quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Paris, Dezembro de 2012

- A piscina poderia ter cisnes, o que acha? Ah, não importa o que você acha, não entende de decoração de casamentos, vai ficar lindo! – minha mãe perguntou e ela mesma respondeu.
- Louise já está cuidando de tudo, mãe. E falta só um dia pro casamento, não acho que dê tempo de colocar cisnes na piscina, graças a Deus.
- Vou falar com ela hoje, a decoração precisa de mais vida.
- Christine, deixe a mãe do Gabriel em paz, por favor – papai interferiu a meu favor – Ela já está tendo um trabalhão para organizar tudo, não precisa de ninguém dando opinião.
- Mas eu sou a mãe da noiva, tenho direito de interferir!
- Mamãe, deixe a Louise em paz – levantei do sofá já com dor de cabeça – Não a irrite, por favor. Ela e as amigas já estão cuidando de tudo, não precisam de mais gente ajudando.
- Aonde você vai? Está muito cedo, Evan ainda nem acordou e você não tomou café!
- Papai vai ficar com ele hoje, vou tomar café com a Marie e depois vou passar o dia em La Force.

Antes mesmo que minha mãe pudesse responder já estava com a mão na maçaneta da porta, saindo da casa apressada. Adorava minha mãe, mas passar tanto tempo na companhia dela não me fazia bem, pois dava tempo para começar com suas criticas e opiniões sobre minha vida.

Era véspera do casamento e havia combinado de tomar café da manhã com Marie no nosso café favorito, como minha despedida dele. Ela já estava me esperando quando cheguei e ocupamos nossa mesa habitual.

- Quais os planos para hoje? – Marie perguntou se servindo de café.
- Vou passar o dia em La Force com Gabriel, longe da minha mãe.
- Ela está enchendo muito? – Marie riu.
- Ela quer colocar cisnes no jardim – ela riu mais ainda – Meu pai merecia uma medalha. Argh, o que colocaram nesse suco? – falei quase cuspindo o liquido de volta.
- O meu está bom – Marie provou do copo dela – Você está bem? Que cara é essa?
- Não sei, acho que é nervosismo, tenho andado enjoada – Marie me olhou com uma cara esquisita – Que foi?

Meia hora depois estávamos no meu apartamento e eu olhava ansiosa para uma tira de papel, nos 60 segundos mais longos da minha vida. Quando um sinal de positivo apareceu, Marie soltou um grito atrás de mim e me abraçou. Minha única reação foi começar a chorar, mas não de tristeza e sim felicidade. Uma felicidade que não poderia ser medida.

*****

As meninas chegaram a La Force por volta das 22h da noite e não ficaram nem cinco minutos. Foi só o tempo de cumprimentar as pessoas que também estavam lá e saíram me rebocando para fora. O destino era o Moulin Rouge. O motivo, minha despedida de solteira. Avisei que não queria uma multidão nos acompanhando, e por um milagre elas obedeceram, então éramos eu, Marie, Manu, Isa, Bel, Anne, Dora, Miyako, Rory, Evie, Shannon, Luna e Emily. Só as madrinhas do casamento. E essa turma valia por uma multidão em matéria de animação.

- Noite do Karaokê! – Isa chegou na mesa com o menu de musicas.
- Woooo! – todo mundo gritou junto, rindo em seguida. O combinado era que hoje seriamos as “wooo girls”.
- Primeira rodada de drinks! – Manu falou quando um garçom deixou a bandeja na nossa mesa e fizemos o “wooo” outra vez.
- Eu vou ter que ficar no suco, gente – Rory avisou recusando a bebida esfumaçada, apontando pros seios, mas fizeram o “wooo” assim mesmo.
- Vamos Mad, pegue logo a sua para brindarmos – Anne me estendeu a última taça da bandeja e olhei para Marie.
- Você vai ter que contar... – ela falou rindo – Não tem jeito.
- Contar o que? Contar o que? – Miyako só faltava se coçar de desespero – Contar o que???
- Eu não posso beber hoje.
- Por que não? – Miyako perguntou logo – Por que não, mulher?? Fale logo!
- Porque ela está grávida! – Marie não se aguentou e praticamente gritou.

Os “wooos” não eram mais suficientes, elas fizeram um verdadeiro escândalo dentro do Moulin Rouge. Todas me abraçaram felizes e queriam saber de quanto tempo eu estava, me encheram de perguntas. Segundo o médico que fomos ver as pressas depois do resultado do teste, eu estava com 6 semanas.

- Meninas, por favor, não contem nada a ninguém, ok? – implorei a elas – Quero contar ao Gabriel só quando já tivermos saído para a lua de mel e se vocês contarem aos fofoqueiros dos seus maridos, eles vão acabar dando com a língua nos dentes. Foi um sufoco passar o dia com ele sem falar nada, mas posso aguentar mais algumas horas.
- Tudo bem, vamos manter segredo, não se preocupe – Rory respondeu e todas concordaram com a cabeça – Mas quando vocês saírem da festa estamos autorizadas a contar, certo?
- Sim, ai vocês podem espalhar pra quem quiserem – e todas fizeram “woooo”, me fazendo rir.
- Bom, Mad e Rory não podem beber, mas podem cantar, não é? – Emily tomou o menu da mão de Isa e me entregou – Sei que você nunca precisou beber pra fazer algo que vá se arrepender depois, então qual vai ser a música pra abrir a noite?
- Cher! – falei decidida, levantando da mesa.
- Woooooo! – todas gritaram outra vez e subi no palco para cantar Believe.

A noite seguiu embalada pelo wooo. A cada vez que uma subia no palco, era aclamada por um wooo empolgado. Depois que desci, Manu subiu com uma taça na mão para cantar “Respect”, da Aretha Franklin. A coreografia acompanhava a música e arrancou muitas risadas e aplausos. Logo depois Isa e Bel pegaram o microfone para uma performance de “You are so vain” bastante aplaudida também. Rory e Emily foram logo depois para cantar “Girls Just wanna have fun” e levaram a maior seqüência de wooos da noite. A segunda maior seqüência ficou com Evie e Shannon, que cantaram juntas “Like a Virgin”, da Madonna, com direito a coreografia e tudo.

Marie e Anne tomaram várias doses de tequila antes de encararam o palco. Marie cantou, já na madrugada, “Dancing Queen” e Anne encarou o microfone para nos brindar com uma performance memorável de “It’s Raining Man”. Dora cantou “Material Girl”, Luna resolveu dar um pouco de classe e cantou “Hey Jude” e Miyako encerrou a primeira rodada de músicas cantando “Thriller”, em outra apresentação memorável.

Todo mundo cantou pelo menos umas três vezes. A cantoria rendeu até o Moulin Rouge fechar, fomos as últimas a sair da boate com o sol já quase raiando. Rory e eu éramos as únicas sóbrias, estavam todas pra lá de Bagdá e voltamos pra casa as gargalhadas. A noite ia ficar pra história.

*****

- Eu vos declaro marido e mulher.

O padre nos declarou casados e Gabriel me tomou nos braços, me beijando. Eu era oficialmente a mulher mais feliz do mundo, casada com o homem que nunca deixei de amar e esperando um filho dele.

A festa foi em um salão não muito longe da Catedral. Nossos padrinhos deram um show a parte na hora da sessão de fotos, ninguém obedecia as ordens do fotografo para se postarem direito e por fim ele acabou desistindo, entrando na brincadeira e batendo as fotos o mais descontraído possível. Nós não teríamos um álbum tradicional, isso era um fato.

Minhas madrinhas cumpriram o trato e não contaram a ninguém sobre a minha gravidez. Todos dançaram muito, comeram bastante e beberam demasiado. Ouvi muitos “woooo” na pista de dança e nem sempre saiam da boca de uma mulher. Cada vez que tocava uma das músicas que cantamos no karaokê, o álcool falava mais alto e as meninas começavam a gritar com empolgação e começavam a rir em seguida, ninguém entendia nada. E foi muito bom ver Evan entrosado com os novos primos, mesmo que todos bem mais velhos que ele.

Deixamos o salão já quase de manhã, fomos os últimos a sair junto com todos os padrinhos. Ninguém queria ser o primeiro a abandonar o barco e acabamos saindo todos ao mesmo tempo. Nos despedimos deles e já estávamos dentro do carro quando ouvi uma gritaria sem tamanho. Olhei rápido para trás e quando vi todos comemorando, sabia que elas já tinham contado.

- O que foi isso? – Gabriel riu vendo a bagunça que nossos amigos faziam.
- É que eu pedi que elas esperassem até que já tivéssemos saído para contar a eles, mas não conseguiram esperar nem o carro sair do estacionamento.
- Contar o que? – Gabriel tinha o mesmo ar desesperado da Miyako – Mulher, não faça isso comigo, sabe que sou curioso.
- Fiquei sabendo ontem pela manhã e queria esperar até que já estivéssemos no hotel para contar, mas... – peguei a mão dele e coloquei sobre a minha barriga. Sua expressão passou de curiosidade para surpresa em um segundo – Já tem 6 semanas.
- Você está grávida? – ele abriu um sorriso enorme quando confirmei e começou a rir, me abraçando e me beijando – Eu não achava que pudesse ficar mais feliz do que já estava, mas me enganei.
- Eu te amo.
- Eu também te amo.

Não havia mais nada que eu quisesse naquele momento. Eu já era a pessoa mais realizada do mundo.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Semana de Páscoa, Abril de 2012...

Embora fosse uma semana em que as pessoas tirassem uma pausa para celebrar a Páscoa, eu havia prometido uma matéria sobre como os adolescentes poderiam fazer sua mesada render mais em tempos de crise, para a revista Witchteen. Eu entregaria a minha matéria e aproveitaria para comprar mais alguns ovos e bombons de chocolate para espalhar pelo rancho, já que Alex havia prometido uma caça ao tesouro para as crianças, e também porque eu queria comprar um coelho de pelúcia com vestidinho florido e laços roxos, era lindo e eu sabia que Olivia iria adorar.
- Droga!- resmunguei quando o fecho da minha saia quebrou, já era a segunda vez naquela manhã.
- Mmm...Rory o que foi?- resmungou Ty na cama e vi quando ele tateou o meu lado na cama me procurando, mas como não me encontrou, sentou-se e disse:
- Seja o que for ainda é cedo, mulher. Volta para a cama e venha me fazer sonhar.- disse Ty colocando os braços atrás da cabeça, com a clara intenção de mostrar os músculos, já que ele dormia sem camisa. Não pude deixar de sentir um leve estremecimento ao perceber o jeito que ele me olhava e respondi:
- Você está de folga, mas eu ainda não. Estou atrasada, porque o fecho da minha saia quebrou. Tem café pronto, Olivia já foi para a escola. Você pode ir ao mercado hoje para mim? A lista está na cozinha e por favor, não compre mais daqueles super chicletes para a Olivia, ela chorou muito quando aquela coisa grudou no cabelo dela. - disse andando pelo quarto enquanto pegava outra saia e quando puxei o ziper o fecho quebrou novamente. Não sei o que me deu e eu comecei a chorar.
Ty levantou apressado e veio para o meu lado me abraçando:
- Hey, doçura o que isso? Você tem um monte de roupas, não fica assim...- fiquei alguns segundos abraçada a ele e de repente, comecei a me sentir enjoada. Me afastei dele correndo para o banheiro. Após um tempo que para mim me pareceu longo, Ty colocou um pano frio em minha testa, e me ajudou a ficar de pé.
- O que foi isso??- Ty me perguntou depois que eu passei mal novamente.
- Algo do café da manhã não caiu bem.- respondi ainda nauseada.
- É a primeira vez que isso acontece?- ele perguntou enquanto me erguia nos braços e me deitava na cama.
- Desta forma sim...Não posso ficar deitada, tenho que ir para a revista.- tentei levantar mas senti vertigem.
- Você vai ficar aqui por mais algum tempo, ainda está muito pálida. – ele disse enquanto me dava um copo de água gelada e após eu beber devagar, comecei a me sentir melhor.
Levantei-me da cama devagar e Ty envolveu minha cintura com as mãos. E disse:
- Sua cintura aumentou...
- Está dizendo que eu engordei? Acho bom tomar cuidado com o que diz, escocês. – disse franzindo os olhos, mas ele ignorou e abriu uns botões da minha camisa e olhou para os meus seios, e quando levantou as mãos para toca-los, eu as afastei dizendo:
- Não é hora para isso Ty, tenho que que ir trabalhar... E você acaba de dizer que estou gorda...
- Você não está gorda, mas que eles estão maiores, ah estão, dá para notar...- ele me disse sério e novamente colocou as mãos em minha cintura e disse me puxando bem próxima dele:
- Você já pensou que pode estar grávida?- comecei a rir, mas ele me olhava tão sério que o riso foi morrendo:
- Não posso estar...Nós nos cuidamos sempre...Será?
- Nosso Carnaval no Rio foi agitado... - ele disse e fiquei um pouco vermelha ao me lembrar dos dias que passamos no Brasil por causa do Carnaval.
- Espere aqui que já volto...- ele disse e saiu correndo pela casa, e logo voltou com uma caixa de teste de gravidez de farmácia, e explicou:
- Jolie não tinha um ciclo muito regular, então ela sempre tinha testes em casa, para não tomar nenhum remédio que pudesse prejudicar o bebê, caso estivesse grávida. Eu olhei a data de validade, estão bons.
Peguei o teste e fui o mais rapido possivel para o banheiro, mal havia passado o tempo de espera e as duas linhas rosas estavam bem fortes. Comecei a pensar que ele poderia não querer o bebê, afinal não haviamos conversado sobre ter mais filhos agora.
Quando sai do banheiro, vi que ele andava de um lado a outro no quarto.Ele me olhou em expectativa e eu disse tensa:
- Deu positivo.- Ty soltou um grito selvagem e me ergueu em seus braços me cobrindo de beijos, comecei a rir, aliviada.
- Eu te amo Rory e desta vez, você não vai estar sozinha, vou estar ao seu lado, prometo.

Rio de Janeiro, final de Novembro de 2012

Eu estava com Emily, Mad e Miyako no restaurante do Scott Foutley, no Rio de Janeiro, tinha vindo experimentar o vestido de madrinha, enquanto Ty, Griff e Henry, marido de Miyako estavam num alfaiate em Londres, experimentando os ternos para o casamento de Gabriel, no final de dezembro. Eu estava morrendo de vontade de comer as crepes de chocolate com sorvete e morangos, uma das especialidades do restaurante dele, e Scott ao ver o tamanho de minha barriga, não demorou para satisfazer meu desejo. Depois de comermos muito, estavamos comentando sobre o casamento de Mad, quando...
- Aiiiiiiiii! – não pude conter o gemido alto enquanto segurava a borda da mesa até os nós dos meus dedos ficarem brancos.
- É o bebê?? Ai meu Deus, você vai ter o bebê...- disse Emily tensa e eu sacudi a cabeça confirmando enquanto uma contração forte me fazia suar em bicas.
-Respira...Respira...Tio Scott o bebê está vindo. – gritou Miyako quando viu que a bolsa havia estourado. Scott largou a cozinha e veio para o meu lado segurando um celular.
- Tem certeza que está na hora Rory?- segurei firme a mão dele e disse entredentes:
- Ache aquele escocês, porque o filho dele está nascendo e se ele não estiver ao meu lado, ele pode se considerar divorciado.- enquanto apertava a mão de Scott, que me olhava de olhos arregalados:
- Sim, está na hora, e vai nascer logo, ela já esta na fase irracional. Ela quase quebrou a minha mão. Vamos para o hospital da Louise, é aqui perto. Paulo, o restaurante está por sua conta agora, vou ajudar a por um bebê no mundo.

-o-o-o-o-o

- Vamos lá, Rory, respira, garota, vamos lá, respiração cachorrinho pra aliviar um pouco a pressão.- disse Louise enquanto Scott estava ao meu lado me ajudando com as contrações e ele começou a respirar junto comigo.
- Conseguiram achar o Ty?- perguntei caindo na cama exausta após mais um dos exames de Louise para ver se era a hora de empurrar o bebê.
- Não se preocupe com ele, preocupe-se com o bebê que está vindo ai. Já sabem o sexo?- perguntou Scott massageando a mão, e eu disse:
- Não quisemos saber, mas Ty acredita que é menina, disse que sonhou com isso, fez até....- comecei a respirar mais forte e Scotte me ajudou contando o tempo das contrações, enxugou a minha testa e ele completou o que eu dizia:
- Um bolão de apostas, pra saber a data que o bebê ia nascer. Eu apostei 2 galeões e perdi, achei que seria em outubro, você estava bem grande.- ele disse rindo e eu ri com ele. O trabalho de parto estava evoluindo muito rápido, após algum tempo, Louise disse:
- Rory, você já está com a dilatação necessária para começar a empurrar. Vamos lá?
- Não, não posso empurrar agora, o Ty ainda não chegou....Eu vou matar o Ty, ele prometeu estar junto comigo. - disse tentando não fazer força, mas estava difícil.
- Emily e Miyako já acionaram meio mundo atrás dele, e logo ele estará aqui, mas se você não empurrar, o bebê vai ficar cansado de empurrar sozinho e começará a sofrer. – olhei para Louise e Scott disse:
- Rory, deixa a natureza seguir o curso, estamos com você. Vamos lá, vamos botar este filhote do carnaval pra agitar a avenida.- ele disse e sorri, pois Gabriel havia dito a mesma coisa quando soube da minha gravidez.
Comecei a fazer força, e a cabeça do bebê, começou a sair, demos uma pausa entre as contrações para eu poder respirar, quando senti uma contração mais forte se aproximando, ouvi Louise me incentivar:
- Mais uma quando eu mandar, Rory e vamos poder conhecer o seu bebê.- fiz o que ela mandou e logo pudemos ouvir o choro alto e forte, quando a porta da sala de parto se abriu e Ty entrou desesperado, usando roupas esterilizadas:
- Eu fui comprar um presente para você...Por isso demorei, desculpa o atraso doçura. – disse me dando um beijo na testa e pegando a minha outra mão.
Ouvimos quando Louise disse que era uma menina, e eu sorri cansada dizendo:
- O importante é que você chegou e o padrinho da nossa filha estava aqui do meu lado.- comecei a me sentir muito fraca, como se fosse perder os sentidos, mas a ultima coisa de que me lembro bem, era Louise dando ordens para Ty e Scott sairem da sala, porque eu estava com hemorragia e eles estavam me perdendo.

sábado, 26 de dezembro de 2009

La Force, Paris, 27 de Dezembro de 2012

Véspera do casamento


A véspera do meu casamento havia finalmente chegado. Nos anos que se passaram depois do meu rompimento com a Mad, meus amigos fizeram inúmeros bolões para tentar acertarem quando nós finalmente iríamos acabar com a, nas palavras deles, palhaçada e nos casarmos e hoje à noite eles iam abrir o envelope com as apostas e o vencedor receberia a bolada. Estávamos hospedados em La Force, a sede francesa do Clã Chronos comandada por Arturia, e o resto da turma chegaria até o fim da tarde, mas enquanto esperávamos, Mad e eu tentávamos ajudar minha mãe no que fosse preciso para que a noite seguinte fosse perfeita. Na verdade só ela estava ajudando, eu tentava não atrapalhar.

- Toda minha família já reforçou a confirmação de que virão ao casamento, então não vamos ter nenhum lugar vago por parte deles – Mad entregou a ela uma lista.
- E quanto aos nossos amigos, ninguém vai faltar, garanto – falei rindo.
- Ok, todos da nossa família confirmaram, segundo sua irmã, então essa questão está resolvida.
- Precisa que a gente faça alguma coisa para a decoração? – Mad perguntou.
- Na verdade, só preciso que você mantenha sua mãe longe. Se puder fazer isso, já vai ser de grande ajuda.
- Ai, ela está perturbando, não é? – Mad falou cansada, em tom de quem se desculpava – Ela está tendo problemas em aceitar o fato de que vou me mudar da França.
- Ela não está perturbando, mas suas tentativas de ajudar acabam me atrasando. Ela gosta de falar e temos muita coisa pra fazer, então se sua mãe pudesse não ajudar, Scott, Miriam e eu podemos terminar tudo mais rápido.
- Vou mantê-la longe daqui – mamãe sorriu agradecida – A propósito, ela ligou atrás de você, queria perguntar alguma coisa.
- O que deu na sua mãe, afinal? – perguntei confuso – Ela nunca foi muito com a minha cara, por que está me bajulando tanto?
- Porque, em suas exatas palavras, Evan não é mais um bastardo, ele agora tem um pai – Mad fez uma careta impaciente e a abracei, rindo.
- Sua mãe falou isso mesmo? – tio Scott perguntou incrédulo.
- Sem tirar nenhuma vírgula. Minha mãe é uma pessoa adorável, estou muito feliz por ir morar em outro continente – e todo mundo acabou rindo.
- Padrinho numero 1 na área! – Ty abriu a porta da sala fazendo bagunça e de braços abertos, como se abrisse ala pra ele mesmo.
- Madrinha também! – Rory entrou atrás dele, sem tanto estardalhaço, carregando um bebê no colo. Era Selene, que tinha acabado de nascer. Na mesma hora já estávamos todos ao redor dela, babando.
- Mas a madrinha número um sou eu! – Miyako entrou logo depois e me abraçou apertado – Meu menino cresceu e vai casar, que orgulho!
- Foi você que ganhou o bolão? – perguntei beijando sua bochecha e pegando Eicca no colo, que vinha no ombro de Tiago.
- Faz tanto tempo que apostei que nem me lembro mais, mas mais tarde vamos descobrir!

Depois de Ty, Rory e Miyako, o resto da turma começou a chegar um seguido do outro. Em instantes a sala da casa estava apinhada de gente, todos falando ao mesmo tempo e muito alto. Era como uma grande família italiana. Depois de alguns minutos de conversas cruzadas, mamãe deu um assobio alto e todo mundo parou de falar.

- Ok, tem muita gente aqui dentro e ainda temos um casamento pra terminar de organizar, então quem não se chamar Alex, Yulli, Sam, Miriam e Scott, rua!
- Não precisam mesmo da nossa ajuda? – perguntei.
- Querido afilhado, sua função é só dizer o nome certo no altar, seguido do Sim – tio Scott falou batendo no meu ombro e todo mundo riu.
- E você apenas mantenha sua mãe longe e aproveitem o resto do dia, porque amanhã vocês nem pra respirar terão tempo até a cerimônia terminar!

ººººº

Passei uma tarde muito agradável em La Force na companhia de Mad e dos meus amigos. Micah chegou com a esposa e os três filhos pouco antes do escurecer e Chris, Shannon e os gêmeos chegaram a tempo para o jantar. A única baixa era de Iago e Milla, que não poderiam vir já que o filho mais velho estava doente. Estávamos todos reunidos na sala de jogos quando Ty e Griff entraram chamando a atenção, carregando um envelope grosso nas mãos.

- Muito bem, lobão, vamos lá! – Ty passou por mim com o envelope e colocou em cima da mesa – Chegou a hora de saber quem ganhou o bolão!
- Opa! – Chris ficou de pé na mesma hora – Estou curioso, já não lembro mais minha aposta de data.
- Atenção, que rufem os tambores! – Griff começou a abrir o envelope e puxar o papel lentamente. Todos os envolvidos no bolão já estavam de pé, ansiosos.
- Anda logo com isso, Griffon! – Seth falou impaciente.
- Já digo que você não foi, irmão – Griff falou pra Seth – Você foi muito otimista, colocou 2004 – e Seth resmungou, frustrado.
- A pessoa que mais se aproximou da data foi... – Griff fez suspense outra vez e começamos a vaiar – Minha japonesinha favorita! – Miyako começou a pular na sala, gritando - Errou por 5 meses, mas chegou mais perto que todo mundo.
- Droga, eu coloquei 2015! – Ty conferiu o papel na mão de Griff – Poxa lobão, não podia esperar mais 3 anos?
- Ele já me fez esperar 12 anos, queria mais 3? – Mad fingiu indignação.
- O que são mais 3 aninhos, pra quem já esperou isso tudo?
- Ah, pare de reclamar, Tyrone – Miyako passou com o saco cheio de galeões e sacudiu na frente de seu rosto – Eu te pago um whisky de fogo com o prêmio.
- E ai, crianças? Chegamos atrasados pra festa?

A porta da sala de jogos abriu outra vez e uma verdadeira comitiva entrou: Ian, Marie, Samuel, Anne, Bernard, Bel, Viera, Manu, Isa, Dora, Sávio e Dominique invadiram a sala, todos arrumados pra sair. Numa fração de segundos, as mulheres já tinham se reunido e rebocavam Mad para fora da sala, mal dando tempo de nos despedirmos e deixando só os homens na sala.

- Elas já foram pra farra, agora é a nossa vez – Ian bateu no meu ombro, rindo.
- Nick, está pronto? – Ty olhou para Nicholas e ele ficou de pé, mas meio receoso – Relaxa, garoto. Está comigo, está com Deus.
- Vamos embora, cambada! Vamos embora que essa é a despedida de solteiro do lobão, então tem que ser legen- esperem... – Griff fez uma pausa de uns 5 segundos – DARY!

Começamos a rir e aos poucos esvaziamos a sala de jogos e, com a turma completa e pra lá de animada, caímos na noite de Paris. Griff tinha razão: pelo pouco que me recordo do que aconteceu naquela noite de bebedeira, ela foi mesmo lendária.

ººººº

Chegamos de volta a La Force já quase com o dia raiando e apesar de não lembrar de tudo que aconteceu na boate, lembro claramente de entrar na casa abraçado a Ty e Griff, e nós três entoávamos a plenos pulmões o hino de Beauxbatons, agradecendo a escola por nos ter apresentado a nossas mulheres. Também me lembro de Seth vir logo atrás, achando graça da cantoria desafinada e carregando um Nick que ria mais que uma hiena bêbada.

Não dormi nada e fui acordado pelo tio Scott, abrindo as cortinas do quarto sem dó nem piedade e com a claridade batendo nos olhos, fui obrigado a levantar. Não houve tempo para curtir ressaca e até tentei arrancar de Miyako alguma informação sobre a noite delas, mas em vão. Tudo que ela e Rory fizeram foi dar inicio a uma escandalosa sessão de gargalhadas com frases pela metade sobre a farra, só para me torturar.

O dia passou num piscar de olhos. Em uma hora estava almoçando com minha família e de repente, estava parado na frente da Catedral de Notre Dame vestindo um terno e conversando com Ty e Miyako. Minha mãe, tia Alex e tia Yulli comandavam a organização dos padrinhos e crianças que entrariam na igreja e chamei Clara para junto de mim.

- Nervoso, maninho? – ela perguntou debochada, irreconhecível em um vestido azul claro e toda enfeitada pela nossa mãe.
- Quero pedir um favor. Evan é muito pequeno para entrar sozinho na igreja com as alianças, pode começar a correr de repente, e a mãe acha melhor alguém entrar com ele. Ela pensou em colocar uma das daminhas, mas quero que seja você.
- Eu? Na frente da igreja inteira?
- Sim, você, minha única irmã que eu tanto amo – apelei pra chantagem emocional e Ty e Miyako riram – E desde quando tem vergonha?
- Não tenho vergonha, eu topo. Só preciso conduzir ele até vocês, certo?
- Isso. Não tropece, por favor.

Ela mostrou a língua e saiu de perto para se juntar ao resto das pessoas que mamãe organizava. Seth e Luna já estavam a postos, assim como Rory, Evie e Tiago, mas Griff, Emily, Micah, Shannon e Chris não paravam de circular e deixavam tia Alex nervosa. Do lado da Mad, toda nossa turma de Beauxbatons já estava organizada. Marie se aproximou logo depois, dizendo que Mad já havia chegado e era hora de começar a cerimônia, e mais uma vez tudo passou numa fração de segundos. De uma conversa descontraída com meus melhores amigos, de repente fui parar alinhado na entrada de uma imensa catedral com o braço junto com o de minha mãe e depois já estava no altar diante de todos os meus amigos.

Quando a música que havíamos escolhido começou a tocar, pela primeira vez em muitos anos, me senti nervoso. Mas quando as portas da catedral tornaram a abrir e vi Mad linda como nunca havia visto antes em um vestido de noiva, entrando lentamente ao lado de seu pai, percebi que era um nervoso diferente. Era a ansiedade de estar diante da visão da mulher que você amava vindo em sua direção, sorrindo, pronta para todo um futuro que nos aguardava. Naquele momento eu soube: Eu era o homem mais feliz do mundo.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Meados de Outubro de 2008

- Ty houve um acidente muito grave com a Jolie...

Quando um pesadelo te encontra acordado, tudo o que você tem que fazer para passar por ele é aguentar firme e desejar que em algum momento ele acabe. Afinal tudo chega ao fim algum dia não é mesmo?

O final do dia estava cinzento... Era um dia apropriado para a tristeza que pairava no ar, enquanto muitas pessoas estavam reunidas à beira do lago Ness para uma triste despedida. Alguns choravam abertamente, e outros enxugavam lágrimas discretas, mas todos conseguiam expressar o seu pesar, todos, menos um. Próximo ao caixão de madeira escura, havia um homem com roupas negras e expressão dura. Quem não o conhecesse, pensaria que o semblante fechado, era pela seriedade da situação, mas quem o conhecia sabia que ele estava sofrendo muito.
Não havia lágrimas, enquanto ele segurava a mão de uma menina de tranças, que não tinha mais de quatro anos. Ela fungava e parecia assustada, mas segurava firme a mão do homem que era o seu pai.
Ele olhou ao redor, e todos os seus parentes e amigos estavam lá, mas ele não se demorou ao olhar para eles. Sabia que se fizesse isso não saberia lidar com a piedade estampada em seus rostos, e ele desmoronaria, e ele precisava se manter forte, pois sua filha precisava dele, agora mais do que nunca.

#Flashback#

- Então quando, Troy, mandou o balaço pra cima do Poliakov, eu emparelhei com o Iago e demos um golpe duplo mandando o balaço de de volta pro alemão...- Ty contava para Jolie como havia sido o jogo e ela o ouvia quieta.
- Ty, existe outra pessoa...- ela disse de uma vez, parecia não conseguir se conter.
- Como assim existe outra pessoa? - ‘Ela estava acabando com nosso casamento??’- ele pensava assustado.
- Eu o conheço?- perguntou baixo, se controlando.
- Na verdade nem eu conheço, só daqui a nove meses...- e ela colocou as mãos sobre a barriga e sorriu marota:
- Nós vamos ter um bebê.

my precious one, my tiny one
I'll kiss your little cheek
and underneath the smiling moon
I'll sing you back to sleep


Houveram campeonatos, nascimentos dos filhos dos amigos e novos sobrinhos, e tudo com sua esposa ao seu lado. Ainda lembrava da primeira vez que ela viajou para fazer os shows e deixou a filha com a avó. Ela chorava muito e quase não conseguiu cumprir sua agenda, mas quando voltou para casa, e viu como a filha foi bem cuidada, ficou mais tranquila, deixou de se sentir a pior mãe do mundo. Claro que ele nunca contou a ela, o quanto ele também ficara preocupado com o bebê deles...Agora era tarde demais para contar.

Ty olhou para sua mãe e ela apesar dos olhos vermelhos, se mantinha ereta e não tirava os olhos do filho, era como se quisesse transmitir força a ele, pelo olhar. Ela tentou um contato pela legilimência, mas ele a bloqueou, ainda não estava pronto. Desviou os olhos e viu Desireé, mulher de seu primo Riven, segurando protetoramente a sua barriga de oito meses, enquanto ela chorava baixinho. Apesar de tudo, a vida continuava.

Oh, for so long I've tried to shield you from the world
Oh, you couldn't face the freedom on your own
Here I am left in silence


- #flashback#

- Ando pensando em sair da banda...- disse Jolie, entrando no banheiro de sua casa em Paris, enquanto Ty se barbeava depois do banho. Ainda era cedo e ele iria para a Bulgaria me reunir com o time, e ela iria para Londres, terminar sua turnê com a banda, antes da pausa para o Halloween, quando iriamos viajar de férias.
- Porque? Você ama o que faz...- respondeu enquanto tirava o resto da espuma do rosto com uma toalha molhada.
- Ando pensando em ficar em casa, com a Liv, por uns tempos....
- E?- perguntou, pois sabia que sua mulher iria lhe dizer mais coisas. Ela sorriu abraçando-o pelas costas enquanto suas imagens se refletiam no espelho:
- Olivia me pediu um irmãozinho ou dois...E eu gostei desta idéia. O que acha?- ele sorriu e se virou abraçando-a.
- Acho que vamos deixar nossa filha muito mimada, dando tudo o que ela quer, mas neste caso não há problemas...- disse rindo antes de beijá-la.
Foi a última vez em que eles estiveram juntos...

Naquela noite, após o funeral de Jolie, eu só consegui botar Olivia para dormir, após prometer que ela nunca ficaria sozinha e ela adormeceu segurando o cachorro de pélúcia que havia ganhado da mãe, alguns dias antes. Voltei para meu quarto e eu olhava as coisas de minha mulher espalhadas pelo dormitório e não sabia o que fazer. Ouvi uma batida na porta e Griff entrou acompanhado de Gabriel, dizendo:
- Vamos nos reunir na biblioteca para beber e viemos te buscar.- comecei a sacudir a cabeça em negativa. Não estava bem para ficar perto das pessoas, sentia-me cansado.
- Você precisa disso, Ty e nós também. – disse Gabriel firme e apenas dei de ombros, resignado.
Quando entrei na biblioteca, lá estavam Ethan, Edward, próximos a meus primos John, Brian, Riven, Declan. Iago, Victor, Chris, Ricard , Micah, Seth, e Miyako, já seguravam seus copos de wisky de fogo. Os copos cheios foram distribuídos e Micah disse me encarando:
- Lembram quando Ty fez uma aposta conosco, dizendo que era capaz de ficar com qualquer garota e sair com ela do bar em um minuto? Ricard apontou para a Jolie, e não é que ele conseguiu vencer a aposta? Ele se tornou o ídolo do Ricard. – e levantou o copo num brinde silencioso e foi seguido por todos.
- Vocês têm que reconhecer que isso foi um feito, ninguém da geleira era tão descolado com as garotoas, quanto os novatos. Claro que ela deu a volta nele, ficando com metade do dinheiro, ali já dava para ver quem ia mandar na casa. - disse Ricard e esbocei um sorriso. Isso foi um incentivo para que os outros também falassem de suas memórias.
Eram tantas lembranças, muitas engraçadas, outras nem tanto, mas que faziam parte do tempo que eu tinha vivido com Jolie e me dei conta de que não voltaria mais. Comecei a me sentir sufocado, e de repente eu disse:
- A minha mulher morreu. – e só naquela hora eu consegui chorar de verdade pela minha perda.

I've been so lost since you've gone
Why not me before you?
Why did fate deceive me?
Everything turned out so wrong
Why did you leave me in silence?


N.Autora: Trechos das músicas: My precious one (Celine Dion) e Forgiven (Within Temptation)
 

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