Junho de 2000
O meu ultimo ano da Escola de Magia Texana, estava passando muito depressa, tamanha a quantidade de deveres que era passado aos alunos do sétimo ano, não só pelas matérias normais, quanto pelos professores das matérias opcionais.
Nosso jornal havia ficado encarregado de preparar o livro do ano dos alunos, e todos tinham muita coisa para fazer, e até o pessoal da comissão de formatura foi convocado a ajudar. Então às vezes, enquanto redigíamos uma matéria sobre os eventos esportivos que nossa escola participava, como a vitória no Campeonato Estadual de Basquete, onde Brian foi eleito o melhor jogador em quadra, tivemos que decidir o tema da festa e após várias idéias com sugestões desde o tema cassino, 007, cabaret, star wars, star trek, filmes antigos, optamos por um que seria interessante: os anos 80, já que foi a década em que a maioria de nós nasceu.
Todos os dias colocávamos no jornal fatos, curiosidades, música e moda dos anos 80 tanto trouxas quanto bruxas, para ajudar a compor o visual dos formandos, e era muita coisa bizarra, para dizer o mínimo. Mas todos se empenhavam em fazer o melhor, e por ser nosso último ano junto, brigas foram esquecidas, em torno de um objetivo em comum: fazer da nossa formatura, um evento inesquecível.
Claro, que até lá, só teríamos que sobreviver aos NIEM’S.
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No aniversário de um ano de Julian em março, fizemos uma festinha em meu dormitório mesmo, e os colegas do andar foram convidados a comer o enorme bolo que eu mesma fiz, na cozinha do curso de prendas domésticas, Jaeda e Brian, enfeitiçaram balões coloridos que flutuavam fazendo Julian olhar para eles encantado e eu havia providenciado sanduíches, sorvete e refrigerantes, e todos nós cantamos parabéns ao meu pequeno.
Ele parecia entender que todos estavam ali por ele, demonstrava estar gostando de toda a atenção, dando gritinhos de Upa, enquanto abria os embrulhos coloridos, e quando se cansou abraçou apertado o dinossauro roxo que Angelique deu a ele e adormeceu.
- Já decidiu o que vai fazer depois da formatura Rory?- perguntou meu pai enquanto me ajudava a recolher os pratos.
- Vou ficar aqui, pai. Tenho uma oferta de emprego fixo da WitchTeen, e consegui um estágio no Correio Bruxo, o horário e o salário são bons. E Julian adorou o pessoal da creche.
- Gostaria de ajudar mais na criação do meu neto, se você fosse para Paris, poderia conseguir um estágio no Profeta Diário, tem ótimas recomendações... - ele disse e eu o abracei.
- Você já ajuda, sendo um avô maravilhoso, e Julian, mesmo pequeno sente todo o seu amor. Gosto de trabalhar aqui, pois tenho tranqüilidade de saber que é....
- Seguro? Sua mãe não apareceu mais na fazenda, e poderíamos fazer um esquema de proteção, ela não machucaria o próprio neto, e com a família do pai dele por perto, ela não se atreveria a se aproximar...
- Não posso arriscar, papai. Nem mesmo querendo que Julian cresça perto do avô, quero ficar próxima de meus irmãos. E quanto à família do pai dele... Talvez pertencer à família, agora tão pequeno, seria como pintar um alvo nas costas do Julian, deixe-o crescer um pouco mais. - meu pai se rendeu quando viu meu jeito determinado e mudamos de assunto.
Ficamos conversando e meu pai começou a falar do sucesso que sua plantação de orgânicos fazia e combinamos que ele voltaria para a minha formatura.
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Enquanto almoçávamos, Brian ia comentando animado sobre a bolsa de atleta que ele havia recebido da Universidade do Texas, onde cursaria Educação Física, ele queria ser professor,e ele estava eufórico, já que esta universidade estava entre as dez com as festas mais animadas.
Jaeda havia sido aceita para jornalismo, em Stanford. Ela queria que eu pedisse uma entrevista extraordinária com o reitor para solicitar uma bolsa de admissão, para que estudássemos juntas, já que no mundo bruxo havia poucos cursos de formação superior, mas eu vivia uma outra realidade. Eu já tinha um emprego que me possibilitava criar meu filho, que me tomava quase o dia todo, não passaria as noites longe dele também, apesar de meus irmãos se oferecerem para cuidar dele.
Era o ultimo dia de provas dos NIEMS, e o ritmo foi exaustivo. Após fazermos as provas teóricas no período da manhã, teríamos os testes práticos à tarde, então quando terminamos de comer nos dirigimos para a sala de duelos, onde as provas seriam realizadas.
Um sujeito idoso e bem magricela, nos recebia na porta e ia chamando por ordem alfabética, grupos de quatro alunos para fazer o exame. Cada grupo que saía, nem nos olhava, passava direto, pois não podiam dizer se era uma prova fácil ou não. Quando chegou minha vez, entrei acompanhada de Charlene, Paul e Lisa, que estavam tão tensos quanto eu.
Após a execução de feitiços defensivos e de ataque, o homem nos posicionou em frente a três baús, e de lá nos confrontaríamos com os nossos maiores medos e enfrentá-lo o mais rápido possível. Claro, que sabíamos que enfrentaríamos bichos papões e nos preparamos. Ficamos em fila indiana e um a um os baús foram abertos e meus colegas foram enfrentando seus medos, que iam de basiliscos a serpentes.
O último baú a ser aberto foi o meu. No começo fiquei um pouco confusa pela fumaça que tomou conta da sala, de repente ouvi o choro de um bebê. Não um bebê qualquer, mas o meu bebê e junto com o choro muitos gemidos de dor.
- Julian....Cadê você?- perguntei com medo e adentrei a fumaça com a varinha em riste. Dei mais alguns passos quando vi uma coisa que me deixou paralisada: Ty estava caído no chão, todo cheio de sangue, pedindo socorro e junto dele, Julian chorava. Um comensal apontava a varinha para eles e instintivamente levantei a varinha pronta para estuporá-lo, mas no último instante, me lembrei que se aquele caído no chão fosse o Ty, ele já teria feito aquele comensal engolir alguns dentes por ter feito o filho dele chorar. Sorri e disse em alto e bom som: Riddiculus! e a cena toda se transformou na imagem dos três Patetas levando tortas na cara.
Ao final do exame saímos, e no corredor quando pudemos falar sem sermos ouvidos, Charlene disse:
- Sabe, eu já vi aquele cara, o da sua ilusão. Ele esteve aqui durante um dos jogos do campeonato de quadribol americano, torcia pelos Coyotes. Não o viu não? Porque ele procurou por você. - congelei.
Aquilo havia sido quando eu ainda estava grávida do Julian, e naquele dia Brian havia me beijado no meio do restaurante lotado, onde muitas pessoas viram e acho que Ty foi um deles.
- Não, eu não o encontrei. Obrigada por me contar, é importante para mim. - e ela me olhou quase amistosa, mas logo se recuperou.
- Por nada, eu também gostaria de saber se um bonitão me procurasse, óbvio que eu seria competente o bastante para não deixá-lo escapar. - e me deixou sozinha no corredor.
Era verdade que Ty havia me procurado, agora eu entendia porque ele achou que eu havia seguido em frente. Suspirei cansada. Talvez fosse mesmo a hora de seguir em frente.
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O baile de formatura estava muito animado. As garotas usavam muito brilho, saias fofas, mangas balão, ombreiras, e cores fortes como verde limão, laranja, rosa. Algumas optaram em combinar as roupas punks com os namorados, que usavam os cabelos em estilo moicano, muito coloridos e cheios de gel, alem das roupas pretas. Outras optaram por usar paletós mais femininos com calças de cintura alta, onde o cós terminava no estômago e uma gravatinha fina, de lantejoulas, com cabelos fofos e armados, emolduradas por um excesso de maquiagem.
O show principal seria da banda Os Duendeiros, e todos estavam agitadíssimos dançando as musicas da banda que fazia a abertura para eles. A vocalista se chamava Jolie, e além de cantar bem, era muito animada. Ela usava um vestido rosa choque com luvas, e pulseiras e brincos imitando diamantes, e usava cabelos louros platinados imitando um vídeo clipe da Madonna, e cantava sucessos trouxas da década de 80, intercalando com alguns sucessos bruxos, mantendo a pista de dança sempre cheia.
Eu dancei com vários colegas e Brian entre eles, e ele havia arrumado um terno de cor pastel, e eu usava uma saia balonê azul elétrico com tule preto por baixo, com sapatos de verniz azul, e algumas pulseiras de vidro imitando brilhante, óbvio que um laço de tule preto e azul com pedrinhas brilhantes terminava minha produção.
Numa das pausas do show para que ela trocasse de roupas, eu estava por perto do camarim, quando ela abriu a porta e me chamou:
- Hey você, pode me ajudar?
Entrei no camarim e ela tinha problemas com o zíper do vestido e eu a ajudei, enquanto ela dizia, tirando o vestido e colocando uma roupa mais punk.
- Fico pasma com o que as pessoas usaram na moda, mas até para criatividade tem limite não? - rimos.
- Temos sorte de alguns meninos não encarnarem alguns cantores da época. Não teriam tanta coragem, de usar as trancinhas com fitas coloridas e maquiagem. - comentei.
- Bom, nesta festa aqui o pessoal ate se arrumou legal. Nós vamos cantar na formatura de Durmstrang, e conheço alguns garotos lá, que seriam malucos o bastante para imitar alguns destes cantores. - e automaticamente passei a ela alguns produtos de maquiagem e ela sorriu, enquanto carregava na sombra laranja dourada:
- Desculpa, não perguntei seu nome e você está salvando o show, sou...
- Jolie! Eu sei, porque faço parte do jornal da escola, sou Rory. - ela sorriu.
- Eu vi o material do jornal de vocês pra poder compor o visual, muito bom. Vai seguir carreira no jornal?
- Sim, no Correio Bruxo, além de escrever uma coluna na WitchTeen, sabe que você me deu idéia para uma coluna? Isso se você puder me dar uma ‘entrevista curta’, pode ser?
- Mas tenho que continuar o show, e isso pode demorar...
- Tem razão, então vou falar sobre como é ver os preparativos de uma banda de rock, os backstage de uma apresentação, a loucura dos figurinos...Enfim, as coisas que acontecem quando você está em busca do sucesso.
- Não só do sucesso, mas da felicidade em conseguir chegar no coração das pessoas através da música e saber que isso as deixa felizes também. É por isso que canto. - ela disse enquanto fechava sua bota pesada e comentou:
- Mas hoje é o dia da sua formatura, não tem alguém especial lá fora esperando para dançar com você? Porque não é certo você estar trabalhando hoje.
- Não, meu alguém especial está em casa, e isso não é trabalho, é diversão. Mas você tem razão, hoje é um dia de festa, nada de coisas sérias nesta noite.
Nos despedimos e voltei ao salão a tempo de ser puxada pelo Brian para uma ultima dança, antes do show dos Duendeiros e a música apesar de velha, me dava muita coisa em que pensar, porque mesmo já tendo um filho, só depois de hoje, eu era oficialmente adulta.
May you grow up
To be righteous
May you grow up to be true
May you always know the truth
And see the lights surrounding you
May you always be courageous
Stand up right and be strong
And may you stay
Forever young
Forever young
Forever young
May you stay
Forever young
N.Autora: Forever Young, The Pretenders
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