terça-feira, 30 de junho de 2009

O dia da colação de grau amanheceu claro e ensolarado. Acordei antes da hora marcada e saí para correr, quando voltei os garotos ainda dormiam, entrei devagar para não acordar ninguém, porém tomei um susto ao ver Seth lendo sentado em sua cama. Começamos a conversar mentalmente:
- Outra noite em vigília? - provoquei.
- Não faço mais isso! Perdi o sono também e fui dar uma volta pelos arredores, queria me despedir...- sorri enquanto respondia:
- Fiz isso durante a semana toda, desde a final do quadribol. Não quis deixar nenhum lugar para trás.
- Preparado para hoje à tarde?- ele mudou de assunto.
- Não, mas vai dar tudo certo. Estaremos todos lá, juntos pela última vez... - comentei um pouco triste, nesta hora Griff roncou alto e Seth disse:
- Veja pelo lado bom, será a ultima vez que precisaremos dividir um quarto com ele. - rimos e começamos a jogar travesseiros nos outros para acordarem.
Era hora de começar a celebrar.

-o-o-o-o-o-o-

No final da tarde, o caminho que levava ao campo de quadribol, estava tomado por parentes de formandos e por alunos que iriam assistir a cerimônia. Minha família havia comparecido em peso, até minha avó estava presente e ela estava toda animada, pois desde que se formou, nunca mais havia pisado em Durmstrang e comentava as mudanças na escola.
As meninas da Avalon olhavam para todos os lados esperando que tio Ben aparecesse. Mas tia Louise nos avisou que ele havia transfigurado o rosto a ponto de se parecer com tio Wayne, para que não houvesse tumulto.
A cerimônia começou com o diretor Ivanovich visivelmente emocionado, agradecendo às diretoras de Beauxbatons e Hogwarts, aos professores das 3 escolas, aos funcionários, aos pais, aos alunos, a presença das famílias e ao final ele disse que como pai, se sentia muito orgulhoso por ter tido a oportunidade de ser nosso diretor. Aplaudimos muito entusiasmados, afinal ele trouxe mudanças importantes para a escola e sempre esteve ao nosso lado em todas as crises, mesmo nas que o prejudicavam diretamente, como o ‘escândalo das repúblicas, a morte da Tatiana e a prisão do pai da Evie. A professora Mira, foi a professora escolhida pelos formandos das três escolas, como nossa paraninfa e ela ficou muito emocionada, enquanto nos agradecia, recebendo um buquê de flores.
Antes de se sentar, o diretor chamou Gina Weasley como a oradora de Hogwarts, e após o discurso dela que foi muito aplaudido, foi a vez da Milla e junto com ela fizemos o juramento do bruxo, onde nos comprometíamos a estar sempre no caminho do bem, a proteger o nosso mundo, vivendo em harmonia com os trouxas e as criaturas mágicas. Terminada esta parte, era a minha vez, e devo reconhecer que estava apavorado. Quando subi naquele palco e vi todos aqueles rostos conhecidos, senti um frio na barriga, mas respirei fundo e olhei para meus amigos sentados na primeira fileira, sorrindo e esperando alguma coisa estranha. Não os desapontaria.
- Ok, eu sei que me escolherem como orador foi uma pegadinha, porque eu não tenho o dom das palavras como os futuros jornalistas, e eles até me ajudaram com um discurso bem elaborado...- puxei a folha e na frente de todos e depois de olhá-la rapidamente rasguei. Vi os olhos de Gabriel, Micah, Miyako saltarem das órbitas e disse risonho:
- Ele estava longo, mas eu acho que consigo dizer algumas palavras inspiradoras. - vi meus amigos se remexerem preocupados na cadeira, e sorri perverso:
- Calma não fiquem com medo, eu sei que nossos pais estão aqui, então não vou envergonhá-los, afinal passamos por muitas coisas aqui, independente de que escolas viemos, formamos laços de amizade, nos unimos defendendo este lugar contra o ataque de vampiros, enfrentamos um Ministério intransigente para manter nosso direito à liberdade, torcemos e sofremos durante um Torneio Tribruxo, vivemos toda essa expectativa junto com a copa interescolar de quadribol que reuniu os melhores jogadores, que eu pude ver em campo. - Acenei para os jogadores dos times - , então acho que posso dizer em nome de todos, que acabamos considerando o iglu como a nossa casa, e não existe lugar melhor para a gente ser feliz do que estar junto com os amigos, e eu tive a alegria de fazer novas e sinceras amizades nestes últimos dois anos. - olhei firme para Micah, Victor, Ricard, Vina, Milla, Evie, Nina, Chris, Shannon, Wes, Parker, e eles estavam junto de Luna, Seth, Griff, Gabriel ,Miyako, Dario e Jean. - e entre os meus convidados estava Iago.
Troquei um olhar com minha mãe e tio Sergei tinha os olhos brilhando.
- Tive a honra de ser um ‘espartano’...e nesta hora os membros da república Sparta, socaram os punhos no ar, gritando Hurrá!Hurra!Hurra!, arrancando risos de todos e eu continuei:
- Enfim...Hoje é o dia que minha vida começa. Hoje eu me torno um cidadão do mundo. Hoje eu me torno adulto. Hoje eu me torno responsável. Responsável para outros que não meus pais e eu mesmo. Responsável por mais do que minhas notas. Hoje eu me torno responsável pelo mundo. Pelo futuro. Por todas as possibilidades que a vida tem a oferecer. A partir de hoje, meu propósito é estar com os olhos abertos, com determinação. Preparado...
Para quê?
Não sei, para qualquer coisa.
Para tudo. Para enfrentar a vida. Para enfrentar o amor.
Para enfrentar a responsabilidade e as possibilidades. Hoje meus amigos, nossas vidas começam. E eu pelo menos, não vejo a hora de começar minha nova vida. Parabéns aos formandos da turma do ano 2000. - e meus amigos aplaudiram. Estávamos formados.

I'll taste every moment
And live it out loud
I know this is the time,
This is the time to be
More than a name
Or a face in the crowd
I know this is the time
This is the time of my life
Time of my life
More than a name
Or a face in the crowd
This is the time
This is the time of my life
This is the time of my life


O baile de formatura, foi um espetáculo à parte. Como o tema eram os anos 80. Emily, junto com o professor Ivo do teatro, ficaram responsáveis pela decoração da festa. Como não teríamos tempo de ir ate as repúblicas para nos trocarmos, então um grande camarim foi feito para nos trocarmos. As roupas que cada um havia escolhido antes, estavam em cabides com seu nome, e quando me troquei e vi o resultado no espelho, achei muito bom. Havia altos falantes tocando os sucessos dos anos 80 para entramos no clima e quando nos dirigimos ao salão, o caminho era cheio de quadrados em preto e branco, muitos balões de cores cítricas como laranja, rosa, verde limão flutuando. No teto do salão havia globos de luzes coloridas. As mesas eram para dozes pessoas, e nas cores da época, com drinks à vontade desta vez.
Os alunos haviam se superado em suas roupas: muitas garotas usavam roupas da Madonna, da Cindy Lauper, outros estavam com roupas punk. Muitos garotos optaram por usar roupas do Miami Vice, então víamos muitos com ternos em cores pastel brilhantes, Wes, como não largava seu chapéu, incorporou o estilo de um milionário texano, chamado JR Ewing, de uma novela trouxa famosa ‘Dallas’, Micah resolveu se vestir de Michael Jackson, e eu me vesti de Prince. Acho que éramos os mais brilhantes e cheios de babados naquele salão, mas não ligamos. Se íamos nos vestir como nos anos 80, faríamos direito. Enquanto nos olhávamos a pergunta recorrente era: como as pessoas daquela época tinham coragem de usar aquilo???
Aproximei-me da mesa onde estava minha família, a de Gabriel, Miyako e Seth e Griffon e minha mãe, me abraçou e beijou dizendo que eu estava lindo, eu torci o rosto dizendo a ela que homem não fica ‘lindo’, arrancando risos de todos, minha prima Ariel, estava toda animada, me deu um beijo e disse que tinha uma surpresa, mas antes que ela contasse, tio Sergei, me abraçou dizendo:
- Tenho muito orgulho de você Ty, agora você é oficialmente um bruxo formado. Com medo?- Não, eu tive o apoio dos melhores para chegar até aqui. Valeu, tio.
- Teve um momento que achamos estar vendo seu pai naquele palco, por causa da sua postura. Ele também foi orador da turma dele, e agora você...Ele teria ficado orgulhoso, filho. - disse minha avó com a voz embargada, e senti um baque no peito. Eu havia evitado a todo custo pensar em meu pai. A saudade veio forte, pois eu queria vê-lo pelo menos uma vez mais.
- Eu tenho certeza que aonde quer que Kyle esteja, ele está orgulhoso do filho dele. Um brinde: Kyle! - disse tio Lu e todos ergueram seus copos para brindar.
- Onde estão a Haley e o Ethan?- perguntei, pois eles estavam com minha mãe durante a colação de grau.
- Tia Millie e sua prima Mary se encarregaram das crianças, montamos uma creche no hotel e há aurores lá para protegê-las. - mamãe respondeu .
Vi minha irmã Emily se aproximar e nos abraçamos enquanto toda a família a cumprimentava. Griffon não tirava os olhos dela e quando ele fez a tentativa de convidá-la para dançar, o diretor Ivanovich, subiu ao palco e anunciou a banda de abertura do show dos Duendeiros. Nossa atenção foi para lá e quando a vocalista surgiu, meu queixo caiu. Era Jolie, e ela estava maravilhosa. Micah e Iago, acompanhados das meninas passaram perto da nossa mesa e me puxaram para bem perto do palco.
Ela usava roupas de várias cantoras da época como Madonna, Cindy Lauper, e fazia umas performances muito legais. A última musica dela, antes de anunciar os Duendeiros, foi Material Girl e ela continuou com a fantasia, quando desceu do palco e como vinha na minha direção, eu caminhei na direção dela. Isso encurtaria a distancia. Paramos a centímetros um do outro, nos encarando e sorrindo. O show dos Duendeiros estava a mil, e eu só tinha olhos para ela.
- Você está linda!Você está lindo!- falamos ao mesmo tempo e rimos, nos aproximando mais. - por causa do som alto.
- Você estava incrível, adorei a performance.
- Quando Ariel disse que viríamos cantar na sua formatura, eu quis fazer o melhor. - olhei-a nos olhos e ela desviou os olhos, olhando ao redor:
- Sabe que temos que ter um acompanhante no baile de formatura, é tradição, onde esta a sua? Aposto que escolheu a mais bonita, afinal são 3 escolas juntas. - ela disse indiferente e eu respondi:
- A mais bonita estava no palco, dando um show e me deixado maluco, não tive oportunidade de convidá-la para ficar comigo. - ela sorriu e isso me incentivou a ir em frente, estendi a mão e perguntei:
- Senti sua falta, quer ficar comigo Jolie?
- Demorou, Ty. - rimos quando a puxei para mais perto e nos beijamos. Depois do beijo, eu disse:
- Quero que conheça umas pessoas...- a levei para onde estava minha família e a apresentei ao pessoal. Parecia que todos haviam gostado dela e logo a convidaram para se sentar conosco. Notei que Emily e Griff dançavam juntos e olhei para tio Lu, que sorria orgulhoso e comentava algo com minha mãe e ela sorria. Acho que logo, logo vamos reunir as famílias novamente.
Quando oa Duendeiros começaram a tocar umas musicas mais lentas, eles anunciaram que havia uma pessoa que iria se apresentar com eles, era um presente de formatura, e quando tio Ben subiu ao palco, vi que quase todas as garotas do salão largavam seus acompanhantes para chegar mais perto do palco, Jolie entre elas.
Aproximei-me dos meus amigos e juntos cantávamos os grandes sucessos deles, então tio Ben, disse:
- Pessoal, vou cantar uma música que é um ícone dos anos 80, é um sucesso que vai atravessar gerações e quem souber a coreografia pode fazê-la, vai ficar muito legal. Você aí Michael Jackson, preparado?- e apontou para o Micah e uma luz forte foi direcionada a ele, o Coiote no começo ficou sem graça, mas disse, segurando a mão da Evie e de Shannon, e elas iam pegando as mãos dos outros:
- Estamos sim. - corremos com ele para mais perto do palco e tio Ben, e os Duendeiros começaram a tocar Thriller, e logo todo o salão dançava junto, sem haver separação entre jovens e velhos. Todos se divertiam e pela animação, a festa não teria hora para acabar.
Foi uma das melhores noites da minha vida. E eu aposto que seria apenas a primeira.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Levantei da mesa tropeçando nas vestes e depois de receber um olhar de apoio de minha mãe, sai com Gina e Reno do salão principal sob uma chuva de aplausos de todos os alunos. Caminhamos ao lado de Fedorovitch até a orla da Floresta Negra e paramos do lado de um pequeno palanque de onde o diretor falaria com a platéia. Alguns minutos depois, vi as arquibancadas montadas ao redor da orla começar a encher. As vozes empolgadas dos alunos iam enchendo o ambiente e vi de longe meus amigos acenarem enquanto estendiam uma enorme faixa azul com o brasão de Beauxbatons.

Quando as arquibancadas já estavam lotadas, a professora McGonagall, madame Maxime e o professor de Trato de Criaturas Mágicas chegaram à orla acompnhados do diretor Ivanovich e se aproximaram de Fedorovitch. Eles usavam grandes estrelas vermelhas e luminosas nos chapéus. O diretor estendeu três rolos de pergaminho e entregou um para cada, com nossos nomes gravados na fita que os prendiam. Parecia que tinham conteúdos diferentes.

- Tudo que vocês devem fazer é encontrar a Taça, localizada no centro da floresta – Fedorovitch começou a explicar – Cada um recebeu um mapa, de acordo com sua posição no torneio. Os mapas são diferentes, cada um possui seu grau de dificuldade, mas todos têm chances iguais para chegar ao centro da floresta. No canto de cada mapa tem uma seqüência numérica. Entendam o que elas significam e poderão ter uma ajuda extra para vencer, mas se a usarem de forma errada, podem acabar se complicando, então fica a critério de cada um arriscar. Cada campeão deve seguir a trilha demarcada no seu mapa, não poderão seguir pela trilha do adversário. Se saírem do caminho correto, encontrem uma forma de voltar. O primeiro a chegar até a Taça, vence. Alguma dúvida? – olhamos um para a cara do outro e negamos.
- Vamos patrulhar o lado externo do labirinto. – disse a professora McGonagall – Se estiverem em apuros e quiserem ser socorridos, disparem faíscas vermelhas para o ar e um de nós irá buscá-los, entenderam? – e assentimos com a cabeça.
- Podem começar, então. - disse Fedorovitch para os três patrulheiros e eles saíram em diferentes direções para se postar em torno da orla da floresta.

O diretor aguardou até que os três já estivessem a postos e apontou a varinha para a garganta, murmurando "Sonorus". Sua voz magicamente amplificada ressoou pelas arquibancadas.

- Senhoras e senhores, a terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo está prestes a começar! – ele disse animado e as pessoas na arquibancada batiam os pés no chão, empolgados – Deixe-me lembrar a todos o placar atual: Em primeiro lugar, com oitenta e cinco pontos, o Sr. Renomaru Kollontai, do Instituto Durmstrang! – O barulho da torcida de Durmstrang foi tão grande que alguns pássaros saíram voando da floresta – Em segundo lugar, com oitenta pontos, a Srta. Gina Weasley, da Escola de Magia e Bruxaria Hogwarts! – mais aplausos da torcida de Hogwarts e também de alguns amigos de Beauxbatons e Durmstrang – E em terceiro lugar, com setenta e cinco pontos, o Sr. Gabriel Lupin, da Academia de Magia Beauxbatons! – agora a gritaria foi enorme, meus amigos conseguiam fazer escândalo mesmo estando em minoria, e acabei rindo e relaxando um pouco – Campeões a postos, quando eu apitar podem começar – anunciou – Três, dois, um...

O diretor soprou com força o apito e saímos os três aos atropelos, correndo cada um para a entrada da sua trilha. Abri o mapa e localizei o caminho que deveria tomar, entrando na mata rapidamente. Segui o caminho certo por cerca de 20 minutos, sempre me orientando com o feitiço dos quatro pontos e repelindo criaturas pequenas que surgiam no caminho, mas fui pego de surpresa por um bicho que parecia um tronco de arvore. Ele era tão parecido com um pedaço de madeira que pisei nele e não senti, recebendo uma mordida como resposta. O bicho, que reconheci depois como um Cava-Charco, avançou para cima de mim enfurecido e fui obrigado a me embrenhar entre os arbustos e árvores para me livrar dele, já que nenhum feitiço parecia atingi-lo. Corria olhando para trás para me certificar de que ele não estava me seguindo e acabei trombando com alguma coisa no caminho. Cai no chão e quando ajeitei os óculos, percebi que havia invadido a trilha da Gina e trombado com ela e Reno, ao mesmo tempo.

- O que estão fazendo na minha trilha? – Gina perguntou recolhendo seu mapa do chão e estendi a mão para ajudá-la a levantar.
- Acho que me confundi com essas marcações – Reno respondeu consultando o mapa – Devia ter dobrado a direta, não à esquerda. Droga!
- Eu estava fugindo de um bicho com dentes muito afiados – e mostrei a mão sangrando.
- Homens sempre se perdem... – ela disse revirando os olhos – Bom, tratem de voltar pro lugar certo, não podem seguir daqui e estão perdendo tempo.
- Até a premiação! – Reno dobrou o mapa e sumiu na mata outra vez.

Me despedi também e voltei para o lado de onde havia saído. Enfim todos os verões perdidos no acampamento dos escoteiros mirins serviriam de alguma coisa, pois não encontrava dificuldade para ler mapas e não demorei a encontrar minha trilha novamente. Já de volta a ela, parei por um minuto para olhar o mapa com mais atenção e só então prestei atenção na seqüência numérica gravada no alto do pergaminho, entendendo que aquilo eram a latitude e a longitude da taça. Agradeci por ter prestado atenção às explicações que o meu instrutor dos escoteiros deu sobre o assunto e logo já sabia exatamente para que lado deveria ir e se estava longe do meu objetivo.

Voltei a correr pela trilha afastando os animais que apareciam, que iam desde barretes vermelhos a crupes nervosos, que rasgaram a barra da minha calça antes de serem atingidos por um feitiço que lancei. Já devia estar correndo há mais de meia hora desde que havia encontrado Gina e Reno e parei para consultar o feitiço quatro pontos, mas quando coloquei a varinha na palma da mão, fui atingido pelas costas por algo duro e cai no chão. A varinha escapou dos meus dedos e quando virei de frente, dei de cara com o Cava-Charco outra vez. Ele avançou antes que pudesse fazer qualquer movimento e cravou os dentes no meu tornozelo. Gritei de dor e agarrei o pêlo dele com as mãos, tentando fazer com que ele me soltasse, mas sentia seus dentes afundarem na minha pele cada vez mais. Ele tentava me arrastar para fora da trilha, mas consegui passar a mão em um pedaço de galho de árvore e comecei a golpeá-lo com ela, até que ele me soltou. Agitava o galho rápido na direção dele e ele acabou recuando, fugindo de vez quando atirei o pedaço de madeira na sua direção.

Assim que ele desapareceu, levantei para apanhar a varinha, mas cai no mesmo instante. Quando firmei o pé no chão, senti uma dor fora do comum que forçou minhas pernas a cederem. Puxei a calça para ver o ferimento causado pelos dentes do bicho e sangrava tanto que meu tornozelo começava a ficar esverdeado, já abandonando o tom de roxo. Não ia conseguir andar daquele jeito e engatinhei até onde minha varinha estava caída, apontando para o tornozelo.

- Férula – algumas ataduras saíram da ponta da varinha e envolveram o ferimento, estancando um pouco do sangue que escorria – Orienta-me – disse com a varinha na palma da mão e ela apontou pra direita.

Limpei os óculos e o ajeitei no rosto, olhando na direção que ela indicava. Não muito longe dali, a pouco mais de 100 metros, vi um brilho.

- Lumus – apontei na direção do brilho e então eu vi. Brilhando no alto de um pedestal, estava a Taça Tribruxo.

Guardei a varinha no bolso e alcancei um galho acima da minha cabeça, me erguendo outra vez me equilibrando em um pé só. O brilho da taça era mais visível agora, e segurei firma na arvore, descendo o pé machucado devagar. Quando o encostei chão, minhas duas pernas tremeram violentamente. Mas mesmo com toda a dor, não o levantei outra vez. Se quisesse pegar a taça, teria que correr. Respirei fundo e consegui me equilibrar de pé, soltando o galho que me ajudava a não cair. Respirei fundo outra vez e comecei a correr.

A cada pisada que dava, sentia meus olhos encherem de lágrimas de tanta dor que sentia, mas não podia parar. Gina ou Reno podiam aparecer a qualquer momento e não me perdoaria se perdesse aquela corrida, não quando estava tão próximo! Podia sentir meu tornozelo inchando e o sangue passando por cima da atadura e quando parei a um passo do circulo que guardada o pedestal, meu rosto já estava molhado de lágrimas involuntárias que caiam sem que eu percebesse.

A taça estava na minha frente, brilhando tão forte que iluminava toda a clareira. Olhei para trás e não havia sinal de nenhum dos dois, sequer havia barulho. Olhei para frente outra vez e fitei a taça. Dei mais um passo a frente e, com as duas mãos, segurei suas alças. Naquele momento já nem sentia mais a dor no tornozelo, sentia apenas a alça gelada da taça na palma da minha mão. E assim que a toquei, faíscas multicoloridas saltaram detrás dele, indicando que a ela havia sido capturada. Tirei-a do pedestal e a encarei com um sorriso no rosto. Naquele instante, segurando-a nas mãos, me vi saindo do labirinto vitorioso e erguendo-a diante de toda a escola. Eu era o campeão do Torneio Tribruxo.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Era 7 da manha quando decidi parar de fingir que estava dormindo e sai da cama, depois de uma longa noite de insônia; a perspectiva de realizar a terceira tarefa dentro de algumas horas me impedia de dormir. Não havia ninguém acordada na Spartacus e à medida que ia caminhando pela estradinha das repúblicas, percebia que devia ser a única pessoa de pé àquela hora. Mas descobri que não estava sozinho na minha insônia. Quando passei pela varanda da Avalon, Gina estava sentada na escada e tinha um olhar vago, quase perdido.

- Também não conseguiu dormir? – falei parando na sua frente e ela se assustou, percebendo que não estava sozinha.
- Nadinha – ela respondeu levantando e esboçou um sorriso – Mas estou feliz de ver que não estou sozinha no nervosismo.
- Parece que ao menos um campeão está tendo um sono tranqüilo... – falei rindo, me referindo ao Reno – Me acompanha para o café?
- Huum, torradas fresquinhas e ovos sem estarem revirados! – ela se animou e foi ao meu encontro – Primeira vez em 7 anos.

Ela segurou meu braço e caminhamos juntos até o castelo. Havia apenas alguns professores no salão principal lendo o Profeta Diário e conversando e alguns elfos atarefados organizando as mesas para receber os alunos. Mas ainda não havíamos nem sentado quando olhei para a mesa do canto e para meu total espanto, havia um único ocupante nela. Reno estava sentado sozinho, fitando um prato vazio na sua frente.

- O time está completo! – Gina falou alto, o assustando, e se sentou ao seu lado.
- Podemos nos juntar ao clube da insônia? – falei já me sentando do outro lado.
- Bem, parece que estamos todos no mesmo nível de enjôo pré-tarefa – Reno comentou nos encarando e rimos.

Passamos uma hora inteira conversando, entre uma torrada e outra, sobre o torneio. Falamos sobre as expectativas da tarefa de mais tarde, o que poderíamos enfrentar durante o percurso pela floresta e sobre como tínhamos a mesma chance de vencer, apesar das diferenças de pontos. Tudo que sabíamos era que seria uma caça ao tesouro na Floresta Negra, mas não fazíamos idéia do que encontraríamos pelo nosso caminho. Por volta das 8 horas o salão começou a encher. Apesar de estarmos na última semana de aula e os exames já terem terminado, as aulas ainda não haviam chegado ao fim e todos tinham que permanecer dentro das salas durante o dia, mesmo que fosse para jogar snap explosivo com os professores.

- Que horas você saiu da república, lobão? – Ty perguntou bocejando do meu lado.
- Umas 7 horas, eu acho. Não conseguia dormir, não agüentava mais rolar na cama – expliquei quando ele arregalou os olhos.
- Muito nervoso? – Miyako perguntou solidária e confirmei com a cabeça – Sei que não adianta dizer pra relaxar, então só tente não entrar em colapso, ok? – e acabei rindo.
- É lobão, não surte até a hora da tarefa – Ty me deu um tapa nas costas – Levamos fé em você!
- Sim, depositamos todas as esperanças em você para levar a taça pra França, mas sem pressão! – Griffon também bateu nas minhas costas e eles riram.
- Deixem o Gabriel em paz, gente – Seth me defendeu – Não dê ouvidos a eles, você vai se sair bem na tarefa e vamos estar na arquibancada torcendo.
- Valeu, gente – agradeci e sorri, mesmo que ainda estivesse tenso – Isso vai passar quando eu entrar na floresta, é que essa espera é de matar...
- Gabriel, os campeões vão se reunir na câmara vizinha ao salão depois do café – Madame Maxime anunciou, parando ao nosso lado na mesa.
- Mas a tarefa só vai ser à noite! - exclamei assustado, receoso de que tivesse me enganado na hora.
- Eu sei disso – ela respondeu calma – As famílias dos campeões foram convidadas para assistir à última tarefa. É apenas uma oportunidade para você cumprimentá-los.

Ela se afastou da mesa em direção a dos professores e a acompanhei com o olhar, surpreso. Sabia que meus pais viriam assistir a tarefa, mamãe já tinha contado, mas não imaginava que viriam tão cedo. Meus amigos foram terminando o café e se dirigindo para a aula de Herbologia e fiquei para trás. Vi Gina se despedir de Luna e caminhar na direção da câmara, seguida de Reno, que parecia curioso com quem poderia encontrar lá dentro, já que sua mãe era professora na escola e estava lá todos os dias. Levantei da mesa também e acompanhei os dois.

Assim que abri a porta da câmara já podia ver um grupo de cabeças vermelhas em volta de Gina e apenas um punhado de cabelos negros entre eles. Harry estava perdido entre o abraço coletivo que Gina recebia do Sr. e da Sra. Weasley e também de George, Rony, Morgan e Carlinhos, com os gêmeos de 3 anos. A um canto, Reno conversava muito depressa em búlgaro com dois garotos que aparentavam ter a nossa idade e eram muito parecidos com ele. Os três riam entre o papo e Reno parecia muito feliz. Só depois de reconhecer as pessoas presentes na câmara foi que olhei para o outro lado e para minha total surpresa, não só meus pais estavam lá dentro como também minha irmã, tio Scott e Nicholas. Assim que notou que havia os visto, Nick saiu correndo e se atirou em cima de mim.

- Surpresa! – mamãe disse animada, me dando um beijo – Aposto que pensou que viria apenas eu e seu pai, não é?
- Sim, e também não sabia que viriam tão cedo! – respondi animado, bagunçando o cabelo de Nick e pegando Clara no colo.
- Ben queria vir, mas não queria causar confusão já cedo na escola, então virá a noite, junto com os outros – tio Scott explicou, apertando minha mão.
- Outros? – falei surpreso – Que outros?
- Alex, Yulli, Sergei, Logan, Ethan, Sam, Josh, Lu, Mirian, Gaia, seu tio George, Quim, Wayne, Karen, Kegan, Caleb, Megan, sem contar todos os bebês, é claro. Todos querem assistir você na terceira tarefa, não achou que eles fossem perder, não é? – papai falou rindo.
- Claro que não, imagina se minha torcida ia ser discreta... – falei revirando os olhos, mas rindo.
- Que bom que está conformado, pois vai passar vergonha mais tarde – tio Scott apertou meu ombro com uma voz debochada e todo mundo riu.
- Já conhecemos a escola por causa das Olimpíadas, mas agora queremos uma visita guiada por você – mamãe me abraçou – Você está liberado das aulas de hoje também, vai poder passar o dia conosco.
- Ótimo! – falei animado, enquanto Clara tentava puxar meus óculos – Vai ser bom me distrair um pouco e esquecer a tarefa...

Acenei para o Sr. e a Sra. Weasley que me cumprimentavam a distancia e deixamos a câmara de volta ao salão principal, já vazio, para começar o tour pelo castelo e terrenos da escola. E só de ter minha família por perto, já fazia com que me sentisse bem mais calmo.

*****

Tive uma manhã muito agradável passeando pela propriedade ensolarada com eles, mostrando a carruagem de Beauxbatons que trouxe nossa delegação, a área das repúblicas, o dormitório que dividia com Ty, Griff, Seth e Dario e o teatro da escola. O cartaz com nossa foto e nossas assinaturas já estampava a entrada do teatro e também abrigava uma contagem regressiva, marcando três dias para a apresentação. Por volta do meio dia voltamos ao castelo para almoçar e Ty, Miyako e os gêmeos vieram nos fazer companhia, e não demorou muito todos os Weasley chegaram também, aumentando a bagunça. A conversa seguia tão animada que me esqueci de me preocupar com a tarefa.

As aulas da tarde começaram e enquanto eles voltavam para as salas de aula, saímos outra vez e passamos parte da tarde no vilarejo, onde mamãe e tio Scott compraram quase todo o estoque de livros da biblioteca e Nicholas quase acabou com os sorvetes da cidade. Só voltamos ao castelo já no fim da tarde, para o banquete da noite.

Os organizadores do Torneio Tribruxo já estavam sentados à mesa dos professores e haviam muito mais pratos do que de costume. Já começava a me sentir nervoso outra vez e acabei não tocando na comida. Quando o teto encantado no alto começou a desbotar de azul e se transformar em um céu negro e estrelado, o diretor Ivanovich se ergueu à mesa dos professores e o salão caiu em total silencio.

- Senhoras e senhores, dentro de cinco minutos, vou pedir a todos que se encaminhem para as arquibancadas montadas no jardim para assistir a terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo. Os campeões, por favor, queiram acompanhar o Sr. Fedorovitch a orla da Floresta Negra agora.

Olhei para minha mãe ao meu lado e levantei da mesa, tropeçando nas vestes. Todos os meus amigos e alunos de Beauxbatons aplaudiram empolgados na mesa. Meus pais e tio Scott me desejaram boa sorte e me dirigi à porta do Salão Principal com Gina e Reno. A terceira tarefa ia começar.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Junho de 2000

O meu ultimo ano da Escola de Magia Texana, estava passando muito depressa, tamanha a quantidade de deveres que era passado aos alunos do sétimo ano, não só pelas matérias normais, quanto pelos professores das matérias opcionais.
Nosso jornal havia ficado encarregado de preparar o livro do ano dos alunos, e todos tinham muita coisa para fazer, e até o pessoal da comissão de formatura foi convocado a ajudar. Então às vezes, enquanto redigíamos uma matéria sobre os eventos esportivos que nossa escola participava, como a vitória no Campeonato Estadual de Basquete, onde Brian foi eleito o melhor jogador em quadra, tivemos que decidir o tema da festa e após várias idéias com sugestões desde o tema cassino, 007, cabaret, star wars, star trek, filmes antigos, optamos por um que seria interessante: os anos 80, já que foi a década em que a maioria de nós nasceu.
Todos os dias colocávamos no jornal fatos, curiosidades, música e moda dos anos 80 tanto trouxas quanto bruxas, para ajudar a compor o visual dos formandos, e era muita coisa bizarra, para dizer o mínimo. Mas todos se empenhavam em fazer o melhor, e por ser nosso último ano junto, brigas foram esquecidas, em torno de um objetivo em comum: fazer da nossa formatura, um evento inesquecível.
Claro, que até lá, só teríamos que sobreviver aos NIEM’S.

o-o-o-o-o-o

No aniversário de um ano de Julian em março, fizemos uma festinha em meu dormitório mesmo, e os colegas do andar foram convidados a comer o enorme bolo que eu mesma fiz, na cozinha do curso de prendas domésticas, Jaeda e Brian, enfeitiçaram balões coloridos que flutuavam fazendo Julian olhar para eles encantado e eu havia providenciado sanduíches, sorvete e refrigerantes, e todos nós cantamos parabéns ao meu pequeno.
Ele parecia entender que todos estavam ali por ele, demonstrava estar gostando de toda a atenção, dando gritinhos de Upa, enquanto abria os embrulhos coloridos, e quando se cansou abraçou apertado o dinossauro roxo que Angelique deu a ele e adormeceu.
- Já decidiu o que vai fazer depois da formatura Rory?- perguntou meu pai enquanto me ajudava a recolher os pratos.
- Vou ficar aqui, pai. Tenho uma oferta de emprego fixo da WitchTeen, e consegui um estágio no Correio Bruxo, o horário e o salário são bons. E Julian adorou o pessoal da creche.
- Gostaria de ajudar mais na criação do meu neto, se você fosse para Paris, poderia conseguir um estágio no Profeta Diário, tem ótimas recomendações... - ele disse e eu o abracei.
- Você já ajuda, sendo um avô maravilhoso, e Julian, mesmo pequeno sente todo o seu amor. Gosto de trabalhar aqui, pois tenho tranqüilidade de saber que é....
- Seguro? Sua mãe não apareceu mais na fazenda, e poderíamos fazer um esquema de proteção, ela não machucaria o próprio neto, e com a família do pai dele por perto, ela não se atreveria a se aproximar...
- Não posso arriscar, papai. Nem mesmo querendo que Julian cresça perto do avô, quero ficar próxima de meus irmãos. E quanto à família do pai dele... Talvez pertencer à família, agora tão pequeno, seria como pintar um alvo nas costas do Julian, deixe-o crescer um pouco mais. - meu pai se rendeu quando viu meu jeito determinado e mudamos de assunto.
Ficamos conversando e meu pai começou a falar do sucesso que sua plantação de orgânicos fazia e combinamos que ele voltaria para a minha formatura.

o-o-o-o-o-

Enquanto almoçávamos, Brian ia comentando animado sobre a bolsa de atleta que ele havia recebido da Universidade do Texas, onde cursaria Educação Física, ele queria ser professor,e ele estava eufórico, já que esta universidade estava entre as dez com as festas mais animadas.
Jaeda havia sido aceita para jornalismo, em Stanford. Ela queria que eu pedisse uma entrevista extraordinária com o reitor para solicitar uma bolsa de admissão, para que estudássemos juntas, já que no mundo bruxo havia poucos cursos de formação superior, mas eu vivia uma outra realidade. Eu já tinha um emprego que me possibilitava criar meu filho, que me tomava quase o dia todo, não passaria as noites longe dele também, apesar de meus irmãos se oferecerem para cuidar dele.
Era o ultimo dia de provas dos NIEMS, e o ritmo foi exaustivo. Após fazermos as provas teóricas no período da manhã, teríamos os testes práticos à tarde, então quando terminamos de comer nos dirigimos para a sala de duelos, onde as provas seriam realizadas.
Um sujeito idoso e bem magricela, nos recebia na porta e ia chamando por ordem alfabética, grupos de quatro alunos para fazer o exame. Cada grupo que saía, nem nos olhava, passava direto, pois não podiam dizer se era uma prova fácil ou não. Quando chegou minha vez, entrei acompanhada de Charlene, Paul e Lisa, que estavam tão tensos quanto eu.
Após a execução de feitiços defensivos e de ataque, o homem nos posicionou em frente a três baús, e de lá nos confrontaríamos com os nossos maiores medos e enfrentá-lo o mais rápido possível. Claro, que sabíamos que enfrentaríamos bichos papões e nos preparamos. Ficamos em fila indiana e um a um os baús foram abertos e meus colegas foram enfrentando seus medos, que iam de basiliscos a serpentes.
O último baú a ser aberto foi o meu. No começo fiquei um pouco confusa pela fumaça que tomou conta da sala, de repente ouvi o choro de um bebê. Não um bebê qualquer, mas o meu bebê e junto com o choro muitos gemidos de dor.
- Julian....Cadê você?- perguntei com medo e adentrei a fumaça com a varinha em riste. Dei mais alguns passos quando vi uma coisa que me deixou paralisada: Ty estava caído no chão, todo cheio de sangue, pedindo socorro e junto dele, Julian chorava. Um comensal apontava a varinha para eles e instintivamente levantei a varinha pronta para estuporá-lo, mas no último instante, me lembrei que se aquele caído no chão fosse o Ty, ele já teria feito aquele comensal engolir alguns dentes por ter feito o filho dele chorar. Sorri e disse em alto e bom som: Riddiculus! e a cena toda se transformou na imagem dos três Patetas levando tortas na cara.
Ao final do exame saímos, e no corredor quando pudemos falar sem sermos ouvidos, Charlene disse:
- Sabe, eu já vi aquele cara, o da sua ilusão. Ele esteve aqui durante um dos jogos do campeonato de quadribol americano, torcia pelos Coyotes. Não o viu não? Porque ele procurou por você. - congelei.
Aquilo havia sido quando eu ainda estava grávida do Julian, e naquele dia Brian havia me beijado no meio do restaurante lotado, onde muitas pessoas viram e acho que Ty foi um deles.
- Não, eu não o encontrei. Obrigada por me contar, é importante para mim. - e ela me olhou quase amistosa, mas logo se recuperou.
- Por nada, eu também gostaria de saber se um bonitão me procurasse, óbvio que eu seria competente o bastante para não deixá-lo escapar. - e me deixou sozinha no corredor.
Era verdade que Ty havia me procurado, agora eu entendia porque ele achou que eu havia seguido em frente. Suspirei cansada. Talvez fosse mesmo a hora de seguir em frente.

-o-o-o-o-o-

O baile de formatura estava muito animado. As garotas usavam muito brilho, saias fofas, mangas balão, ombreiras, e cores fortes como verde limão, laranja, rosa. Algumas optaram em combinar as roupas punks com os namorados, que usavam os cabelos em estilo moicano, muito coloridos e cheios de gel, alem das roupas pretas. Outras optaram por usar paletós mais femininos com calças de cintura alta, onde o cós terminava no estômago e uma gravatinha fina, de lantejoulas, com cabelos fofos e armados, emolduradas por um excesso de maquiagem.
O show principal seria da banda Os Duendeiros, e todos estavam agitadíssimos dançando as musicas da banda que fazia a abertura para eles. A vocalista se chamava Jolie, e além de cantar bem, era muito animada. Ela usava um vestido rosa choque com luvas, e pulseiras e brincos imitando diamantes, e usava cabelos louros platinados imitando um vídeo clipe da Madonna, e cantava sucessos trouxas da década de 80, intercalando com alguns sucessos bruxos, mantendo a pista de dança sempre cheia.
Eu dancei com vários colegas e Brian entre eles, e ele havia arrumado um terno de cor pastel, e eu usava uma saia balonê azul elétrico com tule preto por baixo, com sapatos de verniz azul, e algumas pulseiras de vidro imitando brilhante, óbvio que um laço de tule preto e azul com pedrinhas brilhantes terminava minha produção.
Numa das pausas do show para que ela trocasse de roupas, eu estava por perto do camarim, quando ela abriu a porta e me chamou:
- Hey você, pode me ajudar?
Entrei no camarim e ela tinha problemas com o zíper do vestido e eu a ajudei, enquanto ela dizia, tirando o vestido e colocando uma roupa mais punk.
- Fico pasma com o que as pessoas usaram na moda, mas até para criatividade tem limite não? - rimos.
- Temos sorte de alguns meninos não encarnarem alguns cantores da época. Não teriam tanta coragem, de usar as trancinhas com fitas coloridas e maquiagem. - comentei.
- Bom, nesta festa aqui o pessoal ate se arrumou legal. Nós vamos cantar na formatura de Durmstrang, e conheço alguns garotos lá, que seriam malucos o bastante para imitar alguns destes cantores. - e automaticamente passei a ela alguns produtos de maquiagem e ela sorriu, enquanto carregava na sombra laranja dourada:
- Desculpa, não perguntei seu nome e você está salvando o show, sou...
- Jolie! Eu sei, porque faço parte do jornal da escola, sou Rory. - ela sorriu.
- Eu vi o material do jornal de vocês pra poder compor o visual, muito bom. Vai seguir carreira no jornal?
- Sim, no Correio Bruxo, além de escrever uma coluna na WitchTeen, sabe que você me deu idéia para uma coluna? Isso se você puder me dar uma ‘entrevista curta’, pode ser?
- Mas tenho que continuar o show, e isso pode demorar...
- Tem razão, então vou falar sobre como é ver os preparativos de uma banda de rock, os backstage de uma apresentação, a loucura dos figurinos...Enfim, as coisas que acontecem quando você está em busca do sucesso.
- Não só do sucesso, mas da felicidade em conseguir chegar no coração das pessoas através da música e saber que isso as deixa felizes também. É por isso que canto. - ela disse enquanto fechava sua bota pesada e comentou:
- Mas hoje é o dia da sua formatura, não tem alguém especial lá fora esperando para dançar com você? Porque não é certo você estar trabalhando hoje.
- Não, meu alguém especial está em casa, e isso não é trabalho, é diversão. Mas você tem razão, hoje é um dia de festa, nada de coisas sérias nesta noite.
Nos despedimos e voltei ao salão a tempo de ser puxada pelo Brian para uma ultima dança, antes do show dos Duendeiros e a música apesar de velha, me dava muita coisa em que pensar, porque mesmo já tendo um filho, só depois de hoje, eu era oficialmente adulta.

May you grow up
To be righteous
May you grow up to be true
May you always know the truth
And see the lights surrounding you
May you always be courageous
Stand up right and be strong
And may you stay
Forever young

Forever young
Forever young
May you stay
Forever young


N.Autora: Forever Young, The Pretenders

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Depois de um passeio relaxante e descontraído por Nova York, fomos trazidos brutalmente de volta à realidade. Apenas 17 horas separavam a nossa chegada de volta a Durmstrang e o inicio dos N.I.E.M.s, então assim que pisei de volta no castelo, mergulhei nos livros. Nosso primeiro exame, Teoria dos Feitiços, tinha sido marcado para segunda as 9:30. Seth concordou em me ajudar a testar o que eu lembrava e revezávamos para fazer as perguntas, sempre consultando o livro assim que respondíamos.

Enquanto isso, Ty estava lendo dois anos de importantes anotações sobre feitiços, repetindo os encantamentos sem emitir som; Griff estava deitado de costas no chão, recitando a definição de um Feitiço Substantivo, enquanto Miyako verificava se estava certo no Livro Padrão de Feitiços; e Luna e Gina, que estavam praticando os Feitiços de Locomoção, estavam fazendo seus estojos apostarem corrida sobre a cama.

Saímos para o jantar quando ele já estava quase no fim, mas a maratona de feitiços havia esgotado a todos e estávamos mortos de fome. O salão estava incrivelmente silencioso àquela noite, todos concentrados em terminar depressa para aproveitarem mais alguns minutos de revisão. Ty já estava no segundo prato de torta quando parou com o garfo a meio caminho da boca, olhando para o saguão de entrada.

- Oh, oh. Chegou a comitiva... – disse apontando para a porta e olhamos.
- São eles? São os Examinadores? – perguntei curioso e ele fez que sim com a cabeça.

Griff e Miyako viraram-se nos seus bancos para olhar melhor. Pelas portas do Salão Principal podíamos ver Ivanovich de pé como um pequeno grupo de velhos bruxos e bruxas. Gina sugeriu olharmos mais de perto e levantamos da mesa, abandonando os pratos de comida pela metade, apertando o passo em direção a porta do saguão de entrada. Quando passamos perto deles, diminuímos o passo para dar a impressão de que não estávamos ali apenas para olhar para a cara deles.

Todos aparentavam serem realmente velhos e alguns já apresentavam sinais de surdez, pois Ivanovich falava bem próximo a seus ouvidos e sempre muito alto, tendo que repetir algumas vezes o que dizia. Ficamos encostados na parede do saguão por um bom tempo, tentando parecer que estávamos conversando e nos revezando em olhar para os examinadores e descreve-los para os outros. Depois de algum tempo Ivanovich notou que não só o nosso grupo, como também mais outros cinco prestavam atenção ao que eles conversavam e encaminhou os examinadores até seu escritório, nos deixando para trás e sem outra alternativa senão voltar para as repúblicas e estudar mais um pouco.

Foi uma noite realmente desconfortável. Não conseguia dormir, pois a todo instante as revisões vinham à mente e me pegava tentando lembrar de algum feitiço que pudesse ser cobrado. Sabia que não era o único acordado, mas nenhum dos outros no dormitório falava e finalmente, um a um, acabamos caindo no sono.

*****

Nenhum dos alunos do sétimo ano falou muito no café da manhã do primeiro exame. Eu estava novamente lendo Realizando Encantamentos Avançados tão rápido que algumas letras começavam a sair de foco; Miyako, sentada ao meu lado, praticava encantamentos com tanto fervor que o saleiro na frente dela girava alucinado; e Ty tentava animar seu garfo e sua faca, fazendo os dois travarem um duelo dentro do prato.

Quando o café da manhã terminou, os alunos do quinto e sétimo ano foram encaminhados para o Saguão de Entrada enquanto os outros alunos se dirigiam às suas lições. Ficamos espremidos ali, até que às nove e meia começaram a chamar turma por turma para entrar no Salão Principal, que havia sido arrumado de forma diferente. As quatro mesas enormes de madeira tinham sido removidas e substituídas por muitas mesas individuais, todas viradas para a mesa dos professores no fim do Salão, de onde a professora McGonagall e madame Maxime estavam paradas observando as turmas entrando. Quando todos estavam sentados e quietos, McGonagall deu um passo à frente.

- Podem começar - e virou uma enorme ampulheta ao seu lado, onde também haviam penas de reserva, vidros de tinta e rolos de pergaminho.

Virei meu teste – um rolo bem grosso de pergaminho – e fitei a primeira questão:

a) Diga o encantamento e b) Descreva o movimento de varinha necessário para fazer objetos criarem vida.

Lembrei dos estojos apostando corrida e do duelo que Ty criou no café da manha, onde o garfo levou a melhor sobre a faca. Sorrindo, me curvei sobre o papel e comecei a escrever.

*****

O salão principal voltou ao normal durante à hora do almoço e os alunos do quinto e do sétimo ano almoçaram com o resto da escola. Logo que a refeição terminou, fomos encaminhados para uma pequena câmara ao lado do Salão Principal enquanto esperávamos para sermos chamados para o exame prático. Os grupos eram chamados por ordem alfabética e sempre de 4 em 4, então os que ficavam para trás passavam o tempo murmurando encantamentos e praticando movimentos de varinha, repassando a matéria uma última vez.

Shannon foi a primeira do grupo a ser chamada. Tremendo, ela deixou a câmara com Denise Boulevard, Savannah Bouvier e Bram Capter. Eles demoraram cerca de 10 minutos e quando saíram, passaram direto pelo nosso grupo. Quem já havia sido testado não tinha autorização para comentar nada, então ficávamos apenas aguardando a nossa vez, aflitos.

Seth e Griffon foram chamados logo em seguida, depois entraram mais dois grupos e o professor Lênin apareceu mais uma vez.

- Anastacia Ivanovich, Renomaru Kollontai, Ludmilla Kovac e Gabriel Lupin.
- Boa sorte – Ty disse baixinho.

Entrei no Salão Principal apertando a varinha tão forte que minha mão tremia. O professor Lênin encaminhou os outros três para suas bancadas e me apontou a última, onde tinha um examinador baixinho, gordo e com bigodes tão grandes que o deixavam parecido com uma morsa.

- Professor Tofty está livre, Lupin – e assenti com a cabeça, caminhando até a bancada.
- Olá! Boa tarde! – o homem disse com sua voz trêmula e velha e respondi um pouco tenso - Não precisa ficar nervoso, vai ser simples. Quero pedir que comece pegando este cálice e faça tudo que eu for ditando.

Assenti novamente e peguei o cálice de sua mão, começando a realizar todos os feitiços que ele pedia. Quando o exame terminou, o cálice já havia se transformado em um rato, com vida própria. Mesmo tendo me atrapalhado um pouco na hora de executar o feitiço de crescimento e cor no rato, consegui consertar o erro depressa e ele parecia ter ficado satisfeito com o resultado. Era difícil me concentrar se toda vez que olhava para o examinador, enxergava uma morsa sorrindo para mim.

Jantei o mais depressa que pude naquela noite e voltei para a república exausto, mas não havia tempo para descansar. O próximo exame era de Transfiguração e só pretendia dormir depois que conseguisse transfigurar com perfeição uma cadeira em um bicho, qualquer que fosse. Noites de sono são para fracos, podia dormir depois que os exames terminassem...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

“Você faz suas escolhas, e suas escolhas fazem você”.

Steve Beckman


Faltava apenas um mês para a formatura. O pôster com a foto das turmas do sétimo ano pendurado na parede do Hall de Entrada do castelo fazia a contagem regressiva para o grande dia e cada vez que passava por ele e notava que faltava um dia a menos, sentia um frio na barriga. Se a formatura estava próxima, significava que a Terceira Tarefa, a apresentação do musical e os N.I.E.M.s também estavam.

A equipe do Jornal estava empenhada em terminar o Livro do Ano antes do prazo, para que todos tivessem tempo de sobra para ler tudo com calma e coletar todas as assinaturas que quisessem dos colegas de classe. Já estava tudo praticamente pronto, faltando apenas uma breve descrição de cada aluno e uma citação engraçada para cada um. Miyako, Gina e Micah eram os responsáveis pelas citações engraçadinhas e eu dividia com Evie o trabalho de descrever os alunos em apenas uma linha.

- Eu fico com todos de Durmstrang e você faz Hogwarts e Beauxbatons – Evie me entregou as páginas soltas com fotos dos alunos que ficaria encarregado – Gina disse que pode ajudar com Hogwarts quando terminar as citações.
- Tudo bem, mas conheço todo mundo, acho que dou conta – respondi olhando as páginas e parando na que tinha a minha foto, de Ty, Miyako, Griff e Seth.
-Ótimo! – ela sorriu e pegou a pena em cima da mesa – Então mãos a obra!


10 dias atrás...

O clima entre os formandos não poderia estar mais tenso. Com a proximidade dos N.I.E.M.s, todos os professores haviam parado de dar matéria nova e se concentravam em passar incansáveis revisões para nos preparar para os exames, exigindo cada vez mais e deixando a turma numa pilha de nervos. Era comum ver alunos saindo de sala quase tendo um colapso nervoso e tendo que tomar calmante na enfermaria. A enfermeira já deixava o estoque sempre cheio, pois depois que Nina saiu da sala aos prantos dizendo que era muito burra e não iria passar em seus N.I.E.M.s, o caos se instalou. Se ela achava que não ia passar, então o que seria dos outros?

Quando não estava em sala de aula, raramente era visto perambulando pelos corredores e jardins da escola. Meu refúgio agora era o dormitório onde estava instalado na Spartacus. Era o melhor lugar para estudar, pois Seth e Dario também estavam preocupados com os exames e até mesmo Ty e Griffon não queriam saber de bagunça e passavam a maior parte do tempo livre com as caras enfiadas dentro dos livros.

Era segunda-feira e depois que as aulas normais terminaram, voltei para a república para revisar a matéria de Poções. Ty e Griff estavam no clube de duelos e tinha a companhia apenas de Seth e Dario, que estavam se revezando em transfigurar um ao outro em pessoas diferentes, se preparando para o exame pratico de Transfiguração. Estava tão concentrado nas minhas anotações que não percebi que tinham quatro corujas do lado de fora. Seth abriu a janela e elas vieram direto para cima de mim, despejando cada uma um envelope no meu colo.

- Alguém está desesperado atrás de você – Dario comentou enquanto oferecia os biscoitos que tinha guardado as corujas.
- São cartas de Universidades – Seth pegou duas da minha mão e apontou para o brasão carimbado em uma delas – Harvard e Universidade de Paris.
- Você se inscreveu para essas faculdades? – Dario expulsou as corujas do quarto e pegou uma carta comigo – Essa é de Oxford.
- E tem uma de Yale... – falei olhando mais uma – Mas eu não preenchi nenhuma ficha de inscrição. Que estranho.
- Bom, então abre e vamos descobrir como eles encontraram você! – Seth me devolveu as cartas.

Rasguei o primeiro envelope, uma carta de Harvard. Eles estavam me oferecendo uma bolsa de estudos de esporte e me convidando para uma entrevista, pois haviam recebido uma carta de recomendação de Olímpia Maxime. Peguei o segundo envelope, de Oxford, e também me ofereciam uma bolsa, mas para Jornalismo e pelo mesmo motivo. Yale me oferecia uma bolsa de estudos para Fotografia e a Universidade de Paris uma bolsa para estudar Artes.

- Uau, quantas bolsas estão oferecendo! – Dario terminou de ler a carta de Harvard e passou para Seth – Madame Maxime devia estar inspirada no dia que mandou isso tudo.
- É, parece que sim... – respondi distraído, surpreso com os convites.
- Você vai fazer as entrevistas, não é? – Seth perguntou, mas soou mais como uma intimação – Não vai deixar passar uma oportunidade dessas.
- Não posso, não é? – respondi incerto, olhando para as cartas abertas no chão – Madame Maxime teve o trabalho de escrever a todas essas Universidades, não posso ignorar.
- O que foi? Não tem vontade de estudar em nenhuma delas? – Dario se espantou.
- Claro que gostaria de estudar em qualquer uma delas, são excelentes escolas. É que ainda não sei exatamente o que fazer e...
- Ainda não sabe se quer continuar morando fora do Brasil depois que se formar. Acertei? – Seth completou pra mim e confirmei com a cabeça.
- Você não tem nada a perder indo fazer as entrevistas. Responda as cartas marcando uma hora com elas e decida depois – Dario sugeriu.
- As aulas só começam em Setembro, você ainda tem dois meses para pensar no que quer ser.
- É, vocês tem razão. Não tenho nada a perder conversando com eles. Muito pelo contrario, só tenho a ganhar.

Recolhi as cartas espalhadas e puxei um pergaminho da mochila, começando a escrever as respostas. Tiraria um dia da semana para fazer as entrevistas e quem sabe depois delas não tomava enfim uma decisão.

*****

4 dias atrás...

O sábado começou agradável. Apesar do frio abaixo de 0, o céu estava azul e aproveitamos o dia ensolarado para curtir um pouco os jardins da escola. Ninguém havia programado sair da escola e depois do almoço, fomos todos para a Avalon passar a tarde jogando jogos de tabuleiro com as meninas. Ninguém ia estudar naquela tarde, livro era uma palavra proibida e quem mencionasse os N.I.E.M.s teria que depositar 1 galeão dentro do pote de biscoito vazio.

Aquela tarde que seria destinada a jogos se transformou em noite muito depressa. Com toda a comida que Milla havia deixado preparada na república e com a quantidade exagerada de bebidas que Ty e Griff providenciaram, acabamos não sentindo a hora passar. Percebemos que era o céu já estava escuro apenas quando o primo da Evie apareceu na sala, procurando por Micah e Ty. Um homem procurava ajuda, pois Milla estava tendo convulsões em um dos quartos da boate dele. Todo mundo entrou em desespero e saímos correndo para o vilarejo, trazendo ela de volta a escola quase desacordada, vomitando espuma.

- O que está acontecendo? – Seth me parou quando estávamos voltando com ela, ele e Luna não estavam mais conosco quando fomos chamados.
- Milla está tendo convulsões, seu irmão acalmou elas um pouco, mas estão levando ela até a enfermaria – expliquei nervoso, assustado com o que vi.
- Convulsões? – Luna se espantou – Mas ela não usa drogas!
- Nós sabemos, mas alguma coisa ela tomou, ou deram para ela – Miyako respondeu apertando meu braço com as mãos geladas de nervoso.
- Vou até lá ver se posso ajudar – Seth falou e saiu correndo arrastando Luna pela mão.
- O que tem na mão, Biel? – Miyako perguntou sentindo um pedaço de papel amassado que segurava.
- Uma carta dos meus amigos – respondi olhando para o envelope que ainda não tinha lido – Filipe me entregou quando saímos com Milla da república, com essa confusão toda ainda não abri.
- E como foram as entrevistas? Foram ontem, não é?
- Sim... – respondi ainda vago, olhando na direção da enfermaria – Foram ótimas, todas as Universidades são maravilhosas, oferecem muitas oportunidades pros alunos. E fiquei tentado a aceitar a bolsa que a Universidade de Paris me ofereceu, mas ainda não sei.
- Ainda está pensando se quer mesmo ficar mais quatro anos fora de casa? – ela riu de leve.
- Sou geminiano, indecisão é o meu nome do meio, não me critica – respondi sério, mas em tom de brincadeira.
- Conheço você há 17 anos, Gabriel Lupin. Sei muito bem como você é... – Mi sorriu e apertou meu braço outra vez, se encolhendo de frio – Vem, vamos entrar e esperar lá no corredor. Não quero congelar enquanto espero noticias da Milla.

Concordei com a cabeça e apertamos o passo para chegar ao castelo. A enfermeira já havia barrado a entrada de todo mundo, deixando apenas Griff passar. Ficamos sentados no chão do corredor aguardando, todos assustados, mas de mãos atadas. Puxei a carta amassada do bolso e abri o envelope. E só de reconhecer a letra de Igor no pergaminho, já me animei um pouco. Ao menos poderia ler alguma coisa de bom, enquanto esperávamos saber se Milla estava bem.


*****

- Biel? – ouvi a voz de Miyako atrás de mim e espantei as lembranças dos últimos dias – Terminou de fazer as descrições do livro?
- Só mais um segundo, falta a minha foto – respondi e ela sentou ao meu lado para ler o que já tinha feito.
- Claro que a sua ficou por último – ela bateu a mão na testa, rindo – Conseguiu decidir o que escrever?
- Sim, não tenho mais dúvida – respondi sorrindo.

Puxei o tinteiro para perto de mim outra vez e molhei a ponta da pena, fitando a minha foto na página.

“Gabriel Storm Lupin. Monitor. Apanhador. Campeão de Beauxbatons. Futuro Jornalista.”
 

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