestido rosa-choque ao estilo Madonna. Ty vestiu-se de Prince e Micah de Michael Jackson, e os demais não trocaram as roupas extremamente coloridas e berrantes, apesar de nos perguntarmos como eles tinham coragem de usar isso no passado! Juro que imaginei papai usando um daqueles e tive uma crise de risos enorme!
As famílias minha, do Ty, de Gabriel e de Mi sentaram-se juntas na mesma mesa e conversávamos animadamente, dando os parabéns uns aos outros. Meus olhos sempre procuravam Emily, e eu via que ela apenas aguardava minha iniciativa, porém eu me segurava, pois queria fazer tudo direito. Ela veio falar conosco quando estávamos todos juntos na mesa e me aproximei dela, querendo chamá-la para dançar. Mas nesse momento o Diretor Ivanovich anunciou a banda de abertura e acabei não conseguindo falar com ela, minha atenção arrastada para o palco, uma vez que a banda de abertura era nada mais nada menos do que a banda da Jolie! O show foi excelente e logo em seguida começou o show dos Duendeiros, que iniciaram com uma música bem agitada, mas depois de algum tempo colocaram uma balada mais calma e eu me dirigi para a mesa dos professores, onde Emily estava conversando com a professora Alexandra, mãe do Reno, porém ela parou de falar assim que cheguei perto e pude sentir a mudança de sua fisionomia.
- Com licença professora Kollontai, digo Flamel, poderia falar com a Professora McGregor? – Perguntei sorrindo. A professora Alexandra sorriu e disse que sim, virando-se para conversar com o Vice-diretor Klasnic. Houve um silêncio estranho entre nós, como se não soubéssemos o que falar ou fazer, nossos corações disparados.
- Professora McGregor, notei que vários professores estão dançando junto dos alunos, se importaria de dançar comigo esta música? – Perguntei, enquanto dava o braço para ela. Notei a mudança de seu humor por chamá-la pelo sobrenome, mas ela era orgulhosa e me olhou nos olhos antes de responder.
- Claro, Chronos. – Ela devolveu no mesmo tom, dirigindo um olhar carrancudo, enquanto levantava-se com minha ajuda e íamos para a pista de dança ao som de uma bela balada dos Duendeiros.

Remember those walls I built
Well, baby they're tumbling down
And they didn't even put up a fight
They didn't even make up a sound

I found a way to let you in
But I never really had a doubt
Standing in the light of your halo
I got my angel now


De início ficamos meio afastados enquanto dançávamos, ela magoada pelo modo como a tratei friamente, chamando-a de Professora, enquanto eu queria deixar claro que fazia o que ela me pedira tantas vezes, ou seja, manter a distância professor-aluno. Mas não agüentamos mais a distância e os dois se aproximaram juntos. Ela ainda tentou desviar os olhos, mas eu a puxei mais perto.
Eu mal podia acreditar no que estava acontecendo, finalmente a tinha em meus braços, dançando comigo, sem nos preocuparmos com nada nem ninguém. Nós dançamos lentamente, enquanto sentíamos finalmente nossos corpos juntos, movendo-nos como um só. Eu dançava abraçado a ela, meu rosto perto de seus cabelos loiros, sentindo seu perfume, agradecido por finalmente tê-la ali comigo. Ela dançava com o rosto próximo de meu pescoço, sentindo meu perfume também. Não falávamos nada, talvez com medo de quebrar o momento, e apenas nos olhávamos profundamente, olhos verdes ligados a olhos cinzentos.
- Eu esperei muito por esse momento, Griff. – Ela conseguiu falar, fazendo meu coração disparar.
- Eu também, Emily, sonhei com ele em cada dia desde que conheci você. – Eu falei sentindo-a apertando minha mão com mais força. Nossos olhos estavam fixos um no outro novamente, e nossas cabeças começaram a inclinar uma na direção da outra.
- Ei pombinhos, o fotógrafo está chamando! – Ty falou, pulando entre nós dois, junto de Gabriel e Seth, nos fazendo pular assustados. Eu quase matei os três naquele exato momento, e eles riram, puxando-me pelo braço, enquanto Emily segurava minha outra mão por mais um tempo, sorrindo para mim.
A turma inteira de formandos foi reunida na frente do palco para uma foto da turma, e todos nos divertimos posando para a foto, enquanto eu sentia o olhar de Emily em mim e eu sorria radiante para a foto. Assim que foi tirada a foto, Ty me empurrou de volta para Emily, antes de voltar a abraçar Jolie.
- Você se importa se sairmos um pouco? – Perguntei sem graça.
- Também acho melhor, estamos na frente de todos. – Ela respondeu.
- Esqueci que você não quer que os outros saibam. – Falei revirando os olhos, deixando uma ponta de sarcasmo na voz. – Não sou mais seu aluno.
- Ainda estamos na escola. – Ela falou desafiadoramente, uma vez que eu me aproximara dela, porém ela não se afastara.
- Já sou formado, cara Professora McGregor, recebi o diploma hoje. – Falei enquanto a puxava para um abraço, e beijava seu pescoço rapidamente. Pude senti-la prendendo a respiração, mas me afastou e fuzilou-me com os olhos.
- Como ousa! – Ela falou, irritada.
- Você gostou, não gostou? – Eu falei com um sorriso nos lábios, enquanto ela me ignorava e saía pela porta.
Eu fui atrás dela, sabendo que com dois passos eu a pegaria, mas a deixei andar até o meio do caminho até a Avalon, até que me aproximei, a puxei e a beijei. No começo ela relutou, mas aos poucos foi retribuindo o beijo, que foi longo e cheio de ternura e carinho, o melhor beijo de minha vida. Seus dedos enrolavam-se em meus cabelos, puxando meus lábios para os dela, enquanto eu a segurava pela cintura, com medo dela se afastar de mim. Após um tempo que pareceu anos, nós nos separamos por alguns instantes para voltarmos a nos beijar, e enfim encostamos a testa um no outro.
- Não sabe como foi difícil não fazer isso antes. – Eu falei, derrotado.
- Eu sei. Foi muito difícil não te beijar quando vi você subindo no palco, fiquei muito feliz por você. Está lindo com esse terno azul. – Ela falou, a mão em meu peito.
- Me perdoe por ter sido frio e ter te tratado como qualquer outra professora, você é tudo menos qualquer outra professora.
- Eu fiquei muito irritada.
- Mas foi você que me pediu isso, lembra-se?
- Não pensei que você faria algo do tipo. – Ela falou rindo e o som de seu riso me fez beija-la novamente.
- Tive que me segurar para não pular do palco assim que peguei o diploma. – Comentei após nos beijarmos.
- Se você faz isso eu teria cometido o primeiro assassinato de formando da história! – Ela falou, os olhos desafiadores e diretos.
- Eu morreria feliz então. Mas queria que tudo fosse lindo também. Afinal, é uma noite especial.
- Sim, você está formado. Finalmente. – Ela falou, deixando no ar a última palavra, enquanto seus olhos encaravam os meus com um brilho intenso.
- Sim, finalmente. E finalmente posso fazer isto. – Falei enquanto a beijava novamente, minha mão passando pelas suas costas, puxando-a para mim em um beijo longo e delicioso. Nos beijamos por um longo tempo, esquecendo de tudo ao redor, até que paramos novamente, os dois sem fôlego. – Vem comigo.
- Irei onde você me levar, Griffon. – Ela falou, enquanto sorria e de mãos dadas corremos pelo caminho das Repúblicas. Eu a guiava para fora da escola, para perto do vilarejo vizinho.
Fomos para a casa do Ty. Eu a preparara especialmente para aquela noite. Emily sabia o que pretendia, e com certa satisfação eu via que ela queria o mesmo que eu. Assim que chegamos na casa, eu abri a porta e a deixei aberta para ela, que entrou sorrindo.
Imediatamente dezenas de velas acenderam-se ao mesmo tempo, revelando um cômodo amplo. As paredes eram brancas, com detalhes em azul, como se fossem nuvens, e nos cantos do cômodo havia colunas gregas, e entre elas estavam penduradas cortinas de seda de cores claras. No chão havia um conjunto de várias almofadas coloridas, arrumadas como uma cama e próximo a elas havia uma garrafa de champagne no gelo, com duas taças de cristal. Estátuas greco-romanas e vasos com flores brancas enfeitavam o resto da sala, enquanto as velas flutuavam pelo cômodo, dando uma atmosfera aconchegante. Ao fundo ouvia-se o som de uma harpa, misturado ao som de água e campo.
Emily soltou uma exclamação ao ver tudo aquilo e vi que havia lágrimas em seus olhos ao reconhecer o motivo da sala estar daquele jeito. Ela girou em torno de si própria captando cada detalhe da decoração com um sorriso nos lábios. Eu sorria também e deixei que ela absorvesse todos os detalhes, para depois abraça-la por trás, beijando sua bochecha enquanto ela deitava a cabeça em meu ombro.
- Eu decorei a sala nos motivos do nosso primeiro encontro: uma aula de Mitologia Greco-Romana. – Eu falei rindo, e ela riu também, aconchegando-se mais em meu abraço.
- É lindo, Griffon, é lindo! – Ela falou, com emoção nos olhos e na voz.
- Você é linda, Emily, e isso tudo é para você. Tudo isso é especial, porque você é a pessoa mais especial da minha vida. – Eu falei, sentindo-a apertar com mais força minha mão. Ela virou-se para mim, e ficamos um de frente pro outro, sorrindo. – Eu sei que minha vida está começando agora, não vivi as coisas que você já viveu, porém já passei por coisas que você só ouviu falar, então estamos em pé de igualdade. Alguns problemas irão cruzar o nosso caminho, mas isso não me impede de ter certeza sobre os meus sentimentos e não tenho vergonha deles: Eu amo você Emily. - aguardei ansioso enquanto observava os olhos dela tão brilhantes. Ela sorriu e disse:
- Eu amo você, Griffon.
Nós levantamos nossas mãos e as unimos no ar, entrelaçando nossos dedos, e nos aproximamos devagar, sem tirar os olhos um do outro. Nós nos beijamos então com ternura e sabíamos que aquela era uma noite mágica, a noite em que nossas almas estavam destinadas a unirem-se. Mesmo que no dia seguinte, nos separássemos, valeria a pena, só pela noite que teríamos, nossa primeira noite onde não haveria a barreira aluno e professora.
Ainda nos beijando, eu a peguei no colo e a levei até as almofadas, depositando-a com cuidado entre elas. Ela sorriu para mim quando me sentei ao seu lado, acariciando meu rosto com delicadeza, enquanto eu acariciava o seu. Ela me puxou para um outro beijo, e não consegui evitar de sussurrar seu nome em meio ao beijo, o mesmo acontecendo com ela. Emily desabotoou meu terno, e eu soltei seu vestido e então fomos um só pela primeira vez em nossas vidas. A noite mais feliz que tivemos até então. A primeira de muitas.

It's like I've been awakened
Every rule I had you breaking
It's the risk that I'm taking
I ain't never gonna shut you out

Everywhere I'm looking now
I'm surrounded by your embrace
Baby I can see your halo
You know you're my saving Grace


Por Emily Mcgregor

Mesmo com a diferença de idade entre eles, havia algo nele que a encantava e assustava ao mesmo tempo. Havia força e poder, porém mais forte que tudo, era o amor que ela sentia irradiando dele.
Entrelaçou seus dedos nos dele, palma contra palma, enquanto seus lábios se encontravam uma vez mais, não havia palavras quando seu corpo flutuava com tanta liberdade. E quando Griffon murmurou rouco o seu nome, a apertando mais junto ao corpo como se fosse absorvê-la, seu amor por ele a consumiu por completo.
- Griffon...- ela sussurrou seu nome enquanto sentia ondas de calor, vento e luz em seu corpo, antes de se tornarem uma só alma.

N.A.: trechos da música Halo, Beyoncé.
N.A.: texto idealizado cm a ajuda da And.

domingo, 12 de julho de 2009

Junho de 2011
Algumas das memórias de Rory Montpellier


Durante o feriado de Páscoa no rancho Warrick.

Após ser apresentada para todas aquelas pessoas como noiva do Ty, ele continuou a transitar entre as pessoas e eu após conversar trivialidades com sua maioria, comecei a observá-los, alguém poderia dizer que isso era falta de educação, se eu não sentisse que eles faziam o mesmo, principalmente após conversar com Alexandra e dançar com Ty.
A voz de Edward tinha alguma coisa muito relaxante e ao final da música, Ty agradeceu educadamente e me deixou sozinha, indo conversar com os Chronos. Como jornalista, aprendi leitura labial, para facilitar meu trabalho em entrevistas coletivas, quando eu não estava perto do entrevistado, então percebi que eles falavam numa língua diferente e fiquei curiosa com o que eles poderiam estar discutindo, pois era um idioma que eu claramente não conhecia, então comecei a ouvir as outras conversas ao meu redor. Eu tinha uma ótima audição, então aqui e ali, captava conversas sussurradas, em variados sotaques.
- Se Ty quer o menino, compartilhe a guarda, mas não precisa casar. Ainda mais com ela...
- O garoto não pode ficar sem a mãe, e Ty está sozinho há muito tempo....Ele ficou arrasado quando Jolie morreu...
- Ela era mais solta quando namorava com ele, agora ela está tão... Mudada.
- Ty sempre gostou de loiras...
-...(risada masculina)... Ele sempre gostou de mulher, a cor dos cabelos, é um pequeno detalhe...
- Espero que as crianças não se magoem se isso der errado...


Eu ouvia tudo aquilo, e pensava em como eles tinham razão em muitas coisas. Sentia vontade de pegar meu filho e ir embora dali, mas quando eu olhava Julian tão integrado aos amigos e novos primos, e percebia todo o carinho das pessoas para meu filho, eu pensava em como poderia tirar isso dele mais uma vez?
Eu estava distraída com meus pensamentos, quando vi duas garotinhas iguais, com cabelos castanhos e mechas douradas, virem correndo em minha direção, e vi sua mãe vindo atrás delas aflita, abri os braços, me fingindo de estátua e disse:
- Peguei!- e as garotinhas me agarraram e se escondiam da mãe, dando gargalhadas. A mãe delas se aproximou rápido e disse:
- Desculpe, Violet e Valerie quando vêm para o rancho ficam enlouquecidas. Meninas, vocês estão amassando toda a roupa da moça. Olá, sou Annia. - me esticou a mão que segurei rápido, quando as meninas me soltaram bruscamente e fugiram de uma dupla que devia ter a mesma idade delas, que eu reconheci como sendo os filhos de Emily, Luky e Bella, os quatro correram para os lados de Ty, e trombaram com ele, que tinha um copo de bebida na mão, e derramou em suas roupas, mas ele as abraçou, fazendo-as rir com cócegas, Griff tirou dos bolsos das vestes umas coisas verde ácido, e pelo que me lembrava de Griffon em Beauxbatons, deviam ser Gemialidades e deu a elas que após beijá-lo, saíram correndo.
Eu já havia ficado pasma em ver Ty tocando bateria, nunca soube que ele tocasse algum instrumento, e agora toda esta demonstração de carinho com as crianças, e as pessoas pareciam formar uma bolha ao redor dele, dava para sentir que todos se gostavam. Annia, que me observava, disse:
- Ty é maluco pelas crianças, ele é o padrinho de vários que estão aqui e eles o adoram. - antes que ele tirasse a varinha para secar a roupa, seu irmão Ethan jogou-lhe uma camiseta e ele se trocou ali, na frente de todos. Minha boca ficou seca, ao vê-lo ele flexionando os músculos dos braços e costas. Annia riu, chamando minha atenção e eu fiquei vermelha:
- Imagino que Ty deve estar muito diferente de quando era seu namorado e...
Nesta hora chegaram dois casais,que eram absurdamente lindos, e eles foram recebidos com alegria. Um dos casais, abraçou demoradamente Edward e dava para ver a semelhança entre eles, julguei que fossem seus irmãos. Ty logo puxou Julian e o apresentou a eles, e as mulheres abraçaram meu filho de forma muito carinhosa, notei que meu garoto as olhava de olhos arregalados. E os homens davam tapas orgulhosos nas costas do Ty.
Esperei que Ty olhasse para mim e me chamasse, mas ele não o fez. Novamente senti a rejeição, e disfarcei erguendo mais o queixo. Logo o grupo se envolvia em conversas no idioma diferente de antes. Annia, notando minha curiosidade, foi quem me esclareceu sobre quem eram aquelas pessoas.
- Eles estão falando em céltico, eu demorei um pouco a aprender a língua. E aqueles são Derfel e sua esposa Cewyn, e o loiro é Caleb e a morena é sua esposa Megan, são os pais de Edward.
- Pais do Edward? Mas eles mal saíram da adolescência. - e ela riu.
- Eles são mais velhos que você imagina, são vampiros. - ela viu o meu choque estampado no rosto e disse:
- Não se preocupe. Somos aliados. Com o tempo você nem vai lembrar disso e sentir que eles sempre estiveram conosco, agem como família,são muito legais. - eu ainda continuava espantada e ela continuou:
- Sei que o casamento de vocês é um tanto inesperado, mas mesmo as decisões precipitadas do Ty ao longo dos anos, se mostraram acertadas, e eu acredito que isso pode dar certo, vocês têm um forte ponto de partida. Não, não me refiro ao filho de vocês, mas ao amor que já sentiram um pelo outro. Seja bem vinda à família. - e saiu atrás das filhas, que estavam ameaçando uma guerra de comida junto aos filhos de Griff e Seth. De repente Ty se lembrou de mim, e caminhou até onde eu estava com as pessoas recém chegadas. E de perto eles eram ainda mais bonitos. Eles foram muito gentis comigo e as mulheres realmente eram incríveis. Não demorou muito e Alex se juntava a nós, e eu pude conhecer um pouco mais este ramo da família.
Após algum tempo, Blade e eu pegamos os garotos e antes de irmos embora, Ty abraçou Julian e disse num tom que não deixava dúvidas:
- Agora estamos juntos e nada nem ninguém vai nos separar.
Enquanto caminhávamos para o ponto onde poderíamos aparatar, senti os olhos dele queimando minhas costas. Eu não poderia me enganar: ele me odiava.
Quando voltei para casa, contei aos meus irmãos o que havia acontecido e pensei que eles fossem achar a idéia do Ty maluca, e ate rechaçá-la, mas agiram de forma inesperada, e aprovaram o casamento, apoiados por Jaeda, quando conversei com Brian, ele ficou chateado, mas esperava que eu estivesse fazendo a coisa certa, e esta era uma pergunta que me perseguiria, constantemente.
Naquela noite sonhei com ele...e até senti o beijo dele, tão igual há 12 anos atrás, devia ser o stress, pois minha imaginação estava me fazendo achar que aquelas sensações eram reais.


Depois que Julian voltou para a escola, não soube mais do Ty. Eu poderia até dizer, que sonhei tudo o que havia acontecido no feriado de Páscoa, não fosse a presença constante da mãe dele, toda animada cuidando dos preparativos do casamento junto com a prima dele, Mary e a outra chamada Beatrice, que era assessora de imprensa dos Abutres de Vratsa e se licenciou para ajudar nos preparativos. Beatrice se esforçava ao máximo para ser simpática comigo, mas eu percebia a falsidade e ela também percebia que eu não gostava dela. Mas como Ty ‘gentilmente’ me lembrou que nosso acordo duraria um ano, eu sabia que poderia suportar.
Ele e eu havíamos aparecido algumas vezes em público, para que nosso casamento não fosse questionado e isso viesse a prejudicar a herança de Julian, e ele colocou em minha mão um lindo anel, agia como um noivo apaixonado, segurava minha mão, conversávamos sobre nossos trabalhos, saíamos com pessoas que ele conhecia e mesmo com alguns de seus primos e esposas, e ele me abraçava, e num dia ele me beijou rapidamente nos lábios, meu coração disparou e eu o segurei um pouco a mais junto de mim, mas ele acabou se afastando.
Pelo olhar frio que ele me deu, eu percebi que ele só não limpou a boca porque as pessoas nos olhavam e poderiam perceber a farsa. Dali em diante, ele ficou distante. Quando ele me deixou em casa, eu fiquei na janela olhando-o se distanciar para aparatar, nem uma vez ele olhou para trás e deixei que algumas lágrimas caíssem. Estava sendo mais difícil do que eu imaginava...

It might be hard to be lovers,
but it's harder to be friends

Why don't you look at me here,
til we ain't strangers anymore.


Continua…
 

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