quarta-feira, 10 de junho de 2009

Depois de um passeio relaxante e descontraído por Nova York, fomos trazidos brutalmente de volta à realidade. Apenas 17 horas separavam a nossa chegada de volta a Durmstrang e o inicio dos N.I.E.M.s, então assim que pisei de volta no castelo, mergulhei nos livros. Nosso primeiro exame, Teoria dos Feitiços, tinha sido marcado para segunda as 9:30. Seth concordou em me ajudar a testar o que eu lembrava e revezávamos para fazer as perguntas, sempre consultando o livro assim que respondíamos.

Enquanto isso, Ty estava lendo dois anos de importantes anotações sobre feitiços, repetindo os encantamentos sem emitir som; Griff estava deitado de costas no chão, recitando a definição de um Feitiço Substantivo, enquanto Miyako verificava se estava certo no Livro Padrão de Feitiços; e Luna e Gina, que estavam praticando os Feitiços de Locomoção, estavam fazendo seus estojos apostarem corrida sobre a cama.

Saímos para o jantar quando ele já estava quase no fim, mas a maratona de feitiços havia esgotado a todos e estávamos mortos de fome. O salão estava incrivelmente silencioso àquela noite, todos concentrados em terminar depressa para aproveitarem mais alguns minutos de revisão. Ty já estava no segundo prato de torta quando parou com o garfo a meio caminho da boca, olhando para o saguão de entrada.

- Oh, oh. Chegou a comitiva... – disse apontando para a porta e olhamos.
- São eles? São os Examinadores? – perguntei curioso e ele fez que sim com a cabeça.

Griff e Miyako viraram-se nos seus bancos para olhar melhor. Pelas portas do Salão Principal podíamos ver Ivanovich de pé como um pequeno grupo de velhos bruxos e bruxas. Gina sugeriu olharmos mais de perto e levantamos da mesa, abandonando os pratos de comida pela metade, apertando o passo em direção a porta do saguão de entrada. Quando passamos perto deles, diminuímos o passo para dar a impressão de que não estávamos ali apenas para olhar para a cara deles.

Todos aparentavam serem realmente velhos e alguns já apresentavam sinais de surdez, pois Ivanovich falava bem próximo a seus ouvidos e sempre muito alto, tendo que repetir algumas vezes o que dizia. Ficamos encostados na parede do saguão por um bom tempo, tentando parecer que estávamos conversando e nos revezando em olhar para os examinadores e descreve-los para os outros. Depois de algum tempo Ivanovich notou que não só o nosso grupo, como também mais outros cinco prestavam atenção ao que eles conversavam e encaminhou os examinadores até seu escritório, nos deixando para trás e sem outra alternativa senão voltar para as repúblicas e estudar mais um pouco.

Foi uma noite realmente desconfortável. Não conseguia dormir, pois a todo instante as revisões vinham à mente e me pegava tentando lembrar de algum feitiço que pudesse ser cobrado. Sabia que não era o único acordado, mas nenhum dos outros no dormitório falava e finalmente, um a um, acabamos caindo no sono.

*****

Nenhum dos alunos do sétimo ano falou muito no café da manhã do primeiro exame. Eu estava novamente lendo Realizando Encantamentos Avançados tão rápido que algumas letras começavam a sair de foco; Miyako, sentada ao meu lado, praticava encantamentos com tanto fervor que o saleiro na frente dela girava alucinado; e Ty tentava animar seu garfo e sua faca, fazendo os dois travarem um duelo dentro do prato.

Quando o café da manhã terminou, os alunos do quinto e sétimo ano foram encaminhados para o Saguão de Entrada enquanto os outros alunos se dirigiam às suas lições. Ficamos espremidos ali, até que às nove e meia começaram a chamar turma por turma para entrar no Salão Principal, que havia sido arrumado de forma diferente. As quatro mesas enormes de madeira tinham sido removidas e substituídas por muitas mesas individuais, todas viradas para a mesa dos professores no fim do Salão, de onde a professora McGonagall e madame Maxime estavam paradas observando as turmas entrando. Quando todos estavam sentados e quietos, McGonagall deu um passo à frente.

- Podem começar - e virou uma enorme ampulheta ao seu lado, onde também haviam penas de reserva, vidros de tinta e rolos de pergaminho.

Virei meu teste – um rolo bem grosso de pergaminho – e fitei a primeira questão:

a) Diga o encantamento e b) Descreva o movimento de varinha necessário para fazer objetos criarem vida.

Lembrei dos estojos apostando corrida e do duelo que Ty criou no café da manha, onde o garfo levou a melhor sobre a faca. Sorrindo, me curvei sobre o papel e comecei a escrever.

*****

O salão principal voltou ao normal durante à hora do almoço e os alunos do quinto e do sétimo ano almoçaram com o resto da escola. Logo que a refeição terminou, fomos encaminhados para uma pequena câmara ao lado do Salão Principal enquanto esperávamos para sermos chamados para o exame prático. Os grupos eram chamados por ordem alfabética e sempre de 4 em 4, então os que ficavam para trás passavam o tempo murmurando encantamentos e praticando movimentos de varinha, repassando a matéria uma última vez.

Shannon foi a primeira do grupo a ser chamada. Tremendo, ela deixou a câmara com Denise Boulevard, Savannah Bouvier e Bram Capter. Eles demoraram cerca de 10 minutos e quando saíram, passaram direto pelo nosso grupo. Quem já havia sido testado não tinha autorização para comentar nada, então ficávamos apenas aguardando a nossa vez, aflitos.

Seth e Griffon foram chamados logo em seguida, depois entraram mais dois grupos e o professor Lênin apareceu mais uma vez.

- Anastacia Ivanovich, Renomaru Kollontai, Ludmilla Kovac e Gabriel Lupin.
- Boa sorte – Ty disse baixinho.

Entrei no Salão Principal apertando a varinha tão forte que minha mão tremia. O professor Lênin encaminhou os outros três para suas bancadas e me apontou a última, onde tinha um examinador baixinho, gordo e com bigodes tão grandes que o deixavam parecido com uma morsa.

- Professor Tofty está livre, Lupin – e assenti com a cabeça, caminhando até a bancada.
- Olá! Boa tarde! – o homem disse com sua voz trêmula e velha e respondi um pouco tenso - Não precisa ficar nervoso, vai ser simples. Quero pedir que comece pegando este cálice e faça tudo que eu for ditando.

Assenti novamente e peguei o cálice de sua mão, começando a realizar todos os feitiços que ele pedia. Quando o exame terminou, o cálice já havia se transformado em um rato, com vida própria. Mesmo tendo me atrapalhado um pouco na hora de executar o feitiço de crescimento e cor no rato, consegui consertar o erro depressa e ele parecia ter ficado satisfeito com o resultado. Era difícil me concentrar se toda vez que olhava para o examinador, enxergava uma morsa sorrindo para mim.

Jantei o mais depressa que pude naquela noite e voltei para a república exausto, mas não havia tempo para descansar. O próximo exame era de Transfiguração e só pretendia dormir depois que conseguisse transfigurar com perfeição uma cadeira em um bicho, qualquer que fosse. Noites de sono são para fracos, podia dormir depois que os exames terminassem...
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