terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Joy

Lembranças de Seth K. C. Chronos

- Seth Kamui Chronos , Gabriel Storm Lupin, Gina Weasley,Harry Potter, Hermione Granger, Ronald Weasley, Neville Longbotom– Eu a ouvi murmurando para si própria em meio ao cárcere e a escuridão, onde era companheira de Olivander.

Sua mente continuava afiada e ela continuava alegre, mesmo estando presa a tanto tempo. Ela sabia muito bem o que acontecera e ela não culpava ninguém, na verdade ela preferia assim. Caso ele ficasse sabendo, ele invadiria aquele lugar a qualquer custo, colocando a própria vida em risco. Luna sabia que Mirian não permitiria, mas não duvidava que a família de seu melhor amigo estava tentando ajudá-la.

Eu acordei, lembrando uma vez mais da época em que Luna fora seqüestrada pelos Comensais. Já faziam anos que isso acontecera, mas ainda me sentia culpado. Eu sabia dessas coisas por dividirmos nosso sangue e memórias.

Meus pais nada me contaram, pois sabiam que eu iria atrás dela até o inferno se necessário e invadiria a Mansão Malfoy. Eu não os culpava, pois eles estavam preocupados comigo, com medo, pois me conheciam muito bem. Mas eu sentia culpa de mim mesmo, pois nada percebera. Ela era minha melhor amiga, mas quando ela mais precisou eu nada percebi e nada fiz. Isso me corroia, pois enquanto ela estivera presa, eu aproveitava meu primeiro ano na nova escola, com novas descobertas e amigos. É claro, se eu falasse isso para ela, ela com certeza brigaria comigo. Eu sorri ao imaginar isso.

Eu abri meus olhos e a olhei deitada em meu braço, deitada onde havíamos dormido na noite passada, respirando serenamente.

Senti imediatamente uma felicidade como apenas ela pode causar. Ela dormia e sonhava calmamente, com seus cabelos loiros meio amarrotados e uma mexa caindo sobre os olhos. A tirei com carinho e acariciei seu rosto.

Olhei em seu pescoço. A marca já há muito tinha desaparecido, mas eu ainda sabia exatamente onde eu mordi pela primeira vez, para salvar sua vida. Depois ela me dera seu sangue tantas outras vezes para salvar a minha vida. Eu e ela éramos unidos, éramos como um.

Ela se remexeu e se aconchegou em meu braço e eu a puxei para mais perto de mim. Sorri admirando-a.

Ela era especial. Ela era inteligente, carinhosa, alegre, feliz, corajosa, linda, graciosa e amiga. Ela possuía várias marcas de suas muitas batalhas e eu conhecia cada uma dessas marcas, pois conhecia-a e seu corpo melhor do que o meu mesmo. A abracei e toquei uma pequena cicatriz nas costas, marca de quando ela invadira o Ministério. Ela era especial.

- Bom dia, Kam, o que está fazendo? – Ela perguntou, ainda de olhos fechados e sorrindo.

- Admirando você... Ou quer algo mais? – Eu perguntei e ela sorriu, enquanto eu a puxava para perto de mim, abraçando-a com carinho e amor, enquanto nos beijávamos.

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- Desculpa, Mirian! – Luna falou, quando derrubou uma pilha de pratos no chão. Ela logo sacou a varinha para concertá-los, mas sentiu uma tontura e teve que se sentar. Mirian, que estava com Emily e Celas preparando o almoço no domingo, veio logo ajudá-la, preocupada.

- Você está bem, Luna? – Emily perguntou, fazendo um copo com água surgir na mão dela. Celas também parecia preocupada, até curiosa. Eles podiam ouvir Artemis brincando com Luky e Bela no jardim, junto de Griffon, Seth , Lu, Isaac, Xeno e Gaia, além de Haley, Clara e Keiko que tinham vindo visitar Artemis.

- Estou, foi só uma tontura, acho que é o calor. – Ela falou, com um sorriso alegre. Mas Mirian continuou olhando-a preocupada.

- Você tem sentido mais alguma coisa? – Ela logo perguntou, seus anos como curandeira voltando à tona.

- Nada, tenho estado maravilhosa.

- Ontem você não reclamou de enjôo? – Celas perguntou e Emily emendou.

- É verdade, Luna?

- Não, foi algo que comi ontem. Esqueci de colocar as sementes de Giraluar na salada de Aspertios, sem elas a salada fica com um gosto estranho mesmo.

- Tem certeza? – Emily perguntou preocupada, mas Luna sorriu para a cunhada.

- Absoluta! – Ela falou e logo levantou para ajudar com o restante dos preparativos, mas assim que chegou perto de uma travessa de carne crua, saiu correndo para o banheiro. As três foram atrás dela e a ajudaram enquanto vomitava. Assim que ela terminou, Mirian falou séria.

- Luna, vamos ao meu escritório, quero examinar você. – Luna foi obrigada a aceitar, e logo ela estava deitada no sofá do escritório com Mirian medindo seu pulso e com a mão sobre sua cabeça e coração. Emily e Celas trocavam olhares apreensivos, até alegres, enquanto Luna conversava do mesmo jeito que sempre. Depois de alguns minutos de exame, Mirian se deu por satisfeita e sentou-se ao lado de Luna, enquanto Emily e Celas ficavam de pé ansiosas.

- Quando foi a última vez que você mestruou? – Ela perguntou. Luna ficou um pouco sem entender, enquanto pensava um pouco.

- Não sei... Agora que você comentou, já tem um tempo, acho que uns dois meses. – Ela falou, e assim que terminou de falar colocou a mão na barriga, como se entendesse. Seu rosto ficou radiante de felicidade, enquanto o sorriso se espalhava pelos rostos das outras três. – É verdade? – Luna perguntou baixinho, como se tivesse medo de ser mentira.

- Você está grávida, Luna! – Mirian falou, abraçando a nora com carinho, enquanto lágrimas desciam de seus olhos. Luna começou a chorar, enquanto ria ao mesmo tempo, e logo Celas e Emily estavam se jogando em seu pescoço, abraçando-a e dando-lhes os parabéns.

- Um filho... Eu estou tão feliz! – Ela falou entre lágrimas e sorrisos.

- Seth já sabe? – Celas perguntou.

- Se nem ela sabia até agora, você acha que ele sabe? – Emily falou rindo.

- Quando fiquei grávida de Artemis, Seth foi o primeiro a perceber, antes mesmo do que eu. – Mirian comentou.

- Mas tenho certeza que ele não notou! Se não já teria falado! Do jeito que ele é, vai ser um pai muito coruja e um marido-grávido muito psicótico! – Celas falou rindo.

- Ele não vai me deixar fazer mais nada! – Luna falou rindo. – Mirian, você me ajudaria? Quero que seja uma surpresa pra ele, quero que ele não perceba nada até eu contar!

- Eu te ajudo, vai ser nosso segredo! – Ela falou e as quatro deram as mãos sorrindo, voltando a chorar em seguida, enquanto abraçavam Luna e beijavam sua barriga.

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- Ei, tudo bem? – Eu perguntei, da porta que ligava a cozinha ao quintal. Senti algo estranho, como um chamado ou algo assim e quando olhei dentro de casa, todas elas estavam conversando, parecendo mais alegres.

- Tudo ótimo, querido. – Mamãe falou, balançando a varinha no ar e fazendo uma porca de batatas voar para Emily, que as cortou com a varinha.

- Kam, tem como você pegar algumas flores lá em casa? São aquelas flores de Serenium. – Luna falou, me dando um beijo nos lábios.

- Você não usa a essência delas quando está nervosa? – Eu perguntei, levantando uma sobrancelha.

- Sim, mas elas ficam ótimas num chá! – Ela falou, sorrindo. Senti que escondiam algo, mas não sabia o que, então dei de ombros e a beijei antes de sair e poder aparatar. Bela correu para ir comigo e peguei minha sobrinha no colo, com alegria.

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- Vocês estão escondendo algo de mim, não estão? – Eu falei, quando chegamos em casa naquela noite. Luna sorria mais do que o normal e cantarolava baixinho. Eu a abracei por trás e beijei deus cabelos e começamos a dançar juntos.

- Nada não... Ou melhor, talvez sim. – Ela falou simplesmente e sorriu. – Você daria um ótimo pai, sabia? Vi como você gosta de brincar com Bela e Luky, e como eles gostam de você. E ainda lembro de Durmstrang.

- Eu gosto de crianças. – Eu falei simplesmente, mas ficando meio sem jeito.

- E quando vamos ter nossos filhos? – Ela perguntou e eu não soube como responder.

- Não sei, querida, é um pouco perigoso, não acha?

- Não, não acho. – Ela falou e se virou pra mim, me beijando.

- Que isso, quer encomendar um agora? – Eu falei sorrindo, desabotoando sua blusa.

- Não... – Ela falou no meu ouvido. – Já encomendamos. Você vai ser pai, Seth Kamui, eu estou grávida!

Ela falou isso e colocou a minha mão em sua barriga e toquei sua pele de leve. Eu não conseguia acreditar e olhei curioso para ela. Das duas últimas vezes que tiveram mulheres grávidas perto de mim, eu descobri muito antes de todos, como minha mãe.

- Tem certeza? Eu teria notado.

- Não se eu pedisse ajuda a sua mãe, querido. – Ela falou e então senti.

Foi como se eu ouvisse o bater de um coração muito pequeno, mas já muito forte. Eu arregalei os olhos e olhei para Luna. Ela sorriu, mas tinha lágrimas nos olhos. Eu me ajoelhei e coloquei o ouvido em sua barriga e pude sentir que havia vida ali.

Então eu comecei a chorar. Pai! Eu seria pai!

- Parabéns, Kam, você vai ser papai! – Luna falou, com a voz cheia de emoção e lagrimas descendo pelo rosto. Eu levantei e dei uma gargalhada, abraçando-a com força e rodopiando com ela.

- É o dia mais feliz da minha vida!! Eu vou ser pai! E eu amo você, Luna! – Eu gritei, ainda rodopiando com ela, enquanto ela ria, alegre.

Então me lembrei que ela estava grávida e parei de rodopiar na mesma hora, com um sentimento de culpa e a coloquei no chão. Ela riu ainda mais e deu um tapa no meu ombro.

- Sabia que você ia fazer isso! Eu não sou de porcelana, nem comece!

- Mas.. Deixa pra lá! Quero contar pra todos! – Eu falei, beijando-a novamente. Depois saquei a varinha, pronto para enviar meu patrono a todos. Ela porém segurou minha mão e tirou a varinha de mim, beijando-me em seguida.

- Eu também posso fazer outras coisas. – Ela falou, tirando minha camisa. Eu sorri.

- Hum, pensando bem, acho que eles podem esperar mais um dia. – Eu falei e sorrimos, enquanto nos beijávamos.

Aquela noite foi especial. Era nossa primeira noite de amor depois de sabermos que teríamos um filho. E eu estava radiante.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

24 de Junho de 2013

Das anotações de Ty McGregor

Era a final do Torneio Tribruxo em Durmstrang e eu havia ganhado ingressos do Krum, ministro da Bulgária para ver as finais. Como Rory não queria deixar nossa filha caçula Selene, sozinha, pois era ainda muito novinha, decidi ir sozinho. Afinal, Jake, sobrinho do tio Ben, era o campeão de Hogwarts, e a familia sempre se apóia, mesmo quando é para correr risco de morte rs.
Após cumprimentar os Ministros na tribuna de honra, optei por ir me sentar com Gabriel, Chris, Nick, e Ben junto das crianças, pois estava com saudades. Para minha surpresa encontrei Greg e Elena sentados junto com eles. Eu havia visto Ivanov, sentado num os camarotes e ele me olhou com raiva, pois Greg deliberadamente o ignorava. Medimos forças por um tempo, e como ele fechasse os punhos ao me encarar, eu fiz o movimento de mexer o pescoço igual aos lutadores de boxe e mexer os ombros, ergui o queixo como quem diz: ‘e aí vai encarar?’ mas ele acabou desviando o olhar. É... Luka continua covarde.O ignorei e me concentrei na torcida pelo Jake.
Quando a competição começou Jake vinha muito bem, estava na frente, mas acabou se atrapalhando na captura de bandeiras e na hora da corrida final, até a taça do campeão no meio do labirinto, a garota Novokovic levou a emlhor e venceu. Bom, para nós isso não foi problema: comemoramos entusiasmados o segundo lugar, tudo era festa.
Enquanto nos dirigiamos para o castelo, para o banquete dos campeões e seus convidados, senti alguém me puxar pelo braço.Virei-me e era Greg.
- Tio Ty..posso falar com você? É importante.- disse olhando nervoso para tio Ben e os outros. Assenti e enquanto eles foram em direção ao salão do banquete, eu acompanhei Greg até os jardins do castelo.
- Nossa, isso aqui apesar de gelado como a Sibéria, ainda é um lugar bonito...- disse para puxar papo, pois ele parecia estar mastigando as palavras. Como ele ainda ficasse calado, resolvi apelar:
- Greg, se você quer conversar comigo, poderia começar? Não sou um bom ouvinte, quando estou com fome. – disse sorrindo e ele respondeu por fim:
- Eu preciso da sua ajuda, porque fiz uma besteira, das grandes e não sei a quem pedir ajuda.
- O que foi que você fez Gregory.- perguntei sério e ele disse:
- Por minha culpa, a minha familia acabou.
- Como assim sua culpa?
- Eu... fui um mala com o meu pai, tratei mal a minha mãe, minha irmãzinha vai nascer sem pai e tudo porque eu fiquei doente. Tio... eles se divorciaram porque eu fiquei amigo do Luka, e ele fica dando em cima da minha mãe. Achei que poderiamos ser uma familia, sabe? Mas eu já tenho familia, quero que tudo volte a ser como antes...- e vi um brilho nos olhos dele, que reconheci como sendo lágrimas, mas ele as segurou.
- Bom, você foi um pirralho detestável com seus pais, detestável mesmo..Mas ficar doente não foi sua culpa. Apenas aconteceu, e quanto ao Luka eu não vou mentir: nunca gostei dele e vou morrer não gostando, portanto não espere que eu seja imparcial. O divórcio dos seus pais...Bem, é um assunto deles, acho que não podemos fazer mais nada.- e o garoto disse:
- Mas você pode ajudar sim, tio. Uma vez ouvi mamãe dizendo que se não fossem vocês, ela e papai não tinham conseguido ficar juntos. Então, preciso que você e os outros me ajudem a fazer meus pais se amarem de novo. E eu prometo que não vou atrapalhar mais...
- Olha Greg, eu...
- Gregory, quero falar com você.- nos viramos e era Luka. Observei Greg ficar tenso e coloquei a mão sobre o ombro do garoto em apoio.
- Se você não quiser falar com ele, não é necessário,filho.
- Eu vou falar com o meu filho e você não vai me impedir escocês. Não estamos mais na escola, as coisas mudaram...
- Sim, não estamos mais na escola, e apenas algumas coisas mudaram. O ar ainda fede quando você chega. – Gregory disse:
- Tio, vou falar com ele, e não vou demorar. Você pode esperar aqui?- os observei a uma distância e vi que Greg deve ter dito algo bem desagradavel, pois Luka foi fechando a cara à medida que ouvia. Ele saiu muito irritado e Greg voltou para o meu lado. O garoto tremia, mas estava sério:
- Tio, você vai me ajudar?
- Bem, posso conversar com os outros e ver o que podemos fazer, mas quero saber o que você e Ivanov conversaram.Porque eu não quero investir o meu tempo e o dos outros, ajudando na reconciliação dos seus pais e você nos sabotar.
- Não, não vou fazer isso não. Eu só agradeci a ele por ter salvado a minha vida e...
- E? – pressionei e ele respondeu:
- Pedi que ele nos deixasse em paz.Que eu quero que o Iago volte para casa, ele sempre foi o meu pai e eu não vou abandonar o meu irmão.
- Greg, sei que isso deve ter sido dificil para você, e vou te ajudar em tudo que puder ok? Agora que tal irmos jantar? Por incrível que pareça, às vezes eu sinto saudades da comida daqui...
E como se o destino quisesse dar uma mãozinha, a idéia para ajudar aos pai do Greg a se reconciliarem apareceu alguns dias depois.
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- Ty você vai nos dizer, porque nos reunimos aqui, como se ainda estivessemos na escola?- perguntou Ricard, enquanto nos sentavamos na sala da minha casa em Londres. – olhei para Micah e ele fez um feitiço abafador na porta. Os outros nos olharam curiosos.
- Nós teremos que fazer uma intervenção!- eu disse solene e as meninas riram:
- Uma intervenção? O que é isso?
- Uma intervenção segundo o nosso acordo de amigos, significa nos metermos nos problemas uns dos outros, quando um de nós não estiver consegindo resolve-los, e isso estiver afetando a harmonia do grupo. No caso presente, Milla e Iago.Precisamos juntar aqueles dois novamente.- disse Micah.
- Vocês enlouqueceram? Cada um aqui já tentou antes impedir que eles se separassem, mas isso só fez ficar pior, e olha que tentamos bastante. - disse Vina e Micah respondeu:
- Sim, tentamos, mas agora temos coisas acontecendo que poderão mudar este quadro...
- Muito bem, o que vocês não nos contaram?- perguntou Evie e os outros ficaram atentos:
- Bem, na minha ultima visita à Milla, ela me pediu que fizesse companhia a ela, no curso de parto. E ela pediu o mesmo ao Micah.
- Ah sim, fui eu que dei a idéia a ela, de falar com vocês e até ofereci a companhia do John.- disse Annia e meu primo olhou curioso para a mulher e antes que eles se distraissem, eu continuei:
- Eu e Micah aceitamos. Só que não iremos...
- Vocês têm noção de como é embaraçoso, entrar numa sala destas sozinha? Isso é maldade e não concordo com isso.Se você não for Ty, avise antes, e eu vou com a MIlla. - disse Rory e eu respondi logo:
- Calma, doçura, ela não vai ficar sozinha. E se eu e Micah estivermos muito ocupados...O Yéti, pode ser o nosso substituto.E nenhum de vocês pode ir em nosso lugar hein? Senão a coisa não vai funcionar.
- E se o Yéti começar a ficar perto dela, a acompanhar o desenvolvimento do bebê, eles podem perceber que ainda se amam,eu acho que isso pode funcionar...- disse Nina.
- Mas e os garotos? Greg andou tratando mal ao Iago. Nunca fui adepta da violência na educação dos filhos, mas cheguei a sentir vontade de puxar as orelhas dele.- disse Evie.
- Isso foi um pedido do Greg para o Ty e incluiu a nós todos. Ele até já disse ao Luka para deixa-los em paz.É um plano básico para começar, por isso chamamos vocês, tem muito detalhe que precisa ser discutido.- disse Micah. e todos começaram a dar sugestões.
- E ai? Estão dentro?- perguntei e todos concordaram e começaram a dar sugestões para planejar a ‘Operação Cupido’. Agora com os esforços de todos combinados, sou capaz de apostar que em breve teremos mais um casamento.

continua....

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

[Lembranças de Miyako Kinoshita...]

FLASH FORWARD: Julho de 2011.

Estávamos nos divertindo na festa de casamento do Ty com a Rory e, embora eu soubesse que aquela união tivesse começado de um acordo formal, apostaria tudo que tinha que os dois ainda se gostavam bastante. (Só precisavam deixar algumas mágoas do passado onde deveriam ter ficado e eles poderiam ser felizes juntos...)

Como não conseguia permanecer de pé por muito tempo (uma vez que já tinha entrado no meu último mês de gestação), me sentei à mesa com minha família e acompanhava Ty e Haley dançando não muito longe dali. Estava distraída os observando, enquanto bebericava alguns goles de suco de tomate gelado (o que tinha se demonstrado como meu principal “desejo de grávida”), quando senti uma dor forte contraindo os músculos da minha barriga e me fazendo gritar de dor e soltar o copo no chão.

Em poucos segundos todos da festa estavam aglomerados ao meu redor. Tia Louise dava instruções para Henri e para os outros curandeiros da casa, pois não daria tempo de chegarmos a um hospital e precisavam me locomover até um dos quartos; e mamãe agarrava minha mão com força, e parecia que também ia parir um filho, pois estava tensa e suando gelado – como eu. Estava na hora de eu conhecer o meu bebê.

***

Poucos minutos depois eu já me encontrava em uma cama macia, mas nem mesmo as orientações e incentivos que tia Louise, tia Mirian e Morgan me falavam, estavam conseguindo fazer com que eu me acalmasse e ignorasse a dor de cada contração. Nervosa, acabei expulsando Henri do quarto, aceitando do meu lado somente Ty e Gabriel. E cada um deles estava agarrado a uma de minhas mãos, e faziam força comigo.

Pareceu ter durado uma eternidade de dor até que finalmente um choro vivo preencheu o quarto e abafou todos os outros sons. E quando tia Louise me entregou um bebê com grandes olhos verdes vivos, enrolado em uma manta, e parecendo tão frágil e dependente de mim, eu entendi que nenhuma dor do mundo era realmente significante perto daquela sensação.

Depois que Gabriel e Ty saíram do quarto para comunicarem, Henri, meus irmãos, e todos os meus outros amigos e familiares entraram em seguida para conhecer Eicca. Mamãe e Sergei vieram juntos e, enquanto Sergei acomodava Eicca em seu colo, mamãe veio até mim e limpou meu rosto com uma toalha úmida. Seus olhos estavam molhados, mas ela tinha um sorriso fixo no rosto.

- Obrigada mãe. Por tudo. Eu entendo agora o que você disse... – eu dizia baixinho para ela, que ainda passava a toalha por minha testa com delicadeza e parecia incapaz de dizer alguma coisa.
- Do que você está falando?
- Anos atrás, quando eu disse que você não deveria se preocupar tanto com a minha vida... Você disse que “quando eu tivesse meus filhos, eu entenderia”. E entendo agora. Obrigada por ter se preocupado tanto comigo, sempre.

Ela parou para me olhar e não conseguiu se conter muito mais tempo, desabando em cima de mim e me apertando em um abraço.

- Eu te amo filha. E quer saber? Obrigada você por ter sido tão teimosa e me provado que mães também erram quando tentam proteger os filhos... Caso contrário, você não estaria me dando esse presente hoje. Ele é lindo. E eu sou vovó!

Ela exclamou com mais lágrimas escorrendo de seus olhos enquanto observávamos Sergei ninar Eicca em seu colo, cantando baixinho uma música russa. Eu tinha os melhores pais do mundo!

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FLASHBACK: Junho de 2000.

Junho passou como um raio por Durmstrang. Depois da temporária “trégua” dos ataques de vampiros, se deu uma verdadeira coleção de eventos importantes: a prisão do pai de Evie (bem como a “rendição” de Max), seguida da prisão de Luka; a viagem de formatura; a greve para expulsarmos o Ministério da Magia do controle do castelo; a incrível vitória da Sapientai no Torneio de Quadribol; os NIEM’s; a apresentação da nossa peça de teatro; a terceira e última tarefa do Torneio Tribruxo – que consagrou Biel como o campeão; e, finalmente, o evento mais esperado por todos nós do 7º ano: a formatura.

Enquanto acompanhava meus amigos, de um por um, subirem ao palco para pegarem seus diplomas, sentia como se milhares de borboletas estivessem voando em meu estômago. Durante os últimos meses eu havia ansiado por este dia: pelo momento em que eu finalmente pegasse meu diploma e me visse livre de todas as amarras invisíveis que me impediam de espalhar para todos que estava apaixonada por um professor; e que tínhamos planos para ficarmos juntos. Mas agora que ele finalmente era real, tentava lidar com todas as outras conseqüências que meu diploma acarretaria.

Não que ainda estivesse em dúvida sobre minha carreira; isso eu tinha definido há bastante tempo: seria jornalista, e já tinha garantido um estágio no Profeta Diário da França. O que realmente me assustava era a idéia de ter que me formar em Beauxbatons, lugar onde tinha sido realmente feliz e onde tinha de fato me encontrado e identificado, e não poder voltar para mais um ano letivo. Ter que “crescer” de verdade, que assumir responsabilidades, que enfrentar o mundo lá fora e não vacilar para correr atrás de todos meus objetivos. Tudo isso fazia com que minhas pernas tremessem embaixo da beca azul que estava vestindo.

- Kinoshita, Miyako.

Eu nem teria reagido se, ao meu redor, meus amigos não tivessem começado uma verdadeira zona de aplausos, gritos e assovios, e Griffon – da fileira de trás - não tivesse cutucado meu ombro para que eu levantasse.
Tentando controlar os pensamentos e o peso das pernas, subi ao palco e cumprimentei todos meus professores que ali estavam, inclusive Henri (que piscou para mim, abrindo um enorme sorriso no rosto que só consegui retribuir com um esboço torto da boca), parando no fim da fileira para receber o diploma de Madame Máxime.

E então eu vi mamãe e Sergei no meio de todos os outros familiares dos meus amigos, e cada um deles trazia no colo um de meus irmãos: os gêmeos Keiko e Hiro. E os breves instantes em que os vi, as expressões deles de orgulho estampado em euforia, fizeram com que eu deixasse todo o medo e incertezas de lado. Eles estavam comigo, me apoiando, e nada mais deveria importar.

***

A manhã seguinte à formatura representou um grande desânimo a todos nós, uma vez que era hora de arrumar as malas e partir. Porém, eu tinha planos diferentes, e consegui arrastar meus amigos comigo. Portanto, após virarmos a noite e vermos o sol nascendo em Durmstrang, nos apressamos a arrumar nossas coisas e partimos para Beauxbatons para um último e rápido adeus. (Não aceitaríamos ficar sem nos despedir de todos aqueles lugares que significaram tanto para nós...!)

Assim que chegamos, Seth e Griffon foram para o Salão Comunal da Lux enquanto Gabriel e Ty se encaminharam para o Salão Comunal da Sapientai. Sozinha, passei pelos corredores em direção ao Salão Comunal da Nox e entrei – pela última vez – no dormitório que dividi com Denise por tanto tempo.
Depois nos reencontramos e descemos todos juntos ao Salão Principal, e tomamos café por lá pela última vez.

- Temos que passar no lago e nos despedir das lindas sereias... – Ty falou sonhador sorrindo e os meninos concordaram. Revirei os olhos.
- Certo. Como não vou sentir saudade alguma de sereiano, vou descendo até o Campo de Quadribol e espero vocês lá.

Estava chegando ao campo quando cruzei com Jean Savoy no caminho. Ele vinha voltando de lá e estava muito sorridente.

- Oi Mi! O que faz aqui? Não deveria estar em Durmstrang?
- Oi Jean. É, deveríamos... Mas viemos nos despedir de Beauxbatons antes. Ty, Gabriel e os Chronos estão ali no lago se despedindo das sereias. – disse em tom sarcástico e ele riu. – E você? Está voltando do campo?
- Sim. Estava me despedindo do professor Henri antes de embarcarmos para as férias e... Ele disse que vai me indicar como o próximo capitão do time da Nox! Não é o máximo?!
- Henri está aqui? – perguntei rápido antes que pudesse pensar. – E, ah, parabéns Jean! Fico muito feliz por você. Tenho certeza de que vai ficar bem neste cargo.
- Obrigado! Está sim... Ele também chegou a pouco de Durmstrang, pois precisava organizar algumas coisas aqui.
- Ótimo. Então também vou lá me despedir dele. Boas férias Jean!

Eu quase comecei a correr quando os últimos metros para o campo de quadribol eram só o que me separavam de Henri. Durante a festa nós tínhamos sido discretos, pois, apesar de já estar formada, não queria que minha família soubesse de algo tão importante sendo contado de maneira tão leviana. Nós decidimos que conversaríamos com eles, juntos, assim que estivesse novamente em casa para as férias de verão.

Tiago estava sozinho no gramado consultando sua prancheta e corri até ele, tampando seus olhos com as mãos quando cheguei às suas costas. Ele riu.

- Eu não acredito. O que você está fazendo aqui? Já estava voltando para Durmstrang atrás de você, antes que embarcasse para casa... – ele puxou minhas mãos e se virou, me envolvendo pela cintura. – Meu amor.

Sorri e me levantei um pouco sobre as pontas dos pés para beijá-lo.

~*~

Não muito longe dali, no lago do castelo, Seth, Griffon, Gabriel e Ty, se ajoelhavam na sua beira para se despedirem da professora de sereiano, Mariska Sarkovy. Eles riam quando ouviram um barulho discreto ao lado e se viraram para se depararem com Yulli, que sorriu para eles e se aproximou.

- Oi meninos. Vieram se despedir do castelo com Miyako não é? Onde ela está?
- Ela foi descendo para o campo de quadribol antes de nós tia. O que está fazendo aqui? Cadê meu padrinho e os gêmeos? – Ty perguntou enrugando a testa.
- Ele já foi pra casa com os gêmeos. E Miyako não vai voltar com o trem de Durmstrang. Vim apanhá-la para termos um dia de garotas em Paris. Presente de formatura...
- Então vamos descer com você. Já estávamos a caminho mesmo! – Seth falou se levantando e batendo a capa. – Adeus professora. Até breve, eu espero. – Ele se despediu em sereiano e todos os garotos riram da cara de confusão que Yulli fez, seguida do sorriso de Mariska.
- Adeus meninos. – ela respondeu também em sereiano e sumiu na superfície do lago.

Estavam na metade do caminho quando cruzaram com Jean Savoy. Yulli continuou descendo o caminho sozinha enquanto eles paravam para conversar com o colega.

- Oi pessoal. Indo para o campo de quadribol também? Miyako está lá. Disse que ia se despedir do professor Henri...
- Henri está aqui??? – Gabriel perguntou de supetão, de repente parecendo em pânico, e trocou olhares tensos com os outros amigos.
- Sim. Também chegou de Durmstrang a pouco...

Eles até teriam corrido para impedir Yulli ou para avisar Miyako e Henri, e de fato eles tentaram, mas não conseguiram chegar a tempo. Pouco menos de um minuto depois, quando os quatro entraram correndo no campo, viram que a amiga estava no centro do campo abraçada ao professor, e eles se beijavam, ignorando completamente o fato de que a poucos metros deles Yulli observava a cena com uma expressão de total incredulidade. E raiva.

~*~

- O que está acontecendo aqui? – uma voz interrompeu meus devaneios e fui obrigada a abrir os olhos e me situar novamente. Um segundo depois, senti o estômago afundar ao ver que minha mãe caminhava na nossa direção parecendo furiosa. Tiago se congelou firme ao meu lado.
- Mãe! O que você está fazendo aqui?
- Eu perguntei primeiro, Miyako. O que vocês estavam fazendo? O que estava acontecendo aqui? – ela parou na nossa frente e tinha uma veia pulsando na testa. Olhava de mim para Tiago e sua boca tremia levemente.

Gabriel, Ty, Seth e Griffon caminharam cautelosos até nós e se postaram atrás da minha mãe com olhares diversificados como se falassem “desculpa”, “tenha calma” e “sejam cautelosos agora”. Respirei fundo antes de voltar a olhar pra minha mãe.

- Estava acontecendo um beijo, mãe. Como você deve ter visto... – respondi tentando ser firme e calma, e Gabriel fez um sinal positivo com a cabeça pra me incentivar.
- Eu vi Miyako. Não tente tranqüilizar as coisas. Eu quero entender O PORQUÊ de vocês estarem fazendo isso. O que aconteceu? Se excederam na despedida? Beberam demais na festa?
- O que aconteceu é que eu gosto da sua filha, Sra. Hakuna. E ela gosta de mim. E é só por isso que estávamos nos beijando. – Tiago respondeu do meu lado e vi Ty batendo na testa de relance.
- Vocês... Se gostam? HAHAHA! “Se gostam” desde quando? Eu posso saber? Se até ontem eu nunca tinha escutado minha filha falar de você!
- Isso é porque, até ontem, ele era meu técnico mãe! E professor da escola onde eu estudava! É “só” por isso que você não sabia de nada. Mas agora não há mais problema, há? Agora eu me formei e não tenho que dar satisfações. Nem Henri.
- “Não tem que dar satisfações”? – mamãe repetiu minha frase com um tom amargo e irônico na boca que começou a me magoar.
- Não estava falando de você... Mãe, nós nos gostamos e estamos juntos há alguns meses, escondidos. Íamos contar pra você e pro Sergei ainda essa semana, de melhor maneira. Por favor, não transforme isso em um problema maior do que é.
- Não vejo como eu posso piorar isso, Miyako. Francamente. Meses juntos! E às escondidas, como se fossem marginais! Não foi bem assim que imaginei que você gastava seu tempo de escola...
- Não me arrependo do que fiz. Estou feliz com ele, mãe. Não tivemos culpa se nos apaixonamos ok? Também não escolhi assim, mas aconteceu. O que você queria que eu fizesse?
- Que fosse um pouco mais madura pra aceitar que isso não tem a mínima chance de dar certo! Olhem pra vocês dois: são de idades muito diferentes; e objetivos também! São de mundos diferentes!
- Não acredito que sejamos tão diferentes assim... – Tiago falou antes de mim, que ainda lutava para digerir aquilo. – Nós REALMENTE nos gostamos e, durante todo esse tempo que estamos juntos “como marginais” também agüentamos muitas coisas juntos para que pudéssemos ter paz depois de tudo. Paz de espírito, principalmente. E por minha parte, não tenha dúvidas de que eu faria tudo de novo também.
- Vocês perderam a cabeça, mas agora é hora de voltar à realidade! Miyako vai começar um estágio longe daqui, e ainda tem tantas coisas para conhecer. Tantas pessoas!
- Vou fazer meu estágio aqui em Paris mamãe. – Já que o momento era das revelações, decidi que era melhor dizer tudo de uma vez.

A notícia caiu como uma bomba pra ela, que não conseguiu mais se mexer.

- Não quero trabalhar no jornal de Tóquio. Gosto daqui. Aprendi a viver aqui. E eu sei aparatar, não vai ser realmente um problema se tiver que ir pra casa todos os dias... – eu ia atropelando tudo, mas ela continuava estática.
- Eu não te reconheço mais. – foi só o que conseguiu dizer algum tempo depois e senti meu coração se apertar, pois ela tinha um olhar frio e duro.
- Mãe...
- Não. Você não é minha filha. Você mudou. Você era cheia de planos de conhecer todo o mundo antes de se “casar” com alguém e... Veja você agora! Escute o que está falando!
- Eu ainda quero isso, mãe. Não tem nada me impedindo...!
- ELE ESTÁ TE IMPEDINDO. ESSE ROMANCE TE IMPEDE! – Mamãe berrou levantando os braços e, automaticamente, Seth colocou uma de suas mãos no ombro dela como se pedisse calma. Ela se virou pra trás contra eles. – Vocês também sabiam de tudo! Vocês estão vendo Miyako enlouquecer e não fazem nada! É um complô?
- A única pessoa que está enlouquecendo aqui é você mãe! Eles não tem culpa de nada. Ninguém tem! Eu me apaixonei e é SÓ isso. Pare de encarar como se fosse o fim do mundo! – Pulei na frente dela também elevando a voz e ficando entre ela e meus amigos que pareciam muito chocados para reagirem.
- Ótimo! Vou parar de interferir na sua vida, agora que você não tem que me dar satisfações. Faça o que quiser com ela. Viva com quem quiser da maneira que achar mais sensata! Mas não volte pra casa! Pelo menos enquanto não voltar a ser um pouco racional! – ela gritou de volta e saiu marchando do campo.

Fiquei parada no mesmo lugar, encarando meus amigos e Tiago, que pareciam tão assustados quanto eu. Depois corri até ela, abordando-a quando já tinha atingindo os jardins.

- Você está me expulsando de casa? É isso? – perguntei com a voz falha e ela parecia segurar algumas lágrimas, pois seus olhos estavam inchados.
- Não. Você está escolhendo deixar ela e eu estou respeitando sua decisão. – ela respondeu seca desviando o olhar.
- Ok. Se você acha que essa é a melhor maneira de enfrentar tudo isso... Não vou mais discutir e nem pedir para que reconsidere. Você tem suas opiniões. Mas... Se quer saber o que eu penso de você agora, eu digo: agora eu entendo porque você e Sergei demoraram tanto para serem felizes, e porque você evitou ele por tantos anos. Você tem medo de se relacionar. Você é uma covarde e que tem medo de sofrer. Direito seu de auto-preservação, e eu aceito (apesar de não entender). Acho que finalmente estamos percebendo diferenças entre nós, “mãe”. E eu vou assumir os meus riscos, sozinha, se você prefere assim.

Sem conseguir dizer mais nada, voltei para o campo de quadribol aos prantos. Minha nova vida havia começado me puxando o tapete.

Who says I can’t be free?
From all of the things that I used to be
Rewrite my history
Who says I can’t be free?

Who Says – John Mayer

N.A.: Se lembrem desse dia como o dia em que eu finalmente formei a Miyako! Huahuahuahua!

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

[Maio/Junho de 2000 \\ Lembranças de Miyako Kinoshita]

- Desculpa Mi, mas acho que não entendi direito o que você disse... Você vai o quê? – Gabriel abaixou o livro de Sereiano que estava lendo para me encarar com os olhos levemente arregalados. Balancei as mãos com impaciência e repeti com o mesmo tom de voz urgente de antes.
- Vou sair do time da Nox. Quis contar para vocês antes de anunciar para o restante do meu time e para Henri, e vão ser os únicos a não serem pegos de surpresa pela minha decisão. Eu sei que é uma atitude um pouco exagerada e precipitada (já que vou abandonar a disputa quando estamos prestes a nos classificarmos para as fases finais...), mas é a única opção que eu vejo para que “ele” não leve a culpa toda sobre “aquilo”, caso Inês espalhe alguma coisa por aí... – eu falava depressa e aos sussurros e, vez ou outra, olhava ansiosa por cima dos ombros para acompanhar o movimento dos alunos que entravam e saíam da biblioteca.
- Ah, cale a boca! – Ty respondeu alto e algumas pessoas da mesa ao lado nos olharam com censura. Fiz uma careta e me virei brava pra ele, que não se alterou. – É, isso mesmo. Cale a boca. – Ty repetiu aos sussurros. – Que você é louca e não tem juízo, nós já estamos cascudos de saber desde a maternidade. Mas você nunca foi covarde Miyako. Não é agora que vou aceitar que seja e assistir calado.
- Eu NÃO estou sendo covarde Tyrone. – aumentei meu tom de voz um pouco e Gabriel fechou o livro, já se preparando para uma possível discussão. - Estou fazendo o que acho mais fácil (e certo) a se fazer, para não ter tantas dores de cabeça em um futuro próximo... Desculpe, mas agora estou pensando em mim. Egoísta sim, mas não covarde.
- Para mim, não há outro adjetivo que defina isso. Se você ao menos tivesse motivos CONCRETOS para se basear, mas... Abandonar o seu time, que tanto está lutando e trabalhando junto (grande parte deles são seus amigos, se lembra?), por uma teoria que até agora vem se provado totalmente vã? Isso é covardia. Acredite em mim, sei por experiência própria.

Meus punhos novamente estavam fechados e pressionados em cima dos meus joelhos, e eu sentia uma dor incômoda neles. As palavras de Ty também passavam por mim como facas – afiadas e certeiras. Franzi a boca e não conseguia responder nada. Ty me encarava inalteradamente, e acabei desviando os olhos pra Gabriel. Ele me avaliou alguns segundos, antes de começar a falar com tranqüilidade:

- Ty tem razão sobre isso Mi, e você vai ter que concordar. Nós dois sabemos o que é se apaixonar por alguém, e o que somos capazes de fazer por isso. Não estamos te recriminando por ter se apaixonado por “ele”, e nem por estarem juntos ou fazerem planos juntos para o futuro... Mas, você está sendo um tanto radical, tola e covarde. – Abri a boca para responder, mas ele cortou. – Calma. Deixe falar tudo e então, depois, eu vou te escutar. – Concordei com a cabeça, contrariada, e ele trocou um breve olhar com Ty antes de continuar. – Vamos ser racionais e analisar toda a situação, como se deve, ok? Por tópicos. Primeiro: como já foi dito algumas vezes, vocês não estão infringindo lei alguma dos códigos bruxo e trouxa. Segundo: Inês é mimada e acostumada a ter tudo nas mãos. Você atinge alguns pontos fracos dela quando consegue manter ao seu redor várias pessoas que, de fato, gostam de você. É claro que ela tem inveja, e é claro que vai tentar te atingir e te humilhar, como faz com todas as outras pessoas. Inês é desagradável o tempo todo, com todos – ou, pelo menos, com a grande maioria. Não vejo que motivo ela teria para te escolher como alvo de uma investigação qualquer. Terceiro: aderindo à sua “teoria da conspiração”, vamos supor que ela realmente saiba alguma coisa. Por que está guardando então? Ela se prejudicaria tanto quanto (ou mais) que qualquer um de vocês. O fato de você ficar tão preocupada com as provocações dela, só prova a ela que há algo em que talvez valha à pena investigar. E, se você sair do time de quadribol agora, sem nenhuma explicação convincente o suficiente, além de causar um grande tumulto e transtornos na sua vida, e com seus colegas de time, também vai dar a ela e a todos os outros vários curiosos um bom “ponto de partida”.

Quando Gabriel finalmente parou de falar, eu me sentia tonta. A veracidade das análises dele chegou a mim com um impacto sobrenatural. Por uns segundos eu não consegui dizer nada e nem mover um único músculo, até que tivesse digerido todas elas por completo e me dado conta do quanto eu estivera agindo como uma verdadeira idiota. Senti os dois me olhando o tempo todo, mas me demorei um pouco mais até reagir. Sem poder controlar, comecei a rir.

- É sério que eu pensei nisso?! E vocês estão gastando todo esse tempo para, pacientemente, me mostrarem o quão maluca eu estou? Me internem. Sério. – eu dizia em meio às risadas. Gabriel pareceu um pouco transtornado e preocupado de início, mas quando Ty bateu na própria testa e começou a rir também, ele girou os olhos e nos acompanhou.
- Eu te disse que, desde que está bancando a “mulherzinha apaixonada”, Mi anda mais maluca e sem juízo do que sempre foi, Lobão.
- Não sei por que eu ainda levo a sério essas insanidades, e gasto meu tempo. Da próxima vez que vier com uma estupidez sem sentido, vou logo enrolar em uma camisa de força e resolvido o problema.
- Está vendo? É por isso que amo vocês e, mesmo no maior grau de insanidade, ainda os consulto antes sobre meus próximos passos... – disse rindo e os abraçando de uma só vez. – Não fiquem com ciúmes, ok? Vocês sempre vão ser os homens da minha vida.
- Não se preocupe com isso. Eu me garanto. – Ty respondeu deixando a pouca modéstia de lado.
- Eu também, mas... Agora será que podemos voltar a estudar pros NIEM’s e tentar restabelecer algum grau de seriedade aqui?! Não quero ser o “homem da vida” de ninguém, desempregado. E não quero ser expulso da biblioteca também. Sou um “campeão” do Tribruxo, tenho uma imagem – já bastante denegrida – a zelar.

Gabriel disse forçando uma expressão séria e precisei morder a mão para abafar a risada.

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É claro que, como o restante do ano, o mês de maio passou voando por nós. Depois de finalmente conseguirmos expulsar o controle do Ministério sobre Durmstrang, ficou provado para mim que abandonar a equipe de quadribol por causa da Inês teria sido a maior estupidez da minha vida. (Durante o movimento de greve que fizemos, Inês se uniu a nós contra o próprio pai e, por isso, agora desfrutava de ótimas oportunidades de conquistar novos amigos - e até estava sendo simpática com todos que se aproximavam).

Com a nossa vitória em cima da Sonserina (casa de Hogwarts), conseguimos nos classificar para as semifinais do Campeonato, e agora realmente começávamos a ansiar pela taça. O jogo seria contra outra casa de Hogwarts, dessa vez a Grifinória (time de Gina, e um dos mais cotados para o título), e os últimos treinos antes da partida tinham então adquirido uma espécie de “obsessão” em cima de cada característica de cada jogador. Henri queria nos preparar para nos adequarmos às maneiras particulares que cada um deles possuía em campo, e não às táticas que usariam. (Essa técnica fez Charles nos descrever como “atletas sombras” quando estudávamos as fichas de resumo que Henri havia feito durante todas as partidas que acompanhara dos adversários).

No dia do jogo nos sentíamos preparados e confiantes e parecia que nada – nem a afinidade de todos do time adversário, nem as jogadas cronometradas que faziam – iria abalar a superioridade que demonstramos desde o começo. Jean, Augustin e Eugene voavam e atacavam com tanto entrosamento que abriram, sem dificuldades, 30 pontos no placar. Porém, logo os artilheiros da Grifinória buscaram reações, e uma acirrada disputa agitava as torcidas que lotavam e gritavam nas arquibancadas. O clima fazia parecer com o de uma final de campeonato...

[...]

Apesar de não chover, o céu estava um tanto fechado e com neblinas densas e altas cobrindo todo o castelo. Tentava manter o foco nos espaços limpos que conseguia enxergar entre uma nuvem de fumaça e outra, mas, à medida que o jogo – e os placares – avançava, encontrar o pomo de ouro no meio de todo aquele “cinza” estava se mostrando uma tarefa tão difícil quanto encontrar agulha no palheiro.

Gina também parecia tão desanimada quanto eu, e acabávamos trocando olhares e gestos de cumplicidade cada vez que nos cruzávamos nas rondas pelo estádio, até que...

Foi em uma fração de segundo. Cansada de forçar os olhos para enxergar em meio às nuvens, me deixei distrair um minuto para ver quanto estava o placar: Nox liderava a partida por 90 X 70, mas lá embaixo os borrões dos dois times voavam com tais velocidades que pareciam totalmente alheios ao fato de que o pomo se escondera das duas apanhadoras. Foi quando acompanhava Jean avançar em direção aos aros que o vi. Uma pequena esfera brilhosa e dourada passou cortando o ar bem próximo de onde Jean rasgou paralelamente, um segundo depois. Fiquei tão em dúvida sobre o brilho que, quando resolvi reagir, percebi que minha manobra para baixo foi chamativa demais e Gina estava ao meu encalço poucos segundos depois.

O pomo voava velozmente por entre os jogadores, mas sempre em direção contrária ao fluxo que a partida estabelecia. Inclinei-me mais sobre a vassoura a fim de aumentar a velocidade, diminuindo a resistência do vento contra meu corpo, e deu certo. Agora eu estava bem próxima do pomo, poucos metros acima do chão, e só conseguia vê-lo na minha frente. Sabia que Gina estava quase emparelhada ao meu lado, mas eu iria agarrá-lo primeiro. Era só uma questão de esticar mais um pouco e ele bateria contra minha mão...

Mas isso nunca chegou a acontecer. Pois eu me lembro de já me preparar para agarrá-lo quando senti uma dor aguda no estômago me atingir, me deixar sem fôlego, e me lançar para trás fazendo com que eu caísse em um impacto mudo no gramado fofo do campo. E então tudo ficou escuro.

***

Quando abri os olhos demorei a conseguir focar o cenário (completamente novo) à minha volta. Paredes brancas, cortinas brancas nas janelas e ao redor de todas as outras camas – igualmente brancas – ao meu lado. Era óbvio: eu estava na enfermaria. E com essa conclusão, pouco surpreendente, também logo me lembrei de todos os outros eventos anteriores e me agitei entre os travesseiros. Alguém se movimentou com agilidade do meu lado e uma mão quente agarrou a minha com força. Era Henri.

- Você... – eu abri um sorriso sincero quando ele se esticou sobre meu campo limitado de visão (uma vez que eu tinha uma bolsa térmica sobre a testa impedindo que enxergasse muita coisa) e ele retribuiu parecendo aliviado.
- Como se sente? A cabeça está doendo muito? E o estômago? Você caiu de uma maneira... Grotesca. – Ele disse aos atropelos apertando um pouco mais minha mão.
- Estou bem, eu acho. Nada está doendo. Como eu caí? O que aconteceu?
- Bem... Você se endireitou na vassoura pra se preparar para pegar o pomo, mas esqueceu que estava em meio a uma partida violenta de quadribol. Acabou sendo atingida na boca do estômago por um balaço feroz que os batedores da Grifinória lançaram. Não teve tempo nem de vê-lo chegando e já estava rolando no gramado do campo, inconsciente.
- É, só lembro o impacto no estômago. – Fiz uma careta massageando a barriga e Henri riu. – Então... Isso quer dizer que eles ganharam. Grifinória está na final do torneio e a Nox foi eliminada. – disse mais como um pensamento alto e senti um gosto amargo na boca.
- Sim, mas não se preocupe com isso. O time não está chateado, e não vejo motivo para estarem... Vocês jogaram muito bem, mas não tinham como prever isso. Para os que quiserem continuar na carreira, tenho certeza de que posso conseguir alguns testes em times profissionais. – Henri sorriu confortante e me senti melhor.

Magali deve ter escutado nossas vozes, pois saiu de sua sala para conferir se eu tinha acordado. Henri soltou minha mão e nos olhamos um pouco tensos, mas a enfermeira parecia agitada demais para ter percebido nossas reações.

- Como se sente? – ela perguntou direta, tirando a bolsa térmica da minha testa e acendendo uma lanterninha nos meus olhos. Fechei-os imediatamente e senti uma pontada dolorida na cabeça.
- Estava bem, mas agora... – respondi a verdade e ouvi Henri soltar uma risadinha abafada ao meu lado.
- Quadribol! Não entendo o que tanto gostam nesse esporte de trogloditas...! – Madame Magali resmungava baixinho enquanto recolocava a bolsa térmica na minha cabeça, um pouco mais gelada. – Deve estar bem até amanhã de manhã, mas vai ter que passar essa noite aqui. Pode ir professor, eu tomo conta dela agora. E quando estiver saindo pode, por favor, liberar os senhores Lupin e McGregor para entrar aqui? Eles não vão parar de me atormentar se não os deixar visitá-la pelo menos por um instante. – ela revirou os olhos impaciente e voltou para sua sala. Henri se levantou.
- É melhor eu ir. Passei o tempo todo aqui do seu lado e, se ficar mais, ela pode começar a desconfiar que não esteja só preocupado com o estado da minha aluna... Nos vemos amanhã, ok?
- Ok. Se não tem mesmo outra maneira. – falei fazendo drama e ele riu.
- Agora falta muito pouco para você se formar e podermos acabar com tudo isso. Só precisamos de um pouco mais de paciência e então não teremos mais que esconder de ninguém que queremos ficar juntos.
- Você está certo. Tem razão. Só mais alguns dias e então isso tudo vai estar acabado.

Henri concordou com a cabeça e me deu um beijo na testa antes de sair da enfermaria. “Só mais alguns dias e tudo ficaria bem”, eu pensava comigo mesma querendo acreditar que seria verdade...

We’re both pretty sure,
Neither one can tell
We seem difficult
What we got is hard as hell

And we are leaving some things unsaid
And we are breathing deeper instead
And we are leaving some things unsaid…

The Fray – Unsaid

 

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