quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Spartacus, 23 de Fevereiro de 2000, 22hs.

- Gabriel? – senti alguém me sacudir e levantei a cabeça devagar – Gabriel? Acorde!
- O que foi? – falei com a voz embargada pelo sono e ajeitei os óculos no rosto – Eu dormi?
- Sim! – Ty respondeu exasperado e sacudi a cabeça – Você está bem?
- Sim, estou, só estou cansado – bocejei me esticando na cadeira e esfreguei os olhos, conseguindo enxergar ele e Miyako em foco
- Acho que não foi uma boa idéia termos passado o carnaval com você no Rio de Janeiro – Miyako sentou do meu lado e também parecia cansada – A segunda tarefa é daqui algumas horas e você está um lixo.
- Vai dar tudo certo, relaxem – falei animado, mas eles não estavam muito confiantes – Vamos embora, temos que conseguir o guelricho. Depois eu descanso.

Levantei da mesa deixando os livros de feitiço de lado e eles me seguiram para fora da república. A única chance de sobreviver no lado era usando guelricho, já que desconhecia o tempo que precisaria respirar debaixo d’água. E para isso, precisaríamos negociar com o professor de Herbologia...

*****

24 de Fevereiro, manhã da Segunda Tarefa.

Sonhava que estava dentro do lago por horas e o efeito do guelricho começava a passar. Eu começava a me afogar quando uma mão me sacudiu com violência e saltei da cama, quase sem ar. Ty deu um passo pra trás e Griff, Seth e Dario me olharam assustados, mas relaxaram quando eu ri.

- Levanta logo, já são 8:30 – ele me empurrou para fora da cama e levantei sentindo a cabeça pesada. Meus olhos mal se mantinham abertos e ardiam muito – Ainda precisa tomar café e estar no lago às 9hs.
- Parece que não dormi nada – falei rouco, a claridade no quarto parecia capaz de me cegar.
- E não dormiu nada mesmo, voltamos quase meia noite e você ainda quis revisar feitiços contra criaturas aquáticas.
- Você está bem mesmo pra essa prova, Gabriel? – Seth perguntou preocupado
- Não tenho escolha, tenho? – dei de ombros, saindo da cama e me arrastando até o banheiro. Sabia que não estava em condições de competir naquela tarefa, mas teria que fazer o melhor possível.

*****

Cheguei até a beira do lado agasalhado até os dentes e encontrei Gina e Reno já me esperando. Ele parecia confiante, mas Gina também sentia muito frio e estava encolhida no canto, calada. Fedorovitch sorriu quando me viu chegar e fez sinal para que nos reuníssemos perto dele. As arquibancadas montadas ao redor do lago já estavam lotadas e caminhamos com ele até uma bancada mais perto da água, onde sentamos em um banco indicado por ele. Mesmo sem estar dentro dela, podia sentir a temperatura absurdamente gelada da água. Ele parou em frente à bancada e puxou alguns papéis, nos encarando sorridente e apontando a varinha para o pescoço, elevando sua voz.

- Para completar a segunda tarefa, nossos campeões dependerão não só de suas habilidades em feitiços de defesa, como também de uma boa memória. Irei contar uma história a eles e, uma vez dentro do lago, deverão procurar os sereianos guardiões dos 14 pedestais. Em cada pedestal haverá uma pergunta sobre a história. Acertem a pergunta e receberão uma bandeira, podendo seguir para o próximo. Errem, e receberão um bastão. Para completar o ciclo de perguntas é preciso ter 7 bandeiras na mão. Ao entregarem as 7 bandeiras ao sereiano responsável, enfrentarão um último desafio indicado por ele – ele parou de encarar o público e nos encarou sério - Nesse desafio, vocês irão se deparar com uma escolha difícil. Não há certo ou errado, apenas sua própria consciência. Ao passarem por ele, retornem a superfície para encerrar a prova. Vocês terão uma hora para completar tudo.

Nos olhamos receosos, mas ele não deixou ninguém falar e pigarreou alto, começando a contar a história. Ela era sobre a vida de Gellert Grindelwald e embora fizesse um enorme esforço para me concentrar, o sono e o cansaço tentavam me vencer e perdi vários trechos. Por sorte conhecia boa parte da história da vida dele. Quando ele terminou de contar, pediu que nos preparássemos para começar a prova. Caminhei até a beira do lago e tirei os óculos, guardando no bolso do casado que ainda vestia. Reno já estava só de short, mas Gina e eu não tivemos coragem de encarar o frio antes da hora. O diretor ergueu a mão e nossas atenções congelaram nela. Ouvimos um apito alto, o diretor abaixou o braço depressa e Reno mergulhou de cabeça no lago. Começamos a arrancar os casacos e calças e puxei o guelricho do bolso, enfiando tudo na boca. Nem mesmo esperei que começasse a fazer efeito e me atirei no lago.

A água estava tão gelada que em questão de segundos já havia perdido a sensibilidade dos dedos. Dava pra ouvir as pessoas nas arquibancadas rindo das nossas caretas de frio, mas logo já estava submerso e não ouvia mais nada. O guelricho começou a fazer efeito e já não conseguia mais respirar pelo nariz, adquirindo guelras, o que me permitiu nadar mais depressa. Logo avistei o primeiro pedestal e parei de frente para ele, indicando que queria ouvir a perguntar. O sereiano abriu um baú e puxou uma placa dele, me entregando.

- Qual o ano de nascimento de Gellert Grindelwald – li rápido, e bolhas saiam da minha boca, sem emitir som – 1883! – tentei responder, mas não saia nada, então bati com a mão em cima da opção correta e o sereiano puxou a placa da minha mão, me entregando uma bandeira azul.

Prendi a bandeira no short e continuei nadando. Passei por mais dois pedestais sem dificuldades, mas no caminho até o quarto fui atacado por um grupo de grindylows e o único feitiço que conseguia pronunciar era o relaxo, que emitia um jato de água quente e os afastava do meu caminho. Encontrei o quarto sereiano e parei ao seu lado, o cansaço já tomando conta do meu corpo. Tudo que pulei e brinquei no fim de semana, as poucas horas de sono, começando a pesar e tentar me derrubar.

- Período em que Grindelwald estudou em Durmstrang? – li depressa, mas daquela vez não sabia a resposta. Ainda corri os olhos pelas opções e resolvi chutar, mas não acertei.

O sereiano me entregou um bastão azul e voltei a nadar pelo lago, até encontrar o próximo pedestal. Respondi os 3 seguintes sem erros e já possuía 6 bandeiras, mas precisava de mais uma. No caminho em busca da ultima bandeira fui atacado por um bando de dilátex vorazes e encontrei dificuldade para passar por eles, tendo parte do short rasgado pelo último, que afastei com um chute violento. Passei por mais 2 pedestais onde errei a resposta e começava a me desesperar com a demora em chegar ao próximo, até que encontrei mais um.

- O que está gravado na entrada de Nurmengard, conhecido como o slogan de Grindelwald? – bati a mão agitado na resposta que indicada “Pelo Bem Maior” e o sereiano me tomou a placa, trocando-a por uma bandeira azul.

Sorri agradecido e prendi a bandeira junto com as outras, nadando agora com mais pressa ainda, na direção indicada por ele. Passei por algumas criaturas chatas pelo caminho e cheguei a um portal que lembrava a entrada de um labirinto. Um sereiano guardava sua entrada e notei que havia 7 bandeiras pretas e 7 vermelhas presas na entrada dele, o que indicava que Gina e Reno já haviam passado por ele e eu era o último. Entreguei as minhas a ele e ele me devolveu uma placa.

- Existem dois caminhos para se chegar ao fim desta tarefa. No mais longo você enfrentará criaturas aquáticas e no fim encontrará aquele que é o seu maior desafeto, mas que aguarda o seu resgate. No mais curto existem poucas criaturas, mas você poderá encontrar a pista que o levará a taça tribruxo. Suas escolhas mostram quem você é. Não há certo ou errado, apenas sua própria consciência.

Li a pista depressa e olhei para as duas entradas do labirinto. Meu maior desafeto? Não foi precisa pensar muito para entender que Arthur Lewis estava no fim daquele labirinto. Parte de sua família é britânica, o que lhe garantiu uma vaga em Hogwarts. Por um momento considerei entrar no labirinto mais longo e tirar aquele idiota de lá, mas esse pensamento se evaporou ao lembrar que era o último campeão a chegar ali. Não ia arriscar estourar o tempo imposto para a prova salvando uma pessoa que não gostava. Devolvi a placa ao sereiano e entrei no labirinto mais curto. Apenas alguns grindylows, dois dilátex e um de guidão perdido tentaram me atrapalhar, mas não encontrei dificuldade em repeli-los. Cheguei rápido ao fim do labirinto e abri a urna, retirando um pergaminho envolto em um plástico. O sereiano que o guardava fez sinal de que havia completado a tarefa e nadei o mais rápido que pude de volta a superfície.

Enquanto subia, podia sentir o efeito do guelricho passando, o que significava que já devia estar quase estourando o tempo. Minha respiração voltou ao normal e uma enorme quantidade de água entrou pelo meu nariz, fazendo minha cabeça girar com a pressão. Já podia ver a claridade da superfície e o gelo da água tomar conta do meu corpo outra vez, e acelerei as braçadas. Quando minha cabeça emergiu da água, pude sentir todo o ar voltando aos meus pulmões e, com ela, o cansaço que lutei contra para não me deixar desistir. Sacudi a cabeça espalhando a água que tinha nos cabelos e nadei para fora do lago. A enfermeira veio correndo na minha direção me entregando uma toalha e ouvia a arquibancada gritar, fazendo um enorme estardalhaço, enquanto era rebocado para uma tenda pela mulher.

- Gabriel! – Gina saltou da maca onde estava quando me viu e correu para me abraçar, mas logo me deu um tapa no braço – Por que demorou tanto? O tempo estava quase se esgotando, pensei que o efeito do guelricho tinha passado e você tinha se afogado!
- Eu esqueci algumas respostas e me cansei logo – respondi cansado e a enfermeira me empurrou pra maca – E enfrentei problemas com um guidão insistente.
- Você escolheu qual caminho? – ela se sentou outra vez e me olhou parecendo sem graça.
- O mais curto – respondi um pouco envergonhado também por ter feito aquela escolha, embora não me arrependesse.
- É, eu também – ela acabou rindo – Imagina se ia salvar Romilda Vane e não pegar a pista?
- Mas eu salvei o Seth e recebi uma pista – Reno entrou na conversa e olhamos para ele surpresos – Ainda não sei bem porque escolhi salvar o Seth, mas enfim...
- Então era uma pegadinha, para testar nossas escolhas em momentos difíceis – Gina balançava a cabeça inconformada.
- Bom, eu de qualquer forma não poderia ir pelo caminho mais longo, já estava muito atrás de vocês – falei me enrolando em um cobertor, tremendo de frio – O que está feito, está feito.
- Campeões, por favor, me acompanhem – o diretor da escola entrou na tenda – As notas serão anunciadas.

Levantamos das macas, Gina e eu ainda enrolados em cobertores e tremendo dos péas macas, Gina e eu ainda enrolados em cobertores e tremendo dos p inha passado e voce perficie.da dele, o que a cabeça. Paramos de frente para o lago mais uma vez e vimos que os juízes ainda discutiam sobre as notas, mas logo se afastaram entregando um pergaminho ao diretor Ivanovich. Ele correu os olhos por ele rápido e ampliou a voz com o feitiço.

- Senhoras e senhores, já chegamos a uma decisão. Em um máximo de cinqüenta, decidimos atribuir a cada campeão, as seguintes notas... - ele tornou a abrir o pergaminho e pigarreou alto - O Sr. Renomaru Kollontai, que usou uma forma avançada de alquimia quase completa, mas eficiente, foi o primeiro a voltar e trouxe consigo o refém - os alunos de Durmstrang fizeram muito barulho e batiam os pés no chão - Portanto, recebeu quarenta e sete pontos.
- Nada mal - comentei com Reno e ele concordou, aliviado.
- A senhorita Gina Weasley, em uma excelente demonstração do feitiço Cabeça-de-Bolha, foi a segunda a retornar, apenas um minuto depois do Sr. Kollontai - agora era a arquibancada de Hogwarts que gritava - No entanto, ela não trouxe o refém e receberá quarenta pontos.
- Droga, esses 5 pontos vão fazer falta. Maldita Romilda Vane! - Gina resmungou do meu lado e ri.
- O Sr. Gabriel Lupin usou guelricho com grande eficácia - a torcida de Beauxbatons gritou animada, mesmo eu tendo sido o último – Mas como foi o último a retornar, também sem trazer o refém e quase estourando o tempo, receberá trinta e cinco pontos.
- Ufa, achei que ia receber uns vinte - quase desmontei no chão de alívio e Gina riu.
- A terceira e última tarefa será realizada ao anoitecer do dia vinte e quatro de junho - continuou o diretor - Os campeões serão informados do que os espera exatamente um mês antes. Agradecemos o apoio dado aos campeões e até a última tarefa!

O diretor nem bem terminou de falar e a enfermeira começou a arrebanhar os campeões e reféns, agora todos de volta a superfície, em direção ao castelo para trocarem roupas secas. Embora tenha terminado em último lugar, estava aliviado. Havia conseguido completar a prova sem estourar o tempo e agora teria um bom intervalo até a final. E não queria me preocupar com isso até ouvir as instruções sobre ela, em Maio...

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

- Andem depressa. Miyako, Gina, fiquem perto! – falei agitado, olhando para trás agarrando a mão de Gina e Ty correu para segurar o braço de Miyako – Griff, não deixe a B se afastar! Se nos perdermos, estou indo para a direção daquele relógio gigante – disse apontando para a torre da Central do Brasil – Esperem por mim nela!

Os quatro assentiram com a cabeça e apertei o passo, puxando Gina. Atravessávamos uma enorme avenida e à medida que íamos nos aproximando da única área aberta para cruzar até a entrada do sambódromo, a confusão de gente ia aumentando. Um ano tio Scott ficou para trás porque deixou a bolsa cair e nos perdemos dele, encontrando só uma hora depois, já no camarote. Ty e Griff caminhavam tentando não me perder de vista, mas pareciam duas baratas tontas, olhando para todos os lados vendo as mulheres passando com pouca roupa na rua. As meninas reviravam os olhos vendo os dois babando e ria dos resmungos que ouvia.

Não foi nada fácil, mas conseguimos passar pela multidão que tomava conta da rua carregando os sacos com nossas fantasias. Andamos mais um bom pedaço, eu tendo que ouvir Gina e Beatrice se queixando que era longe e poderíamos ter aparatado, até que chegamos aos portões que davam acesso as frisas. Eram cercados para seis pessoas que ficavam no nível da pista, teríamos uma visão privilegiada dos desfiles. Meus pais, tio Scott, tio Ben, Nick e tio Renato iam ocupar a frisa do lado da nossa e já estavam lá quando chegamos.

- Por que demoraram tanto? – mamãe perguntou aliviada ao ver que tínhamos chegado – Vocês disseram que iam sair logo depois!
- Íamos, mas eles não queriam sair da praia, acabamos nos atrasando – respondi olhando pros cinco, largando minha fantasia no chão.
- Estamos passando frio naquela geleira e você quer nos privar de alguns minutos a mais no sol? – Griff fingiu indignação e eles concordaram.
- Bom, vocês chegaram na hora certa, já vai começar – tio Scott apontou para o início da passarela e vimos os fogos estourando no céu, ao mesmo tempo em que o cronômetro da pista era zerado.

Ocupamos nossos lugares e logo a primeira escola entrou. Durante toda a noite, ficava dividido entre prestar atenção no desfile e observar as expressões no rosto dos cinco. Eles olhavam tudo que passava fascinados, mal piscavam, principalmente os meninos. A cada mulata que passava em cima de algum carro ou no chão, eles me cutucavam e apontavam, batendo palma para elas. As meninas aproveitavam para encarnar neles, dizendo que eram todas montadas, que era impossível uma pessoa ser daquele jeito sem ter feito nada, e eles vaiavam elas quando ouviam esse tipo de comentário. Já haviam passado quatro escolas e estava na hora de sairmos da frisa para caminhar até a concentração. Íamos desfilar pela Mocidade, minha escola, e era um longo caminho até onde ela estava se arrumando. Saímos os seis carregando a sacola com a roupa e tio Scott e tio Ben nos acompanharam.

Nossa fantasia se chamava “O caminho das águas” e era toda azul, o que animou mais ainda Ty, Mi e Griff. Procuramos a posição dela entre os carros e tio Scott foi quem viu primeiro algumas pessoas usando a mesma roupa, apontando para a direção delas e nos guiando até lá. Fazia seis anos que não pisava naquela concentração, vestido como um maluco e cercado por aquela atmosfera louca que era os minutos antes de um desfile começar. Nunca pensei que fosse sentir tanta falta. Estava tão feliz de estar de volta que me distrai olhando a movimentação das alas e nem percebi que tio Ben e tio Scott já haviam socorrido meus amigos e já estavam todos vestidos, prontos para desfilar.

- Acorda, Gabriel! – tio Scott me sacudiu, rindo – Estava olhando o que?
- Nada especifico – dei de ombros, sorrindo – Só olhando mesmo.
- Sei que sentiu falta, então aproveite hoje – ele sorriu de volta e passou a mão pelo meu ombro – Vamos, já estão começando a organizar a ala.
- Ora, ora... – ouvi uma voz conhecida e o sorriso evaporou do meu rosto – Olha quem está de volta ao carnaval!

Virei para trás e dei de cara com Arthur, meu vizinho intragável. Ele também estava usando a roupa da nossa ala e tinha um sorriso debochado no rosto que tive vontade de socar. Nos conhecemos desde crianças e nunca suportamos um ao outro. Tio Scott, sabendo disso, colou do meu lado e me encarava atento. Ty e Griff perceberam a tensão e já começavam a se armar, mas tio Ben os olhou severo e eles relaxaram.

- Está brincando, não é? – falei olhando atravessado para ele
- O que foi? Não posso desfilar? – ele deu de ombros, rindo.
- Você nem torce pela Mocidade, não tinha fantasia pra você na sua escola não?
- A minha desfila amanha, não vou estar aqui, assim como você. E relaxa, campeão de Beauxbatons, estou pagando, desfilo onde quiser. Você é o dono da escola, por acaso? – ele passou do meu lado e esbarrou na minha fantasia. Na mesma hora parti pra cima dele, mas tio Scott me segurou.
- Arthur, é melhor encontrar um lugar mais lá atrás – tio Scott falou em tom de aviso.
- Como quiser, Sr. Foutley – ele respondeu acenando com um sorriso besta no rosto e sumiu no meio das pessoas da ala
- Odeio esse garoto! – falei irritado e tio Scott ainda me segurava – Pode me soltar, não vou atrás dele.
- Tem certeza? Se for e começar uma briga no meio da concentração, sabe que os diretores de harmonia vão botar os dois pra fora, não é?
- Sim, sei, por isso não vou lá – respondi ainda irritado e ele me soltou – Eu pego ele na escola, ele que me aguarde.
- Quem é esse otário? – Ty se aproximou e perguntou procurando Arthur no meio das pessoas
- Arthur Lewis – Gina se aproximou também e respondeu por mim – Ele é da minha turma, Grifinória também. Gabriel e ele não se entendem muito bem.
- É, deu pra perceber – Miyako falou – Mas esquece esse mané, Biel. Vamos animar, o desfile vai começar, ouvi aquele homem ali dizer!

Sorri mais animado esquecendo o idiota e logo um diretor da ala começou a nos organizar em filas de oito pessoas. Ficamos todos na primeira fila, íamos puxar a ala inteira, a responsabilidade era grande. Ele mandou que déssemos as mãos para não desfazer a linha e começamos a andar devagar, para nos posicionarmos atrás do carro. À medida que íamos nos aproximando do setor 1, minha mão começava a suar. Miyako, que segurava ela, começou a rir, mas acabei deixando ela nervosa também, pois um minuto depois ela ficou séria, encarando o carro na nossa frente sem piscar. Mas quando vi os fogos iluminarem o céu escuro, ouvi a sirene tocar e o grito de guerra da escola ecoar por toda a concentração, fazendo os componentes gritarem empolgados, o nervosismo passou. Aquela era, sem duvida, a sensação mais louca do mundo. Olhei para meus amigos sorrindo animado e eles começaram a pular. A escola andou e assim que viramos no setor 1, vimos as arquibancadas lotadas, gritando e agitando bandeiras. A pista vazia, apenas esperando que a atravessássemos e deixássemos nossa marca. E isso sem duvida nos faríamos. Sabia que a segunda tarefa do torneio era em dois dias, mas naquele momento, não estava ligando. Tudo que importava era atravessar aquela pista, como sempre fiz. E como sempre ia fazer. Nunca mais ia deixar de pisar naquele chão.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Wrath of Muramasa

OBS: Os acontecimentos desse texto ocorrem na mesma noite do ataque a Durmstrang. Devo advertir sobre o grau de violência deste texto.

Das lembranças de Seth K. C. Chronos

Don't fear the eyes of the dark lord
Morgoth I cried
All hope is gone but I swear revenge

Aquele maldito iria me pagar.
Mata-lo? Não...
Eu o farei sofrer antes de exterminá-lo, e ele pagará por tudo que fez.
Quero sentir o medo correndo pelo seu corpo enquanto eu me aproximo.
Quero ver os olhos dele implorando por misericórdia.
Quero ver todos os seus séculos de existência reduzirem-se a um minuto de puro pavor.
Pela primeira vez em toda a minha vida, eu seria cruel, faria minha vingança ser a pior coisa que tenha lhe acontecido.
Ele vai desejar arder ao sol, ter o coração arrancado a me enfrentar.
Eu deixaria meu lado vampírico livre.
Esse lado vampírico que sempre esteve sob controle facilmente, hoje seria liberado, para usar toda a sua raiva, todo o seu poder...

I am the bone of my sword
Steel is my body
And fire is my blood

Eu ainda podia sentir o gosto do sangue de Luna em minha boca, me fazendo sentir nojo e desgosto de mim mesmo. Não apenas por ter sugado o sangue da pessoa que eu amo, mas por saber que um lado de mim desejava esse sangue...O cheiro dela, a presença dela, e agora seu sangue, eram as coisas mais deliciosas desse mundo, sensações únicas, que apenas ela possui e apenas ela causa em mim. Desde que descobri que a amava, eu sabia que no fundo do meu ser, algo desejava seu sangue, e tê-lo conseguido essa noite me serviu para deixar isso claro. Apesar do nojo que eu sentia, esse sangue me era caro e importante, justamente por ser dela. Sentir o gosto dela em meus lábios, correndo pelas minhas veias, me fazia ficar cada vez com mais raiva, alimentando meus poderes e minha ira. Eu sabia que dificilmente algo me faria parar, nem mesmo Luna conseguiria impedir a minha fúria, e essa noite eu iria me vingar.
Eu sentia que mamãe, Tia Celas e um grupo de aurores do clã me seguiam, eles totalizavam um grupo de 22 pessoas, apesar de estarem muito afastados de mim. Eu podia sentir suas presenças, sentir seus cheiros e ouvir seu coração batendo, mas nenhum deles chegaria perto de Isaiah enquanto eu não tivesse acabado com ele. E há como eu acabarei com ele...O Inferno irá parecer o Paraíso para ele essa noite. Em certo ponto, deixei para trás um patrono meu, e o pequeno coelho prateado estaria aguardando a chegada de mamãe, pedindo que não interferisse, pois se alguém interferir, minha fúria poderá atingir outros. E ela seria direcionada apenas para ele.


- Tenho algo a lhe pedir. Quero seu poder.
- Eu nunca pedi nada, nunca desejei nada, sempre estive sob seu controle.
- Quero sua raiva, seu ódio, sua crueldade...
- Você quer meu poder, minha ira, minha destruição, minha danação...
- Quero ser a morte, quero ser a praga que destruirá aquele verme.
- E assim você será.


Taken the long way
Dark realms I went through
I arrived
My vision's so clear
In anger and pain
I left deep wounds behind
But I arrived
Truth might be changed by victory

Beyond the void but deep within me
A swamp of filth exists
A lake it was of crystal beauty
But Arda's spring went by
I've heard the warning
Well curse my name
I'll keep on laughing
No regret
No regret
Don't fear the eyes of the dark lord
Morgoth I cried
All hope is gone but I swear revenge
Hear my oath
I will take part in your damned fate

Meu lado vampírico, um ser da mais pura trevas, me encarava. Ele não sorria, ele não se divertia, ele apenas me encarava. Assim como eu, o que ele queria era a vingança e a morte, ele queria apenas a destruição completa. E nós faríamos isso juntos, em uma noite de destruição e raiva. Seríamos um pela primeira vez, completamente movidos por raiva, dor, ira e ódio. Nós dois nos aproximamos lentamente, passo a passo, cada vez mais próximos. Eu usava minha foice negra, e ele usava uma foice idêntica, porém branca. Nós nos fundimos em um só, as foices virando uma única foice. Ao nosso redor, uma planície castigada pelo vento e completamente vazia, as trevas tomaram todo o lugar e apenas meus olhos vermelhos brilhavam.

I have created over a thousand blades
Unknown to death, nor known to life
Have withstood pain to create many weapons
Yet, those hands will never hold anything
And so as I pray
For the Unlimited Blade Works

Eu o perseguia pela Bulgária, nos afastando de Durmstrang e do Mar do Norte, e eu sabia que ele estava me levando para uma armadilha, o que me fazia correr ainda mais. Eu estou muito próximo dele, podendo sentir o cheiro nojento dele. As trevas me seguiam e onde quer que eu passasse a noite ficava mais escura, as estrelas se apagavam, tudo sucumbia às trevas. Passamos por vilarejos e cidades, e em todos eles, os moradores pareciam sentir algo maligno, pois fugiam e trancavam-se em suas casas, orando para que a noite acabasse logo. Mas essa noite duraria uma eternidade.

Pain inside is rising
I am the fallen one
a figure in an old game
no Joker's on my side
I plunged into misery
I'll turn off the light
and murder the dawn
turn off the light
and murder the dawn

Ele finalmente parou, e em questão de segundos eu já estava diante dele, encarando-o com meus olhos cheios de raiva, encarando o sorriso maligno dele. Estávamos em algum lugar do norte da Bulgária, próximos ao Danúbio, em uma floresta afastados de vilas ou cidades. Assim que paramos, a minha aura negra começou a espalhar-se pela região, tornando a noite ainda mais escura, e nesse momento a armadilha preparada por ele aconteceu, e vampiros saltaram das sombras, para me atacar. Eu não sei quantos eram, só sei que todos foram destruídos antes de chegarem próximos a mim. Do chão, os lobos tomaram forma e com uma única mordida agarravam e destruíam vampiros com facilidade, ou então as trevas que me envolviam tomavam a forma de estacas e perfuravam os corpos de meus oponentes. Em todos os casos, os vampiros viraram pó rapidamente, tendo seu sangue absorvida pela minha aura negra. Isaiah pareceu se surpreender, na verdade se assustar, e seu sorriso diminuiu um pouco, enquanto ele se preparava para lutar, andando lentamente. Eu o seguia, os olhos presos nos dele, enquanto as trevas rodopiavam até minha mão direita e tomavam a forma da minha foice negra, Messori Muramasa, e eu a segurava enquanto me preparava para lutar. Eu senti então diversas presenças, todas muito afastadas. Reconheci mamãe e os outros, na entrada da floresta, assim como outros vampiros no alto das montanhas próximas. Isaiah parecia ignora-los ou não ter detecta-los.

- Mãe, por favor, não interfiram. Esse verme é meu. – Meu patrono falou, desaparecendo no ar. Tia Celas olhou para mamãe, enquanto alguns aurores tentaram avançar, sendo impedidos por mamãe.
- Não...Não devemos interferir. Essa é a luta dele, e se interferirmos corremos o risco de sermos atacados também.
- Se ele precisar, nós ajudaremos. – Tia Celas completou e mamãe assentiu. Nesse momento, todos sentiram as energias se confrontando, começávamos a duelar.


- Não dêem mais um passo. – Cewyn ordenou, parando completamente. Os demais vampiros, os Executores, a obedeceram imediatamente e ela aproximou-se da borda de um penhasco, olhando na direção da luta, de onde vinham duas energias poderosas e sedentas de sangue. – Não devemos interferir, isso se tornou um Duelo entre vampiros. Ele foi mais rápido que nós. Caso ele seja destruído, nós eliminamos Isaiah.

Nós saltamos juntos para o ar, os dois com os olhos brilhando e as presas à mostra, urrando de ódio e de raiva, sedentos por sangue e por destruição. Nós colidimos no ar, trocando uma quantidade enorme de golpes, enquanto eu mantinha a foice para trás. Ele acertou diversos socos em mim, porém eu os ignorei enquanto desferia socos com a mão esquerda em seu peito, finalizando com um golpe poderoso da parte cega da foice. Isaiah foi jogado ao chão com um baque alto, abrindo uma cratera no chão e fazendo diversas árvores caírem. Porém ele saltou rapidamente, acertando um chute em minha barriga quando eu descia com a foice para cortá-lo. Ele pegou uma das árvores com facilidade e a jogou contra mim, tentando me acertar. Eu já estava de pé novamente, e com um movimento rápido da foice, cortei a árvore ao meio, revelando o verdadeiro ataque de Isaiah que pulara contra mim junto da árvore. Eu bloqueei o golpe com o cabo da foice, porém Isaiah saltou por sobre ela, me acertando um soco no rosto e em seguida perfurando meu ombro com as suas garras.
Ele era poderoso, um lutador experiente e perigoso e a todo momento eu devia tomar cuidado, porém eu também era habilidoso e estava preparado para destruí-lo a qualquer custo. Comparado a Hellion, Isaiah era fraco, pois o primeiro tinha séculos a mais do que Isaiah, séculos em que ele absorveu centenas de vidas e dezenas de vampiros aumentando o seu poder. Isaiah não era capaz de convocar servos como eu, meu pai e Hellion, por isso a luta era um contra um.
Porém, em suas habilidades de ilusão, ele era poderosíssimo. Após perfurar meu ombro com suas garras, eu girei a foice com rapidez, cortando-o na altura do peito, mas ele conseguiu escapar do golpe letal. Ele então gargalhou e mordeu o próprio pulso, jogando as gotas ao chão. Quando as gotas caíram no chão, elas começaram a borbulhar e pouco depois duas imagens idênticas do vampiro estavam de pé ao seu lado, gargalhando também. Os três vampiros saltaram para mim e me vi atacado por todos os lados por três vampiros, sem saber qual era o verdadeiro. As duas ilusões conseguiam me machucar e eu me vi perfurado em diversos lugares do corpo, sendo obrigado a gritar e urrar, enquanto os três Isaiah gargalhavam e me provocavam, dizendo que iriam voltar para beber todo o sangue de minha Luna.
Meus olhos brilharam em raiva e eu sorri, pois estava apenas começando. Meu lado vampírico foi totalmente liberado, e fiquei mais rápido e mais forte, e meus ferimentos fecharam com rapidez. Eu agarrei o pescoço de um dos vampiros e com ferocidade mordi sua garganta, desfazendo a ilusão em pó, absorvendo parte do sangue que dera origem a ela. As outras duas ainda dançavam ao meu redor, perfurando e golpeando, mas agora eu acompanhava seu movimento, bloqueando os golpes e corríamos pela floresta, cada soco que errava o alvo jogava ao chão uma árvore. Eu desviei de uma mordida de um dos vampiros e pulei para o alto, caindo por sobre o vampiro, jogando-o ao chão. Messori desceu veloz, cortando o ar com um silvo alto, decapitando o vampiro, que se desfez em uma ilusão. O sangue usado para tal ilusão foi absorvido pela foice...Eu encarei Isaiah, que tinha os olhos fixos em mim, e me encaminhei para ele. Outras duas ilusões tentaram pular para cima de mim, mas foram perfuradas pela minha aura negra e eu continuei andando, os olhos frios e fixos em Isaiah, que parecia paralisado.
- Não caiu mais no mesmo truque idiota.
Isaiah esboçou um sorriso e urrou correndo em minha direção também. Eu urrei de raiva e prendi Messori no chão, correndo para lutar com Isaiah. Dessa vez a luta foi inclinada para mim, pois eu ativava todos meus poderes e instintos e respondia aos ataques de Isaiah lendo sua mente e movimentos com facilidade. Eu desferi centenas de golpes seguidos, socando e perfurando o corpo de Isaiah sem dó, enquanto minha aura negra também o perfurava absorvendo seu sangue. Isaiah começou a recuar, soltando alguns urros de dor, mas sem tentar fugir, tentando a qualquer custo reverter a situação, porém era impossível. Ele estocou com as garras na direção da minha barriga, e soltou um silvo achando que havia me atingindo, porém minha imagem se desfez diante dele, e eu surgi por trás dele, mordendo seu pescoço. Eu mordi com força e raiva, e senti quando minhas presas esmagaram sua traquéia, atingindo sua veia vital, sugando seu sangue nojento com crueldade, e caso ele fosse humano estaria morto no mesmo momento. Ele tentou lutar, debatendo-se, mas eu perfurei suas costas com minhas garras e o segurei, mordendo com mais força e ouvi o som de seu pescoço quebrando, arrancando um forte grito de dor dele.

Luck. Runs. Out.
Crawl from the wreckage one more time.
Horrific memory twists the mind.
Dark, rutted, cold and hard to turn.
Path of destruction feel it burn.

Isaiah, porém, era um Ancião e seus séculos de existência o tornavam mais resistente e poderoso. Mesmo com o pescoço quebrado, ele debateu-se novamente e conseguiu atingir um poderoso chute em meu rosto, obrigando-me a largá-lo. Ele saltou para longe de mim e colocou a mão na barriga, contendo o sangue que caia pela minha perfuração. Ele me encarava com raiva, tendo dificuldades em respirar, enquanto mexia o pescoço, colocando-o de volta no lugar. Eu o encarava friamente, apenas raiva no olhar, e sede de destruição, isso ele podia ver. Seus olhos começaram a demonstrar medo quando eu me aproximei lentamente dele, pegando Messori no caminho, fazendo a minha aura negra expandir, tornando tudo trevas. Ele tentou saltar novamente, porém trevas saíram do chão, prendendo seus pés e mãos, puxando-o de volta ao chão, arrancando um grito de dor. As trevas começaram a envolvê-lo, apertando-o como o abraço de uma cobra, absorvendo lentamente seu sangue, mantendo-o preso até eu estar próximo a ele. Ele olhou para mim, seus olhos brilhando de ódio, mas cheios de pavor e medo, enquanto os meus mostravam apenas ódio, nem mesmo felicidade por vê-lo com tanto medo. Eu me apoiei em Messori e me abaixei de modo que meus olhos ficassem no nível dos dele, e com um movimento rápido perfurei sua barriga novamente, vendo o medo espalhar-se pelos seus olhos.
- Não pense que você morrerá rapidamente, Isaiah. Você invadiu uma escola, atacou alunos inocentes e cometeu o maior erro de toda sua vida: atacou alguém que eu amo. A morte é a última coisa que você receberá.

Cause we...Hunt you down without mercy
Hunt you down all nightmare long
Feel us breathe upon your face
Feel us shift, every move we trace
Hunt you down without mercy
Hunt you down all nightmare long

Dizendo isso eu perfurei sua barriga novamente e me coloquei de pé, lambendo as garras, absorvendo seu sangue. Ele tentava se soltar, debatendo-se de medo, tentando fugir. Porém, minhas trevas o apertavam cada vez mais, penetrando nas feridas abertas por mim, impedindo-as de cicatrizarem, aumentando a dor do vampiro, que urrava de dor e medo. Minha aura negra cresceu ao meu redor, deixando apenas meus olhos vermelhos brilhando, e então tomou a forma de tentáculos pontiagudos e afiados. Eu desci a mão rapidamente e todos esses tentáculos de trevas perfuraram o corpo de Isaiah em diversos pontos, e cada golpe sugava mais o seu sangue. Isaiah gritou de dor para o céu, e eu soquei seu rosto, fazendo os tentáculos perfurarem mais uma vez, e quando esses saíram, sangue escorria por suas feridas e era absorvido pela minha foice. Isaiah mordia o próprio lábio para evitar de gritar e tentava continuar me encarando, apesar do medo que sentia, enquanto eu só deixava meu desprezo e raiva em meus olhos.
- Posso ver em seus olhos, ler em sua mente... Está com medo, com tanto medo que preferia ser queimado pelo Sol, estou certo? Não adianta mentir, eu sei...
Dessa vez eu apertei sua garganta com minha mão, até quebrar seu pescoço novamente e quando o ouvi engasgando, saquei Messori rapidamente, levantando-a ao ar para que ele pudesse ver a lâmina. Eu a desci com velocidade, cortando o peito de Isaiah verticalmente, fazendo-o urrar novamente, para em seguida fazer outro corte vertical, também no peito, enquanto minhas trevas apertavam seu corpo. Por último eu ergui a foice novamente e cortei horizontalmente, decapitando o vampiro finalmente, ao mesmo tempo em que minhas trevas esmagavam seu corpo com força, absorvendo o resto de sangue que ele possuía. Sua cabeça não chegou a atingir o chão, pois antes disso havia virado pó.
Então eu notei que chovia, e aliviado pela vingança, pisquei para o céu, deixando-me lavar pela chuva, prendendo Messori Muramasa no chão, e ela se desfez em sombras. Queria lavar minha raiva, que agora começava a diminuir, assim como meu lado vampírico que voltava a descansar. Eu me sentia leve novamente, e novamente me veio o medo de perder Luna, me fazendo querer voltar para ela. Mamãe, Tia Celas e os aurores do clã chegaram nesse momento, sabendo que a luta havia terminado, e minha mãe correu para mim, me abraçando, apesar de eu estar totalmente encharcado pelo meu sangue e pelo sangue de Isaiah. Os aurores pareciam estupefatos pela destruição causada pela luta e alguns pareciam assustados comigo, que agora abraçava minha mãe deixando-me chorar finalmente.
E eu senti uma dor.
Eu me curvei com a dor, me agarrando ao abraço de mamãe que gritava para saber o que eu sentia, pois seus poderes podiam ver que eu sofria e sentia uma dor enorme.
Meu sangue parecia ferver e senti como se ele queimasse minha pele.
Imagens surgiam em minha mente.
Rostos vinham a minha mente.
E eu sentia novos poderes em mim.
- Seth, o que aconteceu?! – Tia Celas correu para mim, tentando pegar meu pulso e ver meus olhos, enquanto mamãe tentava conter a dor que eu sentia com seus poderes.
- Ele está bem, está passando pelo que chamamos de “Herança”. – Uma voz falou das sombras e imediatamente todos apontaram as varinhas naquela direção, com mamãe e Tia Celas saltando para se colocarem diante de mim.
Uma das flechas de luz da minha mãe estava parada a centímetros do rosto de uma mulher linda, talvez uma das mais belas que eu já vi. Ela sequer se mexeu com o ataque das flechas, e encarava a ponta da flecha de luz, totalmente curiosa. Outros 4 vampiros estavam atrás dela, todos igualmente parados, porém eu não conseguia perceber muito, pois meus olhos estavam turvos.
- Viemos em paz, ou melhor, viemos para exterminar, mas ele já fez o serviço por nós. Você é Mirian Chronos certo? E você Celas Chronos?
- Somos nós sim. Você é Cewyn Star, não é? – Mamãe falou abaixando a varinha, e imediatamente a flecha se desfez em luz. – O que você falou sobre isso que meu filho está sentindo?
- Eu falei que chamamos de “Herança”. Seu filho enfrentou e matou um vampiro em um Duelo, absorvendo seu sangue, quando isso ocorre, o vampiro vencedor não absorve apenas o sangue do perdedor. Ele absorve os seus poderes, suas lembranças, suas memórias, seus servos, seus subordinados. Seu filho tornou-se o “Herdeiro” de Isaiah.
Ela explicou calmamente, enquanto meus sentidos voltavam ao normal e realmente eu sentia tudo isso que ela dizia. Caso eu quisesse, eu tinha acesso a todas as memórias de Isaiah, e adquiri todas suas habilidades, sendo agora um ilusionista perfeito. Isso me fez ter uma idéia, pois dessa forma, eu teria que ser considerado um Ancião também. Eu olhei para Cewyn e reparei direito nela, notando que ela vestia uma armadura completa, inclusive um elmo, enfeitado com asas laterais, que agora ela segurava embaixo do braço enquanto falava, além de uma espada longa e de cabo gravado com pedras e caracteres gregos. A armadura era toda feita com placas douradas e eu sabia que era pesada, porém extremamente poderosa. Notei que todos os outros vampiros também vestiam armaduras, estas porém prateadas, e as lembranças de Isaiah me mostraram que este era o “uniforme” dos Executores.
Cewyn era um dos Anciões mais antigos e poderosos, e apesar da aparente fragilidade de seus 22 anos, ela já vivera por 2300 anos. Era uma mulher linda, cabelos castanhos escuros trançados, olhos que misturavam azul com vermelho, e tão alta quanto minha mãe. Devo confessar que ela figura entre as mulheres mais belas que eu conheço, incluindo minha mãe e Luna. Ela e seu marido, Derfel, são os líderes dos Executores, um grupo de vampiro que tem como missão vigiar o mundo vampírico, eliminando vampiros perigosos e ameaças. Ela pareceu captar meu olhar e meus pensamentos e sorriu para mim.
- Não é apenas você que é excelente leitor de mentes, Seth. Agradeço o elogio, mas agora é minha vez de elogia-los. Mirian, seus filhos são poderosos, Seth já possui pelo menos 3000 anos de conhecimento devido ao sangue que ele adquiriu durante a vida.
- Obrigada pelo elogio, eles forem bem criados. Fico honrada por ter conhecido você, Cewyn.
- E eu honrada por conhecer as duas poderosas Senhoras Chronos. Já que meu dever aqui foi resolvido, devo voltar. Gostaria de pedir que tomem cuidado, eu e meu marido apoiamos vocês e iremos defende-los se necessário, mas há muitos outros vampiros que irão querer a cabeça de vocês. Em breve, poderá que um outro Conselho seja convocado.
- Lady Cewyn, eu estou com uma curiosidade...
- Sim, Seth. Você está certo, e eu terei o prazer de apoiá-lo. – Cewyn falou sorrindo, lendo minha mente e recolocando o elmo, que encaixou-se perfeitamente ao seu rosto. Ela fez uma pequena reverência para minha mãe, minha tia e para mim, sendo imitada pelos outros vampiros, e desapareceu no ar rapidamente.
- Do que ela estava falando Seth? Gostei dela. – Tia Celas comentou, quando ela e mamãe relaxaram completamente, voltando novamente a atenção para mim.
- Uma idéia que surgiu em minha mente...
Eu contei a elas sobre o que havia pensado, e elas mesclavam uma mistura de surpresa com entendimento e concordaram com a idéia. Elas e os aurores limparam a bagunça que eu causei e mamãe conjurou uma chave de portal para nós, que retornamos para Durmstrang no meio da noite. A maioria já dormia, e apenas funcionários, professores, aurores do clã, estavam acordados, além de papai e Isaac que aguardavam informações. Assim que nos viram, eles correram para mim, me abraçando e querendo saber o que tinha acontecido. Eu, porém, corri para Luna e vi que ela estava realmente bem, agora completamente aliviado por ela ter sobrevivido. Vi também que meus amigos estavam bem, e me aproximei de cada um deles, colocando minha mão sobre suas testas ou apertando as mãos deles. Depois voltei para Luna, sentando-me ao seu lado, apertando sua mão com força e beijei sua testa, enquanto contava para eles tudo que tinha acontecido, assim como a idéia que eu tive. Papai concordou e ao se concentrar um pouco, viu que compartilhava o mesmo que eu, e gostou da minha idéia. Decidimos que a colocaríamos em prática assim que houve a chance, mas antes prepararíamos toda uma estrutura para evitar o pior. A batalha havia terminado, mas a guerra estava longe do fim.


N.A.: All Nightmare Long, Metallica.
N.A.: Mordred’s Song, The Curse of Fëanor, todas por Blind Guardian.
N.A.: Unlimited Blade Works, do anime/jogo Fate/Stay Night, mais exatamente, é a fala do Servant Archer.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Twin Spears - Parte II - Lognus

Parte II – Lognus

Das Lembranças de Griffon Chronos

Abri os olhos numa sala escura. A princípio não a reconheci, mas o brilho que saia dos meus olhos me permitiu visualizar tudo com perfeição e finalmente reconheci a sala da diretora. Mas havia algo errado...Mesmo sendo tarde da noite, Maxime estaria trabalhando ou ouviria o barulho da chave de portal e correria para ver o que era. Foi então que notei que as barreiras e defesas da escola estavam ativadas, e quando cheguei mais perto da janela, vi pó de fadas. Então senti cada presença no castelo, como pequenas luzes na escuridão e notei que lutavam no salão de entrada. Corri para lá rapidamente, usando todas as passagens que eu conhecia, e em menos de cinco minutos estava no corredor que levava à grande escadaria.
- Rápido! Protejam os alunos! – Ouvi a voz de Sergei e entendi que ele viera ajudar.
- Os vampiros estão avançando! – Ouvi uma voz familiar, e reconheci a voz de John.
Quando cheguei ao alto da escada, vi diversos alunos, caídos no chão desacordados, sendo protegidos por professores e pelos McGregor, enquanto quatro vampiros tentavam passar pelas grandes portas da entrada, sendo impedidos por Sergei e os tios de Emily. Meus olhos brilharam em dourado e conjurei barreiras para os alunos, fazendo em seguida uma chuva de flechas cair sobre os vampiros, derrubando dois ao chão. Ian sequer esperou para ver o que tinha feito isso, e rapidamente cortou a cabeça de um deles, enquanto Jack e Elizabeth cortavam a do outro. Os dois últimos vampiros soltaram um silvo com a minha chegada, e no momento de distração foram atingidos por labaredas de Jacques, Kieran, Riven e Dylan, transformando os vampiros em duas tochas vivas. Eles viraram pó em questão de segundos e corri para o lado de Sergei, recebendo um forte abraço dele e dos outros.
- Ah, Griffon! Que bom vê-lo aqui! – Sergei falou, enquanto fechava um ferimento no braço esquerdo.
- Papai sentiu o ataque, e sabia que estavam aqui e que seria um ataque pequeno, disse que eu poderia ajudar. – Expliquei, ajudando os demais a se curarem. Meus olhos correram pelo salão, procurando-a. – Onde está Emily? – Um temor começava a surgir em mim...A batalha havia sido muito fácil.
- Ela está fortalecendo algumas barreiras... – John falou, procurando-a também.
- Ela estava aqui há alguns minutos! – Mira falou, sem ver Emily.
- Droga! Ela não fez isso... – Sergei começou irritado e eu imediatamente entendi tudo e corri para as portas, não sem antes avisar para que não me seguissem.
Eu praguejava enquanto corria, pensando no que ela havia feito. Ela atraíra os outros vampiros para longe da escola, para proteger os alunos, e atraíra justamente os Anciões, Saul e Cassandra! Enquanto corria eu sentia sua presença mais à frente, assim como a dos vampiros. Eles ainda corriam, mas pararam e eu acelerei minha corrida, pois sabia que em breve atacariam. Eu já estava próximo e meus poderes me permitiam vê-los com perfeição e vi quando saltaram. Levantei a varinha no mesmo momento e dezenas de flechas e lanças de luz cortaram o ar, mirando os dois vampiros, que por pouco não foram atingidos.
Eu corri para o local onde lutavam, e os dois vampiros sentiram minha energia queimando-os, porém Saul tinha outros dons e criou uma barreira pra ele e Cassandra, protegendo-os da luz. Eu não precisei olhar para Emily, pois podia sentir que ela estava bem, mas fiquei ao seu lado, e apertei sua mão com força. Ela retribuiu o aperto, sem tirar os olhos dos vampiros, que saltaram para nos cercar. Eu e Emily nos viramos, um de costa para o outro, um protegendo o outro, eu encarando Saul, e ela encarando Cassandra.
- Não esperava ter a oportunidade de eliminar um Chronos hoje, achei que essa maravilha seria apenas de Isaiah. – Saul falou, rodando ao nosso redor, ganhando tempo para nos analisar. A minha energia envolveu a mim e a Emily, criando barreiras para nós, e parte dessa energia começava a se condensar na minha mão direita, enquanto a varinha estava na esquerda.
- Há essa hora, Isaiah já deve ter voltado ao pó. – Falei sem tirar os olhos dele.
- Não me faça rir, garoto... Isaiah não morreria tão facilmen... – Cassandra começou a falar, porém seus olhos arregalaram-se e os de Saul também, parecendo como se levassem um soco.
- Ah, sentiram agora? Meu irmão já o destruiu. – Eu falei sorrindo.
- Seth, matou um dos Anciões? – Emily perguntou, meio surpresa, sem tirar os olhos de Cassandra, que agora parecia possuir um brilho maligno no olhar. A minha lança dourada surgiu em minha mão e seu brilho foi maior do que a barreira de Saul, queimando-os e obrigando-o a aumentar a barreira.
- Matar é pouco, Isaiah deve ter sofrido muito... – Comentei, com um sorriso nos lábios.
- Tudo bem, nós vingaremos a morte dele, após terminarmos com vocês. Levarei sua cabeça para seu irmão gêmeo, apreciar antes de matá-lo. – Saul falou enraivecido, avançando alguns centímetros, porém brandi a lança e uma onda de luz o atingiu, fazendo-o soltar um silvo.
- Devo confessar que estou impressionada...Lognus, nunca achei que iria vê-la, achávamos que estava perdida. – Cassandra falou, enquanto Saul aumentava a intensidade da barreira. Eu continuei quieto, segurando a lança com as duas mãos, assim como a varinha.
- Vocês são realmente impressionantes...Mais um motivo para destruí-los! – Saul falou com raiva.
Dizendo isso, uma forte onda de choque veio em nossa direção, nos afastando um do outro. Eu troquei um olhar rápido com Emily, pedindo que tomasse cuidado, mas agora lutaríamos contra nossos oponentes. Ela assentiu e já desferia feitiços contra Cassandra, que corria pelo bosque, desviando dos ataques dela. Saul saltou contra mim, segurando a lança com as mãos, queimando-as. Eu chutei sua barriga e brandi a arma com agilidade, passando a centímetros de seu corpo, mas a energia da lança o feriu e um filete de sangue escorreu de sua barriga, fazendo-o ficar irado. Eu sorri para ele provocando e uma chuva de luz foi lançada em sua direção, obrigando-o a esquivar-se acrobaticamente.

Enquanto isso, Emily perseguia Cassandra, que corria pelo bosque, usando sua velocidade vampírica para desviar dos feitiços lançados por Emily. Porém, Emily também era obrigada a desviar de ondas de choques e feitiços e as duas corriam paralelamente uma a outra, trocando feitiços e golpes com velocidade exorbitante. O bosque começava a mostrar as marcas do duelo, e pequenos incêndios surgiam onde os feitiços colidiam com árvores, errando por centímetros o alvo. As duas eram ótimas duelistas, e as habilidades únicas de cada uma tornava a luta ainda mais acirrada.
Cassandra sabia que não devia subestimar a humana, pois podia sentir seu poder, e um outro poder escondido, que ela não sabia identificar. Seus séculos de vida lhe conferiam agilidade e força, porém a humana era capaz de acompanha-la, apesar de certa dificuldade. Emily usava todas suas forças para esse duelo, aguardando o momento certo do ataque final, e enquanto isso lançava feitiços como nunca havia lançado, tentando queimar, perfurar e atingir a vampira, querendo uma brecha, mas essa parecia não haver. Ao longe, elas podiam ouvir o barulho da luta dos outros dois, marcada por explosões e clarões.
- O garoto é forte, está lutando em pé de igualdade com meu Saul. – Cassandra falou ao executar um salto de uma árvore, tentando aproximar-se de Emily, sendo repelida por um feitiço.
- Ele não é um garoto, ele está preparado para enfrentar o ‘seu Saul”. - Emily disse com desprezo, lançando nova rajada de feitiços.
- Olhando-o assim, me pergunto como ele deve ser... Você sabe o que quero dizer... – A vampira falou com um sorriso provocativo, rindo em seguida do olhar concentrado de Emily. – Ah não é possível... Pelo laço entre vocês, achei que... É uma pena, não acha?
- Cala a boca Cassandra. – Emily falou, conjurando uma bola de fogo com a varinha que a atirou contra a vampira, destruindo uma árvore.
- Bem, quem sabe eu possa lhe dizer como é? Ah, desculpe, você estará morta...Ele, porém, acho que vou transformá-lo, fico imaginando como a nossa existência será divertida. – A vampira falou, os olhos piscando de prazer.
- Só se passar por mim. – Emily falou com raiva, a varinha disparando outro feitiço vermelho.
- Com todo prazer... – A vampira falou enquanto cortava o ar com a mão, lançando uma poderosa onda de choque, que pela primeira vez jogou Emily para trás e ao chão. A vampira saltou, os olhos rubros e as presas à mostra, com um olhar de vitória, inclinando-se sobre a sua presa.
Emily, porém, sorriu, e colocou a mão no peito, arrancando o cordão do pescoço e acertando com toda força um soco no meio do peito da vampira, que ficou atônita, os olhos saltando de surpresa, pois não houve tempo para mais nada. Uma longa e poderosa lança prateada surgiu na mão da humana, perfurando o peito da vampira, que mal teve tempo de gritar antes de sentir o corpo queimar e virar pó.

Saul estava ficando extremamente animado com a luta, há séculos que ele não enfrentava um oponente a altura, e gargalhava a cada golpe que desferia e recebia. Seus punhos poderosos atacavam com velocidade. Com um braço afastava a ponta da lança dourada, enquanto com o outro desferia um poderoso soco contra seu dono. Griffon, porém, também era rápido e com uma das mãos protegia-se do soco. Os socos eram poderosos e o bosque enchia-se com o som deles, que pareciam explosões.
Enquanto lutavam trocando socos, flechas e lanças de luz surgiam no ar e tentavam perfurar o vampiro, que desviava agilmente. Correntes de luz, surgiam do chão, tentando prender o vampiro, que as quebrava com um chute, ou simplesmente saltava. Ele saltou por cima de Griffon, tentando ataca-lo por trás, porém Griffon levantou a lança e conseguiu cortar o peito do vampiro profundamente, ao mesmo tempo que fazia diversas flechas perfurarem as costas do oponente. Saul caiu no chão com um baque surdo e soltou um grito de dor, deixando os dentes à mostra. A raiva queimou seu peito, enquanto o garoto sorria e avançava rapidamente, a lança em punho. O vampiro saltou para trás e o garoto atacou com uma série de golpes seguidos da lança, todos extremamente rápidos e em cada golpe, parecia que um feixe de luz poderosa saia da lança. Saul conseguiu bloquear apenas alguns dos golpes, fazendo centelhas de pura luz saltarem, mas a maioria dos golpes perfurou seu corpo em diversos pontos, e ele caiu de joelhos, não acreditando no que sentia.
Seu corpo queimava de dentro para fora, enquanto correntes de luz o agarravam, prendendo-o e queimando-o. Griffon estava diante dele, a lança apontada para seu coração. Ele arfava e parecia sem ar, agradecendo por poder terminar com a luta, cheio de machucados por todo o corpo, e seu sangue, que também parecia dourado, escorria lentamente, porém os machucados já começavam a cicatrizar. Saul o encarou com raiva, os dentes à mostra, rosnando, preparando-se para um último esforço, quando ele sentiu uma dor no peito. Não era uma dor física, pois a lança de Griffon continuava no lugar, mas era uma dor pior...Cassandra...Ele sentiu ela desaparecer.
- Cassandra... – Saul balbuciou, os olhos vazios por um instante, para em seguida brilharem com raiva, e ele soltou um poderoso uivo.
Juntando suas últimas forças, ele arrebentou as correntes, e mais rápido do que seu algoz, acertou um chute poderoso, jogando-o contra uma árvore, correndo em seguida para onde sentira sua companheira morrer. Ele encontrou Emily de pé, arfando também, segurando uma longa lança prateada, que ainda brilhava e o sangue de Cassandra começava a ser absorvido pela lança.
- Brionac...MALDITA!! – Saul saltou com raiva, mais rápido do que Emily podia reagir, e ele agarrou o pescoço dela enquanto ela ainda apontava a poderosa lança prateada. Ele começou a apertar o pescoço com força, porém sentiu algo furando suas costas, na altura do coração. Imediatamente ele soltou a humana, sentindo uma dor enorme espalhando-se pelo seu corpo, como se fosse queimado de dentro pra fora.
Ele caiu de joelhos novamente e uma segunda lança, dessa vez a lança prateada, perfurou seu peito também, e por último ele foi perfurado uma terceira vez pela lança dourada. Ele não pode nem gritar, pois o poder das duas lanças o fez em pó em questão de segundos...
Emily e Griffon respiravam com dificuldade, o peito subindo e descendo rapidamente. Os dois ainda seguravam as duas lanças, na mesma posição em que haviam perfurado o vampiro, fazendo-o voltar ao pó. A lança de Emily, Brionac, brilhou em dourado e voltou a ser o medalhão, preso em sua mão. A lança de Griffon, Lognus, brilhou em dourado também, desaparecendo no ar, tornando-se novamente a energia dourada. Os dois arfavam e se encararam por algum tempo. Griffon então correu e a abraçou, com força, pois há alguns segundos atrás, achou que não chegaria a tempo de salvá-la, mas agora ela estava ali, em seus braços. Ela o abraçou com força também, agradecendo por ele estar bem. Ela, então, se lembrou que era sua professora, e seus sentimentos entraram em conflito, e ela o empurrou para longe, afastando-se dele.
- Emily, você está bem? – Ele se aproximou novamente.
- Vai embora Griff...- Ela falou, afastando-se dele.
- Mas eu posso te curar mais rápido...
- Não quero sua cura, não quero sua preocupação, não quero...Você! – Ela despejou com raiva, e pareceu que ele levou um soco.
- O que houve? Porque está com raiva de mim?
- Você é meu aluno e se arriscou demais. Eu ia derrotá-los e você se intrometeu sem necessidade, arriscando a sua vida.
- Aquele vampiro era meu, ele sabia que para me atingir bastava por os olhos em você. E acha realmente que eu deixaria você em perigo sozinha?! Por acaso não sabe o quanto é importante para mim?Para sua família?
- Vai embora Griff... Não é bom você ficar por aqui...Eles podem voltar e...
- A ameaça acabou. Você tem medo do que? De ver que gosta tanto de mim quanto eu de você? Eu não sou mais um menino e vou provar isso. Vou lutar por você! Não tenho vergonha de assumir isso, mesmo que eu não signifique nada pra você.
- Chega senhor Chronos, isso está passando dos limites entre aluno e professor. - ela disse ríspida. Eu me aproximei mais dela e fiquei a centímetros de agarrá-la, mas me controlei quando viu os olhos dela se estreitarem numa ameaça muda.
- Não vou tocá-la, senhorita McGregor... Não esta noite! Mas lembre-se de uma coisa, em alguns meses eu não serei mais seu aluno, e então não terá mais porque fugir. – Eu falei sério, olhando-a nos olhos. Ela ficou calada por um momento, e eu virei-lhe as costas, o peito começando a queimar com raiva, enquanto andava de volta ao castelo, quando senti que ela andava ao meu lado e dizia baixo, enquanto olhava para a frente:
- Respeito os seus sentimentos Griffon, é sério, mas não vou destruir a minha reputação me envolvendo em um escândalo, porque isso não afetaria apenas você e eu, mas afetaria as nossas famílias e todo o trabalho que eles fazem há gerações. E você sabe que isso destruiria qualquer possibilidade de futuro...Mesmo de uma amizade entre nós.
Eu sabia que tudo que ela dizia era verdade, e podia ouvir na voz dela a preocupação sincera com nossas famílias. Respirei fundo e disse mais calmo:
- Eu respeito e aceito seu jeito de pensar, e concordo com você. Mas fiquei chateado como falou agora a pouco...Mas tudo bem, eu posso esperar mais cinco meses. – Falei esboçando um sorriso, enquanto continuava a andar. - Vou para o castelo cuidar do feridos, é hora de encerrarmos a luta por hoje. Ainda tenho que voltar para Durmstrang.
Nós continuamos caminhando em silêncio, sem haver mais nada a se falar, apesar de o clima entre a gente estar leve e não mais carregado de frustração etc. Já estávamos na metade do caminho quando finalmente notei a presença, assim como Emily que sacou a varinha imediatamente, apontando para as sombras. Eu a imitei e meus olhos ascenderam em dourado novamente iluminando pouco a pouco o bosque escuro. Então surgiram os vultos de cinco vampiros, todos vestidos com armaduras completas, a maioria delas armaduras de prata, sendo apenas um deles com a armadura dourada. Esse vampiro possuía uma espada imensa presa a bainha e preso em seu braço esquerdo estava o maior escudo que eu já, e assim que o vi, tive certeza que apenas um vampiro seria capaz de usa-lo.
- Brionac e Lognus, então elas realmente estavam aos cuidados dos Chronos ou dos Capter. Interessante. – O homem de armadura dourada falou, aproximando-se de nós dois. O elmo, Enfeitado por duas asas douradas, escondia o seu rosto, deixando apenas um cabelo castanho claro de fora. Eu levantei minha mão em sua direção e as flechas dispararam, sendo todas bloqueadas pelo imenso escudo. – Calma aí, Griffon, eu vim em paz.
- Quem é você? – Eu comandei, ainda com centenas de flechas prontas. Emily também mantinha uma bola de fogo na varinha e outra em sua mão, pronta para lutar.
- Eu sou Derfel Maximius Star, Ancião dos Vampiros e um dos líderes dos Executores. Na verdade, éramos para ter exterminado os Anciões Saul e Cassandra, mas vocês fizeram o trabalho por nós. Obrigado e meus parabéns, lutaram muito bem.
- O que quer de nós? – Emily perguntou sem abaixar a guarda, assim como eu que mantinha meus poderes completamente ativos.
- Apenas lhes dar os parabéns, pois lutaram realmente muito bem. Podem abaixar a guarda, eu não atacarei. – Ele falou calmamente, e algo em sua voz me fez acreditar, fora que nas lembranças de Caleb ele era contra o ataque aos Chronos. Eu abaixei a mão e as flechas sumiram no ar, porém mantive os olhos acessos. Emily também baixou a guarda, mas sem largar a varinha.
- Vejo que Caleb lhes deu suas memórias, fico feliz que tenha sido a tempo. Eu gostaria de conversar com vocês rapidamente. Cadarn e Gustav não são idiotas, eles não enviaram três de seus aliados mais poderosos para morrer. Eles acreditavam que eles seriam capazes de pelo menos matar alguns de vocês, e mesmo se fossem destruídos, poderiam usar isso contra vocês.
- O que ele poderia ganhar com eles mortos? – Perguntei, cansado demais para pensar.
- Ele pode acusar os Chronos de destruírem vampiros assim do nada. Muitos vampiros podem ficar irados ao saberem que três Anciões foram destruídos. Fora que alguns podem considerar que os Chronos são realmente um perigo, posto que são tão poderosos. – Emily explicou, sem tirar os olhos de Derfel.
- Exatamente, Senhorita Mcgregor. Cadarn é astuto e perigoso demais. Ele não deixará isso livre e tenho certeza que tentará se vingar...Por isso peço-lhes que não baixem a guarda, mas fiquem calmos, nós não os deixaremos desamparados. Eu e minha esposa, assim como outros Anciões, apoiamos vocês e daremos toda ajuda que pudermos, tentando evitar novos ataques de Cadarn e Gustav. Porém, não devem se deixar enganar por falsa calmaria, Cadarn tem todo o tempo do mundo para se vingar.
- Eu imagino que ele o tem realmente... – Comentei, sabendo que era verdade, pois poderia demorar, mas um dia Cadarn se vingaria.
- Em breve, tentarei me encontrar com seus pais e sua Tia, quero muito conversar com eles e discutir alianças. E caso necessitem de nós, peçam para Caleb entrar em contato conosco mentalmente. Ah, não há necessidade, Seth e Alucard já são capazes disso...Seth explicará melhor quando reencontra-los. – Derfel falou sorrindo para nós e já se virando para sair. – Apenas mais uma coisa, você se importa de dar um recado a sua tia, a Senhora Celas?
- Não, o que quer dizer a ela?
- Diga-lhe que aquele que ela odeia está vivo, e entre nós. Tornou-se um dos seguidores de Cadarn. Quem sabe ela não tem a chance de destruí-lo em breve? Novamente parabéns aos dois, caro Senhor Griffon e Senhora Emily, minhas felicidades para os dois.
Derfel fez uma reverência para nós dois, sendo imitado por seus subordinados e no instante seguinte havia desaparecido. Eu e Emily nos olhamos novamente, finalmente respirando mais facilmente. Derfel era um aliado, eu podia sentir, mas nunca iria conseguir ficar perto de um vampiro completo assim sem medo de um ataque. Nós voltamos para Beauxbatons ainda calados, cada um remoendo o que ele nos disse, prontos para avisar a todos sobre tudo que ele nos disse.


OBS.: Texto escrito por mim e pela And! Obrigado pela ajuda, And!

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Twin Spears - Parte I - Brionac

OBS: Cronologicamente, esse texto ocorre na mesma noite do ataque a Durmstrang, poucos depois da meia-noite.

Das lembranças de Emily Mcgregor

Beuaxbatons – No dia seguinte ao Grande Conselho

“Minha querida Emily,
Tempos negros se aproximam e alguns de nós terão de enfrentar o perigo sozinhos, porém não desamparados. Você é parte da nossa família, não porque é a filha de nosso amado Kyle, mas pelos laços de amizade e amor que tivemos a felicidade de cultivar com o passar dos anos.
Embora você esteja aparentemente longe do perigo, gostaria que levasse este objeto com você sempre. É um objeto muito antigo e muito poderoso, foi confiado aos Capter há séculos, e deve ser usado na luta contra as trevas. Tomei a liberdade de disfarçá-lo como um amuleto que aos olhos comuns terá pouco valor, mas quando a hora chegar, ele se transformará no que você precisa, e sei que neste momento você é a guardiã destinada a ele. Cuide-se, filha.
Mirian Chronos.”


Emily estava emocionada pelas palavras de Mirian, então abriu a caixa que havia recebido e pegou o amuleto de prata, não podendo deixar de admirar a beleza do objeto que tinha o Sol em relevo e vários entalhes, que claramente eram celtas. Segurou-o com firmeza e sentiu-se confortada por estar com algo tão especial em mãos, numa hora em que precisava ser forte. Para seu espanto, aquele amuleto esquentou e se transformou numa lança reluzente e prateada, com um brilho tão intenso que chegava ao dourado. Emily ofegou ao reconhecer o objeto de poder incalculável e que daria a ela a chance de sobreviver e ajudar a proteger a escola.

Beauxbatons - Alguns dias depois

Os últimos dias haviam sido complicados, pois todas as noites eu aguardava um ataque que parecia nunca vir, porém isso só aumentava ainda mais a minha apreensão. Porém, recebi nova mensagem de Mirian, dizendo que Seth sentira os vampiros em movimento, e raramente ele havia errado, portanto sabia que a hora da luta estava por vir.
Essa noite as fadas estavam em polvorosa, iam e vinham em suas conversas espalhando seu pó mágico em todos os cantos do castelo. Claro que aquilo não seguraria um vampiro, apenas o desnortearia por alguns segundos e isso era importante durante uma luta.
Com o apoio de Olímpia Máxime, eu havia contado aos professores que por ser uma McGregor e eles serem ligados aos Chronos estava sendo caçada por alguns vampiros rebeldes, então os professores aumentaram as barreiras, ao redor da escola, usando todos os feitiços defensivos que se sabia, quando um guarda caças veio correndo nos avisar que havia um grupo de aurores esperando por nós na sala dos professores. Claro que ele devia ter se enganado, ninguém me avisou que eles viriam, principalmente se fosse uma nova ajuda dos Chronos, o que seria difícil de acontecer, uma vez que suas forças concentravam-se em proteger Durmstrang e seus filhos.
Porém, segui para a sala dos professores, acompanhada de Olímpia, pois precisava conferir do que se tratava isso tudo. Quando entrei na sala fiquei espantada ao ver ali meus tios Ian, Dylan, Kieran, Leonardo, Jack e Elizabeth, além de meus primos John e Riven, e os pais de Jean Savoy, Jacques e Mira, e após cumprimenta-los e abraça-los, perguntei preocupada:
- O que fazem aqui?
- Você não achou que numa hora destas a sua família ia te deixar na mão não é? - disse Ian McGregor sorrindo.
- Ainda não aprendeu que gostamos de brigar? Está no sangue. - disse Kieran O’Shea e bateu a mão contra a mão de Leonardo, quando ouviram a porta se abrindo.
- Desculpem o atraso pessoal, era meu turno com Hiro e a Keiko e eles gostam de historias antes da soneca da tarde. – Novamente eu me assustei, pois quem entrava pela porta era Sergei que me e notei seu olhar no objeto que eu carregava por sobre as vestes e dando-me uma piscadela depois de beijar minha testa.
-Nós viemos ajudá-la mesmo que seja apenas pra proteger os alunos contra os vampiros. - respondeu Mira Savoy.
- E o Ministério francês não queria um grande numero de aurores chamando a atenção desnecessariamente, como em Durmstrang, então uma equipe informal poderia ajudar. Sabe que o pânico é nosso pior inimigo. - disse Jacques, o que eu sabia ser auror junto com a esposa Mira. .
- Mas vocês correm perigo...- disse olhando para o ‘exército familiar’, que queria proteger-me: sua tia dona de casa, seu primo e tio curandeiros, o tio advogado, um tio e tia exportadores, um comerciante, um primo que se formou no ano anterior,...Enfim pessoas com profissões normais, que não estavam acostumados com as coisas ruins que estavam vindo. Seu tio Leonardo pareceu ler o desapontamento em minha expressão e disse:
- Emily, você acha que não sabemos o que nos espera??- ele olhou para os outros e eles sorriram cúmplices.
- Todos nós aqui aprendemos a Arte das Trevas na escola, e como filhos de aurores sabemos como nos defender. E nestes últimos anos, seu pai, Alex e Sergei cuidaram para que a família sempre estivesse preparada, chame isso de neurose pós-guerra. - disse Elizabeth.
- Todos aqui recebemos treinamento em duelos, isso é uma espécie de ‘passaporte’ para se entrar na família. - disse Jack McKellen.
- Como as meninas Chronos e Edward corriam perigo, Lu e Logan acharam melhor deixá-las no rancho, e assim tia Alex se sentiria útil, e Caleb está lá junto com Megan para protegê-las. Enquanto Lu e Mirian poderiam cuidar de Durmstrang e nós ajudamos você. - disse Riven, fazendo-me sorrir pelo seu jeito calmo.
- Quando Seth nos avisou que eles estavam vindo, já estávamos preparados e viemos. Se você estivesse em Loch Ness seria mais fácil protegê-la, mas como o seu cheiro está entranhado na escola e não teríamos tempo de atraí-los para outro local, vamos nos virar com o que temos. Vamos olhar o mapa da escola e definir nossas posições. - disse Sergei com autoridade e rapidamente começamos a estudar os mapas e plantas de Beauxbatons. A batalha se aproximava.

Próximo às fronteiras de Beauxbatons

- Ora, ora... O garoto tem bom gosto. -O vampiro comentou com um sorriso nos lábios, pedindo autorização para a companheira e ela sorriu em retorno.
- Sim, poderemos nos divertir com ela, seria meu presente a você meu caro. Afinal, ela é uma guerreira, encontramos poucas ao longo dos anos.
- Esta sentindo Cassandra? Ela não cedeu as minhas ilusões e não cedeu às ondas de choque que você mandou para ela.
- Será que o sangue neste caso conta Saul? Porque o pai dela nunca caiu numa das minhas armadilhas...
- Se for o sangue que a faz poderosa assim, talvez não devêssemos matá-la e sim transformá-la.
- Seria uma importante aquisição, mas precisaríamos ter certeza que ela nos obedeceria... Cadarn ficaria furioso com mais uma vampira contrária a ele.
- Sim, com certeza, e isso pode ser arranjado...Como vamos atraí-la? Se dermos mais alguns passos, eles nos detectarão.
- Já que ela não cede aos nossos poderes... – A vampira falou com um meio sorriso, e seu companheiro sorriu também, piscando.
- Façamos outros cederem...

Searching, Seek and Destroy…


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- Sergei tem algo errado aqui! – John falou, enquanto corria para Sergei, ao ver o estado das barreiras do colégio.
- Estão ocorrendo centenas de ataques às barreiras. São como perfurações. – Eu falei, ao perceber o ritmo dos choques.
- Parece que estão tacando algo na escola, mas não detectamos nada material. – Leonardo falou, começando a ficar preocupado.
- Se as memórias de Caleb estiverem certas, eles enviaram Saul e Cassandra para procurar Emily, eu e Kyle já encontramos com eles. – Sergei comentou, pensando rapidamente.
- E o que significa? – Jacques perguntou.
- O que estamos sentindo é a habilidade de Cassandra, ela consegue emitir ondas de choques e está mirando na escola. – Sergei começou a falar, enquanto eles corriam para assegurar as barreiras. Nesse momento um dos outros professores nos encontrou, e ele parecia muito alarmado.
- Ainda bem que os encontrei! Máxime me pediu para procura-los. Alguns alunos estão acordando e saindo de suas camas. Os outros estão tentando conte-los, mas são muitos!
- Droga! Eles estão atraindo as crianças, precisamos impedir deles saírem! – Eu falei, já correndo para as grandes portas de entrada. Meus piores temores estavam se concretizando, aqueles vampiros estavam tentando envolver os alunos, mas eu como professora não permitiria!
Corremos para o salão de entrada e o que vi foi uma cena estranha. Professores e meus familiares guardavam as portas, tentando afastar uma quantidade enorme de alunos que tentava passar a qualquer custo, seus olhos vagos e vazios. Alguns alunos apenas estavam acordados, porém Ian e Dylan tiveram a ótima idéia de acordar os outros alunos, e começamos a desferir feitiços, tentando afasta-los de suas ilusões, mas parecia que não conseguiríamos.

We are scanning the scene
in the city tonight
We are looking for you
to start up a fight
There is an evil feeling
in our brains
But it is nothing new
you know it drives us insane

Searching, Seek and Destroy


Enquanto eu tentava impedir os alunos de saírem, uma das novatas da Sapientai agarrou meu braço, fazendo-me olhar direto em seus olhos, totalmente vazios. Porém eu podia sentir algo a mais neles e concentrei-me, preparando para enfrentar seja lá quem fosse. Pois haviam tomado a consciência daquela criança.
- Se não quiser que os machuquemos, saia daí imediatamente. Podemos fazer muitas coisas com eles. - A garota falou com uma voz totalmente diferente da normal, e como uma amostra, levantou a mão para o próprio pescoço, mantendo os olhos em mim.
- Não machuque os alunos! Eles não tem nada a ver com isso tudo. É a mim que vocês querem.
- Exatamente. Saia sem que ninguém perceba, e não machucaremos essas pobres crianças. – A menina sorriu maldosamente e depois caiu inconsciente, e eu a segurei no colo, chamando um dos meus tios curandeiros.
Nesse momento vi que todas os alunos que tentavam sair da escola desmaiaram juntos e todos estavam ocupados, cuidando deles e tentando reanima-los. Eu depositei a aluna no chão com cuidado e aproveitei a situação, esgueirando-me por uma passagem lateral, correndo para a noite estrelada. Eu faria tudo para proteger meus alunos, nem que isso custasse a minha vida.
Eu pude sentir que me seguiam, e não eram apenas duas presenças, mas pelo menos 6 seres me perseguiam, porém os outros quatro voltaram para o castelo, enquanto os dois últimos ainda vinham atrás de mim. Eu praguejei, pois aqueles quatro iriam atacar o castelo, no momento em que todos estavam cuidando das crianças, porém não podia voltar atrás, pois caso fizesse isso, os alunos corriam ainda mais perigo. Sergei estava com eles, e ele saberia o que fazer, saberia o que esperar...Corri ainda mais, afastando-me o máximo do castelo, e notei que os dois vampiros brincavam comigo, querendo me dar uma falsa sensação de segurança. Mas não cai no truque deles, eles não teriam meu medo para anima-los.
Nesse momento, um vulto surgiu diante de mim, e por reflexo, desviei dele, conjurando um impedimenta e lançando um feitiço contra o vulto, que esquivou facilmente. Ele saltou para trás e com a luz da lua, consegui ver o vampiro, que aparentava 18 anos, vi seu rosto pálido, os olhos vermelhos, as presas à mostra em um sorriso maligno, o corpo alto e poderoso, os cabelos castanhos curtos. Ouvi um segundo barulho às minhas costas e virei-me rapidamente, vendo surgir uma jovem muito bela, aparentando 15 anos, a pele alva, os olhos azuis-avermelhados, os cabelos curtos e castanhos. Eu estava cercada. Como eu queria...
- Você é Emily McGregor, não é? Posso sentir o cheiro dos McGregor em você... – O vampiro falou, sentindo o ar.
- Se parece muito com seu pai... Kyle Mcgregor, uma pedra no sapato de muitos de nós...Pena que nunca o tive somente para mim. – Ela riu, enquanto o vampiro também ria.
- Ah, querida, assim ficarei com ciúmes. – O vampiro falou rindo...Eu vi quando eles fecharam o cerco sutilmente. Eu girei meu corpo, de modo que pudesse ver os dois, mesmo que pelo canto do olho e saquei a varinha, apontando para a mulher, que estava mais próxima de mim. Eles estavam fazendo exatamente como eu queria, aproximando-se de mim juntos, e então eu teria uma chance de acabar com eles de uma só vez.
- O que vocês querem? – Perguntei com raiva.
- Acho que você sabe o que queremos, o porque de termos sido enviados... – A vampira começou a falar, sua voz melosa e calma, tentando me fazer cair em uma ilusão, sem sucesso.
- Não caio em ilusões baratas de vampiros.
- Sim, já reparamos nisso. Você é jovem, forte, poderosa, sadia...Uma mulher maravilhosa, arrisco-me a dizer. Aquele garoto tem um bom gosto... – O vampiro falou, também rindo. Ele sequer citou o nome dele, mas isso foi o suficiente para fazer meu coração disparar e apertar a varinha com mais força.
- Ó...Notei a mudança da sua palpitação...Ele é tão importante assim? Nós decidimos que vamos brincar um pouco com você... – A vampira falou rindo.
- E faremos você ataca-lo pessoalmente, quando for uma vampira. – O vampiro sorriu, e saltou para frente. A outra vampira correu para trás de mim, pegando impulso em uma árvore, saltando para me atacar. Eu saltei para o lado mais rápido do que eles esperavam, e quando os dois estavam agachados preparados para o segundo salto, e coloquei a mão no peito, puxando o pingente, concentrando-me nele. Porém, sequer pude sacar a lança...
Com um silvo alto, o ar pareceu tomar vida, e dezenas de rajadas de vento saltaram na direção dos dois vampiros, fazendo a noite parecer dia com tanta luz. Eu vi cada uma das flechas de luz atravessando o ar, mirando os dois vampiros, que apenas devido aos seus anos de poder, conseguiram evitar os projéteis. Os dois vampiros caíram no chão, as presas à mostra, rosnando para um ponto de luz, de onde podia se ver um vulto alto correndo na nossa direção. Eu não pude acreditar no que via...Era ele. O que ele fazia aqui? Era ele...Griffon.
Seus olhos brilhavam em fúria, completamente dourados, e sua aura espalhava-se pelo bosque, iluminando as sombras, fazendo-as desaparecer. A luz me aqueceu e curou dos ferimentos, acalentando o meu ser, deixando-me aliviada. Porém os vampiros soltaram silvos, pois a luz os queimava, mas o vampiro ficou de pé e pude ver uma aura envolvendo os dois, protegendo-os.
- Saul. Cassandra. Vocês vão morrer. – Griffon falou, caminhando em minha direção. Ele não precisou me olhar, mas pude ver que sua respiração estava mais aliviada. Ele apertou minha mão por um breve momento, e eu apertei de volta, como se disso dependesse a minha vida.
Ele ficou ao meu lado, olhando com fúria os dois vampiros, que saltaram rapidamente, um em cada direção, cercando-nos completamente. Nós dois juntamos nossas costas, cada um encarando um vampiro. Nossas costas se tocavam, e o calor emanado pelas costas dele me acalentava, me fazia feliz e calma. E me dava um motivo ainda maior para lutar, e sobreviver, pois pensar naquele calor desaparecendo, me fazia sentir uma dor profunda. Não sabia se era a fúria que queimava o sangue dele, ou os seus poderes que faziam seus músculos tornarem-se maiores e mais poderosos. Agora estávamos juntos, lutaríamos juntos, e não importa qual fosse o desafio, nós venceríamos juntos.

Our brains are on fire
with the feeling to kill
And it will not go away
until our dreams are fulfilled
There is only one thing
on our minds
Don't try running away
`cause you're the one we will find

Searching, Seek and Destroy

N.A.: Seek and Destroy, Metallica.


OBS.: Texto escrito com a ajuda da And. Grande ajuda na verdade XD

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Dezembro de 1999:

- Posso entrar? – mamãe perguntou parando na soleira da porta. Abaixei o livro que estivera lendo até então, para observá-la.
- Desde quando você precisa de permissão para entrar no meu quarto? – perguntei assustada e rindo em seguida e ela sacudiu os ombros retribuindo o sorriso, entrando e sentando-se na beirada da minha cama. – Como estão os gêmeos?

Já tinha lido um par de vezes que a maternidade causa nas mulheres um “efeito inexplicável”. Mamãe conseguiu me fazer entender sem grandes dificuldades o real sentido dessa constatação. Desde que Keiko e Hiro haviam nascido, as recentes rugas e olheiras no rosto dela não eram suficientes para ofuscar o novo jeito que seus olhos brilhavam. O tal “efeito” não era somente físico. Era sensível.
Claro que mamãe nunca me dera o menor dos motivos para acreditar que, por ser sua filha adotiva, nossos laços eram mais fracos do que os laços sanguíneos que ela agora tinha com os dois. O jeito de nos amar, proteger e mimar não se diferenciava. Ela tentava equilibrar seu tempo com todos nós e Sergei - e estava tendo sucesso nessa área, pois ninguém reclamava sua atenção (ou a falta de atenção). A maior diferença estava nela mesma, no jeito como havia passado a agir; parecia mais madura, mais paciente, mais forte... Reparar isso me fez ficar feliz, pois eu senti que por mais preocupações que eles haviam adicionado em sua cabeça, agora ela se sentia completamente realizada, em todos os aspectos.

- Estão bem. Dormindo. Sergei chegou em casa há uns minutos e conseguiu domar a Keiko, que não queria dormir de jeito nenhum. Tem energia de sobra... Puxou a irmã.
- É. Levando em consideração que você e Sergei são super calmos e quietos, ela só pode ter puxado a mim mesmo... – completei irônica e rimos.
- Sabe... Sergei tirou alguns dias de férias do Ministério para as festas de fim de ano e estive pensando em nos aproveitarmos disso... Eu e você. Ele se ofereceu para tomar conta dos gêmeos esta noite, para podermos fazer um programa de “amigas”, como antigamente. O que você acha?
- Programa de amigas, como antigamente? – me animei instantaneamente, sentando mais reta na cama. Mamãe percebeu e riu concordando com a cabeça. – Posso saber o que tem em mente, “cérebro”?
- Nada muito “agitado”, porque essa sua amiga aqui já está um tanto velha para badalações pesadas. Meu melhor plano envolve a casa de Kyoto, pijamas, guloseimas (entenda como doces, doces e mais doces), fofocas, confidências e nascer do sol. Claro que podemos modificar um pouco essa lista, mas ela me agrada muito.
- Ok, só uma pequena modificação: guloseimas, BEBIDAS, fofocas, confidências e nascer do sol. Feito?
- Perfeito. Só não beba demais ou sua mãe poderá pensar que sou eu quem está te ensinando essas coisas... O que seria uma bela calúnia.
- Você tem razão. Mamãe é muito “à moda antiga”, sabe?

Ela riu e me puxou para um abraço apertado, que mantive por longos minutos. A maternidade fora a melhor coisa que tinha acontecido na vida dela, definitivamente. Mas pelo menos por uma noite, ela não queria ter que administrar mamadeiras e fazer vigília ao lado dos berços, e sim, voltar aos seus tempos de adolescente, onde os maiores problemas eram NIEM’s, garotos e o resultado da Copa de Quadribol.
E no que dependesse de mim, a nossa “noite das garotas” iria ser bastante movimentada de assuntos...

ººººº

- Como você e Sergei se conheceram?
- Alex nos apresentou, em um dos Bailes do Dia dos Namorados de Hogwarts. – mamãe se deitou no tapete da sala, em frente à lareira e encarou o teto com um olhar vago, sonhador. Se virou pra mim, deitada ao seu lado, rindo. – Ele era tão bonito!
- Era? – perguntei sarcástica bebendo mais um gole de cerveja amanteigada. – Sergei continua lindo. Na idade dele, conservar aquele físico...
- Você está muito “saidinha” mocinha. – Ela interrompeu fingindo censura, mas rimos e ela concordou com a cabeça. – Ele ainda é, realmente. Meu russo é cheio de charme. E umas coisinhas a mais... – rimos.
- Vocês se gostaram desde o primeiro minuto? – perguntei interessada e soube que não haveria momento mais oportuno para conversar tão abertamente com mamãe do que aquele, onde só estávamos nós duas, bêbadas e nostálgicas.
- Sim. Mas é claro que eu não fazia nem idéia de que ele seria “o homem da minha vida”. Foi mais... físico mesmo, entende? Mas ele me chamava mais atenção do que os outros “garotões” do castelo. Era mais inteligente, maduro... tinha mais atitude! Acho que causei a raiva de muitas invejosas, sabia? Tiago Potter, Sergei... Elas definitivamente me odiavam.

Rimos e brindamos mais uma vez, batendo de leve nossas garrafas de bebida. Tomei mais um gole e continuei encarando o teto. Ficamos em silêncio uns minutos, ouvindo as chamas crepitarem na lareira, até ela se virar para mim curiosa:

- E você? Não tem nada para me contar? Nenhum pretendente?

Senti meu estômago gelar e ficar enjoado com a cerveja amanteigada quente que havia acabado de chegar ali. Não me mexi por vários segundos, paralisada.

- Miyako! Você está namorando? – mamãe se sentou abruptamente no tapete, mas aparentemente ficou tonta com a brutalidade do movimento e fechou os olhos. A encarei assustada.
- Não! Porque você achou isso?
- Você não respondeu! Achei que estivesse escondendo alguma coisa de mim... – ela colocou a mão no peito, dramaticamente, e voltou a se deitar parecendo aliviada.
- Não estou namorando. Eu te contaria uma coisa dessas!
- Espero que sim. Não queira me matar tão jovem... – forcei um sorriso e ela insistiu. – Nada? Ninguém? Tem que ter alguém interessante naquele castelo, não é possível! Ainda mais esse ano, que são três escolas misturadas...
- Tem alguém! – eu disse depressa sem medir as palavras e ela novamente se movimentou rápido demais. Dessa vez, para virar a cabeça para me olhar, os olhos arregalados. – Mas não vai dar certo. Ele não sabe de nada. Na verdade, nem eu sei... Pode ser só um “amor platônico”. – completei desanimada e ela pareceu murchar também.
- Mas vocês já conversaram? – acenei positivamente com a cabeça e ela pareceu se animar novamente. – E você não percebeu nenhum sinal dele? Alguma coisa que ele disse ou...
- Nada. – respondi categórica e ficamos em silêncio, nos encarando. Involuntariamente, me senti flutuar pra longe dali e me lembrei da noite do Baile de Inverno, onde eu e Henri tivemos nossa primeira conversa onde não éramos professor e aluna e o assunto não era quadribol. De fato, ele não tinha dado nenhum sinal.
- Ok, não vou deixar você se desanimar assim tão fácil! – mamãe falou empolgada. – Me conta tudo! Qual o nome dele? Como ele é? – ela me sorria sincera e ri.
- Ele é lindo. Com certeza, eu atrairia a raiva de muitas invejosas também, caso ficássemos juntos... Tem dois olhos verdes, sabe? Aqueles que parecem te perfurar, de tão intensos e... – percebendo a expressão dela que mesclava gozação com interesse, me controlei, um pouco constrangida. – O nome dele é Henri.
- Henri? – ela repetiu sufocando a vontade que deveria estar tendo de soltar um meloso “minha filhinha está apaixonada”. Agradeci mentalmente. – Então ele é francês mesmo? Beauxbatons? – concordei com a cabeça. – Porque demorou tanto a reparar nele?! É da sua turma?
- Não. Quadribol. – respondi simples e com medo de ela estender as perguntas, mas pareceu suficiente porque seus olhos brilharam de compreensão.
- Agora entendi porque você estava tão interessada em ler livros de quadribol nas férias...
- Eu sempre gostei de quadribol, mamãe!
- Eu sei. Mas como um “hobby” casual. Nunca teve muita paciência pra ficar lendo livros sobre isso. Estou falando alguma mentira?

Como não respondi, ela entendeu que o que estava falando era a mais absoluta verdade. Eu realmente passara a ler mais livros sobre quadribol, pois pelo menos assim, sempre teria motivos para conversar com ele após as aulas. Mesmo que fossem táticas e estratégias de jogo.

- Conversar com ele sobre isso vai sempre manter vocês dois unidos, mas... Se você não quer que ele seja só um bom amigo ou colega de time, não é suficiente, Mi. Se ele ainda não te deu sinais, eu interpreto isso de duas maneiras: ou ele gosta de você e também acha que não tem nada a ver, por isso fica com medo de demonstrar alguma coisa, ou ele te vê como todas as outras amigas, por isso não demonstra nenhuma reação diferente. Você é quem tem que demonstrar então! Se ele não tem atitude, tome você uma. Não é feio uma garota demonstrar que gosta de um garoto... Feio é se acovardar e deixar passar, se arrepender do que não fez e poderia ter feito.
- Demonstrar? Como? Mãe, você sabe que não sou muito corajosa quando entramos nesse departamento... – falei sincera sacudindo os ombros desanimada.
- Não é difícil. Basta deixar claro por meio de algumas ações ou palavras de que você gosta dele de uma maneira diferente da que gosta dos seus amigos. Fique mais tempo na companhia dele, converse sobre outros assuntos. Coisas que você gosta. Não se limite ao tempo que passam juntos no campo de quadribol tendo que ficar focados somente nos jogos e campeonatos. Promete que vai tentar? – ela insistiu me olhando convincente e acabei concordando, embora já estivesse desanimada. Nós não tínhamos mais tempo juntos.

Escondi o desânimo e para mudar de assunto, perguntei para ela sobre como tinha sido a festa de formatura da turma deles, lembrando que a nossa estava cada dia mais próxima. Ela se empolgou na mesma hora e começou a contar com detalhes como tinha beijado tio Scott na frente de todos e estragado o tango. O resto da noite passou voando e depois que o sol nasceu em Kyoto, finalmente nos entregamos ao sono por algumas horas, antes de termos que voltar para Tókio e para nossas vidas normais.

ººººº

- Porque você está tão apressada, Mi? – Griffon perguntou andando rápido ao meu lado, para conseguir me acompanhar. Chuck em seu colo, brincando com um pacotinho das Gemialidades na mão, mas não prestei bem atenção no que era.
- Porque ele já deve estar aqui! Quero encontrá-lo um pouco antes do treino... – atravessamos depressa as várias torres e o campo de quadribol foi se aproximando. Griffon sorriu ao entender de quem estava falando.
- Vocês... Como estão? Algum avanço? – perguntou maroto e me virei brava para olhá-lo, surpreendendo Chuck com uma bomba de bosta nas mãos. Puxei-a depressa e ele ameaçou chorar, mas se distraiu quando substitui por seu chocalho.
- Você sabe que não tem como temos “avanços”! Não comece com as piadinhas... E procure manter o Chuck afastado de qualquer coisa destrutiva. Já temos problemas demais sem termos que explicar porque “nosso bebê” soltou uma dessas no jardim. – ele mordeu os lábios ainda se divertindo e avançamos.

Meu coração deu um pulo quando entramos no gramado do campo. Do outro lado, avistei Henri sozinho, analisando a prancheta concentrado. Jean, Simone, Eugene e Edith ainda não haviam chegado com a chave de portal, e Charles e Augustin provavelmente só sairiam de dentro do castelo quando faltassem poucos minutos para a hora do treino. Era uma oportunidade de ouro. Me virei ansiosa para Griffon.

- Ele está sozinho!!!
- Vai lá! Aproveita! É uma chance única, Mi... – ele incentivou e apertei minhas mãos, sentindo-as geladas. – Vou levar Chuck de volta para a Avalon e pedir para que Luna dê uma olhada nele. Quero me encontrar com Isaac. Tem um auror ali na arquibancada para assistir o treino... Ele pode te acompanhar até a Avalon depois, se você quiser. Se não tiver outra companhia. – deu uma piscadinha zombeteira e fiz uma careta rindo e o empurrando para fora do gramado. Quando ele e Chuck sumiram de vista, respirei fundo e avancei decidida até Henri, sorrindo. Ele levantou a cabeça quando fiz sombra sobre ele e sorriu.
- Miyako! Como vai? Animada para o último jogo desta rodada?
- Oi, professor.
- Henri. Ainda não estamos no horário da aula, esqueceu? – ele perguntou simpático e concordei com a cabeça, me sentando ao seu lado, porém mantendo uma distância considerável.
- Henri. – corrigi e sorrimos. – Estou bem, apesar de todos os problemas... a partida da semana que vem me parece até fácil, perto de todos eles. – fiquei séria e não consegui esconder o cansaço e a preocupação. Ele notou e ficou sério também.
- Quer conversar? – ele largou a prancheta no banco sem desgrudar os olhos de mim.
- Ah, são só todas essas coisas que estão acontecendo por aqui. Você deve ter ouvido falar, não? Os vampiros e a censura do Ministério... Ontem eu e meus amigos abandonamos o jornal da escola. Até a peça de teatro vamos ter que ensaiar às escondidas. E o Gabriel, sabe, o campeão de Beauxbatons... é um dos meus melhores amigos. Estou preocupada com a segunda prova. Ele também não está tendo muito tempo para se preparar para o Torneio, especificamente. – só quando percebi que estava falando sem parar e ele estava escutando tudo com atenção é que comecei a rir de mim mesma. – Desculpa. Estou falando sem parar.
- Não, tudo bem. Não me importo. Na verdade, sou um ótimo ouvinte... Só não me peça para te dar conselhos. – ele sorriu também e ficamos nos encarando vários segundos, que para mim, pareceram ter acabado em um piscar de olhos.

Ele esticou sua mão lentamente e a pousou sobre meu ombro, apertando-o de leve. Uma onda de calor intenso percorreu meu corpo inteiro, dos ombros aos dedos dos pés, e ele estava um pouco mais perto. Seus olhos me perfurando e eu sentindo meu rosto arder.

- São muitos problemas e é natural que você esteja abatida e preocupada, mas não pode se entregar. Vai dar tudo certo. – ele disse brando e concordei com a cabeça, ensaiando um sorriso que foi cruelmente ofuscado pelo que ele abriu em seguida. Sua mão soltou meu ombro e ele se afastou um pouco, pegando novamente a prancheta, mas ainda me olhando. – Então... desistiram do jornal? – seu tom de voz voltara a ser casual e acordei do transe.
- Sim. O Ministério está nos censurando e não vamos abaixar a cabeça. Vamos abrir um jornal “alternativo”, mas ainda não sabemos muito bem como vamos fazer para imprimi-lo e quais vão ser as matérias, mas é a maneira que encontramos de desafiar. – a cada palavra ia readquirindo a força nas palavras e fiquei satisfeita por essa recuperação.
- Um jornal oculto? Caramba! Eles não vão ficar nada felizes quando lerem isso, hein? – ele perguntou bastante interessado e riu. – Quero uma cópia deste! Guarde para mim quando publicarem...

Mas não deu tempo de responder. Ouvimos um barulho no meio do gramado e quatro figuras se materializaram ali, cada uma segurando uma vassoura. Augustin e Charles também já vinham entrando no campo, conversando. Henri ficou de pé em um salto e eu também, assustada. Me juntei ao restante do time quando ele nos cumprimentou e começou a repassar nossa atual situação no Campeonato e as instruções para o treino e para o jogo contra a Othila, de Durmstrang, que definiria o primeiro colocado da chave (já que Lufa-Lufa já tinha sido desclassificada). Escutava tudo calada ao lado dos demais, mas não prestava atenção. Uma voz em minha cabeça dizia “esquece, Cinderela. A meia noite já chegou, a carruagem já virou abóbora, e o príncipe encantado é seu professor”.

1 hora depois...

- Então é isso. Revisem esses pontos que apontei e acho que vocês têm grandes chances de vencerem a Othila. O time está mais bem estruturado que o da Lufa-Lufa, mas perto de vocês... Bom, faço minha aposta. – ele sorriu incentivando e todos nos animamos. – Boa sorte. Estão dispensados.

Instantaneamente o time começou a dispersar. Jean, Simone, Eugene e Edith se preparavam para pegar a chave de portal de volta a Beauxbatons. Charles e Augustin voltavam para o castelo e eu caminhava até o vestiário para tirar o uniforme do time.

- Miyako... – Henri chamou e me virei depressa para olhá-lo. – Espero que você fique bem. Estou à sua disposição se puder ajudar em qualquer coisa, ok?

Sorri sem graça concordando com a cabeça e virei novamente as costas. Seth e Luna vinham descendo das arquibancadas de mãos dadas, acenando pra mim.

- O que fazem aqui? Não deviam estar com os bebês?
- Estão todos dormindo. – Seth disse e Luna sorria. – Assistimos o final do treino de vocês. Estão jogando bem!
- Ah... é... ainda temos que melhorar algumas coisas mas... – comecei um pouco desconcertada e desisti da idéia de ir ao vestiário. Saímos juntos do campo em direção às repúblicas.
- Ele gosta de você. – Luna me cortou serenamente, me encarando. – O professor. Gosta de você.

Olhava dela para Seth, assustada. Ela sorria de maneira tão leve que me assustou um pouco.

- Hã...é, ele disse que sou uma boa apanhadora. Só tenho que prestar mais atenção, pois me distraio algumas vezes e...
- Não, não estou falando nesse sentido. Estou falando que ele estava sorrindo para você da mesma maneira que Kam sorria para mim. E você também gosta dele, não gosta? – ela perguntou certeira e senti minha perna balançar. Como não respondi, Seth fez isso por mim.
- Gosta. É tão louca quanto o Griffon. Não é à toa que tenham ficado como um casal para o projeto... Dois malucos. – Luna riu, mas continuei sem reação, pensando no que Luna havia dito e dividida entre a vontade de acreditar naquilo e na sensatez de duvidar que um sorriso pudesse ser tão “diferente”. Mas antes que pudesse decidir, Seth se agitou ao meu lado. – Papai está no castelo! Vamos! - Puxava a mão de Luna e andava apressado. Eu corri para acompanhá-los.

A presença do tio Lu ali foi um grande alívio para todos nós e veio na hora certa, pois minutos depois Durmstrang se viu cercada por vampiros. Durante um bom tempo, o desespero e o medo pareciam ter varrido todo o resto para fora da cabeça e o que Luna disse, acabou se perdendo no ar.

 

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