sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Algumas memórias de Griffon F.C.Chronos, em Julho de 2011

De repente as luzes se apagaram, e imensos braços surgiram do chão, tentando agarrar a platéia, que dissolveu-se no ar em sombras misturando-se à noite. Legions irromperam do chão, urrando e gritando de ódio, esperando pegar de surpresa a todos nós. Centenas de Inferi surgiram com eles, começando a atacar as diversas pessoas da platéia, enquanto do alto de um prédio vizinho, vampiros lançavam rajadas de vento e de sombra com as mãos, além de dezenas de feitiços, mirando para o palco onde toda a família estava reunida.
Tohsaka acionou nossa artilharia, que foi disparada nesse momento e as baterias enormes escondidas no interior da mansão, em diversas passagens secretas, surgiam, lançando uma chuva de projéteis brilhantes de luz, interceptando os ataques dos inimigos, explodindo, e fazendo um poderoso clarão dourado transformar a noite em dia momentaneamente.
Nós todos gritamos nosso grito de guerra enquanto saltávamos do palco, preparados para a batalha, deixando os vampiros surpresos e sem reação por alguns instantes. Eles esperavam nos pegar desprevenidos, totalmente a mercê de seus ataques e de seu exército morto-vivo, porém nós havíamos de algum modo revidado o primeiro ataque e agora eles se viam sendo atacados pelas ilusões de Seth, Siegfrid, Lilith, Gisela, Papai, Miko e Deoris, que cortavam membros de Inferi e lutavam contra os Legions. Mamãe, Luna, Emily e Isaac, ainda em cima do palco, conjuraram uma imensa língua de fogo que era mantida pelos quatro. A labareda tomou a forma de uma espécie de cobra e jogou-se contra os inimigos incinerando Inferi e fazendo Legions recuarem assustados pelo fogo. Porém, como Haley nos avisara, Horatio estava com os atacantes e ele era um controlador de água excelente. Do alto de um dos prédios vizinhos, sob a proteção de outros vampiros e Legions, ele explodiu um hidrante trouxa e jogou a água contra a serpente de fogo, apagando-a com facilidade.
Enquanto eu corria pelo palco para saltar para a batalha, eu conjurei Lognus e a lança surgiu em minhas mãos. Ela estava diferente! Eu sentia que ela pulsava, um novo poder dentro dela, parecia que ela clamava por algo e que estava mais poderosa do que nunca. Quando saltei do palco, a lancei com força contra o exército de inimigos, a lança atravessou o peito de um Legion antes de fincar-se ao chão. Lognus emitiu então uma poderosa luz dourada e raios de luz saltaram dela, atingindo tudo ao seu redor com o som semelhante de choque elétrico. Ela causou uma explosão de luz e brilho, incinerando o Legion que eu havia acertado e Inferi ao seu redor, desaparecendo no ar em seguida, voltando a aparecer em minhas mãos.
Eu, Emily, Luna, Tia Celas, Isaac, Flonne e Cewyn ficamos próximos do palco, protegendo Gaia e Ártemis, além do Ministro Alemão e seus aurores, que lutavam conosco. Gaia lutava com facilidade e habilidade, enquanto minha irmã, apesar de pouco saber de feitiços e duelos, lançava o máximo de feitiços de fogo que pudesse, enquanto sua águia prateada voava pelo ar, atacando os Inferi mais próximos. Horatio havia causado uma chuva torrencial cair e nossos feitiços de fogo perdiam o efeito, portanto atacávamos principalmente com feitiços de destruição e de luz. Eu e Emily usávamos nossas longas armas em golpes rápidos e sincronizados, mantendo uma linha que afastava os inimigos.
A linha de ataque principal do clã era composta por todos os Comandantes do Clã, assim como Ty, Tio Ben, Tio Sergei e Tio Remo, além dos vampiros aliados, liderados pelos Anciões Miko, Gisela, Lilith, Derfel e Deoris. A vanguarda do ataque era composta pelos Caçadores de Seth, liderados pelo meu irmão e por meu pai, incluindo mamãe que lutava envolta por uma poderosa barreira de luz dourada. Apesar dos anos de luta, ainda me surpreendia com o poder de mamãe, que hoje estava ainda mais intenso, e ela sozinha era capaz de matar um Legion, criaturas malignas que eram extremamente resistentes. Siegfried lutava com eles e sua raiva era enorme enquanto dilacerava vampiros.
Enquanto lutava não pude deixar de me assustar com a quantidade de inimigos que estavam nos atacando. Em uma contagem rápida eu contei em torno de 50 Legions e centenas de Inferi, mas o mais assustador era a quantidade de vampiros. Eles eram claramente Escravos, vampiros sem mente ou vontade própria, obedecendo cegamente ao seu amo, provavelmente Cadarn, e com uma força monstruosa e instintos terríveis. Scarlet e Estour eram necromantes excelentes e faziam os Inferi voltarem a vida com facilidade tremenda. Seth e Papai os alcançaram, assim como mamãe e Siegfried. Meus pais enfrentavam Scarlet juntos, pois eles lutavam a anos juntos, enquanto meu irmão e Siegfried lutavam com Estour. Era uma batalha sangrenta, com a interferência de vários Inferi e Legions.
- Mantenham a posição! Vou acabar com o Horatio! Rin! – Eu gritei enquanto corria. Rin levantou os braços enquanto era protegida por Laharl, Plennair e Altair. Meus olhos ficaram dourados quando ela usou toda a magia que conhecia para me levitar acima do chão. Emily, sendo protegida por Isaac e Tia Celas, apontou Brionac na minha direção liberando uma forte energia. As duas me catapultaram para onde Horatio estava e cai fincando Lognus no chão. Lognus explodiu em uma luz poderosa fazendo os Inferi desaparecerem.
Horatio praguejou e urrou para que os Legions me matassem. Lognus então pulsou de uma forma estranha, parecia responder a um chamado. Eu senti que algo queimava dentro de mim e minha visão tornou-se mais clara e ouvi uma voz em minha mente, dizendo palavras em uma língua desconhecida. Lognus respondeu à voz e saltou de minhas mãos com rapidez, voando contra Horatio. Ela perfurou seu peito e começou a girar em uma velocidade enorme, enquanto emitia luz branca. Horatio foi engolido por um redemoinho de luz enquanto eu destruía os Legions com feitiços em suas vísceras expostas. Eu parei para respirar, cansado da batalha, mas no mesmo momento pareceu que minhas energias voltavam. Eu parecia queimar de dentro pra fora!
Olhei para baixo, e pude ver com mais clareza a batalha, que pendia para o nosso lado, devido aos nossos poderes e nosso preparo muito maior do que simples Escravos Vampiros. Vi quando papai agarrou o pescoço de Scarlet, levantando-a centímetros do chão, enquanto mamãe a socava com os punhos brilhando em branco e de seus punhos surgiu uma adaga de luz. Em seguida, mamãe levantou a mão esquerda e fez cair uma chuva de flechas de luz sobre a vampira, enquanto papai a decapitava, extinguindo-a.
Estour urrou para Seth e Siegfried, e saltou para trás, tentando ganhar terreno, porém Seigfried já o esperava por trás, perfurando seu peito com as mãos. Ele gritou de dor quando Seth o cortou com a foice Muramasa e se preparava para decapita-lo, quando três Legions saltaram entre eles, socando-os com ferocidade. Estour então aproveitou e tirou um frasco do sobretudo e bebeu dele.
Eu pulei naquele momento, pressentindo algo ruim, e usei meus poderes para diminuir a velocidade da queda, atingindo o chão com um baque forte, a ponto de ver Estour gargalhando e pulando para um prédio baixo. Ele sacou outro frasco semelhante ao primeiro e o jogou contra o chão com toda a força, liberando uma nuvem vermelha que espalhou-se velozmente. Ela tinha um cheiro ocre, que me lembrava muito sangue. Vi que a nuvem começava a convergir para todos os monstros do inimigo e eles se recuperavam com rapidez. Foi Siegfried quem nos deu o alerta, mentalmente:
- Tomem cuidado! Essa nuvem é sangue de Cadarn! Eles vão absorver seu sangue e ficar mais poderosos! – Ele falou enquanto abria o peito de um Legion e explodia seu interior com um soco.
Os Legions tinham os olhos vermelhos agora e urravam de ódio. Eles pareciam emitir uma aura negra e seus corpos pareciam mais resistentes. Eles ficaram mais rápidos também e corriam contra nós socando-nos com ferocidade. Eu fui jogado contra uma parede e vi quando Emily bloqueou um novo golpe, me protegendo. Eu agradeci pra ela e ela me falou rindo:
- Ainda queria que eu não lutasse? – Ela falou ficando de costas para mim. Iríamos lutar como mais gostávamos, lado a lado.
- Tudo bem, eu dou o braço a torcer, você luta muito bem querida. – Eu falei sorrindo pra ela e ela me retribuiu piscando os olhos.
Nós estávamos cercados por seis Legions, que pareciam gargalhar enquanto se aproximavam de nós. Vi que todos estavam cercados e fiquei preocupado, pois eles estavam muito mais poderosos, agora que absorveram parte dos poderes de Cadarn. Estour usava os poderes de seu mestre para transformas Inferi em novos Legions, e seus número ficavam cada vez maiores. Nos preparamos para lutar quando eu senti a presença de um novo ser naquela batalha. Era uma presença monstruosa, a mais poderosa de todas as que eu já senti, e algo me dizia que não era o poder completo dele. Lognus pulsou ainda mais em minhas mãos e vi que ela parecia responder àquela presença.
Então todos nós vimos. Uma luz intensa e a mais pura que eu já vi vinha do palco, e espalhava-se pelo local, fazendo os Legions recuarem, receosos. Até para mim, que estava acostumado em lutar usando a luz, aquela luz era diferente e parecia mais poderosa e pura de todas que eu já vi. Ao que me lembro, apenas mamãe conseguia criar uma luz pura como aquela, e mesmo ela ficava exausta.
E essa luz vinha de Árte!
Na verdade, vinha dela e de um homem alto que estava as suas costas. Sua descrição coincidia exatamente com a descrição de Haley e o reconheci como Chronos. Mas senti que mesmo se Hasley não tivesse falado nada, eu o teria reconhecido, pois meus poderes ressonavam com o dele, aumentando gradativamente. Soube também que Seth sentia a mesma coisa e ao mesmo tempo, seus poderes aumentando cada vez mais, respondendo a presença de Chronos.
Arte levantou a mão direita e o homem levantou o braço junto dela e , com surpresa, vi que ele segurava Lognus. Naquele momento eu senti que aquela era a verdadeira Lognus, e a minha era apenas uma parte dela. A Lognus eu ele usava era dourada como a minha, mas tinha um poder muito maior do que a que eu usava e senti que aquela lança era capaz de partir o chão ao meio caso ele quisesse.
Minha irmã fez um movimento horizontal com o braço e o homem a imitou, brandindo Lognus verticalmente com velocidade. A lança emitiu uma poderosa onda de luz que cortou o ar mais rápido do que qualquer um era capaz de enxergar. A lâmina de luz destruiu Inferi ao longo de seu percurso e também cortou membros inteiros dos Legions. Eu fiquei impressionado, mas ainda havia muito para ver.
Os Legions urraram e correram para ataca-lo, mas uma poderosa barreira surgiu praticamente instantaneamente, jogando-os longe. Arte levantou a mão e em suas mãos uma bola de luz branca surgiu, assim como na mão de Chronos. Os dois a lançaram contra a hora de inimigos, mirando em Estour. A bola de luz explodiu no vampiro, transformando-o em pó. E então aconteceu o mais surpreendente de tudo. No local da explosão, materializando-se no ar, surgiu um grupo de homem vestindo longas túnicas, armaduras, escudos largos, empunhando longas lanças e espadas presas à cintura. Suas roupas e escudos eram totalmente brancos, com exceção de um ‘C’ negro no peito e no escudo. Reconheci-os como templários e fiquei chocado quando eles avançaram para a luta. Vi que cinco daqueles templários estavam próximos de Arte, porém seus escudos eram muito maiores e vi que eles estavam ali para proteger a ela e meus familiares.
Eles lutavam ferozmente, na verdade esta não era a palavra correta, pois seus rostos estavam serenos e sérios, porém lutavam com força avassaladora. Eles primeiro usaram suas lanças para atacar com um alcance maior, e em seguida avançaram sem medo cortando com suas espadas e bloqueando com escudos. Suas lâminas cortavam com velocidade e precisão, e a carne morta dos Legions era dilacerada com facilidade extrema, fazendo os Legions recuarem de pavor. Nós todos saímos de nosso transe a avançamos para a batalha, aproveitando o auxílio inusitado. Nós agora cercávamos os inimigos e com rapidez os subjugamos rapidamente, e corpos de mortos-vivos empilhavam-se de acordo com que recebiam nossas investidas.
Em pouco tempo não havia mais inimigos, o que era bom, pois estávamos exaustos. Seth agora estava ao meu lado, assim como Luna, Emily, meus pais, Ty, meus Tios e os vampiros aliados. Nós todos olhávamos para Arte que ainda brilhava, e notei que ela levitava acima do chão, enquanto seus olhos brilhavam em um dourado intenso. Os templários, sem nenhuma mancha de sangue nos escudos ou lâminas, agora convergiam para ela, e receamos que poderiam fazer algo. Mas sentimos que não e vimos surpresos quando os cinco templário com escudos maiores os abaixaram e ajoelharam-se diante dela, sendo imitados por todo o Exército Branco. Eles se curvaram todos para minha irmã, os rostos virados para o chão, e vi que seus rostos demonstravam apenas prazer e felicidade, pareciam que reencontravam seu comandante. Eles então desapareceram em uma luz branca.
Nós todos não pudemos deixar de nos colocarmos em posição de defesa contra nossa própria irmã e aquele homem estranho. Porém Lognus piscou em minhas mãos e desapareceu no ar. Vi que Muramasa e Brionac desapareceram também, e não conseguíamos chamá-las de volta. Meus pais estavam na nossa frente, diante do homem, preocupados com a filha. Chronos porém sorriu para todos nós, e seu sorriso nos fez nos acalmarmos no mesmo instante.
- Acalmem-se filhos, eu não sou seu inimigo. – Ele falou através da voz de Arte, misturando sua voz masculina, porém suave e poderosa, à voz de minha irmã.
- Você é Chronos, não é? – Mamãe perguntou.
- Sim, minha filha, eu sou Chronos. É um prazer enorme poder estar diante de todos vocês novamente, meus filhos. – Ele inclinou a cabeça para todos nós, nos saudando. – E vejo que possuem interessantes aliados. Não o vejo há milênios, Siegfried.
- É uma honra estar diante do senhor novamente, Chronos. – Siegfried falou, também inclinando a cabeça. Os olhos do imortal transmitiam admiração e alegria.
- Quem exatamente é você? – Papai perguntou.
- Eu sou o Fundador e Guardião de sua Família, Alucard. Sou Chronos, o Deus que a fundou.
- Como Artemis está? – Seth perguntou, ainda preocupado.
- Não há com que se preocupar, Seth, um de meus queridos escolhidos. – Ele falou, sorrindo para mim e para meu irmão. – Ela está bem, a partir de hoje sempre estará, pois irei protege-la pela minha honra. Ela me aceitou como seu servo e Guardião.
- Se você é um Deus, por que está falando através de Arte? – Ty perguntou.
- Porque ela é a minha Reencarnação. Eu a escolhi para carregar meu espírito nessa época, para que eu possa guiar e ajudar vocês.
- Por que nunca se revelou antes? – Mamãe perguntou, e pude ver que ela parecia confiar mais nele.
- Ah, minha cara Mirian, não sabe o prazer que é conhece-la pessoalmente. Sinto-me realmente feliz por encontrar a mais poderosa de todos os Capter, aquela a quem dei a luz de meus poderes. – Chronos falou, sorrindo para mamãe e fazendo uma reverência para ela. Mamãe ficou sem graça, agradecendo. – Eu ainda não possuía meus poderes de volta, pois eles estão em seus filhos, e precisava que minha Encarnação ficasse mais poderosa antes de ser capaz de me ver e usar meu espírito. Mas agora estou aqui, com poderes para poder ajuda-los e protege-los sempre. E parte disso é graças a você, cara Mirian. Você não sabe o poder que você possui.
- Obrigada. – Mamãe falou, ruborizada.
- Meus caros, eu gostaria de parabenizá-los pelo excelente trabalho e agradecer por terem acreditado em mim e na jovem Haley. Vocês estão cansados, e ajudarei vocês a se recuperarem antes de ir. Minha querida Arte precisa descansar, pois está exausta.
Enquanto dizia isso, Chronos começou a emitir uma luz branca muito pura e cheia de energia. A luz atingiu nossos corpos e nossas almas e nos fez sentir extremamente bem e felizes. Nossas energias foram recuperadas imediatamente, nossos ferimentos pareciam se fechar com facilidade. A luz de Chronos então começou a desaparecer e ele fez uma reverência para nós, enquanto se ajoelhava e pegava Artemis no colo, que caia lentamente em seus braços. Ele a estendeu para papai antes de sorrir novamente e desaparecer.

domingo, 9 de agosto de 2009

Reencontros - Parte III

Agosto de 2012

O telefone tocou alto e Madeline descobriu parte do rosto, procurando o relógio. Já eram 9 horas da manhã. Ela esticou o braço para atender, mas um par de mãos a puxou de volta para a cama.

- Eu tenho que atender, Gabriel – Madeline disse rindo, enquanto ele a beijava.
- Deixa tocar, tenho certeza que não é uma emergência.
- É o toque da Marie, preciso atender – disse o beijando e conseguindo se soltar – Alô?
- Estava dormindo? – Marie falou do outro lado da linha, espantada.
- Não, já estava acordada – Mad respondeu tentando soar convincente – O que houve?
- Ele está ai, não é? – Marie riu – Desculpe atrapalhar, pode continuar o que estava fazendo.
- Marie, fala o que aconteceu – Mad desconversou e a amiga riu ainda mais – Você não me ligou a toa.
- Não é nada, esquece. Ian está em casa hoje e vai levar as crianças ao cinema. Avise ao Gabriel que devolvemos a Clara no fim da tarde, a tempo de embarcarem. E você pode tirar o dia de folga hoje.
- Dia de folga? Está louca! – agora era Mad que ria – Temos milhões de coisas pra resolver hoje, a exposição é amanhã!
- Não tem nada que eu não possa resolver sozinha. Faça bom proveito do dia. – Marie disse em um tom sacana e desligou o telefone antes que a amiga pudesse responder.
- Ela desligou na minha cara! – Mad olhou para Gabriel, indignada.
- Dia de folga? – Gabriel falou puxando Mad outra vez – Eu ouvi direito?
- Ela percebeu que você estava aqui, por isso veio com essa. Mas temos muitas coisas pra fazer hoje, não posso me dar ao luxo de ficar em casa.
- Se Marie disse que pode dar conta de tudo, você devia dar um voto de confiança a ela.
- Engraçadinho – ela deitou outra vez e o beijou.
- Casa comigo? – Gabriel a encarou sério.
- O que? – Mad se assustou e sentou outra vez.
- Casa comigo – ele repetiu – Eu venho morar aqui se você quiser, mas casa comigo.
- Gabriel, você enlouqueceu? – Mad riu, mas ele continuava sério – Ontem mesmo estava falando do seu trabalho no Brasil, como vai se mudar pra cá?
- Eu dou um jeito – ele sentou também e a encarou – Mas eu te amo e não vou deixar que vá embora outra vez. Você é a única pessoa com quem quero me casar.
- Não é tão simples assim – Mad se sentia tonta, era muita coisa acontecendo ao mesmo tempo – Você me pegou despreparada!
- Mas também não é tão complicado assim – ele segurou seu rosto e ela não conseguiu segurar algumas lágrimas – Se está pensando no Evan, não tem problema. Eu assumo ele como meu filho! Faço o que você quiser.
- Gabriel, eu... eu... – mas ela não conseguia terminar de falar.
- Você não precisa responder agora – ele a beijou devagar e ela parou de chorar – Leve o tempo que precisar, mas saiba que dessa vez não vou deixar você escapar – ela riu – Eu te amo.
- Também te amo – ela respondeu o beijando.

Ele a puxou para um abraço e sorriu. Ela era a mulher da sua vida e não ia cometer o mesmo erro duas vezes.

ººº

Desde que as Olimpíadas haviam começado a maratona de jogos era intensa, mas não só para os atletas. Gabriel levantava todos os dias antes das 6h da manha, separava todas as fotos que havia feito no dia anterior, preparava seu material para mais um dia de trabalho e acordava a irmã e os gêmeos Menken às 8h, para tomarem café e encararem as arenas olímpicas. Ao contrario do que pensou, Clara não reclamava de ter que levantar cedo e pulava da cama com disposição, o acompanhando durante todo o dia sem atrapalhar. Claro que, junto com Keiko e Hiro, às vezes se animavam demais, mas nada que Gabriel não conseguisse manter o controle. A agitação dos bastidores conseguia manter os três ocupados, sem saber para que lado olhar ao reconhecer os atletas que passavam próximos a eles. E ele também contava com a ajuda de Monique, prima dos gêmeos, que não perdia o trio de vista um minuto sequer.

Embora o trabalho não lhe reservasse tempo para descansar e se distrair, por varias vezes Gabriel se pegava pensando no que aconteceu em Paris alguns dias antes. Quando comprou as passagens como presente de aniversário para a irmã, jamais imaginou que fosse reencontrar Madeline e acabar lhe pedindo em casamento. Ela ainda não havia dito que sim, mas também não recusou, e ele entendia seus motivos para não responder de imediato, embora afirmasse que também ainda o amava. Madeline agora tinha um filho de 2 anos que era prioridade em sua vida, ela precisava pensar no que isso poderia afetar Evan. Mas embora entendesse o tempo que ela precisava para pensar, não podia evitar ficar aflito. Já estavam em Londres há quase uma semana e não tivera mais noticias dela.

Sua agenda hoje estava reservada para a cobertura das competições de Ginástica Artística, que se estenderiam durante todo o dia. Clara estava animada. Ela não admitia, mas era seu esporte favorito. Gabriel deixou os três acomodados no banco próximo à concentração das ginastas sob responsabilidade de Monique e começou a montar seu equipamento para fazer as fotos quando uma voz conhecida chamou sua atenção.

- Melhor modalidade para se cobrir, não acha? – Dominique falou admirando as ginastas se aquecendo.
- Por que não me ocorreu que encontraria você aqui? – Gabriel sorriu e foi cumprimenta-lo – Mas juízo, são todas menores de idade.
- A lei não me proíbe de admirar, apenas de me aproximar. E aquela ali? Não é menor – e indicou Monique com a cabeça.
- Não muda nunca, não é? – Gabriel riu – Onde está sua miniatura? Ficou em Paris?
- Não, trouxe comigo. Austin! – Dominique olhou para trás e chamou o filho.

Um menino de 6 anos de cabelos pretos cacheados e olhos escuros levantou a cabeça e foi caminhando até o pai. Ele tinha um par de óculos escuros na cabeça e usava uma camisa com os dizeres “I’m a very good bad example”. Era uma cópia fiel do pai, em todos os sentidos. Até no jeito de caminhar ele lembrava Dominique, sempre atento a quem estava a sua volta, principalmente se eram as ginastas prestes a competir, se alongando pelo tatame.

- Austin, lembra do Gabriel? – o menino fez que sim com a cabeça e estendeu a mão a Gabriel – Clara está ali, com mais dois amigos. Fique perto deles, ok? – e ele assentiu com a cabeça, correndo na direção de Clara.
- Ele não nega ser seu filho mesmo – Gabriel comentou rindo, vendo Austin se apresentar a Keiko e Monique – Veio sozinho com ele?
- Por que não pergunta logo se Mad veio? – Dominique foi direto e Gabriel riu um pouco sem graça – Não, ela não veio ainda porque tinha muito trabalho na galeria com Marie. Bernard disse que viriam depois em caravana com as crianças. Talvez cheguem hoje, mas não posso dar certeza que Mad venha nessa primeira leva, elas realmente tinham muito trabalho. Mas relaxa cara, ela gosta de você e duvido que deixe você ir embora outra vez.

Gabriel sorriu um pouco mais aliviado, mesmo já sabendo de tudo aquilo. A voz do locutor da competição começou a ecoar pelo ginásio e a conversa encerrou, enquanto suas câmeras trabalhavam rápido para não perder nenhum movimento dos atletas.

ººº

O dia de eliminatórias na Ginástica Artística teve um saldo positivo para as ginastas que Clara torcia. A equipe brasileira se classificou entre as 5 melhores e ia disputar o lugar mais alto do pódio no dia seguinte, e ela não tinha planos de estar em nenhum outro lugar senão a Arena Olímpica. Gabriel já estava ciente disso, mas por sorte também estava escalado para cobrir as finais, então não precisaria se preocupar em perdê-la de vista.

- Gabriel, tenho que ir andando porque a ferinha quer comer palitos de peixe antes de irmos pro restaurante – Dominique anunciou quando terminou de guardar sua câmera e fazia sinal para o filho se juntar a ele – Prometi antes de sair de Paris, ele está me cobrando incansavelmente.
- Tudo bem, ainda vou passar no hotel para guardar essas coisas antes de ir – ele assentiu – 21h no Rainforest Café?
- Isso. Só lá conseguimos comer e entreter as crianças ao mesmo tempo.

Gabriel riu, lembrando de algumas das crianças que ele sabia que já estavam em Londres e estariam no restaurante naquela noite. Os três filhos de Viera e Manu, os dois filhos de Samuel e a filha mais velha de Ian e seu filho mais novo, que vinham com Marie. Somado aos três que estavam com ele e mais os outros que os encontrariam a noite, o restaurante precisava mesmo de uma estrutura capaz de resistir a um tornado.

- São 20h, vamos sair em meia hora – Gabriel anunciou quando chegou ao quarto do hotel com Clara, Keiko e Hiro – Acham que podem se arrumar a tempo?

Os três assentiram com a cabeça e correram para o quarto conjugado onde dormiam, começando a revirar as malas atrás de roupas limpas e cronometrando o tempo que cada um gastava no banho. Gabriel terminou de se arrumar bem antes das crianças e usou o tempo livre para se certificar de que Miyako já estava mesmo na cidade com Tiago e Eicca e que Ty não havia se atrasado e conseguira chegar com Rory, sua barriga de 5 meses de gravidez e as quatro crianças. O jantar era um reencontro da turma de Beauxbatons, mesmo que ainda não fosse estar completa. A parte de que hoje talvez não estivesse completa não lhe escapou. Estaria desfalcada justamente se Madeline tivesse ficado em Paris. Por mais que tentasse ter paciência, não conseguia evitar que isso lhe incomodasse. Isso talvez significasse que ela já havia tomado uma decisão e essa seria permanecer em Paris, com as coisas do jeito que estão.

- Elas ainda não estão prontas? – Gabriel perguntou ao perceber que Hiro já estava arrumado e jogava videogame em seu lado do quarto. Ele negou com a cabeça, sem desviar os olhos da tela – Clara, Keiko, vamos logo com isso! Mais 10 minutos!

Alguém bateu na porta do quarto, mas o barulho não desconcentrou Hiro do jogo na tela da TV. Gabriel estranhou, não tinha marcado com ninguém no hotel nem pedido serviço e Hiro negou, ainda sem piscar, que algum deles também tivesse pedido. Talvez Miyako tenha chegado cedo e resolveu passar no hotel para irem juntos, pensou. Poderia ter imaginado qualquer pessoa para estar batendo a porta do quarto, menos a que encontrou ao abri-la. Madeline estava de pé no corredor, parecendo ansiosa. Ficaram se encarando alguns segundos, sem dizer nada, mas o sorriso dela dizia tudo que ele precisava saber. Gabriel estendeu a mão e ela a segurou, permitindo que ele a puxasse para junto de seu corpo e a prendesse durante um beijo longo e apaixonado.

- Como subiu sem que avisassem? – perguntou depois que se separaram, mas ainda sem se soltar do abraço.
- Miyako está lá embaixo e me deu uma forcinha – ela riu – O filho dela é lindo.
- Meu afilhado é lindo mesmo – Gabriel sorriu – Todos eles são, na verdade.

Ele a soltou do abraço e segurou sua mão, a puxando para dentro do quarto. Hiro havia desviado a atenção do jogo e chamado a irmã e a amiga para presenciar o ocorrido. Keiko e Hiro olhavam confusos, mas Clara tinha um sorriso discreto desenhado nos lábios que ia do deboche a alegria muito rápido.

- Keiko, Hiro, essa é Madeline – Gabriel olhou para ela para se certificar de que era seguro continuar. Seu sorriso dizia claramente que sim – Minha noiva. Keiko é minha afilhada e Hiro é afilhado do Ty, eles são-
- Irmãos da Miyako – ela completou por ele – Por mais que isso seja impossível, são a cara dela.
- Espera ai, como assim “sua noiva”? – Keiko falou surpresa e Hiro concordou com a cabeça – Você nem tava namorando até 10 minutos atrás! Ou tava?

Clara começou a rir e Gabriel e Madeline acabaram rindo também. Os gêmeos continuaram com expressões confusas, mas Gabriel sentou na beira da cama com ela, sem soltar sua mão, e explicou pacientemente. Ainda haviam pontos a serem acertados e decisões a serem tomadas, mas agora era oficial e nenhum dos dois ia voltar atrás. Ele finalmente se casaria com a mulher da sua vida.
 

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